O Ser Consciente
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Modelos e paradigmas
O processo da evolução — antropológico, sociológico, psicológico — da humanidade vem impondo, ao largo do tempo, necessárias releituras e revisões de paradigmas variados, que entram em choque com as descobertas do pensamento e a natural aceitação cultural de processus renovadores, estruturados na experiência humana diante dos conceitos tradicionais.
Na área psicológica, por exemplo, a rigidez dos postulados ancestrais vem sofrendo fissuras estruturais diante da volumosa contribuição das filosofias orientais, ora desveladas ao ocidente, ao mesmo tempo em que as conquistas relevantes da Parapsicologia, da Psicotrônica, da Psicobiofísica, da Física Quântica, da Biologia Molecular, vêm confirmar os paradigmas do Espiritismo, dilatando o campo da realidade humana — antes do berço e depois do túmulo
—, assim modificando a concepção dos estados alterados de consciência, que deixaram de ser patológicos para se confirmarem como de natureza paranormal.
Como consequência, o estudo e a observação imparciais dos fenômenos anímicos e mediúnicos não mais se submetem aos modelos estreitos da psicologia tradicional, tornando-se urgente a adoção do comportamento transpessoal, face à sua abrangência, no que diz respeito ao homem integral.
Criada pela necessidade de atualização urgente de novos e complexos paradigmas, graças ao devotamento de homens e mulheres notáveis, que aprofundaram na vida parafísica a sonda da investigação psicológica, a quarta força pode contribuir para uma interpretação mais coerente e racional do ser pensante, sem descartar a possibilidade da precedência e sobrevivência da consciência à concepção fetal, assim como à anóxia cerebral.
Antes desprezadas ou marginalizadas por contundente preconceito, as manifestações paranormais deixaram de ser epifenômenos do sistema nervoso, para tornarem-se expressões da realidade em níveis mais profundos da consciência humana.
O advento da Psicologia Transpessoal ocorreu no momento grave do desalinho comportamental das gerações novas, dos anos sessenta deste século, e por se tornar evidente a necessidade do desenvolvimento da Psicologia Humanista, surgida na ocasião, mediante a ampliação dos seus conceitos e a aceitação de novos paradigmas, qual sucedeu, na década imediata, consoante previra Maslow...
Assim, a Psicologia Transpessoal tem como meta ampliar a sua área de pesquisa levando em conta as experiências do ser, em laboratório e no comportamento humano, vinculadas às necessidades do equilíbrio da saúde fisiopsíquica e da satisfação plenificadora.
Como resultado, estrutura-se nas conquistas da ciência contemporânea, unidas às contribuições vivenciais da experiência oriental, desenvolvendo as possibilidades adormecidas da criatur a — o seu incessante vir-a-ser.
A sua proposta objetiva é tornar-se parte das multidisciplinas do comportamento, que contribuem para o logro da saúde mental.
Impossível descartar-se hoje os fatos decorrentes dos estados alterados de consciência, que são importantes para o equilíbrio fisiológico e o bem-estar psicológico dos indivíduos.
O ser transcendental deixa, dessa forma, o estágio de paranoide, assumindo a paranormalidade indispensável à harmonia do seu comportamento com a sua realização psicológica.
As experiências terapêuticas de muitos analistas transpessoais demonstraram que os seus pacientes transcendem os níveis normais de consciência, quando estimulados por drogas químicas, autossugestão, ioga, hiperventilação, indução hipnótica, concentração, meditação, oração, interferências mediúnicas...
Nesses estados dilatam-se-lhes a percepção dos sentidos, a lucidez, o conhecimento do passado e do futuro, como expressões essenciais da natureza humana, após os quais há o retorno da saúde — quando em psicoterapia — do bem-estar, do relacionamento interpessoal.
O ser humano, desse modo, deixa de permanecer fragmentado, para tornar-se inteiro.
Todos os modelos e paradigmas são passíveis de revisão, confirmação ou modificação.
Os antigos modelos psicológicos, por estreiteza de visão, não abarcavam as atuais conquistas que facultam mais ampla compreensão da personalidade humana, do inconsciente, do eu profundo.
Uma larga documentação experimental, porém, veio facultar o surgimento do modelo transpessoal e dos seus atuais paradigmas.
A Psicanálise, por exemplo, tem concepção específica em torno da determinação da conduta, conflitando com a natureza da modificação do comportamento.
O psicanalista enfatiza as forças intrapsíquicas, como fundamentais, predominantes, responsáveis pelo comportamento.
Já os comportamentalistas estabelecem, como indissociáveis da conduta, as condições ambien tais.
Desse modo, surge o quesito da motivação, determinando o comportamento.
Seja a libido — motivação freudiana —, o anseio de superioridade, como superação dos instintos agressivos — motivação adlerian a — ou o imperativo ambiental — motivação comportamentalista —, o ser é levado ao êxito nas suas buscas, não podendo fugir a uma ou outra dessas condições.
Antes desse alargamento da visão transpessoal, todas as experiências místicas eram tidas como neurose narcisista, e a conquista da iluminação era considerada como uma automática regressão a estágios intrauterinos.
Nesses choques de modelos e propostas, tornava-se inevitável a disputa em torno de qual seria o verdadeiro, com desprezo pelos demais...
O estudo transpessoal não pretende ser único, antes alarga os conceitos existentes, respeita-lhes a validade, buscando desenvolver e ampliar as dimensões da natureza humana e a sua realidade intrínseca.
O seu potencial é imprevisível, e o ser espiritual éimensurável na sua estrutura profunda, que lhe cabe desenvolver ao largo das sucessivas reencarnações.
Unindo tecnologia e observação, experiência e treinamento paranormal, desenvolvem-se-lhe os recursos latentes, no rumo do Infinito.
O novo modelo e paradigma transpessoal, portanto, estrutura-se na sabedoria do oriente e nas modernas experiências do ocidente, compondo o homem, o ser interior: espírito, perispírito e matéria, conforme a proposta kardequiana, embora a nomenclatura diferenciada que vem sendo adotada pelos psicólogos e terapeutas transpessoais.