Desperte e Seja Feliz

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CAPÍTULO 24

INTEIREZA MORAL

quase totalidade das criaturas humanas, diante dos desafios, invariavelmente, posterga as soluções de profundidade, tomando decisões apressadas que não resolvem os problemas.

Ou, quando tentam equacioná-los, fazem-no de tal forma, que dão surgimento a futuras dificuldades.

O fato decorre da ausência de inteireza moral, do receio de aprofundar o exame das causas que geram as aflições e do medo de enfrentá-las com decisão firme.

A tibieza de caráter propõe trégua à situação perturbadora, diminuindo os efeitos danosos dos incidentes, sem ir ao encontro dos fatores que os desencadeiam.

Acomodação por um lado, insegurança pessoal por outro, e somam-se inquietações que terminam por atropelar o ser mais tarde, dificultando-lhe a autorrealização, o discernimento, a harmonia.

A astúcia substitui, então, a sabedoria, e o improviso toma o lugar da programação adequada.

Diante de qualquer atividade torna-se imprescindível a decisão consciente, portadora de amadurecimento, que permite a identificação dos defeitos, assim como a maneira mais eficaz para canalizá-los.

Conta a mitologia grega, que Sísifo, rei de Corinto, necessitava de águas, de nascentes para as suas áridas terras.

Por meios inconsequentes, ele tomou conhecimento que Egina, filha de Asopo, deus das fontes, fora raptada por Zeus, que a mantinha prisioneira.

Rogando ajuda a Asopo para as suas vinhas e terrenos, revelou-lhe o segredo, ganhando nascentes generosas.

Porém, desagradou a Zeus, que mandou a Morte buscá-lo.

Quando foi visitado pela mensageira do infortúnio elogiou-a, decantando-lhe a beleza, e pediu-lhe licença para colocar no seu pescoço um precioso colar.

A Morte, enganada, permitiu-o, e Sísifo aplicou-lhe uma coleira, aprisionando-a.

Por sua vez, Plutão, deus das almas e do inconsciente, irritou-se, e Marte, o deus do comércio e da guerra, porque ninguém mais morresse, intercederam junto a Zeus, para que tomasse providências.

Ele libertou a Morte e mandou arrebatar a vida do infrator.

Sentindo-se morrer, Sísifo pediu à esposa que lhe não sepultasse o corpo.

Quando foi levado a Zeus, arengou o estratagema de que necessitava voltar à Terra por um dia, para exigir as homenagens devidas ao seu corpo, que lhe não haviam sido tributadas.

Zeus o permitiu.

Chegando ao lar, reassumiu o corpo e fugiu em companhia da esposa.

(...) Um dia, porém, foi aprisionado por Hermes, que o conduziu à morte. Levado à presença de Zeus, que o reconheceu, este o penalizou com a punição de rolar uma pesada pedra, rochedo acima, a fim de colocá-la no acume.

Sempre quando estava prestes a consegui-lo, a pedra lhe escapulia da mão e rolava montanha abaixo, exigindo-lhe repetir, sem cessar, o trabalho intérmino...


* * *

O que deves fazer, realiza-o bem, a fim de lograres o êxito pleno.

A tarefa interrompida aguarda conclusão.

Ninguém se desobriga de uma ação, gerando complicações futuras.

A inteireza moral orienta como se deve fazer o que lhe diz respeito, sem o concurso da dissimulação ou dos artifícios insensatos.

O conhecimento do dever estimula à sua desincumbência correta.

O êxito, portanto, resulta das soluções reais dos problemas existenciais, sem prejuízos para o próximo ou adiamentos para si mesmo.

Há um conceito equivocado que trabalha em favor da transformação moral das criaturas e, por extensão, do mundo, a golpes de violência, de policiamento e punição dos erros, assim como através de atitudes severas em relação aos delinquentes, aos viciados, aos ignorantes...

Enquanto viger essa conduta, menos provável se tornará a conquista dos valores éticos, pela sociedade, e da plenificação íntima pelos indivíduos.

A repressão trabalha contra a ordem, o equilíbrio e o progresso.

É fomentadora da dissimulação, do suborno, da indignidade disfarçada de virtude.

Somente a educação consegue libertar o ser, por fundamentar-se no conhecimento e no dever para com a Vida, a sociedade e o próprio cidadão.

A doença solicita medicação, e a ignorância exige esclarecimento.

O crime e os vícios são enfermidades da alma, que devem ser tratados nas suas origens e não apenas punidos nos seus efeitos.

Por isso mesmo, são inadiáveis a auto iluminação e a transformação moral de cada qual, que se irradiarão no rumo do indivíduo mais próximo, oferecendo-lhe os seus benefícios, e terminando por alcançar os grupos mais distantes, que se lhes renderão, agradecidos e felizes.




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