Triunfo Pessoal

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CAPÍTULO 8

Perturbações Graves

O ser humano é essencialmente o Espírito que lhe habita o corpo. Autoconstrutor das realizações que lhe constituem o patrimônio que conduz nas sucessivas experiências da evolução; transfere automaticamente, de uma para outra etapa, os tesouros positivos e negativos que logra acumular.

Não obstante, quando atinge a fase da razão, conhecendo o que deve fazer e pode, em relação ao que pode, mas não convém fazer, e ao que interessa, mas não pode realizar, não poucas vezes opta pelo prazer imediato, a prejuízo das realizações profundas que o devem assinalar durante todo o processo no qual se encontra mergulhado pela Lei da Evolução.

Ninguém, portanto, foge desses desafios que constituem para todos os seres humanos experiências que os projetam em patamares mais avançados.

Superando, lentamente, os instintos agressivos, graças à conquista do raciocínio, aplica-se à Ciência, à Filosofia, à Religião e à Tecnologia, procurando respostas capazes de o instrumentar para o perfeito entendimento das ocorrências à sua volta e dos mecanismos que podem proporcionar-lhe felicidade, nem sempre com o êxito que gostaria de atingir.

As injunções do sofrimento, os desconfortes morais e os desafios socioeconômicos, constituem-lhe incógnitas que luta por compreender e por eliminar, utilizando-se de todos os recursos ao alcance, desde que resultem em plenitude de fácil e rápido consumo.

Conquistada a duras penas a fase da razão, outras, porém; surgem ricas de esperança, convidando ao crescimento e a novas realizações, tais a intuição, a angelitude, além dos limites que estabeleceu... Entretanto, ressumam de uma para outra existência carnal os hábitos e comprometimentos que se transformam em saúde, enfermidade, alegria, dor, que necessitam ser compreendidos para a aquisição de resultados promissores, portanto, da felicidade que almeja.

Nessa paisagem emocional as perturbações têm predomínio; em razão dos descontroles e da própria agressividade que deveria ser transformada em ação responsável, em vez da insistência na violência e na perversidade que remanescem no inconsciente pessoal e coletivo, nos quais se encontra mergulhado.

Essas heranças reaparecem como tendências, em forma de conflitos que aturdem e infelicitam, ou através de aptidões, de habilidades que propelem ao aprimoramento, alargando os horizontes do Self, cada vez mais enriquecido de possibilidades de identificação com a vida coletiva.

Em face dos múltiplos fatores decorrentes do primarismo que ainda vige em a natureza humana, as perturbações são muito mais frequentes do que a harmonia e a saúde nos seus vários aspectos.

Mesmo hoje, com tanta cultura, civilização e conhecimentos; quando a razão deveria comandar os comportamentos, ainda prevalecem os instintos violentos e automáticos que não foram disciplinados, gerando novos comprometimentos negativos e perversos, que se irão incorporar ao patrimônio moral-espiritual do ser.

Por outro lado, a sociedade, como um todo, também agressiva e imediatista, faculta que padrões injustos predominem no seu contexto, elegendo como triunfadores aqueles indivíduos que tripudiam sobre os fracos e se assenhoreiam pela astúcia, pela força, pela audácia negativa dos valores que os projetam; subjugando as demais criaturas.

Há um olvido sistemático, proposital ou inconsciente, a respeito da transitoriedade do ser físico, assim como da sua perenidade como Espírito, trabalhando em favor do momento fugaz, em detrimento do permanente, empurrando a criatura para o absurdo da prepotência, do gozo alucinante e rápido, do acumular desvairado de haveres que se transferem de mãos, que contribuem vigorosamente para as perturbações no comportamento, no relacionamento interpessoal.

A educação, que deve ter em vista como prioridade os valores morais, tem cedido lugar apenas à transmissão de conhecimentos específicos ou proporcionadores de pecúnia expressiva, sempre tendo em meta a breve permanência no carro físico, quando os fatores de destruição dessa conduta se multiplicam sem cessar, a todos advertindo...

As enfermidades grassam devastadoras, os acidentes variados multiplicam-se, os enfrentamentos infelizes dão-se volumosos, e o ser humano, parecendo afogar-se no desespero das águas revoltas das ambições, para um dia, sobre nada, sonhando em gozo e glória pessoal a qualquer custo.

Essa é uma cultura perversa que leva à hediondez, porque mata os sentimentos de solidariedade, da alegria de viver, do interesse coletivo, da fraternidade, exalçando somente o egotismo injustificável e impossível de realizar-se plenamente, em razão dos vazios existenciais que as conquistas de fora não conseguem preencher.

A onda de desalinho se faz tão característica dessa cultura desenfreada, que se definiram para os deuses dos esportes, das passarelas, do teatro, da televisão e do cinema períodos definidos e curtos, cada dia mais jovens, nos quais se devem aproveitar ao máximo, porque logo estarão substituídos por outros não menos ansiosos e distônicos.

Paradoxalmente, o mesmo ocorre em outras faixas do comportamento humano, quando se elegeu que criminoso tem vida curta, conforme os jargões entre jovens traficantes e imaturos que foram vencidos pela dependência química ou pela ambição de conseguirem fortuna a qualquer preço. Autodefiniram que a sua é sempre uma existência veloz, raramente atingindo os trinta anos, e quando tal ocorre é porque se encontram mortos nos cárceres infectos onde fossilizam em incomum promiscuidade com outros infelizes a caminho da desintegração estrutural...

E inevitável que se multipliquem as perturbações de toda procedência, algumas mais cruéis do que outras, saindo da área do comportamento e da afetividade para as so-matizações tormentosas.

Perturbações Somatoformes E Psicofisiológjcas Ocorre com frequência, nalgumas perturbações psicológicas, a predominância de sintomas físicos de causa desconhecida; gerando situações afugentes. Normalmente a ansiedade direta ou mesmo dela derivada responde por vários distúrbios que se transformam em mal-estares físicos, com características aparentes de verdadeiras enfermidades orgânicas. Essas perturbações conhecidas como somatoformes, porque assumem expressões corporais, são muito mais frequentes do que se pode pensar habitualmente.

Pessoas ansiosas transformam inconscientemente esse estado de espírito em uma perturbação que lhes assume a forma de doença física, por cujo mecanismo transferem a inquietação emocional para o sofrimento que pensam ter uma origem orgânica.

Apresentam-se sob vários aspectos e podem ser classificadas como hipocondria, na qual o paciente está convencido de sofrer de uma enfermidade grave que o infelicita, procurando sempre soluções médicas e reagindo à lógica da procedência psicológica da mesma. O paciente, nesse caso, assimila com facilidade as doenças de que ouve falar e, no quadro da sua ansiedade e desconforto íntimo, passa a experimentar os sintomas que caracterizam o quadro enfermiço. Da mesma forma, ocorre a somatização, em que o indivíduo com expressivo número de informações sobre as doenças que pensa sofrer em diferentes órgãos do corpo, passa a experienciar preocupações exageradas; piorando o quadro das aflições e acreditando na possibilidade quase imediata da morte. Apesar disso, não podem ser detectadas as suas causas físicas, por procederem do sistema emocional em desalinho. Surgem também como perturbações somatoformes da dor, em que o enfermo experimenta dores generalizadas que realmente fazem sofrer e que se cronificam; sem possuírem qualquer embasamento de natureza orgânica.

Esses pacientes dificilmente aceitam o diagnóstico de perturbação causada por problemas emocionais, tal a realidade que dizem experimentar na forma dos sofrimentos físicos que passam a sentir.

Dentre outras, uma das mais graves e dramáticas é a perturbação de conversão, tradicionalmente conhecida como neurose histérica e estudada por Freud, que elucidava estar na raiz dessa perturbação o conflito do indivíduo que resolve os seus mais terríveis conflitos mediante a sua transformação e desenvolvimento em perturbações físicas histéricas. Muitos desses enfermos, quando em crise de conversão, apresentam-se incapazes de ver, de ouvir, de movimentar-se; não obstante a ausência de fatores orgânicos que justifiquem o problema.

Invariavelmente as causas psicogênicas encontram-se, segundo alguns estudiosos, na educação permissiva que tiveram durante a infância, especialmente no que diz respeito às questões sexuais; dando lugar à diminuição dos sintomas provocados por pensamentos e memórias sexuais agressivos.

Numerosa no século XIX, hoje a sofisticação de diagnóstico pode elucidar com rapidez a procedência dessas paralisias, das cegueiras e surdezes, facilmente constatando-se a conversão.

Dessa forma, a sua ocorrência atual tem mais probabilidade de apresentar-se em regiões geográficas onde a cultura é menos divulgada e a vivência familiar menos permissiva, qual ocorre ainda, embora com menor incidência, nas regiões rurais.

Nesse imenso capítulo das psicopatologias, diversos tipos de problemas podem dar surgimento a lesões orgânicas legítimas; como se procedessem de causas bacteriológicas ou físicas diferentes. Entre outros, estão a asma de reação alérgica, a hipertensão arterial, as úlceras, que tanto podem ser resultado de ansiedades e stress como terem agravados os quadros por acaso já existentes.

Essas perturbações denominadas psicofisiológicas, também conhecidas anteriormente como psicossomáticas, são muito comuns, e constituem um vasto capítulo que vem merecendo cuidados especiais.

Sejam as suas origens orgânicas ou mentais, expressam comportamentos graves na área da saúde, necessitando de bemelaboradas terapias conjugadas. Quando procedentes do organismo físico, através de medicação conveniente e adequada; mas quando decorrentes de fatores psicológicos, exigem providências especiais, a fim de serem debeladas as causas emocionais que as desencadeiam, dessa forma eliminando os efeitos destrutivos.

Sem dúvida, o fator emocional pode produzir aumento da pressão arterial, a ulceração e perfuração da parede do estômago; a peritonite, quais se fossem resultados de enfermidades gástricas convencionais.

Nesse capítulo, as doenças coronárias são igualmente muito afetadas por fatores psicológicos, podendo produzir dores intensas de caráter anginoso, em razão de determinadas áreas do coração deixarem de receber o volume de oxigênio necessário para o seu funcionamento, sendo possível até mesmo de ocasionar a morte de parte do tecido muscular do órgão, quando este sofra total ausência do elemento vitalizador.

Certamente, os fatores mais graves que desencadeiam os bloqueios arteriais estão vinculados à hereditariedade e a outros de natureza biológica, que aumentam a possibilidade da instalação da doença, tais o tabagismo, o colesterol, a obesidade; o abuso do sexo, especialmente nos homens. Além, portanto; desses, de natureza biológica, determinados padrões de comportamento psicológico adicionam riscos que podem ser prevenidos em relação a essas doenças cardíacas.

São inúmeras as terapias biológicas, mediante a abordagem clássica da Medicina em relação a cada tipo de enfermidade. No entanto, a psicoterapia nos casos examinados é portadora de excelentes resultados, desde os métodos da Psicanálise Clássica; Behaviorista, Humanista, Profunda, Transpessoal, aos alternativos, que vêm oferecendo uma contribuição valiosa para o deslindar de problemas comportamentais e das suas consequências orgânicas.

Constituições emocionais frágeis, facilmente se perturbam ante os desafios existenciais, ou sofrem os efeitos da educação deficiente no lar, da mãe castradora ou neurótica, da família desajustada, das pressões sociais e financeiras do momento grave que se vive na Terra, derrapando em transtornos complexos.

A observância de equilibrados padrões de conduta, a cooperação saudável com o psicoterapeuta, o esforço bemdirecionado para uma honesta mudança de pensamentos; utilizando-se de reflexões e meditações, de técnicas de relaxamento, de convivência enobrecida com pessoas agradáveis; contribuem igualmente para a reconquista do bem-estar e do equilíbrio, superando essas perturbações que os afetam e podem levá-los à loucura ou à morte.

Deve-se ter em conta, igualmente, que essa fragilidade emocional que caracteriza uns biótipos de outros diferentes tem as suas raízes nos comportamentos ancestrais de existências passadas, quando elaboraram o futuro, no qual ora se encontram.

O inconsciente pessoal de cada um deles traz insculpidos a culpa transata ou o medo, ou ambos simultaneamente, que ora se transformam em ansiedade em relação ao tempo, como que para fugir de qualquer consequência danosa, que sabe se dará; mas não tem ideia consciente de quando ocorrerá.


Sociopatias

Na classificação das doenças que afetam a mente, podem-se encontrar os indivíduos que são vítimas da desviância social e tombam na criminalidade. Torna-se algo difícil de estabelecer quando o paciente é um criminoso no sentido pleno da palavra; por desviância social ou por transtorno esquizofrênico; apresentando-se muito tênue o limite entre a normalidade e a criminalidade ou entre as perturbações de ordem mental e a criminalidade.

Examinemos, apenas, os sociopatas ou pessoas com perturbação antissocial da personalidade.

Esses indivíduos, normalmente são portadores de um bom nível de conhecimento, não obstante o temperamento belicoso desde a infância, quando se permitiram atividades sexuais precoces e exaustivas, e cuja conduta escolar foi reprochável, em razão das faltas contínuas às aulas, para se facultarem perturbações infligidas aos outros. Nesse período, não puderam dissimular a perversidade para com os animais, que lhes sofreram aguerridas perseguições. Com uma tendência muito grande à promiscuidade, não se vinculam socialmente a nenhum grupo, sendo geralmente solitários, em cujos períodos se permitem elaborar os seus projetos de inquietação e mesmo de crueldade contra as pessoas.

São desprovidos dos sentimentos de amor e de respeito pela sociedade, como também ignoram os deveres de lealdade para com o próximo e em relação a todo aquele que se lhe acerca. São capazes de cometer deslizes graves e de tomarem atitudes ilegais sem qualquer arrependimento, culpa ou ansiedade; permanecendo frios e insensíveis ao que ocorre à sua volta. Não demonstram interesse por contribuir de alguma forma com a sociedade, antes fazendo questão de traduzir o seu mau humor; silenciosos e isolados em todo momento que lhes é facultado.

Em razão do distúrbio que os comanda, vivem exclusivamente o presente, isto é, todo o seu empenho centra-se no prazer do momento, sem preocupações significativas em relação ao futuro; mas também com nenhum remorso em relação aos atos praticados, mesmo quando hajam gerado sofrimento e perturbação nos outros.

São solitários por prazer, tornando-se insociáveis, podendo dissimular muito bem os seus sentimentos quando em sociedade; hábeis na arte de conquistar e apresentar gentilezas externas; sem qualquer participação emocional, o que lhes dá aparência de normalidade. E assim procedem, porque desejam, além de dissimular as suas torpezas, atingir alguns propósitos que agasalham interiormente. Nesses momentos de breve duração; conseguem cativar e fazer-se estimados. No entanto, não logram manter o mesmo clima em largo período, como, por exemplo, na convivência familiar ou num grupo social, por mais reduzido que seja. Quando ocorre estar em qualquer grupo, apesar da aparência contrafeita, procuram assumir a liderança com que atendem ao egoísmo e se comprazem em comandando os demais; desde que não seja perturbada a sua solidão espontânea. São caprichosos e renitentes, procurando sempre discutir, brigar, em permanente conflito contra os outros indivíduos e a sociedade.

Não devem ser confundidos com os criminosos comuns; embora possam derrapar em atos ilegais e mesmo hediondos; conforme as circunstâncias em que se encontrem. Por formação distorcida da personalidade, não obedecem a qualquer código, e quando o fazem, é exteriormente, a fim de atingirem metas que preservam escondidas no pensamento e esperam alcançar.

Existem causas possíveis desencadeadoras dessas sociopatias; considerando-se que aqueles que as sofrem são, invariavelmente; destituídos de medo e de ansiedade, podendo manter-se indiferentes ao perigo, por permanecerem em estado de infância; com uma imaturidade cortical, que fisiologicamente explicaria a sua maneira de assim serem. Análises feitas mediante eletroencefalogramas demonstraram anormalidades típicas, que responderiam pelo seu estado emocional. Em razão dessa disfunção cortical, o sociopata permanece num estado quase de sono, não totalmente acordado durante os períodos normais.

Seria talvez em função dessa subativação cortical, que buscaria inconscientemente motivação estimuladora mediante a emoção do perigo para alcançarem um bom nível de atividade. Em razão dessa disfunção fisiológica, creem alguns estudiosos, manifestarse-iam as sociopatias.

Propugnam também que a disfunção tem causa genética, bem como fatores ambientais que levaram a uma socialização precoce; sem qualquer disciplina familiar, completando, desse modo, o quadro para a instalação da perturbação.

Constata-se, é certo, que o Self no sociopata, é desintegrado do ego, sofrendo uma fissura que impede o perfeito relacionamento que produziria o seu ajustamento ao grupo social. Isso decorre de heranças morais e espirituais que procedem das experiências infelizes de outras reencarnações, quando o Espírito delinquiu; ocultando a sua culpa e fugindo da convivência humana; matando a sensibilidade e deslocando-se do epicentro do amor pleno para o egocentrismo imediatista, encarregado da gratificação pelo prazer sensório-emocional.

A ação perversa, a que se entregam, gera bem-estar nos seus agentes, preenchendo com satisfação mórbida o vazio existencial; porque destituídos de significados psicológicos e de objetivos dignificadores que promovem a criatura e a tornam integrada no mundo objetivo onde vive, sentem--se abandonados, fugindo para o isolamento de onde saem apenas para afligir os outros.

É inadiável a necessidade de tratamento enérgico dessa perturbação, qual se aplica a outros pacientes portadores de transtornos psicóticos profundos, ao mesmo tempo realizando-se psicoterapia de grupo, de forma a despertar o interesse do enfermo para fora do ego.

Essa marcha do eu para o nós jamais se poderá dar a sós pelo paciente, desde que, deslocado do centro comum de interesses; não se sente motivado a alterar a conduta que se vem aplicando; por nela encontrar isolamento, evitando--se trabalho e preocupação que denomina sempre como aborrecimento para o seu tedioso comportamento doentio.

O sociopata é enfermo da alma, que se pode recuperar mediante esforço conjugado entre o seu médico, o psicoterapeuta; o grupo de ajuda e ele próprio, reconquistando, desse modo, a real alegria de viver na sociedade que se encontra aberta a todos que nela desejem construir felicidade.


Fobias

Entre as perturbações desencadeadas pela ansiedade; destacam-se, invariavelmente, as fobias, que se tratam de um medo irracional de determinado objeto, situação ou circunstância.

Denominadas no passado de maneira especial na língua grega; essas perturbações apresentavam-se de maneira esdrúxula e ameaçadora.


Em face da variedade de objetos e circunstâncias que as desencadeiam, passaram a constituir um capítulo denominado como de fobias específicas. A que se refere às alturas - acrofobia - , dos recintos fechados - claustrofobia -, das multidões —

oclofobia -, dos gatos - ailurofobia —, dos micróbios - bacilofobia...

O que chama a atenção é o medo em si mesmo, porque destituído de qualquer racionalidade, pela impossibilidade da ocorrência de qualquer mal ou prejuízo, no entanto irresistível; levando ao desespero aqueles que lhes sofrem o aguilhão. Em face dessa irracionalidade, o paciente está preocupado com algo que lhe aconteça e o infelicite, gerando--lhe dissabor e sofrimento, mesmo que todas as análises dos fatos demonstrem a total impossibilidade disso ocorrer.

Desde há muito tempo, tentou-se encontrar os desencadeadores que respondem pelas fobias, sem resultado muito proveitoso. No entanto, o eminente John Locke acreditava que esses medos provinham de fatores associativos; fortuitamente gerados por ideias apavorantes que ficaram arquivadas no inconsciente, tais as narrações de contos fantasmagóricos e de tragédias, de almas de defuntos que viriam buscar as pessoas, produzindo medo do escuro, de dormir sozinho, e desenvolvendo ansiedade e outros distúrbios.

Ainda hoje a tese tem validade, e muitos autores recorrem à possibilidade de teoria do condicionamento clássico. O motivo desse condicionamento é o objeto temido e o efeito é o condicionado, que se expressa na ativação autonômica, que apresenta disritmia cardíaca, sudorese álgida e abundante...

Quando a pessoa foi vítima de um animal ou de uma circunstância desagradável, isso poderá desencadear uma fobia específica em relação à ocorrência. Normalmente, porém; generaliza-se esse estado fóbico em relação a outros estímulos; mesmo que não apresentem perigo. Despertado esse estímulo perturbador em outra circunstância, o medo ressurgirá e se expressará em condicionamento a outros diferentes estímulos.

Embora existam outras teorias para explicarem as fobias, como a teoria da prontidão, sempre surgem críticas em razão dos casos que se deslocam das matrizes iniciais, no caso, a herança dos medos do homem primitivo em relação a serpentes, aranhas; baratas e outros motivos que foram transferidos através das gerações ao ser humano. Assim sendo, concluem alguns estudiosos que há uma tendência inata no ser humano em assimilar determinados estímulos mais do que outros, o que daria surgimento aos fóbicos.

Nesse capítulo, as fobias sociais desempenham papel perturbador no comportamento de diversas criaturas, pelo medo que possuem de serem humilhadas em público, de ao terem que falar em reuniões, gaguejarem, e não poderem desincumbir-se a contento, asfixiarem-se em refeições em restaurantes ou reuniões sociais, assim evitando quaisquer ocasiões que possam desencadear essa desagradável ocorrência. Em consequência; fogem das reuniões e grupamentos sociais, poupando-se a sofrimentos que lhes parecem insuportáveis. Não raro, quando obrigadas a participação em festas, recepções, encontros; convivências, procuram ânimo em bebidas alcóolicas e drogas outras, sempre com resultados de efêmera duração, que terminam por adicionar ao transtorno fóbico a dependência ainda mais cruel e de mais difícil erradicação.

As fobias estão associadas espiritualmente a condutas incorretas anteriormente vivenciadas, quando se permitiram os indivíduos abusos e crueldades, ou sofreram sepultamento em vida, considerados mortos e estando apenas em estado cataléptico, despertando depois e vindo a falecer em situação deplorável, desenvolvendo a claustrofobia, ou foram vítimas de crueldades em praças e ambientes abertos, diante da massa alucinada, desencadeando agorafobia e fobia social, etc. Noutros aspectos, ocorrências traumáticas não superadas, transferiram os estímulos geradores de sofrimentos que ora se converteram em fobias específicas.

Ao lado de diversas psicoterapias valiosas capazes de reverter o quadro fóbico, não há como negar-se a valiosa psicanálise, bem como a terapia regressiva a existências passadas, de acordo com cada distúrbio, de modo a encontrar--se o estímulo traumático e trabalhá-lo cuidadosamente, assim interrompendo-lhe a força associativa.

Não obstante os resultados positivos que possam advir, é conveniente não se esquecer da renovação moral do paciente, da sua mudança mental de atitude para com a vida, ao mesmo tempo laborando em favor do grupo social, portanto de si mesmo; com vistas ao seu futuro saudável e feliz.




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