Autodescobrimento: uma Busca Interior

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CAPÍTULO 2

EQUIPAMENTOS EXISTENCIAIS

O PENSAMENTO

Os psicólogos organicistas estabeleceram, categóricos, que o pensamento é exteriorização do cérebro, já que não existe função sem órgão.

Toda e qualquer manifestação funcional procede, segundo eles, de órgãos que a elaboram.

Compreendendo e respeitando a conceituação, anuímos com o conteúdo, não, porém, com a forma de que se reveste a tese.

Certamente há órgãos geradores de fenômenos que se apresentam na esfera física, embora não necessariamente materiais.

Considerando as ondas de vária constituição - elétrica, magnética, curta, ultracurta, larga, etc.

—, conduzindo mensagens de diferentes teores, incontestáveis, porque captadas e utilizadas para as comunicações, observamos que ocorrência semelhante se dá com os raios 10, que passaram das aplicações mais simples e, graças às ondas curtas, às ultrassonografias, às tomografias, às complexas técnicas de diagnósticos pelo poder de penetração dos mesmos nas intimidades do organismo, desvelando as intrincadas malhas da organização microscópica da aparelhagem física, estabelecendo os parâmetros da saúde e da doença, que podem ser computados, e os seus paradigmas fixados a benefício geral.

No que concerne ao ser biológico, não se pode, seguramente, afirmar que seja apenas a massa com que se apresenta e, se se o fizer, estar-se-á infirmando a realidade da energia e dos seus campos, nos quais se aglutinam as micropartículas que constituem os conglomerados atômicos e, por sua vez, orgânicos, resultando no conjunto que é o corpo, conforme a constituição perispiritual de que se utiliza, em razão da programação moral a que se submete o Espírito no seu processo de evolução.

Desse modo, o pensamento não procede do cérebro.

Este tem a função orgânica de registrá-lo e, vestindo-o de palavras, externá-lo, como por intermédio da Arte nas suas incontáveis apresentações.

O pensamento é exteriorização da mente, que independe da matéria e, por sua vez, é originada no Espírito.

O Espírito possui a faculdade mental que expressa o pensamento em todas as direções, utilizando-se do cérebro humano para comunicar suas ideias com as demais pessoas.

Por isso mesmo, analisando-o, o Prof.

Mira y Lopez estabeleceu uma linha de progressão, na escala estequiogenética, obedecendo a visão organicista, que apesar disso não foge à realidade espiritual, necessitando-se somente de elasticidade mental para atravessar a ponte de ligação entre uma e outra concepção.

Segundo o emérito mestre, a primeira expressão do pensamento - fase inicial do processo da evolução orgânica e mental - é o primário, no qual a linguagem se apresenta de forma instintiva, sensorial, sem comunicação intelectiva, de natureza verbal e clara.

São impulsos que decorrem das necessidades imediatas, buscando exteriorizá-las e tê-las atendidas.

Graças às heranças genéticas, ao processo de crescimento (filogenético) e aos fatores mesológico-sociais, o ser passa para o pré-mágico, no qual a fantasia se apresenta em forma de imaginação rica de mitos que se originam no medo, nas aspirações de equilíbrio, de prazer - períodos da caverna, da palafita - para dar início aos cultos através dos sacrifícios humanos, como forma de aplacar a ira, a fúria dos elementos cruéis, os deuses da vingança, da inveja, do ódio, que lhe pareciam governar a vida, a natureza, o destino.

Naturalmente, mais tarde, vem o período mágico, que se instalou na era agrária, dando origem às grandes civilizações do passado com toda a concepção politeísta, inspirada nos fenômenos que se enriqueciam de ideias mitológicas, muitas das quais, na tragédia grega, oferecem campo para as admiráveis interpretações psicanalíticas.

A próxima fase foi a de natureza egocêntrica, caracterizada pela ambição de ser o alvo central de tudo que passa a girar em torno do interesse do ego em detrimento da coletividade, qual ocorre na criança.

É inevitável o processo de crescimento mental e o pensamento faz-se lógico, entendendo a realidade concreta da vida, os fenômenos e suas leis, interpretando o abstrato de maneira fecunda e raciocinando dentro de diretrizes equilibradas, fundamentadas na razão.

A linha de raciocínio lógico exige a formulação de dados que facultam o estabelecimento de fatores para que a harmonia dos conteúdos seja aceita.

Na última fase, o pensamento se torna intuitivo, não necessitando de parâmetros racionais, extrapolando o limite dos dados da razão, por expressar-se de forma inusitada no campo atemporal, viajando, concluímos nós, para a área da paranormalidade, das percepções extrafísicas.

Em uma visão espírita do pensamento, a mente plasma no cérebro a ideia, através das multifárias reencarnações, evoluindo o ser espiritual, desde simples e ignorante, quando se manifesta por meio do pensamento primitivo até o momento em que, desenvolvendo todas as potencialidades que nele jazem, estas se desvelam e se fixam nos sutis painéis da sua constituição energética.

O mecanismo filogenético é manipulado pela mente que programa a cerebração, pela qual exterioriza o pensamento na próxima reencarnação, tendo por base as conquistas anteriores.

À medida que o Espírito evolui, o corpo se aprimora, em face das vibrações do períspirito que o organiza e mantém.

Nesse seguimento, a organização material depende das energias espirituais, que necessitam do processo da reencarnação, como a semente precisa do solo para desatar a vida que nela estua embrionária, e o espermatozoide com o óvulo, no reduto próprio, para liberar a vida material.

Assim, o pensamento, que procede da máquina mental, recorre ao cérebro a fim de fazer-se entendido no atual estágio de evolução da Humanidade.

Ocorrerá, oportunamente, que o pensamento no campo intuitivo se transmitirá de um a outro cérebro, telepáticamente, sem o impositivo da verbalização, da expressão material: sons, cores, imagens, formas...

Disciplinar e edificar o pensamento através da fixação da mente em ideias superiores da vida, do amor, da arte elevada, do Bem, da imortalidade, constitui o objetivo moral da reencarnação, de modo que a plenitude, a felicidade sejam a conquista a ser lograda.

Pensar bem é fator de vida que propicia o desenvolvimento, a conquista da Vida.


CONFLITOS E DOENÇAS

As reencarnações comuns, sem destaques missionários, invariavelmente são programadas pelos automatismos das leis, que levam em conta diversos fatores que respondem pelas afinidades ou desajustes entre os seres, assim como pelas realizações ético-morais, unindo-os ou não, de forma a darem cumprimento aos imperativos, responsáveis pela evolução individual ou dos grupos humanos.

Em outras circunstâncias, são planejadas por técnicos no mister, que aproximam as criaturas, formando os clãs, nem sempre, porém, levando em consideração a afetividade existente entre eles, mas, também, situando-os próximos, na mesma consanguinidade, a fim de serem limadas as arestas, corrigidas as imperfeições morais, desenvolvidos os processos de resgates, próprios dos estágios em que permanecem.

Encontros para primeiras experiências são organizados com o fito de facilitar a fraternidade, ampliando o círculo de afeições; reencontros são estabelecidos para realizações dignificadoras e também retificações impostergáveis.

Por isso, são comuns os choques domésticos, os conflitos de ideias e de interesses, as preferências e os repúdios, os entendimentos e as reações familiares.

Um Espírito que, na infância corporal, não recebe afeto no ninho doméstico, em face da sua historiografia perturbadora, e desenvolve futuros quadros de enfermidades psicológicas ou orgânicas, expia suavemente os delitos que não resgatou e agora são cobrados pela Vida, reestruturando a consciência do dever, ou despertando para ela.

Quando se trata, porém, de gravame severo, são impressos pelo perispírito no ser em formação física os limites e anomalias de natureza genética, propiciadores da expiação compulsória, que funciona como recurso enérgico para a reabilitação do calceta.

Nada ocorre na vida por acaso ou descuido da Consciência Cósmica impressa na individual.

Assim sendo, adquirir consciência, no seu sentido profundo, é despertar para o equacionamento das próprias incógnitas, com o consequente compreender das responsabilidades que a si mesmo dizem respeito.

O ser consciente é um indivíduo livre e realizador do bem operante, que tem por meta a própria plenitude através da plenificação da Humanidade.

Alcançar esse nível de entendimento é todo um processo de crescimento interior, mediante constante vigilância e desdobramento das potencialidades adormecidas, que aguardam os estímulos que fomentam o seu despertar e a sua realização.

Não conscientes das respostas da vida, obedecendo aos automatismos, muitas criaturas permanecem adormecidas em relação aos seus deveres, tornando-se instrumento de sofrimento para si mesmas, como para outros, que lhes experimentam a presença ou delas dependem.

Uma das finalidades primaciais da reencarnação é a aquisição do amor (afetividade plena), para o crescimento espiritual e o autoaprimoramento (encontro com o Deus interno).

Vítimado pelos atavismos do desamor, pelos caprichos do egoísmo, o ser fecha-se na rebeldia e passa a sentir dificuldades em espalhar a luz do sentimento do bem, permanecendo indiferente ao seu próximo, mesmo quando ele faz parte do grupo familial.

O problema se apresenta mais complexo quando esse mesmo sentimento egoísta registra antipatia ou surda animosidade por alguém do grupo doméstico.

Tal reação ocorre em forma de desamor dos pais pelos filhos, desses por aqueles, entre irmãos ou outros membros do ninho doméstico.

A atitude injustificada faz-se responsável por inúmeros conflitos psicológicos - fobias, insegurança, instabilidade emocional, complexos de inferioridade ou superioridade, soberba, etc.

— , e enfermidades orgânicas que aí se instalam.

A criança tem necessidade de ser amada, protegida, nutrida, orientada, a fim de desenvolver os sentimentos da afetividade, da harmonia, da saúde, do discernimento.


Esquecida, momentaneamente, desses valores, que o véu da carne abafa, deve receber de fora - dos pais, da família, da sociedade

—os estímulos que lhe propiciem o despertamento desses tesouros para multiplicá-los através dos investimentos da evolução.

Quando se sente atendida nessas necessidades, logra com facilidade alcançar os objetivos da reencarnação, devolvendo aos grupos familial e social todas as conquistas ampliadas e felicitadoras.

Ao experimentar carência, desenvolve quadros patológicos que assumem gravidade a partir da juventude, quando não se tornam pesadas cruzes da fase infantil, exigindo terapias psicossomáticas, espirituais, de natureza moral, a fim de libertar-se da opressão e do desespero que a estiolam.

Desamada, a criança, o seu inconsciente chama a atenção através de distúrbios do sono — pesadelos, inquietação noturna, choro, insónia -, agressividade e rebeldia, medos e mau desenvolvimento psicofísico.

O amor é alimento para a vida, que atua nos fulcros do ser e harmoniza os equipamentos eletrônicos do perispírito, responsáveis pela interação Espírito-matéria.

A sua vibração acalma e dá segurança, ao mesmo tempo reabastece de forças e vitalidade insubstituíveis.

Quando o indivíduo se identifica desamado - hoje ou no passado - faz, inconscientemente, um quadro regressivo e descobre que não foi necessariamente nutrido (alimentado pelo amor), passando a experimentar um sentimento de reação através da anorexia nervosa ou inapetência, que pode tornar-se um perigo para a sua saúde.

O seu curso pode ser acidental, passageiro ou de largo tempo, gerando graves danos orgânicos.

De outra forma, pode apresentar reação totalmente contrária e faz uma patologia de voracidade alimentar, a bulimia, em que a insatisfação leva a comer até a exaustão, propiciando perturbações digestivas e nervosas muito complexas.

Ainda ocorrem, nesse capítulo, os casos de vômitos nervosos, em que o alimento é expelido por automáticas contrações do estômago e pelos distúrbios gástricos, levando o paciente ao enfraquecimento, à desnutrição...

Indigestão, dispepsia nervosa, diarreia, prisão de ventre fazem parte dessa patogênese decorrente da ausência do amor, no capítulo da reencarnação do Espírito.

A necessidade de cada um digerir os próprios problemas é indiscutível e inadiável, devendo fazer parte da agenda diária de todo aquele que desperta para a consciência de si, não se permitindo agasalhar conflitos, mesmo que sob hábeis camuflagens do inconsciente.

Mediante uma auto análise honesta, na qual se dispensem o elogio, a condenação e a justificação, o indivíduo deve permitir-se a identificação do erro, do problema, e sem consciência de culpa digerir o acontecimento, buscando os meios para reparação e a libertação do sentimento perturbador.

Não são poucos os males orgânicos que defluem das emoções e sentimentos nas áreas da afetividade e do comportamento, que podem ser evitados e solucionados graças a uma atitude de boa vontade para consigo mesmo e para com os outros, permitindo-lhes o direito de serem como são e não conforme gostaria que fossem.

A cuidadosa auto análise, sem caráter exigente nem condenatório, abrirá possibilidades inúmeras para o equilíbrio e ajudará a desenvolver a tolerância em relação aos outros, produzindo harmonia interior.

Surgem, então, os desejos de recuperação pelo trabalho e bem orientada canalização das energias, que se transformam em dínamos geradores de força, que propiciam saúde, bem-estar e harmonia.

DlSTONlA S E SUAS CONSEQUÊNCIA S Quando ocorre a ruptura do equilíbrio existente entre a consciência e o corpo, irrompem as enfermidades, as quais expressam a reação que ora se estabelece.

A vida orgânica é resultado da harmonia vibratória do ser, que equilibra as células nos campos onde se aglutinam, dando forma aos órgãos e estas ao corpo físico, com as suas complexidades, através das quais se exterioriza o psiquismo.

Um erro de comunicação entre a consciência e o corpo favorece a desorganização molecular, propiciando a instalação das doenças.

Em razão da causalidade física, moral ou emocional, o distúrbio surgirá nos equipamentos correspondentes, daí decorrendo os fenômenos perturbadores.

A energia vitalizadora que o Espírito irradia, preservando a harmonia psicofísica, resulta dos pensamentos e atos a que o mesmo se afervora.

A enfermidade de qualquer natureza é uma guerra que se apresenta nas paisagens do ser.

Encontrando dissonantes os campos vibratórios que constituem os equipamentos da maquinaria humana, instalam-se as colônias microbianas perniciosas, que passam a predominar no organismo.

Os macrófagos, encarregados de defender as outras células, em face da deficiência energética, deixam-se destruir e perdem a força que os vitaliza, cedendo espaço aos invasores maléficos.

Pergunta-se, normalmente, por que o DNA, que é a causa primeira e essencial de.

todas as combinações no corpo, de um para outro momento sucumbe, deixando-se aniquilar pelos vírus e outros agentes agressivos, sem dar-se conta, já que a sua fatalidade biológica resulta do imperativo psíquico, da energia vital que desenvolveu e mantém a vida em todas as suas formas.

Na raiz, portanto, de qualquer enfermidade encontrase a distonia do Espírito, que deixa de irradiar vibrações harmônicas, rítmicas, para descarregá-las com baixo teor e interrupções que decorrem da incapacidade geradora da Fonte de onde procedem.

Na mesma ordem estão os conflitos, os transtornos psicológicos, os distúrbios fóbicos e outros da área psiquiá trica.

Mesmo quando a sua psicogênese se encontra na hereditariedade, nos fatores estressantes, nos socioeconómicos, nos psicossociais e emocionais, as causas reais se originam do ser espiritual, que é sempre o agente de todos os acontecimentos que dizem respeito ao ser humano.

Esse feixe de energia pensante, que é o Espírito, age e, ao fazê-lo, preserva a capacidade que lhe é peculiar, ou perturba-a de acordo com o direcionamento das suas manifestações.

Exteriorizada a ação, mental ou física, ondas de energia carregadas de força viajam no rumo que objetiva e, conforme a sua qualidade - positiva ou negativa -, potencializa ou desconecta os núcleos do corpo intermediário — períspirito -, resultando em capacidade de saúde ou receptividade a doenças.

Para o tentame do reequilíbrio e bem-estar, a interiorização do ser e o pensamento carregado de amor constituem os valores que reparam as engrenagens supersensíveis do modelo organizador biológico, restabelecendo-lhe a harmonia e, no caso psíquico, refazendo os campos nos quais se movimentam os neuropeptídios e outras células nervosas.

Todo conflito procede do ser que pensa, do direcionamento das suas aspirações, das suas atitudes próximas como remotas.

Ademais, em se considerando os campos de força e afinidade que existem no Universo, o indivíduo sintoniza, também, com os equivalentes ao seu teor vibratório, tornando-se hospedeiro de mentes e seres enfermiços que pululam na psicosfera do Planeta, já desencarnados, que passam a exaurir-lhe as forças por osmose espiritual — obsessão -, assim como pelas correntes mentais que se exteriorizam das demais criaturas em cujo círculo se movimenta.

Nunca será demasiado propor-se elevação moral e renovação espiritual do ser humano, autor do próprio desti no, considerando-se que, de acordo com aquilo que aspire e faça, proporcionará a si mesmo, hoje ou mais tarde, o resultado da sua escolha.

Introspecção, alegria, reflexão, cultivo de ideias superiores, oração constituem terapias avançadas, com os seus efeitos vibracionais positivos, em favor de quem os mantenha, produzindo saúde pela recomposição do equilíbrio psicofísico.


O SER EMOCIONAL

O homem e a mulher, pela sua estrutura evolutiva, são, essencialmente, seres emocionais.

Recém-saídos do instinto, em processo de conscientização, demoram-se no trânsito entre o primarismo - a sensação - e a razão, passando pela emoção.

Mesmo quando adquirem o senso do discernimento após se intelectualizarem, acreditando possuir um grande controle da emoção, dela não se libertam como a princípio gostariam.

A emoção bem direcionada torna-se um dínamo gerador de estímulos e forças para realizações expressivas, promovendo aqueles que a comandam, como pode fazer-se instrumento de desgraça, caso lhes fuja ao controle.

Nos relacionamentos interpessoais a emoção exerce um papel relevante, essencial para o êxito, contribuindo para a afetividade, a convivência feliz.

No entanto, antes de se exteriorizar como seria ideal, exige todo um curso disciplinante, uma análise profunda, a fim de converter-se em equipamento adequado do Eu superior, expressando-se na conduta e na vivência.

Inicialmente, cada indivíduo deve realizar uma avaliação a respeito da própria emotividade, para identificar se a mesma se encontra embotada, exaltada, indiferente, apaixonada ou sob estímulos enobrecedores.

Quando está embotada, não registra as manifestações da afetividade, conforme se expresse, buscando apenas a fonte das sensações rudes, em cujo desbordar se compraz; se se apresenta exaltada, perde a diretriz do comportamento, deturpando quaisquer manifestações de carinho e perturbando o discernimento; quando indiferente, ignora o rumo das exteriorizações, morrendo por efeito de satisfações não saciadas e de prazeres não fruídos; se apaixonada, manifesta-se a um passo da alucinação, porque mantendo os remanescentes dos instintos fisiológicos, deixando que predominem os desejos hedonistas, em egocentrismo infeliz;

somente quando estimulada pelos objetivos enobrecedores, estabelece paradigmas e patamares de autorrealização e integração nos mecanismos da Vida.

Nessa natural escalada para os níveis da consciência lúcida ou de transcendência do ego, a caminho da conquista cósmica através das suas diferentes etapas, é justo examinarse: a) como se reage diante de si próprio; b) qual a conduta em referência ao próximo; c) de que forma desenvolver os valores íntimos em relação a si e aos demais.

No primeiro caso, torna-se essencial a análise cuidadosa a respeito das reações emocionais diante dos desafios: cólera, ciúme, mágoa, revide, ódio, inveja... que decorrem do primitivismo moral do ser, ainda aferrado a complexos de inferioridade, de superioridade e aturdido por conflitos que remanescem da consciência de culpa.

O trabalho por libertar-se desses verdadeiros verdugos do Eu superior torna-se imprescindível ao desenvolvimento da emoção, ao seu engrandecimento, para estabelecer e seguir as linhas de manifestação equilibrada.

No segundo caso, as reações diante do próximo serão resultado do hábito de como enfrentar situações inesperadas, fenômenos novos, jogos psicológicos desconhecidos, para que os conflitos não se expressem em forma de retraimento, suspeita, narcisismo, aparência de conhecedor de toda a verdade, medo, loquacidade, presunção instigante...

A insegurança pessoal responde pelo descontrole da emoção na conduta do relacionamento com outras pessoas.

O indivíduo tranquilo, porque portador de confiança em si mesmo, não se atormenta quando enfrenta situações novas e desafiadoras, agindo com serenidade, sem a preocupação exagerada de parecer bem, de fazer-se detestado, de eliminar o outro ou de sobrepor-se a ele...

É natural e espontâneo, aberto aos relacionamentos interpessoais, respeitador das ideias e condutas do outro, embora não abdicando das suas próprias nem as mascarando para agradar, ou exibindo-as para impô-las...

Dialoga com suave emotividade, assinalando aquele que o ouve com algo agradável e duradouro que brinda no contato estabelecido.

Por sua vez, recebe também alguma dádiva, que irá contribuir para o seu crescimento íntimo.

Do inter-relacionamento nascem experiências proveitosas para o amadurecimento psicológico constante do ser.

No terceiro caso, faz-se doador, livre de exigências, sem paixões dissolventes, vinculando-se e amando, ou liberando-se sem ressentimentos, constatando, porém, que em todo relacionamento há sempre uma bela aquisição de vida pela empatia que provoca, pelas expectativas que desperta, pela convivência enriquecedora.

Avançando no equilíbrio da emoção, o encantamento da existência física libera-o da queixa, das frustrações, dos tormentos, que são resquícios do período egoístico ultrapassado, para viver as excelências de cada momento novo e de todas as horas porvindouras, sem angústias pelo ontem, nem ansiedades pelo amanhã.

Cada ser humano é uma incógnita a ser equacionada por ele próprio.

Quando se inicia a operação solucionadora, o primeiro quesito é dedicado à afetividade, ao desvelamento interior, à autorrevelação, ao diálogo franco e jovial.

Nem sempre, porém, aqueles a quem se dirige estão em condições de entendê-lo, de intercambiar emoções.

Não raro, o interlocutor se alegra ao conhecer as dificuldades do seu confidente, desrespeita-lhe a confiança, divulgando as informações que lhe foram reveladas, ou nele provoca, por imaturidade como por insânia, conflitos desnecessários, perturbadores.

Nem por isso, deve o ser asfixiar a sua emoção, temeroso dos relacionamentos, isolando-se, assumindo posturas alienadas.

Quem se afasta do meio social, por se acreditar perseguido, não compreendido - em crise paranoide -, deixa de realizar-se emocionalmente.

Não são as circunstâncias que se fazem responsáveis pelo bom ou mau humor do indivíduo, mas a forma pessoal como ele as encara.

O desenvolvimento da emoção é imperativo da reencarnação do Espírito, que se aprimora, etapa a etapa, no processo da evolução, passando pelas sucessivas experiências carnais.

Cumpre, desse modo, ao homem e à mulher, seres essencialmente emocionais, a canalização dessa força dinâmica para a autossuperação, constatando que ninguém, em fase normal do desenvolvimento, passa sem vivenciar o alto potencial da emoção.




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