Nos Bastidores da Obsessão - Novo Projeto

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Prolegômenos

"Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então Inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional se-não no Espiritismo. "As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os «maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos "sucumbir e assemelhar-nos a eles. " (1) Os modernos pesquisadores da mente encarnada, fascinados pelas experiências de Laboratório, surpreendem, paulatinamente, as realidades do Mundo extrafísico. Ligados, porém, aos velhos preconceitos científicos, denominam a faculdade através da qual veiculam tais fatos pelo nome genérico de "psi". O "psi" é uma designação que da elasticidade quase infinita aos recursos plásticos da mente, tais como conhecimento do passado (telepatia), ou acontecimentos que tiveram lugar anteriormente e se encontram gravados nas mentes de outras pessoas; conhecimento de ocorrências no mundo exterior

(1) "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. Introdução, página 23, da 28a Edição da FEB.

— Nota do Autor espiritual. (clarividência), sem o contacto com impressões sensoriais; e percepção do futuro (presciência).

Em princípio, os recursos valiosos da mente, nas experiências de transposição dos sentidos, fenômenos de profetismo e lucidez, demonstrações de insensibilidade táctil, nas alucinações, polarizações e despolarizações psíquicas, realizadas em epilépticos e histéricos hipnotizados, ensejavam conclusões apressadas que pareciam confirmar as características do "psi".

Comprovou-se mui facilmente, através da sugestão hipnológica, que se pode impressionar um percipiente a fim de que o mesmo assuma personificações parasitárias momentaneamente, representando vultos da História ou simples pessoas da plebe...

Considerando-se, todavia, em outras experiências, os fenômenos intelectuais, como nos casos de xenoglossia e glossolalia, especialmente entre crianças de tenra idade, ou naqueles de ordem física, tais como a pneumografia, o metafonismo, a telecinesia, a teleplasmia e os diversos fenômenos dentro da metergia, constata-se não haver elasticidade que se ofereça à mente encarnada que os possa elucidar, senão através da aceitação tácita de uma força externa inteligente, com vontade própria, que atua no sensitivo, a este conferindo tais possibilidades.

Estudiosos do assunto, no passado, tais como William James, acreditaram que todos vivemos mergulhados numa «corrente de consciência cósmica», enquanto Henrique Bergson supunha que «a mente possui um conhecimento de tudo, em qualquer lugar, sem limitação de tempo ou de espaço», dando ao cérebro a função de velador de tal conhecimento.

Enquanto tais fenômenos se demoram sem explicação definitiva, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo não encontra aceitação pelas Academias; distúrbios mentais de vária ordem aprisionam multidões em cárceres estreitos e sombrios, povoados pelos fantasmas da loucura, reduzindo o homem à condição primitiva do passado...

Muito embora os desvarios da razão estejam presentes nos fastos de todos os tempos, jamais, como na atualidade, o homem se sentiu tão perturbado.

Tratadistas estudiosos dos problemas psico-sociológicos do presente atribuem grande parte dos distúrbios mentais à "tensão" das horas em que se vive, elevando, cada dia, o número dos desarranjados psiquicamente e aturdidos da emoção.

Naturalmente que, além desses, afirmam os de procedência fisiológica, da hereditariedade, de vírus e germens, as sequelas da epilepsia, da tuberculose, das febres reumáticas, da sífilis, os traumatismos e choques que se encarregam de contribuir larga e amplamente para a loucura. Fatores outros predisponentes a que também se referem não podem ser relegados a plano secundário.

Todavia, além desses, que dão origem a psicoses e neuroses lamentáveis, outros há que somente podem ser explicados pela Doutrina Espírita, no Capítulo das Obsessões estudadas carinhosamente por Allan Kardec.

Fazendo-se ligeiro levantamento através da História — e os acontecimentos têm sido registrados em todas as épocas do pensamento, mesmo nas mais recuadas —, surpreendemos, ao lado dos alienados de qualquer procedência, magos e sacerdotes manipulando exorcismos e orações com que pretendiam afastar os Espíritos atormentadores, que se comprazem em vampirizar ou exaltar suas vítimas em infeliz comércio entre os dois planos da vida: o corporal e o espiritual.

Os livros sagrados de todos os povos, desde a mais remota antiguidade oriental, em se referindo às leis morais, reportam-se à vida extraterrena. às consolações e às penalidades impostas aos Espíritos — tal como se a informação tivesse sido haurida na mesma fonte, tendo como única procedência a inspiração dos desencarnados — estudando, igualmente, as aflições e perturbações de origem espiritual, que remontam às vidas pregressas...

Considerados inicialmente como anjos maus ou demônios, ao tempo de Jesus, foram por Ele classificados de (espíritos 1mundos», com os quais se defrontou, reiteradas vezes, durante a jornada vivida na Terra.

Todos os grandes pensadores, artistas, escritores, filósofos do passado, "psi" de religiões», "doutores da Igreja», são unânimes em atestar as realidades da vida além da carne, pelos testemunhos inconfundíveis da imortalidade.

Aos Espíritos dos ditos mortos se referem Anaxágora, Plutarco, Sócrates, Heródoto, Aristóteles, Cícera, Horácio, Plínio, Ovídio, Lucano, Flávio José, Virgílio, Dionisio de Halicarnasso, Valério Máximo...

que, em seus relatos, apresentam farta documentação comprobatória do intercâmbio espiritual, citando outras não menos célebres personagens do seu tempo.

Ricos são os comentários sobre as aparições, as casas (assombradas», os (avisos) e as consultas nos santuários de todas as grandes Civilizações.

Mais tarde Lactâncio, Orígenes, Ambrósio, Basílio e Arnóbio dão farto e eloquente testemunho das comunicações com os desencarnados.

A Escola Neoplatônica de Alexandria, através dos seus mais expressivos vultos, pregando a multiplicidade das existências (reencarnação), afirma, por intermédio de Plotino, Porfírio, Jâmblico, Próclus, a continuidade da vida concedida ao princípio espiritual.

A Idade Média foi farta em provas sobre os desencarnados. "Anjos" e "espíritos imundos" subitamente invadiram a Europa, e os "inspirados" e "endemoninhados", os "adivinhos» e "feiticeiros" foram levados à pira crematória, sem que conseguissem extingui-los.

Das primeiras lutas entre o Empirismo e o Racionalismo intelectual à Era Atômica, filósofos e cientistas não ficaram indiferentes aos Espíritos... No século 19, porém, fadado pelas suas conquistas a servir de base ao futuro, no que diz respeito ao conhecimento, a sobrevivência mereceu por parte de psicólogos e psiquistas o mais acirrado debate, inaugurando-se a época das investigações controladas cientificamente.

Foi nesse período que Allan Kardec, convidado à liça da cultura e da informação, empunhando o bisturi da investigação, clareou, com uma Filosofia Científica — o Espiritismo, calcada em fatos devidamente comprovados, os escaninhos do obscurantismo, oferecendo uma terapêutica segura para as alienações torturantes, repetindo as experiências de Jesus Cristo junto aos endemoninhados e enfermos de toda ordem.

Classificou como obsessão a grande maioria dos distúrbios psíquicos e elaborou processos de recuperação do obsidiado, estudando as causas anteriores das aflições à luz das reencarnações, através de linguagem condizente com a razão, e demonstrável experimentalmente.

A Codificação Kardequiana, como um monumento granítico para os séculos porvindouros, certamente não resolveu o "problema do homem", pois que este ao próprio homem é pertinente, oferecendo, todavia, as bases e direções seguras para que tenha uma vida feliz, ética e socialmente harmoniosa na família e na comunidade onde foi chamado a viver.

Psiquistas de nomeada, advertidos pelos resultados observados na Europa e na América, em torno do fascinante assunto — comunicabilidade dos Espíritos —, empenharam-se, então, em laboriosas experiências, criando, alguns, por mais compatível com as suas investiduras acadêmicas, sucedâneos para a alma, que introduziram na genética da Biologia, negando àquela o direito à legitimidade. O Professor Gustavo Geley, por exemplo, criou a designação de "dínnamo-psiquismo", Pauley, a de "consciência profunda", Hans Driesch a de "enteléquias" e teorias metapsíquicas vieram a lume, em ferrenho antagonismo à imortalidade, esgrimindo as armas do sofisma e da negação, sem conseguirem, no entanto, resultado positivo.

Océlebre Professor Charles Richet, estimulado pelas experiências eminentemente científicas de Sir» William Crookes, elaborou a Metapsíquica e, ao despedir-se da sua Cátedra de Fisiologia, na Universidade de Paris, deixou ao futuro a satisfação de confirmar, de negar ou desdobrar as suas conclusões.

Com o advento da moderna Parapsicologia, novos sucedâneos têm sido criados para o espírito imortal e, enquanto os pesquisadores se demoram no problema da designação nominativa que inspira debates e celeumas, a Doutrina Espírita, lecionando amor e fraternidade, estudo e conhecimento da vida sob a inspiração dos 1mortais, distende braços e liberta das malhas vigorosas da obsessão aqueles que, por imprevidência ou provação, se deixaram arrastar aos escuros precipícios da anarquia mental, perturbados ou subjugados por forças ultrizes da Erraticidade, prescrevendo as mesmas diretrizes morais insertas no Evangelho de Jesus Cristo, vivido em espírito e verdade.




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