Desperte e Seja Feliz

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CAPÍTULO 9

ARREPENDIMENTO E REPARAÇÃO

O arrependimento sincero constitui elevada conquista do sentimento humano.

Amadurecimento da razão e da emoção, ele surge após a análise do erro, com a consequente descoberta da falha pessoal no julgamento, na atitude e na conduta em relação a outrem.

O indivíduo, certamente, tem o direito de errar, condição normal da sua humanidade.

Prosseguir, porém, no comportamento insano ou danoso significa primitivismo, permanência no estágio do instinto. A medida que o discernimento propele o ser à visão correta sobre a vida, o arrependimento aparece como forma de conscientização e de responsabilidade.

O arrependimento, no entanto, não irrompe abruptamente nos sentimentos de quem delinque.

Quando isso sucede, pode caracterizar-se como remorso, que logo passa, ou medo das consequências do gesto pernicioso.

A imprevidência, a imaturidade, a rebeldia conduzem ao crime pela falta de reflexão, pelos efeitos do orgulho ferido, produzindo estados mentais de desequilíbrio e aturdimento.

Somente quando a consciência desperta, e sopesa os danos causados, é que o arrependimento honesto toma corpo e domina, buscando meios para a reparação dos males que foram praticados.

Por si mesmo, embora seja um passo significativo na elevação do caráter, o arrependimento não basta.

Faz-se inadiável o dever de ressarcir os prejuízos, de reparar os males praticados.

Se o ofendido, por esta ou aquela circunstância, não conceder ensejo para a reparação, isso não deve constituir impedimento para as ações nobres, que devem tomar curso, se não em referência à vítima, pelo menos em favor das demais pessoas, fortalecendo-as no bem, edificando-as, ajudando-as a crescer.

Simão Pedro negou conhecer Jesus, é verdade.

Porém, arrependendo-se, entregou-lhe toda a existência a partir daquele momento, tornando-se um pilar de segurança para o erguimento da igreja da revelação espiritual.

Maria de Madalena vivia na luxúria e na licenciosidade, cercada de loucuras e paixões.

Conhecendo o Mestre, arrependeu-se, renovando-se, e reparou, tomada pela lepra, os males que fizera a si mesma.

Zaqueu, o cobrador de impostos, escorchava as suas vítimas com taxas altas.

Arrependendo-se, após o contato com o Senhor, recuperou-se, tornando-se exemplo de abnegação e de bondade.

Judas 1scariotes, após trair o Amigo, arrependeu-se e, sem estrutura moral, enlouqueceu, arrojando-se ao suicídio infame...

Muitos homens e mulheres que se celebrizaram erraram, padeceram os espículos do arrependimento, mas se ergueram, repararam os prejuízos causados e dignificaram a Humanidade.

Há corações, cujos enganos são tão graves, que ao descobrirem a terrível insensatez em que vivem, arrependem-se.

No entanto, destituídos de equilíbrio emocional, mergulham no sentimento exacerbado e perturbam-se mentalmente, por fragilidade espiritual.

Somente através da meditação diária dos atos praticados é que o indivíduo se pode precatar das ações infelizes e, quando alguma ocorrer, de imediato dando-se conta e arrependendo-se, logo se põe a repará-la, impedindo que as labaredas do ódio devorem as possibilidades de rearmonização interior.

Cuida-te de tomar atitudes violentas, irrefletidas, impondo-te as disciplinas da vigilância e do amor, para assim te poupares ao arrependimento doloroso.

Renova-te no Bem a cada momento, de forma que a tentação da agressividade e os vícios morais comprometedores sejam enfrentados e vencidos, propiciando-te uma vida harmônica, uma caminhada saudável.

Todavia, se caíres, examina a gravidade do erro, arrepende-te e repara-o junto àquele a quem magoaste ou esqueceste de amar.

O arrependimento é luz na consciência.

A reparação é a consciência do dever em ação.

A fé natural é fenômeno pertinente ao ser que pensa.

Manifesta-se, mesmo deforma inconsciente, nas mais variadas situações e circunstâncias existenciais da criatura.

Deixar-se conduzir sem preocupação, em todos os instantes, é demonstração tácita de fé na vida, nas pessoas, em todas as coisas...

Todavia, quando se torna necessário racionalizá-la, transformando-a em equipamento consciente para o comportamento, quase sempre assomam dúvidas e conflitos que tentam perturbá-la.

O homem e a mulher necessitam da fé, sob o influxo da razão, para conseguirem a harmonia íntima, para avançarem com segurança, para promoverem o progresso próprio assim como o da Humanidade.

Em face de tal imperativo, é-lhes imposto o dever de pensar, de estudar, de reflexionar, conseguindo resistências morais para enfrentarem os momentos difíceis — enfermidades, solidão, desemprego, inquietações, infortúnios —, com o espírito tranquilo.

A criatura, que avança na Terra, sem fé, é como embarcação sem bússola, flutuando a esmo...




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