ESCALADA DE LUZ

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CAPÍTULO 57

Reflexões de um órfão

Sou tão pequeno que chego a ter medo da cidade grande; e ontem parei para observar um pouco a sua casa bonita: três lindas crianças brincando no jardim.

Ah! que vontade que eu tive de misturar-me a elas e brincar também, mas o portão estava fechado e tinha um guarda vigilante.

Meus pés miúdos começaram a andar maquinalmente...

De repente senti frio, cruzei os bracinhos enregelados e comecei a correr.

Para onde? Pensava... Corri por muito tempo mesmo, até que encontrei um monte de farelo e a ele me aconcheguei; as primeiras estrelas brilhavam no céu.

Eu perguntei à Mãezinha Santíssima: - Por que razão não tenho pão, nem lar? Gostaria tanto de ter um amparo, de ir para a escola como os outros meninos.

Pela terceira vez fui à cadeia, só porque peguei um pedaço de bolo do bar do Zico, mas eu não sou um vagabundo! Ah! Mãezinha Santíssima pede ao Papai do Céu para abrir os corações dos homens da terra, para que eles amparem a gente. Pois é muito duro a gente ser órfão e viver escorraçado como um cão leproso.

Naquela noite, Zequinha dormiu mais uma vez ao relento, tendo como coberta as estrelas da noite e como leito um monte de farelo esquecido.

E nós ainda nos dizemos cristãos...




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