Conflitos Existenciais - Série Psicológica Vol. 13
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Psicogênese das fobias
Os transtornos fóbicos, ou medos exagerados, constituem sintomas neuróticos compulsivos, nos quais surgem esses pavores destituídos de motivos reais, em relação a determinados objetos ou situações, encarregando-se de restringir ou perturbar o comportamento do indivíduo.
Certamente, agem como fatores causais ou desdobramentos das fixações em vivências reais já experimentadas, quais a que diz respeito à angústia do peito.
Noutras circunstâncias, podem decorrer de medos infantis não superados, em relação a roedores, a aracnídeos, a répteis ou à escuridão com os seus fantasmas...
Do ponto de vista psicanalítico, decorre de um perigo interno pulsional ou medo da explosão da pulsão e sua plenificação no objeto que se fixa.
Trata-se de uma atitude de deslocamento da pulsão do objeto originário para um outro ou de qualquer situação que o substitua.
Como decorrência da teoria da aprendizagem, qualquer forma, objeto ou situação, pode transformar-se em fator de medo, dando lugar a inumeráveis estados fóbicos, cujos nomes correspondem àqueles mecanismos pulsionais que os geram. Por exemplo: claustrofobia, em relação a lugares fechados; agorafobia, a espaços abertos; isoptrofobia, a espelhos; oclofobia, a multidão;
acarofobia, a insetos; necrofobia, a cadáveres; zoofobia, a animais; alurofobia, a gatos; antropofobia, a gente; fotofobia, a luz solar; autofobia, a si mesmo...
Aprofundando-se, porém, a sonda investigativa em torno da psicogênese dos transtornos fóbicos, encontrar-se-ão, no Espírito, os fatores causais, quando houve comprometimentos morais e emocionais, decorrentes de situações lamentáveis e ações deploráveis contra o próximo ou a sociedade, mediante atos criminosos ou odientos experiênciados.
As circunstâncias e ocorrências do momento insculpiram-se nos painéis delicados do inconsciente profundo do revel, porque rechaçados pela consciência, que desejava bloquear as reminiscências dolorosas, apagando as imagens infelizes e perturbadoras.
Por fenômeno natural, em face da Lei de Causa e Efeito, as ações hediondas praticadas sempre ressumam dos depósitos da memória inconsciente, graças ao períspirito, convidando o calceta à reparação.
Essa recuperação apresenta-se sob vários aspectos.
Inicialmente, é o arrependimento que se impõe, fazendo que as lembranças sejam evocadas e revivenciadas, de forma que os sentimentos morais deem-se conta da gravidade do ato ignóbil, tomando consciência do dislate e predispondo-se à mudança de atitude em relação à vítima e à vida.
Logo depois, de maneira inevitável, a mesma consciência estabelece o sofrimento defluente dos resultados malsãos que foram impostos a outrem e do despertamento para os valores dignificantes que nunca podem ficar olvidados pelo ser em processo de evolução.
Essa expiação do erro é indispensável ao reequilíbrio da emoção.
Apesar desses fatores, impõe-se ainda a necessidade urgente de reparação dos males produzidos, e logo despertam os sentimentos dignificantes do amor, da caridade, da compaixão e da solidariedade, facultando o anular dos efeitos danosos que ainda perduram.
Nem sempre, porém, o processo apresenta-se fácil, em razão dos sentimentos daquele que foi ofendido, e que não desejando desculpar, e menos perdoar, desencadeia a ação obsessiva, gerando angústia no antagonista que, despreparado para a renovação moral, tomba nas malhas do sofrimento ultor.
A simples visão de qualquer fator que esteve presente na ação nefasta do passado desencadeia as lembranças inconscientes que se transformam em medo, logo depois em pavor, sob a ação da mente vingadora.
O mesmo acontece, não raro, na vida infantil, quando são detectados esses animais ou circunstâncias que desencadeiam as reminiscências nocivas, insculpindo-se na memória presente e dando lugar aos medos injustificáveis do ponto de vista atual, porém, filhos do remorso dos erros cometidos.
Assim sendo, as angústias defluentes do medo de situações, de animais e insetos, absolutamente destituídos de perigo, são efeito da consciência de culpa dos gravames praticados e não resolvidos pelo Self, que desperta para a necessária recuperação.
Automaticamente evitando as situações afligentes, o enfermo parece negar-se ao enfrentamento com a consciência, procurando manter obnubilada a razão, dessa maneira evadindo-se da reabilitação.
Mesmo os fatores atuais que desencadeiam os transtornos fóbicos, são resultantes dos impositivos divinos que geram circunstâncias nas quais o infrator das leis é convidado ao refazimento da ordem e do equilíbrio que foram perturbados pela sua inépcia ou perversidade nos trânsitos evolutivos pretéritos.
A saúde real decorre do Espírito em si mesmo, destituído de compromissos negativos e de condutas reprocháveis.
Como ninguém alcança as cumeadas sem que se lhe faça necessário passar pelas baixadas e sofrê-las, é natural que, no desafio da ascensão moral e espiritual, muitos tormentos sejam desencadeados em razão de condutas impróprias ou esdrúxulas, que serviram de recurso para a vivência individual.
Cometido o abuso, nova oportunidade surge com a carga das suas consequências, exigindo reparação.
Cada ser é, portanto, o somatório das suas existências anteriores, nas quais desenvolveu os valores sublimes que lhe dormiam ínsitos, desabrochando na vestidura carnal, qual semente que, para transformar-se em árvore frondosa, necessita do generoso acolhimento do solo, onde se entumece, cresce e atinge a sua fatalidade vegetal.
O destino do Espírito é a plenitude que lhe está reservada e que alcançará mediante passos seguros no rumo do dever e da paz.
Desenvolvimento fóbico
A fobia é uma perturbação de ansiedade relativamente comum, apresentando-se totalmente irracional.
Se alguém reside em uma floresta, é natural que lhe possa acometer o receio de encontrar uma fera, um animal perigoso.
No entanto, encontrando-se numa cidade civilizada, a probabilidade quase desaparece.
Entretanto, em face de na cidade existir um jardim zoológico, o medo injustificado transfere-se para aquele local e, por extensão, para a zona onde se localiza, passando o paciente a recear toda a área, generalizando o estado fóbico.
Esse medo assume proporções graves, passando a estar presente em todos os momentos e aspectos da vida, em face da preocupação que desencadeia...
Não há uma lógica motivadora desse estado, em face de o paciente que tem esse medo, podendo evitar os lugares nos quais poderia sofrer o perigo de ser vítima daquilo que o aflige, isto é, de multidões ou de animais ferozes, preferir estar onde isso não ocorra.
Mesmo assim, permanece o pavor, que pode ser brando ou não.
John Locke supunha que as fobias estariam associadas fortuitamente a ideias perturbadoras, qual a que ocorre na infância, quando se lhe narram histórias atemorizantes, produzindo o medo do escuro para sempre.
Na atualidade, igualmente, diversos autores concordam que as fobias podem ter como causa o condicionamento clássico, isto é, o medo de determinado fator temeroso, que desencadeia a resposta na ativação autonômica - alteração cardíaca, sudorese, frio...
— , que tipificam o estado mórbido.
Podem algumas fobias ser resultados desse condicionamento, quando alguém foi vítima de uma picada de inseto ou mordida de animal, e passou a temê-los, tornando-se uma fobia adquirida e gerando o condicionamento que se amplia ante estímulos novos.
Estuda-se, também, a possibilidade de ser aceita a teoria da prontidão das fobias, que seria resultado da herança dos nossos antepassados — os primatas - que foram vítimas de outros animais e insetos perigosos e, graças à seleção natural, desenvolveram o medo espontâneo a esses estímulos, havendo-os transmitido às futuras gerações.
Como confirmação pode-se citar o medo em indivíduos normais, não fóbicos, de determinados estímulos produzidos por animais e semelhantes.
No entanto, surgem críticas à teoria, em face da impossibilidade de estabelecer-se correlacionamentos entre o estímulo original e o efeito representativo.
Justifica-se, ainda, que nas experiências em laboratório os sujeitos podem ter sido contaminados mediante contato com outros cultivadores desses receios, ou serem vítimas das tradições culturais, com as suas lendas e mitos, que geraram no inconsciente o medo injustificável.
Diferentemente do que ocorre nas fobias específicas, outras existem mais amplas e comuns, como a de natureza social.
Nesse capítulo, o paciente receia ser vítima de circunstâncias ou ocorrências que o levem a um constrangimento público, a uma humilhação indesejada, assim evitando qualquer possibilidade de ocorrência, isolando-se quanto possível da convivência social e afligindo-se demasiadamente sempre que se encontra exposto a esse perigo.
A vida, no entanto, é constituída por desafios que convidam o indivíduo ao amadurecimento psicológico, à vivência de experiências que o assinalam com sabedoria, fortalecendo-lhe os valores éticos e morais, as conquistas culturais e religiosas, a evolução espiritual.
Uma vida normal é rica de sucessos e insucessos.
Quando sucedem os últimos, aprende-se corno não mais os repetir, adquirindo-se métodos eficazes para vivenciar as lutas de maneira equilibrada e enriquecedora.
Vítimados pela fobia social, os indivíduos receiam qualquer tipo de conduta pública, sempre temerosos de que lhes aconteça algo que os deprecie, como falar em público e gaguejar, alimentar-se diante de outros e ser vítima de engasgos, que são perfeitamente normais e acontecem com as demais pessoas.
Invariavelmente, quando se sentem obrigados a comparecer a essas reuniões profissionais, culturais e sociais, que não podem evitar de maneira alguma, buscam estímulos no álcool, amparo no cigarro ou nas drogas, por cujo uso perdem momentaneamente o medo, encontrando coragem para o enfrentamento.
Como consequência, tornam-se dependentes pela repetição, adicionando mais essa aflição à fobia de que são portadores.
Numa análise mais profunda do Self, encontrar-se-ão registros de causas do transtorno em existências passadas, quando foi feito mau uso do comportamento ou se vivenciaram ações perturbadoras desagradáveis que deixaram registros nos tecidos sutis do períspirito, tão graves foram as ocorrências infelizes.
Indivíduos que foram convidados ao destaque social e dele somente se aproveitaram para o enriquecimento ilícito, para o gozo pessoal, perdulários em relação aos valores da vida, que geraram culpa, e ora se apresenta em forma do medo de serem surpreendidos e desmascarados.
Sob outro aspecto, que padeceram situações penosas e não puderam digeri-las, superando-as, o que se transformou em fobia toda vez que algum estímulo desencadeia a associação inconsciente.
Por exemplo, a desencarnação durante um desabamento, que produziu a asfixia até o momento final, e a presença em um ambiente fechado, que logo produz dificuldade respiratória; o sepultamento durante uma crise de catalepsia com o posterior despertamento no túmulo e a morte dolorosa por falta de oxigênio sob a terra ou no mausoléu.
Naturalmente, nem todas as formas fóbicas procedem de existências transatas, mas um grande número delas tem sua origem nessas malogradas reencarnações de cujos efeitos o Espírito ainda não conseguiu libertar-se.
Ainda nesse capítulo afligente, as obsessões desempenham papel primacial, em razão dos sentimentos hostis daqueles que foram prejudicados e não conseguiram superar a mágoa e o ódio, permanecendo ávidos de desforço e aproveitando-se das ocorrências naturais que são impostas aos infratores de uma para outra existência, ampliando-lhes os sofrimentos.
A princípio telepaticamente, enviando mensagens e sensações perturbadoras, mediante ressonância ou indução mental, ampliando o cerco à medida que o paciente aceita a imposição deletéria.
Por fim, num conúbio emocional e psíquico mais estreito entre o desencarnado e o encarnado que lhe passa a sofrer a injunção penosa.
Os clichês mentais que perduraram através do tempo nos arquivos do inconsciente profundo ressuscitam o pavor, abrindo espaço para o acossamento do perseguidor inclemente que se compraz com a ocorrência perversa.
Quanto mais o paciente deixa-se atemorizar pelos estímulos que produzem os fenômenos fóbicos, mais esses ampliam a sua área, tornando-se insuportáveis, dando ensejo a novos temores que antes não existiam.
Terapia para os transtornos fóbicos
Os processos psicoterápicos são de grande eficiência para restabelecer a saúde emocional do paciente fóbico, trabalhandolhe o inconsciente de forma a demonstrar-lhe a inutilidade do receio que jamais se transforma em acontecimento prejudicial à sua saúde, à sua vida.
Novas associações podem auxiliar na representatividade que faculte o equilíbrio, proporcionando bem-estar e autoconfiança.
O paciente, por sua vez, deve trabalhar-se interiormente, procurando introjetar a coragem e o bom senso, vencendo, a pouco e pouco, os medos mais simples e avançando no rumo das fobias perturbadoras.
Sejam adicionados os recursos terapêuticos espíritas, como o esclarecimento em torno da realidade espiritual que cada um é, a justiça das reencarnações, a bioenergia, como também através dos passes e da água fluidificada, das leituras iluminativas, das sessões de desobsessão, quando o paciente preparou-se pelo estudo e pela conduta para delas participar.
Uma atitude positiva e de confiança em Deus ante as ocorrências fóbicas é de valor insuperável, oferecendo resistência para quaisquer tipos de enfrentamentos emocionais, entre os quais as perturbações dessa ordem.
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