Plenitude- Série Psicológica Vol. 3

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CAPÍTULO 10

X - Terapia Desobsessiva

No estudo dos sofrimentos humanos destaca-se um capítulo que, pelas suas graves injunções, merece estudo à parte.

Chaga moral do Espírito, a obsessão tem uma generalização muito mais ampla do que se pode imaginar, tornando-se, periodicamente, uma virose de contágio célere, em face das circunstâncias que exige como decorrência do processo evolutivo das criaturas e do planeta, que a impõem como necessidade saneadora dos volumosos compromissos negativos que permanecem na economia da sociedade.

Na Antiguidade Oriental, como depois, durante a Idade Média, apresentava-se com características epidêmicas e varria os povos, dava-lhes uma trégua e retornava intempestivamente.

Confundida com a loucura nos seus diversos aspectos, tem desafiado os estudiosos do comportamento, da saúde, da religião e das ciências da mente.

Sutil, em certas ocasiões, assume proporções inesperadas, levando a extremos lamentáveis aqueles que lhe tombam nas urdiduras.

A humanidade tem-na sofrido, considerando-a, em diversas épocas, como castigo divino, e usado métodos de combate não menos cruéis, por desconhecimento da sua gênese, portanto, pela impossibilidade de enfrentá-la, de amenizá-la com recursos hábeis, eficazes.

Trata-se da alienação metal por obsessão, isto é, pela ingerência da presença psíquica de um desencarnado num encarnado.

A obsessão pode influenciar maleficamente também a organização física, produzindo patologias complexas quão danosas.

Allan Kardec estudou-a om proficiência, sendo o primeiro investigador a penetrar-lhe as causas, dissecá-las, e apresentou as terapias compatíveis, capazes de amenizá-la ou erradicá-la completamente.

Antes dele, Jesus, diversas vezes, enfrentou e atendeu obsessos e obsessores, socorrendo-os com Seu inefável amor e libertando-os uns dos outros mediante a força restauradora de que se faz possuidor.

Os Seus diálogos com esses enfermos são profundos, apresentando à psicopatologia admirável capítulo, que permanece obscuro nas áreas das doutrinas especializadas.

O Espiritismo, porém, por lidar com os fatores causais, analisa o problema e o elucida, propondo corretos métodos para atender os que se encontram envolvidos, ao tempo que fornece terapias preventivas, que impedem a instalação da mazela.

A obsessão tem as suas raízes fixadas nos antecedentes morais de ambos os litigantes, que se deixaram vencer pela inferioridade que os dominava, à época da pugna.

Egoístas e irrefletidos, não mediram as consequências dos seus atos venais, passando a vincular-se um ao outro por meio das algemas do ódio, do desforço, que os tornam cada vez mais infelizes.

Arrastam-se, desse modo, por séculos de sofrimentos excruciantes, passando de vítimas a algozes, e reciprocamente, até que o amor lhes acenda a luz da esperança nas sombras onde se detêm e o perdão os torne verdadeiros irmãos na senda evolutiva.

O amor é, assim, o primeiro medicamento para a terapia antiobsessiva.

Abre as portas à esperança e esclarece quanto às sagradas finalidades da vida, proporcionando o perdão que suaviza as dores produzidas pela ulcerações do ódio.

Enquanto persistam o ressentimento e a malquerença, a desconfiança e o rancor, a obsessão permanece como ácido queimando as delicadas engrenagens da casa mental e produzindo as alienações tormentosas.

A mediunidade, por outro lado, é a grande oportunidade que faculta a identificação e a cura das obsessões, porque é através dos seus delicados mecanismos que elas se manifestam e, por eles mesmos, que se podem atender aos agentes indigitados.

O paciente, vítima de obsessão é, certamente, portador de mediunidade, que necessita de conveniente educação, a fim de aplicá-la em finalidades relevantes.

A obsessão é doença grave, mesmo que quando se apresenta em quadro simples, em forma de inspiração depressiva ou de morbo que afeta a saúde física.

Isso porque impõe a transformação moral do paciente e a mudança emocional do agente que a desencadeia, consciente ou não.

Só há obsessão porque há débito de quem a sofre.

As leis da vida dispõem de recursos elevados para a reeducação dos incursos nos seus códigos de justiça.

No entanto, a intemperança e precipitação dos indivíduos, perturbados em si mesmos, levam-nos aos desforços e vinganças, produzindo esses desnecessários processos de sofrimentos.

A mente infeliz, mediante a monoideia de revide, descarrega ondas de ódio no seu desafeto que, desequipado de recursos morais, tais vigilância, a caridade, o amor, capta-as pelo campo do perispírito, com o qual aquela sintoniza por afinidade vibratória até transformar-se em ideia perturbadora no seu próprio psiquismo.

De outras vezes, irradia as mesmas deletérias energias e condensa, pela ação da vontade, as suas vibrações, apresentando-se com aspectos terrificadores durante a vigília e o parcial desdobramento pelo sono, e provocando vinculação pelo pavor, que se transforma em patologia alucinante.

Na sucessão de interferências consegue dominar a mente culpada, que se lhe faz submissa, dando curso aos mais graves fenômenos de subjugação, que a ignorância, por muitos séculos, considerou como possessão demoníaca e os cientistas rotularam de esquizofrenia.

Da mesma forma, a constante ingestão psíquica da onda mental enfermiça produz distúrbios orgânicos variados, que facultam a instalação de germes destrutivos da saúde ou provocam, por si mesmos, degenerações celulares, ulcerações, disfunções de diversos órgãos.

A desobsessão, por consequência, é a terapia especializada e única possuidora dos recursos para a libertação do alienado.

Mediante o esclarecimento do Espírito enfermo, imbuído da falsa ideia de justiça, dever-se-á dissuadi-lo do infeliz propósito, demonstrando-lhe o erro em que se encontra e induzi-lo à certeza de que o amor de Deus tudo resolve.

Concluída essa tarefa, que exige a interferência de um médium educado - quando o fenômeno da psicofonia atormentada não se dá através do próprio paciente - é indispensável a conscientização da vítima, a fim de que busque a reabilitação por meio de uma mudança de comportamento mental e espiritual, aplicando as técnicas referidas no capítulo da autocura.

Essa forma moral do obsidiado fará que o seu atual perseguidor constate-lhe o esforço para melhorar-se, demonstrando arrependimento das ações infelizes, e, asserenando o ânimo, torne-se amigo do antigo verdugo, avançando com ele pela rota do bem.

O ministério da desobsessão pode também processar-se além da esfera física, pela interferência os Benfeitores espirituais, quando constatam o esforço da alma para reabilitar-se e auxiliar o seu perseguidor.

Nos processos que afetam o organismo físico, além do recurso espiritual liberativo é conveniente a terapia médica correspondente, para o reaparelhamento orgânico.

Proliferam, também, as obsessões entre os encarnados, graças aos abusos do sentimento, que os levam à vampirização psíquica, gerando distúrbios demorados.

Os desejos perturbadores direcionam petardos mentais que atingem aqueles aos quais são dirigidos, produzindo-lhes estranhas e desagradáveis sensações.

Quando são recíprocos, dão curso à interdependência psíquica que afeta tanto a área da emotividade como da organização somática, gerando sofrimento.

Toda forma de obsessão resulta de um inter-relacionamento pessoal interrompido pelas forças negativas da agressividade, do ódio, da traição, do crime ou das expressões do amor em desalinho, que destrambelham os sentimentos.

A desobsessão consiste na interrupção do processo de imantação de ambos os infelizes, porquanto o agressor, embora se considere realizado pelo mal que aflige a sua vítima, padece, por sua vez, de infortúnio e falta de paz.

A criatura é sempre responsável pela própria vida.

Somente há desar, obsessão e sofrimento, porque se elegem os comportamentos doentios em detrimento daqueloutros positivos.

Diante das obsessões, constata-se o retorno dos atos inditosos em busca da reparação imediata.

Dissolver os grilhões do mal com as energias poderosas do amor, eis no que consiste a terapia desobsessiva, que libera o ser do sofrimento que a sua incúria gerou, favorecendo-o com a saúde integral, resultado de uma mente em harmonia com a vida, uma organização física em equilíbrio e a emoção como a razão dirigidas para o bem, para o progresso, para a felicidade. "Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma.

Ora, no se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem. " (O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec 1ntrodução - Item XIX - Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão - 52ª edição, FEB)




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