Nascente de Bênçãos

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CAPÍTULO 7

Compromisso com o Amor

Afirma-se com alguma razão que o Evangelho de Jesus sofreu, através dos tempos, adulterações e interpolações, restando pouco dos ensinos originais.

Assim sendo, esclarece-se que a herança que dEle possuímos é caracterizada pelas interferências maldosas e desonestas dos tradutores, teólogos e demais pessoas interessadas na manutenção da ignorância, para melhor dominar as mentes incultas e desconhecedoras dos Seus postulados de amor.

Retirando-se o excesso de prevenção, resta-nos os conteúdos soberanos que não puderam ser alterados e vêm atravessando os milênios como verdadeiro desafio para a humanidade.

Nesse sentido, as Suas lições morais independem das formulações em que se apresentam, valendo pelo sentido profundo e revolucionário de que se revestem.

Não há como adulterar-se o ensinamento Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ou Fazer ao próximo tudo aquilo que desejaria lhe fosse feito.

Essas duas máximas encerram toda uma filosofia ético-moral de reflexos espirituais inamovíveis, em razão das consequências de que são portadoras.

No amor, fonte inesgotável para todas as necessidades, a criatura se dessedenta, se reabastece de esperança e de alegria, a fim de continuar a áspera caminhada de aperfeiçoamento moral, enfrentando vicissitudes e confrontos, interiormente em paz.

Nessa trilogia proposta, amar a Deus, ao próximo, porém, de forma análoga àquele que se devota a si mesmo, encontramos o convite sem disfarces para o auto-amor como formulação terapêutica para a felicidade.


Através desse valioso recurso que se reveste

de autoestima e auto-valorização, sem as nefastas expressões do egoísmo, da vaidade, da presunção, está embutido o convite ao melhoramento interior, ao enriquecimento espiritual, à luta contra as paixões inferiores, de forma que se torne mais bem equipado de tesouros morais para a superação dos conflitos e das perturbações inerentes aos condicionamentos perversos.

Envolvido pelo sentimento de amor a si mesmo, o indivíduo encontra-se investido de meios que o levam a amar ao seu próximo, sendo menos exigente para com as suas deficiências por identificá-las em si mesmo, sabendo quanto é difícil essa batalha sem tréguas, assim compreendendo-lhe as torpezas e auxiliando-o a tornar-se mais fraterno e gentil.

Graças a esse labor, passa a amar a Deus, nele próprio e no seu irmão de jornada.

O Mestre acentuou com sabedoria que se alguém não ama aquilo que vê, como poderá amar ao Pai a Quem nunca viu?

Nos relacionamentos objetivos e emocionais entre duas ou mais pessoas que se estimam ou se amam, tolerando-se e ajudando-se, apesar das diferenças existentes, muito mais fácil torna-se a dilatação do sentimento que se dirige a Deus, o Magnânimo Pai.

Ao exegeta torna-se indispensável saber o texto, a circunstância e o lugar onde foi enunciado, a fim de o examinar sob vários pontos de vista, desde a etimologia de cada palavra até o conjunto geral.

Certamente ninguém há de esperar que aqueles que ouviram as sublimes palavras do Mestre as haja memorizado com rigor, de forma a retransmiti-las exatamente conforme foram enunciadas.

Pensamentos extraídos da mensagem Compromisso com o Amor, escrita em Roma, Itália, no dia 26 de maio de 2001.

Irmão da Natureza (Falando a S. Francisco de Assis) Enquanto a sociedade estertorava nas guerras cruentas de dominação de povos e vidas, sentiste a necessidade de lutar pela Pátria, evitando o abuso daqueles que consideravam com o direito a escravizar os seus irmãos.

Não compreendendo a luta que deverias travar, pensaste que as glórias antevistas em sonho referiam-se aos tesouros terrestres, e para melhor compreenderes o amor do Cristo, marchaste para a defesa dos fracos, pensando em servir a Deus e ao país.

Nascido para a paz, jamais poderias combater com armas destruidoras, e por isso tombaste prisioneiro dos hábeis verdugos, que te encarceraram e te fizeram sofrer.

Humilhado e enfermo, retornaste ao lar, quando foste visitado pelo Amigo-Amor que te convocou para diferente luta, cujas armas seriam a mansidão, a renúncia, o sacrifício.

Eras jovem e sonhador, trovador das noites estreladas e amigo da ilusão.

No entanto, possuías uma tristeza invencível que nada conseguia diminuir.

Dissimulavas a melancolia com a jovialidade, mas sabias que a tuas vida não te pertencia, embora não entendesses a solidão interior que te macerava, preparando-te para a soledade entre todos pelo resto da tua existência.

Mas quando ouviste o chamado do Cantor da misericórdia, todo o teu ser tremeu de emoção e perdeste o interesse pela existência convencional.

Começaste o despojamento, liberando-te das coisas, para poderes libertar-te de ti mesmo, a fim de te entregares a Ele por inteiro.

Os teus não te compreenderam, mas os leprosos de Rivotorto te receberam as doações de pão, de paz, de carinho com lágrimas que os olhos da alma vertiam em abundância, na decomposição em que se consumiam.

Mais tarde, outros solitários vieram unir-se à tua soledade, a fim de formarem o rebanho submisso ao cajado do Pastor.

Ignorando a teologia, sabias o Evangelho na sua integral pureza, sem disfarces nem dissimulações, e saíste a vivê-lo, enquanto o pregavas com palavras simples e atos de coragem incomum.

Transformaste as noites festivas de cantos e banquetes em um perene poema de beleza, enaltecendo os irmãos Sol, Lua, Chuva, Pássaros, Lobo, Neve, enquanto o mundo de então te espreitava com desconfiança e desinteresse.

Mas, o teu exemplo de abnegação continuo sensibilizando outros corações ansiosos de vida nova, que te passaram a acompanhar pelas estradas da Úmbria, albergando-se na Porciúncula modesta e desprovida de tudo, menos da ternura.

Quando menos esperaste, havia multidões que se comprimiam para ouvir as tuas canções de esperança e caridade, tocadas pela tua presença e a dos teus cancioneiros, tão desprotegidos como tu mesmo, no entanto amparados pelo Sublime Cantor.

Irmão Francisco! Canta outra vez para nós o teu poema de amor, nestes calamitosos dias que vivemos!

As noites da Terra já não são ricas de cações, mas de expectativas dolorosas.

Os grupos juvenis raramente se reúnem para sorrir ou para os folguedos inocentes, e sim para a embriaguez alcoólica ou o envenenamento por drogas alucinantes.

O enamoramento que procede à união dos corpos foi sucedido pela volúpia do sexo em desalinho e a posterior dilaceração dos sentimentos face ao abandono e às suas consequências perversas.

O relacionamento fraternal tem sido transformado em gangues violentas que se arremetem umas contra as outras em fúria desconhecida.

A literatura gentil e cavalheiresca cede lugar à pornografia desabrida e às narrações de funestos acontecimentos.

A música romântica transformou-se em vulcão de ruídos metálicos que induzem à loucura e à bestialidade.

A poesia perdeu a inocência e a beleza, passando às arremetidas de palavras sem nexo ou construções de palavras sem ritmo, sem rima, sem mensagem.

É certo que ainda permanecem em alguns grupos o sentimento de amor, de fraternidade, de beleza e de harmonia, afirmando que nem tudo está perdido na grande noite adornada de ciência e de tecnologia, na qual as almas estorcegam sob os camartelos do sofrimento.

Existe muito conforto para uns e nenhum para outros.

Aliás, também nos teus dias era assim, razão porque preferistes os últimos, oferecendo-lhes carinho por faltarem outros recursos.

O progresso facilitou o intercâmbio entre as criaturas e propiciou o desenvolvimento da criminalidade e do ódio.

Há grandeza, sim, na arte e no pensamento, na cultura e no sentimento, porém, a fé empalideceu e agoniza ante a predominância do comportamento hedonista que se espalha por toda a parte.

O firmamento está cortado a cada momento por grandiosas naves conduzindo milhões de indivíduos de um para outro lado, com todo luxo e facilidade.

Todavia, milhares de ogivas nucleares carregadas de bombas de alta destruição aguardam o simples movimento para dispararem suas cargas terríveis de desagregação de tudo.

Nesse pandemônio de alegrias e pavor, de riquezas e misérias, de esperanças e desencantos, há milhões de pessoas anelando por conhecer-te ou reencontrar-te, a fim de que a tua canção, Irmão da Natureza, as reconduza a Jesus a quem tanto amas!

Volta novamente à Terra, Trovador de Deus, para que tua pobreza inunde de poder todos aqueles que acreditam na força de não ter nada, nas infinitas possibilidades da não-violência e no infinito amor do Pai!

Irmão Francisco: O teu irmão lobo transformou-se no monstro devastador de drogas que consomem a juventude, em especial, e a outros indivíduos, em particular.

As lutas de cidades, umas contra as outras, ainda continuam e agora mais graves, na violência urbana.

A poluição química da atmosfera, que ameaça a Terra, filha daquela de natureza mental e moral, lentamente destrói a Irmã Natureza que tanto amas.

Homens dominadores e perversos ameaçam-se ainda através da política escravizadora das moedas que subjugam os povos que não têm voz no concerto das Nações poderosas.

Az vozes que proclamam a paz estão muito comprometidas com a guerra.

O mundo de hoje aguarda o retorno da tua Canção, pobrezinho de Deus, porque ela impregna as vidas com ternura, amor e paz.

Iremos fazer um grande silêncio interior, preparar os caminhos e aguardar que tu chegues, simples e nobre como o lírio do campo, bom e doce como o mel silvestre, amigo e irmão como o Sol, para que tua voz nos reconduza de volta ao rebanho que te segue e levas ao Irmão Liberdade, que é Jesus.

Pensamentos extraídos da mensagem Irmão da Natureza, escrita em Assis 1tália, no dia 27 de maio de 2001.




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