Espírito e Vida

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CAPÍTULO 40

FRATERNIDADE

O estado corporal é transitório e passageiro. É no estado espiritual sobretudo que o Espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação; é também nesse estado que se prepara para novas lutas e toma as resoluções que há-de pôr em prática na sua volta à humanidade.


O CÉU E O INFERNO 1a parte — Capítulo 3o — item 10.

Saúda a madrugada do dever fazendo luz no entendimento amargurado.

Não digas que é inútil lutar, tendo em vista os insucessos pessoais.

Não creias que tudo seja caos e desordem, porque o mundo íntimo se encontre em desassossego e anarquia.

As dores valem o valor que lhes damos.

As provações significam em aflição a dimensão da taça em que as recolhemoS como se fôssem ácidos ou cáusticos.

Porque mal-estares te inquietem e sombras derramem fantasmas na imagem das coisas, não compares os dias a salas escuras de perspectivas negativas.

Abre a porta à fraternidade e alegra-te também.

Quem cultiva urze apresenta-se cravado de espinhos.

Quem assimila decepções extravasa pessimismo.

É imprescindível romper as comportas do personalismo infeliz para que as vibrações de felicidade te visitem a casa mental.

O homem que prefere baixadas tudo povoa de limites.

Mas quem sonha alcantis altaneiros e céus infinitos perde medidas e limitações para espraiar-se como o ar ou agigantar-se como a luz.

Vives as ideias que te aprazem, e, enquanto te agrades na desditaimaginária ninguém poderá clarear-te com as estrêlas aurifulgentes da serenidade.

O homem transforma-se no que acalenta e vitaliza nos painéis recônditos da mente.

Por esse motivo a desencarnação promove surpresas e choques àqueles mesmos que despertam além-da-morte e que, conscientemente se ignoravam em situações lamentáveis.

Fraternidade! — Muitos crimes se cometem em teu nome!

O solo e a mente, a água e o ar, o tempo e a luz em harmonioso conubio oferecem o pão generoso e rico à mesa.

A paciência e o trabalho no labor do artesão se unem para a grandeza da arte.

A argila e o artífice em combinação segura dão forma à cerâmica preciosa.

O buril e o amor identificados renovam as visões e paisagens sombrias da Terra.

Fraternidade — sol para as almas, roteiro para a vida!

Em todo lugar há lugar para a fraternidade.

Os povos a preconizam estimulando a beligerância.

Pronunciam-lhe o nome, arregimentando soldados.

Lecionam diretrizes em torno dela, assaltando países indefesos para discutirem a paz, demoradamente, nos Organismos próprios, enquanto a hidra da guerra dizima populações...

A fraternidade começa no lugar em que estamos, a fim de atingir a região onde não iremos.

Aceitas a ira que gera conflitos, que cria violências, que estimula o crime.

Agasalhas o ódio que oblitera a razão, que acicatá instintos, que estruge em convulsões.

Corporificas azedumes que consomem o equilíbrio, que facultam desordens, que enlouquecem.


No entanto, a palavra de Jesus é inconfundível:

— "Bem-aventurados os mansos porque herdarão a Terra Mansuetude para a ação fraternal — eis a rota.

Procurando expressar a própria ventura e homenagear com a sua gratidão o Mestre Incomparável, conhecido militante espírita, desencarnado, demandou, na noite evocativa do Natal, região pavorosa de angústia punitiva e dor reparadora, no Mundo Espiritual, para evangelizar a turbamulta ignara e obscena.

Abrindo pequeno Evangelho, nos apontamentos de Mateus no Sermão da Montanha começou a ler as anotações consoladoras registradas pelo Discípulo Amado.

Enquanto a voz harmoniosa e calma vibrava amor fraternal no reduto purgatorial, antigo sicário de consciências, turbulento e impiedoso, agora entregue àprópria rebeldia, explodindo ira, solícitou o livro singular, e, diante do evangelizador despedaçou as páginas, que atirou sobre o charco nauseabundo em que se revolvia.


Longe de revidar, o mensageiro da Palavra da Vida Eterna tomado de incomum sentimento fraternal, exclamou:

— "Perdoa-me não ter conseguido alcançar tua alma com o verbo divino, considerando a minha própria inferioridade!"Houve uma pausa na densa região de amargura.


— "Compreendo, meu irmão — prosseguiu, comovido —, tua revolta, no entanto, não conheces Jesus. Reconheço-me indigno de apresentá-Lo; todavia, sabendo-O o Médico do Amor por excelência não consigo recuar... Recorda o Rei singular, nascido em manjedoura e supliciado na Cruz, a balbuciar, em hora de terrível soledade:

— "Perdoa-os, meu Pai!"...

Não pode prosseguir.

Não disse mais, nem se fazia necessário.


O verdugo se levantou, em pranto, e acudiu, dizendo:

— "Fala-me d’Ele, esse Homem que te dá forças para vencer a ira e amar a ponto de chamar-me irmão".

Fraternidade!

Começa agora mesmo o teu programa fraternal, tendo paciência contigo próprio, no caminho evolutivo por onde rumas...




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