S.O.S. Família

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CAPÍTULO 33

Entrevistas

PERGUNTA: O adultério, como entendo, é coabitar com alguém e aventurar-se simultaneamente com outrem.

Certo?

DIVALDO: Sim.

PERGUNTA: Não se pode ter dois parceiros ao mesmo tempo?

DIVALDO: Não nos parece legal nem moral esse comportamento.

PERGUNTA: O que aqui se faz aqui se paga?

DIVALDO: Sim.

Desrespeitando-se as leis, estas, em desarmonia, giram em torno dos infratores, até que eles venham reorganizá-las.

Todo mal que fazemos émal que produzimos a nós mesmos.

Os erros que aqui engendramos nos perturba e devemos resgatálos aqui mesmo, na Terra, reeducando-nos. PERGUNTA: Como proceder no caso de criança de 12 anos que manifesta ódio extremado pelos pais?

DIVALDO: Quando estiver dormindo, que os pais tentem conversar com ela, que falem com ternura, procurem dizer-lhe que a amam.

Porque embora o corpo esteja repousando, o Espírito está vigilante.

Pode tal situação ter origem no passado espiritual ou na atualidade carnal.

Muitas vezes, quando nasce o nosso filho, utilizamos de palavras impróprias, temos uma reação negativa dizendo que o menino é feio ou que aguardávamos um ser mais bonito, queríamos uma filha, ou vice-versa.

O Espírito ouve, magoa-se e pode criar ressentimento.

Então, a melhor terapêutica, no caso, é envolver essa criança em vibrações de ternura, de amor, e quando esteja dormindo falar-lhe de que a ama e amá-la realmente.

PERGUNTA: Uma criança recém-nascida e totalmente deformada tem uma vida vegetativa.

A pena serve para quem reencarnou nessa criança ou para os que convivem com ela?

DIVALDO: Para ambos.

Principalmente para quem está reencarnando.

Possivelmente aquela criança deformada foi um suicida.

Mas os pais atuais ou aqueles com quem ela convive podem ter sido os autores intelectuais do suicídio ou equivalente.

Talvez sejam aqueles que lhe desrespeitaram os valores morais ou então os responsáveis negativos do pretérito que volvem para ajudá-la a suportar as circunstâncias.

PERGUNTA: No caso de criança adotada existe pré-determinação do plano espiritual para que seja acolhida naquele lar?

DIVALDO: Nesse caso, a criança que recebemos hoje de outra maternidade é o filho que atiramos fora, no passado.

PERGUNTA: Como o espírita vê o divórcio?

DIVALDO: Nós o vemos como uma necessidade para os problemas existentes.

O ideal seria sempre que os indivíduos se amassem a ponto de não necessitarem da separação legal, porque no momento em que desaparece o amor, desaparecem os vínculos exteriores.

Como vivemos numa sociedade constituída por estatutos e leis, é mister que respeitemos estas normas.

No entanto, quando o casal não consegue mais se suportar, a fim de evitar males maiores, o divórcio é uma fórmula para ajudar na recuperação da vida de ambos, bem como para atender aos aspectos moral e legal da nova situação.

PERGUNTA: Quer dizer que essa história de almas irmãs morreu?

DIVALDO: Quando o matrimônio ocorre entre almas afins não sucedem tais dificuldades.

Segundo a teoria das "almas gêmeas", as várias uniões pelo matrimônio, quando não bem-sucedidas, tornam-se provas recíprocas, preparando-as para futuros cometimentos ditosos.

PERGUNTA: Divaldo, uma questão sobre comportamento.

Qual deve ser a posição do jovem espírita perante a prática sexual antes do casamento?

DIVALDO: É uma questão muito controvertida, porque é um problema de consciência.

Por mais amplitude que me permita, não consigo conceber o sexo como parte de uma vida promíscua.

O estômago, quando se come demais, tem indigestão.

Qualquer órgão de que se abusa, sofre o efeito imediato.

O problema do sexo é a mente.

Criou-se o mito que a vida foi feita para o sexo, e não este para a vida. Depois da revolução sexual dos anos 60, o sexo saiu do aparelho genésico para a cabeça.

Só se pensa, fala, respira sexo. E quando não funciona, por exaustão, parte-se para os estimulantes, como mecanismos de fuga, o que demonstra que o problema não é dele, e sim, da mente viciada.

Se o problema fosse do sexo, as pessoas "saciadas" seriam todas felizes, o que, realmente não se dá.

Ou a criatura conduz o sexo, ou este a arruina. Ou se disciplina o estômago, ou se morre de indigestão.

Tenho aprendido, com a experiência pessoal e com a adquirida em nossa comunidade, que o sexo antes do casamento constitui um mecanismo de desequilíbrio.

Mesmo porque, com tanto sexo antes do casamento, já não se faz necessário casamento depois do sexo.

Acho perfeitamente natural, embora não justifica que nem estimule, que a pessoa, num arrebatamento afetivo, em um momento, realize uma comunhão sexual.

Não encaro isso como escândalo, porque o sexo, como qualquer departamento orgânico, é setor de vida. O que me parece grave, é que a esse momento de arrebatamento se sucederão outros, como a sede de água do mar, que, quanto mais se bebe mais sede se tem.

Conheço casos de frustrações sexuais terríveis, de neuroses, psicoses, porque as pessoas foram traidas nos seus sentimentos profundos, pelo abandono a que foram relegadas.

Sugiro ao jovem espírita a atitude casta.

Uma atitude casta não quer dizer isenta de comunhão carnal, mas sim, de respeito, de pureza.

Colocar o sexo no lugar e o amor acima do sexo, que moralizado pelo amor, sabe-se quando, como e onde atuar.

Quando se ama, não se atira o outro na ruína.

O sexo, antes do matrimônio, deve ser muito bem estudado, porque, sob a alegação de que se "tem necessidade" dele, não se o torne vulgar.

Cada consciência eleja para o próximo o que gostaria que o próximo elegesse para si.

PERGUNTA: As crianças que estão sendo evangelizadas, de que maneira podem os pais ajudá-las, a fim de que a evangelização continue no lar?

DIVALDO: Aos pais compete a observação das tendências, das naturezas dos seus filhos para bem orientá-los e despertarem nos mesmos as qualidades que se contrapõem aos defeitos.

Entretanto, isto deve ser feito quando os filhos são muito pequenos, e é justamente quando os pais são mais inexperientes, menos maduros.

Então, quando vemos os resultados, o tempo já passou.

Como agir? por mais imaturos que sejam os pais, há, entre eles e os filhos, o largo período que já viveram.

Nesse período, adquiriram as experiências das suas próprias vivências.

Há, em todo indivíduo, a tendência para o bem, porque somos lucigênitos.

Esse heliotropismo divino nos leva sempre a discernir entre o que é certo e o que é errado.

Se, por acaso, por inexperiência, não orientamos bem o filho na primeira infância, é sempre tempo de começar, porque estamos sendo educados até a hora da própria desencarnação.

Os pais que não lograram encaminhar bem os seus filhos, porque lhes faltava o equilíbrio do discernimento, quando se estava no período da formação da personalidade, podem recomeçar em qualquer instante, de maneira suave, perseverante e otimista afravés do exemplo e da vivência do amor.

Os pais podem ajudar a evangelização no lar, sobretudo pela exemplificação.

E a exemplificação a melhor metodologia para que se inculquem as ideias que desejamos penetrem naqueles que vivem conosco.

Se examinarmos Jesus, Ele disse muito menos do que viveu e viveu muito mais do que nos falou.

A mim, me sensibiliza muito uma cena que me parece culminante na vida do Cristo.

Quando Ele estava com Anás¹, o Sumo Sacerdote, que Lhe perguntou sobre Sua doutrina ao que respondeu Jesus, que nada falara em oculto e que ele deveria perguntar aos que o ouviram.

Um soldado que estava ao lado do representante de César, agrediu-O, esbofeteando-lhe a face.

Para mim, este gesto é dos mais covardes: bater na face de um homem atado.

Então Jesus não reagiu.

Agiu com absoluta serenidade.

Pacifista por excelência, voltou-se para o agressor e lhe perguntou: Soldado, por que me bateste? Se errei, aponta-me o erro, mas, se eu disse a verdade, por que me bateste?

É uma lição viva, porque Ele poderia apelar ali para a justiça do representante de César; poderia ter-se encolerizado; ter tido um gesto de reação, mas Ele preferiu agir.

1ª epístola a João, capítulo 18 versículos 19:23. (1jo 18:19-23) O lar é a escola do exemplo, onde, lamentavelmente, se vive reagindo.

Vive-se de reações em cadeia, raramente se pára para agir.

Chega o filho da aula de evangelização e encontra os pais em casa irritados, reclamando, blasfemando, atritando.

Lentamente considera que aquilo que acaba de ouvir na Escola Espírita, que é o Centro, é uma teoria agradável como toda e qualquer outra, mas tão inócua que não modificou aqueles que o levam a recebê-la, não tendo forças para praticá-la.

Daí, o lar é um laboratório de exemplificação daquilo que o Centro Espírita ensina.

Para o lar transferimos a vivência, a fim de que um dia, no Centro Espírita e na comunidade, possamos exemplificar o que aprendemos na evangelização.

PERGUNTA: Por que a mediunidade começa cedo no jovem, principalmente quando não é espírita?

DIVALDO: Ela se manifesta, quiçá, cedo, porque a mediunidade é uma faculdade do Espírito que se exterioriza pelo organismo.

Allan Kardec, no capítulo 14º de O Livro dos Médiuns, afirma que todo aquele que sente em determinado grau a presença dos Espíritos é, por isso mesmo, um médium.

A faculdade é do Espírito e o instrumento é o corpo.

Naturalmente se manifesta cedo qual ocorre com a memória, a inteligência, as aptidões.

Por um lado, isto é uma forma providencial, porque ao se apresentar cedo no homem, ela abre um elenco de oportunidades edificantes, cerceando-lhe o direito de assumir compromissos negativos que seriam difíceis de erradicados mais tarde.

Convidado no exercício saudável da mediunidade na juventude, o indivíduo tem a oportunidade de pautar a vida nas linhas do equilíbrio, que lhe facilitará exercê-la com elevação e sabedoria, antes que os problemas de vária ordem, atormentandoo, torne-lhe o exercício nobre mais difícil, porque vinculado a débitos desta existência e conectado a mentes perversas que procedem da Erraticidade inferior, o adulto tem muito mais dificuldade de reeducar-se, de modificar a paisagem íntima a fim de assumir as tarefas que lhe são propostas pela vida.

Deste modo, é uma bênção que a mediunidade se revele em plena idade juvenil, como também surge noutros períodos da vida.

Há indivíduos que passaram a registrá-la melhor na fase da razão.

E outros até mesmo na terceira idade, sem nenhum prejuízo para a desincumbência das tarefas que a mediunidade impõe.

PERGUNTA: O que fazer quando o jovem adolescente desiste de estudar a Doutrina apesar de os pais continuarem? O jovem vem frequentando desde pequeno.

DIVALDO: Á nossa existência é feita de períodos.

Há um no qual o jovem tem necessidade de viver as suas próprias experiências, eleger aquilo que lhe parece melhor.

Se este jovem teve, na infância e no primeiro período da adolescência, um bom embasamento doutrinário, ele vai realizar outras experiências.

E, naturalmente aquilo que está ensementado nele terá ocasião de oportunamente germinar, crescer e frondejar, albergando-o nas horas mais difíceis da sua existência.

Se a pergunta parte dos pais, convém que instem para que o filho prossiga na participação das atividades doutrinárias.

Instar sem impor.

Insistir sem violentar, tendo porém, a preocupação de continuarem a dar os melhores exemplos, aqueles que são compatíveis com o que se ensina na Casa Espírita.

As vezes, ocorre que o jovem, quando vai chegando à idade da reflexão e examina a conduta da família diante dos postulados que a Doutrina ensina, constata que algo está errado: ou o Espiritismo não é legítimo, porque não logrou modificar a família, ou a família não é honesta, porque não assimilou os postulados que diz abraçar.

Assim, resolve pela realização das suas próprias buscas.

Passado o período em que ele parece ter-se libertado do compromisso semanal que mantinha com a Casa Espírita, vale considerar que isto não nos deve constituir motivo de pesar nem de desânimo, pelo contrário, deve emular-nos a acender mais a luz da esperança, e agora, ao invés de impor-lhe o estudo da doutrina, provar-lhe a excelência da vivência espírita.

PERGUNTA: Como educar os nossos filhos com relação a casamento civil e religioso, se eles, apesar de não serem malcomportados em relação a casamento, passam por cima de todas as convenções? A minha filha perguntou se eu queria vêla casada ou feliz.

Isso porque eu não estava aprovando a união dela com um jovem desquitado.

DIVALDO: Em Doutrina Espírita não temos casamento religioso, que é uma criação eclesiástica, teológica, para realizar um culto externo sem maior significado na área emocional da criatura.

Lendo o Capítulo 22º, Allan Kardec escreveu em O Evangelho Segundo o Espiritismo, a respeito do matrimônio, explicando que o importante não é a fórmula com a qual se regularizam a herança e o respeito social diante das leis.

O casamento surgiu como uma necessidade de evitar a poligamia, a corrupção sexual, a variação de parceiros, fazendo que o indivíduo se vincule a outro até quando o amor estiver presente, exigindo o respeito dos cônjuges.

Jesus chegou a dizer que no começo não era assim, não havia uma fórmula.

O casamento é uma conquista sócio-cultural da legalização de um sentimento existente.

Nós, espíritas, somente consideramos o casamento através do ato civil, porque o importante é a eleição dos sentimentos de profundidade.

Ocorre que a dissolução dos costumes faz que se elejam pessoas, graças à ação da libido em nosso comportamento emocional.

E o prazer do sexo, o tormento do sexo que se busca aplacar e atender através das fórmulas das uniões apressadas, e, como é natural, das desuniões desesperadas.

Porque, passado o ardor, acabado o combustível que mantém a labareda do desejo, acaba o interesse.

Desde que não houve o sentimento de amor nem de respeito, a amizade não perdura. O que mantém o casamento depois das emoções, é o respeito entre os dois indivíduos, que se fundamenta na amizade que estrutura os sentimentos de união.

Eu responderia à minha filha, que eu a desejava feliz e casada.

Por que ela tem que ser feliz e descasada? Por que elegendo um rapaz desquitado, que não tem outro compromisso, ele não terá o direito de se consorciar, já que as leis o permitem? Se ela serve para ser companheira, por que não servirá para ser esposa? Ainda mais num momento em que as leis permitem dissolver o vínculo matrimonial!

Sempre digo aos meus filhos, queos prefiro casados e felizes. A conduta que hoje, certa parte da sociedade se permite, e não são apenas os jovens mas, também os adultos, é a da libertinagem disfarçada de liberação dos costumes.

Ontem, casualmente, assisti a um programa de televisão, no qual se apresentava uma jovem, modelo fotográfico, que está acostumada a viver despida.

Alguns adultos, que constituíam o júri, perguntaram, se ela não ficava constrangida de despir-se para ser fotografada. Ela respondeu que sim; mas, como a sua profissão era essa, ela pagava o tributo, porque isso fazia parte do seu trabalho.

Uma resposta perfeitamente sensata.

Então despiu-se quase totalmente. Uma senhora idosa, que estava no júri, falou que lhe indagam porque os modelos não se desnudavam completamente, então ela respondeu que iria propor essa condição.

Ao concluir, foi um aplauso espetacular do auditório, de velhos e velhas algo decadentes.

Uns dois ou três jovens, que aliás já estão cansados de tais cenas ficaram indiferentes, o que me pareceu surpreendente.

E a moça, que é modelo, teve o pudor de não se despir.

O entrevistador, que é muito falante e pensa ser atraente, afirmou que estava de acordo e ajudaria a jovem a desnudar-se, e ela recusou-se, porque ela sabe que, afinal, a sua profissão permite-lhe mostrar o corpo, mas não a obriga a ser vulgar nem venal.

A vulgaridade e a venalidade eram das criaturas que ali estavam, em declínio físico e moral.

Daí não podermos acusar os jovens.

Eles são o que lhes temos feito e serão o que lhes fizermos.

PERGUNTA: Hoje é muito grande o envolvimento do jovem na política.

Preocupado com as leis humanas, indiferente às Divinas.

É um processo educacional? Como conciliar as duas coisas?

DIVALDO: Ocorre que o jovem padece constrição de uma sociedade que não tem sido justa para com os seus membros.

Ele não tendo recebido no lar a formação de uma educação nas bases reencarnacionistas, assim, tem buscado uma forma de cortar os efeitos através de leis que, infelizmente, não alcançam a causalidade.

É perfeitamente justa a necessidade e a busca de engajamento do jovem na política, para equacionar o problema que ele apenas vê nos resultados negativos.

A maneira de conciliar a situação é educá-lo para um saudável engajamento, não através do jogo dos interesses imediatos, mas ensinando-o a ser bom eleitor.

Politizá-lo, conscientizá -lo.

Dizer-lhe que numa sociedade democrática, o voto é a grande arma do cidadão.

No momento que ele esgrimir essa arma, não venderá a consciência aos corruptos, pelo contrário, os eliminará.

No mesmo programa, já referido, ouvi a resposta de um advogado, que me sensibilizou muito pela justeza da colocação.

Ele falava de corrupção.

e dizia que só há corruptos porque há corruptores.

Aqueles que se vendem, fazem-no a alguém que é pior do que eles.

Os corruptores quase nunca são justiçados, porque não denunciam a desonestidade, pois que ela é boa para acobertarlhes as indignidades.

Da mesma forma, porque há o receptador, existe o ladrão.

Este furta um aparelho, porque há alguém que o compra por qualquer preço.

Não se pode punir o primeiro sem alcançar o outro.

Aquele que não denuncia o ladrão e aceita-lhe o fruto da rapina, também furta.

O ladrão no oferecer ao receptador uma peça valiosa e ele a compra por valor inferior, então, está furtando do assaltante, de um outro delinquente.

Não tem interesse de denunciar o delinquente, porque também o é.

Assim, devemos politizar a mentalidade jovem, para que não venda o seu voto a amigos, a conhecidos, nem àqueles que se utilizam de expedientes escusos.

Anunciam os expertos em política que a candidatura de um Deputado Federal está custando, no Brasil, em São Paulo, aproximadamente cinquenta milhões de dólares.

A pessoa toma posse e trabalha quatro anos. Nesse período, suponhamos que ganhe legalmente, de salário dois milhões de dólares, mas gasta cinquenta milhões.

Não é necessário mostrar que, de algum lugar, surge esse valor e que, de alguma forma, retornará multiplicado.

Está aí o quadro da desonestidade.

Iremos conscientizar os jovens, a fim de que não se vendam, votando com a consciência.

Na Mansão do Caminho nós somos apolíticos. A nossa é a política do Evangelho. Procuramos educar de forma que as pessoas tenham consciência do seu voto.

Lá não permitimos que se faça campanha eleitoreira.

Teremos que ensinar a atual geração, a fim de que ela que vai chegar, esteja equipada para enfrentar a corrupção que se tornou clássica em a natureza humana.

Não só no Brasil, porém em a natureza humana, em toda a parte.

PERGUNTA: Qual deverá ser a atitude de um evangelizador ao deparar-se com um jovem com tendências homossexuais, sabendo que o mesmo se encontra nessa situação sentindo amor por outro do mesmo sexo?

DIVALDO: O problema é de ordem íntima.

Não temos o direito de invadir a privacidade de ninguém, a pretexto de querer ajudar os outros.

Há uma preocupação em nós, de querermos salvar os outros, antes de nos salvarmos a nós mesmos.

Devemos sempre ensinar corretamente o que a Doutrina nos recomenda.

Se alguém vier pedir-nos ajuda, estendamo-la sem puritanismo, sem atitudes ortodoxas, porque o problema posto em pauta e de muita profundidade para uma análise de natureza superficial.

Se notamos que um dos nossos condiscípulos está numa fase de transição — e a adolescência, além de ser um período de formação da personalidade, é também de bipolaridade sexual — procuremos estimulá-lo para que canalize corretamente as suas emoções para a ação do bem, mas também sem castrar-lhe as manifestações do sentimento.

Façamo-lo de uma forma edificante, e, quando as circunstáncias nos permitirem, falemos que as Divinas Leis estabeleceram, nas duas polaridades — a masculina e a feminina — o equilíbrio para a perpetuação da espécie.

O sexo foi feito para a vida, não a vida para o sexo.

Daí, o indivíduo que sinta qualquer distúrbio na área do comportamento sexual, considere que se encontra em um educandário da vida, para corrigir desequilíbrios que devem ser conduzidos para as disciplinas de uma vida feliz, deixando que cada qual faça a sua opção, sem o puritanismo que tudo condena e sem o modernismo que tudo alberga, porque cada um vai responder pelo uso que faz da existência conforme as suas resistências.

É muito fácil propor a alguém que suba a montanha, sem saber até onde vão as suas forças.

Em Doutrina Espírita ninguém vive as experiências alheias, como em nenhuma outra. PERGUNTA: Como o evangelizador pode contribuir para a evolução espiritual de uma criança excepcional?

DIVALDO: Inicialmente, a criança excepcional não estará na classe das crianças normais, suponho.

Porque não lhe será o lugar adequado, porque ela irá perturbar o trabalho junto as crianças consideradas normais.

Teremos que criar uma classe especial para ministrarmos, quanto possível ao grau de entendimento do excepcional, o conhecimento da realidade do Espírito.

Mas teremos em vista que a excepcionalidade não é do Espírito.

São limites orgânicos impostos pelas próprias dívidas ao ser em evolução.

Toda instrução que lhe dermos será arquivada no perispírito e irá beneficiar o Espírito.

Ainda que na Terra, acalmando-se, a criança que estiver num quadro neuropatológico muito acentuado, tendo melhores momentos de lucidez, avançará mais na área da razão.

E quando se libertar da injunção expiatória, recobrará o patrimônio recém-adquirido.

Essas patologias graves, que chegam a deformar, como o mongolismo e outras, estão enquadradas no capítulo das expiações, defluentes de suicídios ou de crimes de largo porte que não foram alcançados pela justiça terrestre e a consciência culpada insculpiu no hoje organismo deficiente.

O nosso trabalho é de amor!

Quando encontro a mãe de um excepcional, sempre a parabenizo.

Digo-lhe — porque ela priva muito mais com o filho limitado que o pai, que normalmente tem atividades externas e, nesse sentido, há pais, masculinos, que são de uma abnegação comovedora que o suicídio cometido por esse Espírito, é fruto de um relacionamento pais-e-filho no passado, que não deu certo. E acrescento que os pais de hoje, quiçá, hajam sido os autores intelectuais daquele gesto tresloucado.

De acordo com o grau de limitação da excepcionalidade, faço o seguinte paralelo.

Imagine que vocês pertenceram a uma classe abastada socialmente, por genealogia ou clã, e seu filho ou sua filha se apaixonou por alguém de uma classe denominada inferior; ou tomou determinada atitude que vocês enfrentaram com rebeldia, levando o ser, por capricho de vocês, a uma atitude de fuga.

Adveio o suicídio.

O desesperado foi a mão que a intolerância da família armou.

Então é natural que ele, tendo sido vítima das circunstâncias, renasça nos braços daqueles que o levaram ao ato desesperador, para que o amor a todos santifique, diminuindo os efeitos e as bases afetivas se refaçam nesse inter-relacionamento evolutivo.

Assim, eu parabenizo e acrescento: Não posso avaliar o que é ter um filho com problemas nervosos.

Uma criança que bate no rosto da mãe toda hora, que morde, que escouceia, que grita toda a noite e que cala todo o dia.

Ser pai e mãe de um filho assim credencia-os a parabéns, porque é um resgate que os liberará de dores muito mais terríveis no além da morte.

Daí, a criança excepcional deve receber um tratamento evangélicoespírita em caráter de excepcionalidade, com muito amor, com muita ternura e, sobretudo, com a terapia psíquica da boa palavra, estimulando-a a liberar-se do cárcere para que guarde as informações e seja feliz além da vida.

PERGUNTA: Qual o papel dos treinamentos em meditação para o aperfeiçOamento da criança e do jovem?

DIVALDO: Preponderante.

Se não ensinarmos a meditar, a reflexionar, a concentrar, teremos uma idade adulta doudivanas, porque o tempo nos é tomado depois, sem espaços para esse nobre fim.

É necessário criarmos o hábito da meditação. Todos temos, aliás, o hábito da meditação e da concentração nas coisas erradas, negativas.

Se alguém nos diz um desaforo, temos dificuldade de o tirar da cabeça.

Ficamos dias e dias atormentados, fixando-o.

Quando se trata de coisas positivas, tem-se dificuldade de reter, reflexionar, porque não se tem espaço mental, já que todo ele está reservado para as coisas irrelevantes.

Concentrar é fixar a mente em algo.

Para conseguir-se, basta o exercício e treinamento.

Somos, às vezes, infelizes, porque cultivamos as horas negativas.

As boas não, esquecemo-las. Se temos um momento feliz, participamos daquela hora e ficamos indiferentes ou pensamos que nos irá acontecer alguma coisa negativa com certeza, porque todo bem que nos vem, logo ocorre alguma coisa para nos desagradar.

Não é uma atitude correta. Devemos cultivar os momentos bons, felizes.

Quando alguém nos ofende, queixamonos a muitos, falamos sobre o assunto. No momento feliz somos egoístas, nada falamos.

O que se dá? Fixamos o momento mau e não retemos o momento bom.

É uma questão de memória.

Dilatemos o momento feliz e o fruamos.

Meditemos diariamente num texto evangélico, em uma ação que iremos desenvolver com otimismo.

Digamos — Que maravilhoso dia de sol! Isto vai dar certo!

Maravilhoso é olhar as coisas com otimismo.

E a meditação nos prepara para uma vida saudável e otimista.

PERGUNTA: Por que tantas crises nos lares? Por que tanto desamor?

DIVALDO: O homem está doente e como efeito, neste período de transição, ele exterioriza os estados de desequilíbrio.

Á ciência e a tecnologia, que tanto contribuíram para o progresso intelectual e para as conquistas pessoais do homem e da sociedade, não equacionaram o problema da consciência, o problema do ser.

Depois de mais de seis mil anos de pesquisas na área da ciência logramos atingir o ápice.

Mas ainda não tivemos a coragem de atingir o ego, de criar uma transformação real, profunda.

Porque o progresso ético-moral é vertical, exige muito, enquanto que o progresso intelectual é horizontal, poderemos realizá-lo através da absorção de experiências e conhecimentos pela repetição, pelo exercício; mas o progresso moral através da reencarnação, em que corrigimos uma aresta, adquirimos uma experiência para corrigir uma outra faceta em um outro detalhe, caindo e levantando.

Daí a grande crise que em nós registramos e na sociedade: é a crise do homem perante si mesmo. A Doutrina Espírita faz uma proposta: você é um ser imortal, despido da transitoriedade carnal.

Considere a vida física, a existência corporal uma experiência breve como um bloco de neve que a luz do dia vai derreter.

Observe que a sua vida não encontra causalidade real no berço, nem terminará na injunção cadavérica.

É nesse contexto que você está, no meio de duas experiências: a do passado e a do presente, vivendo hoje o que fez de si ontem, trabalhe agora porque você pretende ser alguém.

Atenda esse real interesse pela transformação legítima de seus objetivos, pensando diariamente em si, amando-se.

Porque se criou um conceito falso de amar ao próximo esquecido do como a si próprio se deve amar, de perdoar aoç outros como a si próprio se deve perdoar.

O indivíduo castrado por religiões do passado, a porta da Doutrina Espírita com inúmeros conflitos de comportamento e de consciência, ele não se perdoa ser gente, ser humano, falhar.

Ele não se perdoa porque se equivocou ou bloqueia a consciência para não pensar nisso e aliena-se ou faz uma consciência de culpa marchando para os estados paroxísticos da depressão ou da exaltação, tombando em estados ainda alienantes.

Ou então ele adquire uma postura de cinismo, até o momento em que a consciência rompe as barreiras do bloqueio e ele se descobre frustrado, marchando para o suicídio indireto, quando não diretamente.

O Espiritismo, atualizando o pensamento de Jesus, diz que temos o direito de errar.

O erro é uma experiência que não deu certo e nos ensina que não devemos mais tentar aquela experiência. Afirmava Confúcio: "Com os bons aprendemos virtudes, com os maus aprendemos a não fazer as atitudes negativas que eles mantêm ".

Logo temos o dever de nos amarmos, porque quando apenas amamos aos outros, projetamos a sombra, a imagem.

Estamos fugindo de nós e não estamos a amar, estamos transferindo biótipos, modelos exigindo que os outros sejam aquilo que nós somos. Então o Espiritismo diz: ame-se a si mesmo, dê-se a oportunidade de ser feliz.

Torne-se feliz, viva hoje, aqui e agora.

Aproveite cada instante de vida, lembrando-se que o ponteiro do relógio volta ao 1º lugar nunca mais na mesma circunstância.

Cada momento tem a sua significação.

O ser é o objetivo essencial.

E então o homem moderno apresenta-se aturdido por conflitos que a Psicologia desenvolve muito bem, as causas que os desencadeiam, mas que na visão espírita reduz-se ao desamor por si mesmo.

E então nós deveremos amar.

E se alguém disser que é necessário desprezar o corpo, desprezar a vida, não se vestir, não se calçar, não tomar banho isso é estado paranoico.

Temos que viver consoante os modismos, usar o que a sociedade coloca em nossas mãos para formar o progresso, mas considerar que nós usamos mas não somos isso.

Como muito bem disse um amigo um dia em que lhe perguntei: Olá Dr.como está? — Estou Dr. logo mais quando eu desencarnar eu não serei mais nada.

Portanto, nós não somos isso, estamos trabalhando para ser a realidade do espírito que navega em águas de possibilidades para o futuro.






FIM





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