Amor, Imbatível Amor

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CAPÍTULO 51

DESAJUSTAMENTO

Massificado no volume perturbador que o oprime, o indivíduo descaracteriza-se, perdendo a individualidade e tornando-se títere dos hábeis manipuladores de opinião, orientadores de conceitos, que também se equivocam e, sem rumo, estabelecem comportamentos que interessam ao mercado das sensações, das novidades, da volúpia do consumismo.

Esse enfrentamento que predomina de fora para dentro da personalidade alcança resultados imediatos nas pessoas frágeis psicologicamente, tímidas e conflitivas que a eles se adaptam, a fim de ficarem de bem com o conjunto, não tendo a coragem de assumirem a sua própria realidade. Mesclando-se ao comum não chamam a atenção, podendo escamotear as dificuldades que as aturdem, perdendo o significado da existência, que passa, agora, a seguir a correnteza dos sucessos sem profundidade.

Tal insensatez conduz a comportamentos morais reprocháveis, nos quais a pusilanimidade assume destaque e expressa-se de forma equivocada. Não possuindo um senso diretor para a conduta, o indivíduo perde o contato com os valores éticos, derrapando em situações vexatórias para ele mesmo como indignas em relação aos outros.

Caracterizam-no a ausência de lealdade nos relacionamentos, a dubiedade nas decisões, a aparente gentileza, nivelando todos no mesmo patamar, na desistência dos ideais relevantes, da forma equilibrada com que devem conduzir a própria vida.

Na massificação, o que importa é a ausência de problemas, como se toda a vida pudesse ser avaliada pelos divertimentos, pelos risos artificiais, pela leviandade.

O indivíduo psicologicamente desajustado, procura massificar-se, de forma a não ter que enfrentar os desafios que lhe são necessários para o crescimento íntimo.

Momento surge, porém, em tal procedimento, que se torna necessária a definição de rumos, a eleição de conduta salutar, o desabrochar de preferências pessoais.

A massa é informe e dominadora, arrastando inexoravelmente à desidentificação, à vulgaridade.

Há impulsos poderosos que procedem do Self e não podem ser ignorados. Surgem inesperadamente, e cada qual dá-se conta da sua individualidade, da sua personalidade, das suas próprias aspirações, que não estão de acordo com o que lhe é imposto e aceito até o momento sem qualquer reação.

A partir de então apresentam-se o despertar da consciência, a alteração de padrões e de aspirações contribuindo para a libertação da canga aflitiva.

O indivíduo está fadado à sua realidade superior, que o caracterizará como um ser pleno, sem inquietações nem tormentos, porquanto a vida se lhe deve apresentar com o sentido de libertação de qualquer constrangimento, realizando-se, ajustando-se.

O instinto gregário aproxima-o de outrem, ajuda-o a formar o grupo social, mas é a razão que lhe dita a conduta para a sua preservação. Integrar-se, não significa perder-se, tornar-se invisível na massa, mas identificar-se com as suas propostas, harmonizar-se com ela, sem deixar de ser a própria estrutura, seus ideais e ambições, seus esforços e anelos, porquanto a harmonia sempredepende do equilíbrio das diferentes partes que constituem o todo.

Oser psicológicamente saudável é aquele que se mantém não afetado pelos acontecimentos, antes porém sensibilizado, de forma a poder contribuir para atenuar os danos, quando ocorrerem, ou auxiliar o crescimento, quando se faça necessário.

Para tanto, é indispensável o sentido de valorização da vida, de análise correta e compreensão dos elementos essenciais à preservação do equilíbrio da sociedade.

A exaltação personalista, decorrente dos fenômenos de fuga da timidez, do medo de ser descoberto na sua realidade conflitiva, torna-se necessidade emocional para destacar-se da massa, porque o indivíduo compreende que, não tendo valores éticos ou intelectuais, artísticos ou quaisquer outros que o diferenciem, chama para si, os conflitos disfarçados e exibe a tormentosa condição que o diferencia, porém, de maneira excêntrica, perturbadora.

É também um transtorno de comportamento que tem a ver com a instabilidade emocional e a insegurança que o atormentam.

Cada ser constrói a sua personalidade ao longo das experiências vividas e conquistadas, estabelecendo comportamentos de segurança que o assinalam e tornam-no conhecido.

Abandonar essa realização, é como negar-se o direito a uma vida saudável.

O enfrentamento social, como expressão de desafios existenciais, faz parte do processo de crescimento moral e de auto-realização, que propelem ao auto-encontro, quando então o direcionamento da vida física se faz, com real equilíbrio e metas perfeitamente definidas.

Por outro lado, não se torna necessário fugir do meio social, por mais leviano este se apresente, agredi-lo com indiferença ou de forma aguerrida nem colocar-se em um pedestal de falsa superioridade...

Impõe-se, isto sim, o indispensável compromisso de se estar presente, de ser participativo, porém, não dependente, não escravo, contribuindo para que ocorra a sua transformação, o seu desenvolvimento para outros valores, a sua elevação moral.

Todo indivíduo que se harmoniza interiormente, deixa que surja a sua realidade emocional, superando o desajustamento que aturde a sociedade, e tornando-se exemplo de saúde e de bem-estar que desperta interesse, provocando curiosidade e inveja positiva...




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