O Despertar do Espírito

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CAPÍTULO 5

PROBLEMAS PSICOLÓGICOS CONTEMPORÂNEOS

A volúpia pela velocidade, em ânsia indomada de desfrutar-se mais prazer, ganhando-se o tempo, que se converte em verdadeiro algoz dos sentimentos e das aspirações, vem transformando o ser humano em robô, que perdeu o sentido existencial e vive em função das buscas, cujas metas nunca são conseguidas, face à mudança que se opera no significado de cada uma.

A superpopulação das cidades, desumanizando-as, descaracteriza o indivíduo, que passa a viver exclusivamente em função do poder que pode oferecer comodidade e gozo, considerando as demais pessoas como descartáveis, evitando vincular-se-lhes afetivamente, pelo receio que mantém de ser utilizado e esquecido, em mecanismo inconsciente sobre o comportamento que conserva em relação aos outros.

O egoísmo passa a governar a conduta humana, e todos se engalfinham em intérmina luta de conquistar o melhor e maior quinhão, mesmo que isso resulte em prejuízo calculado para aqueles que partilham do seu grupo social.

Nesses conglomerados, a astúcia parece substituir a inteligência e o imediatismo desestrutura todas as manifestações éticas que fazem parte das conquistas da inteligência e da civilização.

A diminuição do espaço constrange aquele que ali reside e alucina-o, por impedi-lo de movimentar-se saudavelmente e de viver com dignidade, empurrando-o para a busca desordenada de substitutivos emocionais que lhe são negados pelas injustiças e cruezas dos interesses mesquinhos, atirando-o no desespero sem quartel.

Proliferam os contrastes sócio-econômicos e, de imediato, os sócio-morais, separando os indivíduos que se alçam, os primeiros, às posições invejáveis, e os segundos, que são atirados aos pardieiros da vergonha, da miséria, do abandono, onde vicejam os crimes hediondos e a indiferença pela vida, caso, também, não acontecesse o mesmo, guardadas as proporções compreensíveis, com os grupos privilegiados, nos quais predominam a abastança e o tédio.

De forma idêntica, a riqueza, que aumenta em um país, conspira em favor da miséria em outro, que se depaupera, enquanto o afortunado que o explora progride, ampliando a área dos conflitos individuais que explodem mais tarde em lutas coletivas, em guerras destruidoras.

Nesse campo, eivado dos espinhos da insensibilidade pela dor do próximo, pelo abandono das multidões esfaimadas e enfermas, pelo desconforto moral que se espraia, os valores éticos, por sua vez, passam também a ser contestados pelos que se consideram privilegiados, atribuindo-se o direito de qualquer conduta que o dinheiro escamoteia e a sociedade aceita.

A inversão dos conteúdos psicológicos individuais e coletivos demonstra a imaturidade moral e espiritual de indivíduos e grupos sociais, cujos objetivos existenciais O Despertar do Espirito estiveram vinculados durante a formação da personalidade, no utilitarismo, na conquista do poder para usufruir, na construção do ego que se insensibiliza, a fim de fugir à responsabilidade dos deveres da solidariedade e da participação.

Aquele que se isola no interesse pessoal, escravizase-lhe, tornando-se vítima de si mesmo, apresentando um rosto feliz e vivendo uma experiência atormentada.

Por sua vez, a ciência e a tecnologia auxiliando o progresso da sociedade, deixaram nas mentes a impressão de verem portadoras do poder absoluto, capazes de preencher as lacunas das necessidades, acreditando que trabalhavam apenas o homem físico, animal, social, olvidando propositadamente o espiritual, aquele que é a realidade, o Self eterno.

De fato, as conquistas contemporâneas libertaram o ter humano de muitos pesados labores, mas não conseguiram preencher-lhe o vazio existencial, que tem sido fundamental em todo o processo da evolução psicológica e psíquica do mesmo.

A falência desses valores e conquistas é inegável, tornando-se inadiável uma mudança de proposta filosófica e de conduta psicológica humana.


Violência urbana

Herdeiro do primitivismo antropológico, do qual ainda não se libertou e predomina em sua natureza, o cidadão acuado reage, passa a agredir, porque se sente agredido, desde que dilapidado nos seus direitos humanos mínimos, que lhe não foram concedidos.

Mitológicamente, o ser humano pode ser dividido em duas partes.

Acima do diafragma encontra-se na luz do dia e abaixo na sombra da noite. Desse modo, as funções superiores da circulação, dos sentimentos, do pensamento, da respiração encontram-se na área nobre, iluminada, enquanto que as de excreção, sexo e reprodução no campo sombra, sem o necessário controle, equiparando-se ao animal.

Essa herança física do animal corresponde às suas reações emocionais que estão fora do controle da mente e o levam a delinquir.

Por outro lado, trazendo as marcas genéticas delineadoras do caráter caprichoso e enfermiço, resultado do clã onde renasceu por imposição das leis da evolução, se encontrasse apoio social e orientação espiritual mediante uma educação global, seria possível infundir-lhe coragem para lutar contra os fatores adversos, alterar os projetos e as aspirações, insistir no bom combate para realizar-se, como ocorre sempre com os Espíritos fortes, delineadores dos destinos felizes da humanidade, após haverem nascido em situações hostis e grupos subjugados pela escravidão racial, política, comunitária ou sob injunções limitadoras, degenerativas.

Basta que sejam recordados os exemplos incomparáveis de Sócrates, Epícteto, Lincoln, Gandhi, Steinmetz, Martin Luther King Jr...

dentre muitos outros, que não se deixaram vencer pela situação de penúria, de enfermidade ou de desprezo, por onde recomeçaram a existência, pontificando nos ideais que levaram adiante, facultando aos pósteros a oportunidade de serem mais felizes e dignos do que eles próprios tiveram ocasião de experimentar.

Certamente, eram possuidores de estruturas psicológicas superiores, trabalhadas em muitas reencarnações, que volveram ao proscênio terrestre com missões específicas, de que se desincumbiram com sofrimento e elevação.

A expressiva maioria, porém, daqueles que não possuem esses traços fortes da individualidade espiritual, afoga-se nas águas torvas das injustiças e misérias humanas, sendo empurrados para o crime, que começam a desenvolna infância mal cuidada, submetida a tratamento subhumano em meios hostis e contaminados pelas doenças da alma, da sociedade, das perversões.

Noutro aspecto, a violência encontra-se embutida nos instintos básicos do ser, ainda não superados, e além das suas manifestações patológicas, a falta de educação, ou o exemplo dos vícios com os quais convive, com a ausência absoluta do sentido ético, da dignidade moral, ficam insculpidas nos seus tecidos emocionais as condutas agressivas e violentas de que se nutrem.

O ócio, que trabalha em favor do amolecimento do caráter, é também morbo que enferma o constructo do ser psicológico, danificando-o mortalmente.

Sob outro aspecto, nos meios sociais bem aquinhoados, a tecnologia ofereceu tantas comodidades que o tempo passou a multiplicar-se, libertando o indivíduo de muitos labores, que as máquinas executam com superior desempenho, deixando-o sem muitos deveres ou quase nenhum, psicologicamente conduzindo-o à busca de emoções fortes para fugir do desespero íntimo, transferindo as suas condutas para a violência.

Quando não se é bem educado, se age por instinto, por automatismo psicológico de autodefesa, em processo inconsciente de agressão, precatando-se para não ser agredido.

Essa violência, que estruge no âmago do ser e o leva a agredir aquele que lhe está mais próximo, condu-lo à criminalidade, tão logo lhe surja oportunidade, deixando-o mais devorar-se pelo sentimento do ódio que o domina, ou da indiferença ante o que pratica, por acreditar que está agindo conforme vem sendo tratado pela sociedade.

A ausência do discernimento, portanto, de consciência ante o que deve e pode fazer, em relação ao que pode mas não deve executar, ou ao que deve mas não pode produzir, impulsiona-o sempre a dar continuidade aos desmandos que o convertem em um revel, mais digno de reeducação do que propriamente de punição.

Enquanto os governos e a sociedade não compreenderem que o problema da violência se deriva de muitos fatores psicossociológicos que podem ser corrigidos, porque mórbidos, perversos, pelas injustiças de que se revestem, o desafio crescerá ameaçando a própria estrutura da comunidade na qual prolifera a soldo da revolta e do ressentimento de todos quantos lhes sofrem o gravame.

Naturalmente, outros fatores preponderantes contribuem para a violência, especialmente as psicopatologias que acompanham o ser humano exigindo tratamento adequado, mas são em numero menor do que aqueles que resultam da indiferença humana em relação aos menos favorecidos.

Os lares, totalmente desestruturados nos bolsões da miséria sócio-econômica, os genitores, psicologicamente enfermos pelos sofrimentos que experimentam, perversos no trato com as crianças que lhes pesam como verdadeira maldição, geram medos infantis, traumas profundos, angústias e ressentimentos que eclodirão mais tarde em crimes hediondos, sem que tenham qualquer consciência do que estão praticando, tão natural se lhes faz esse mórbido comportamento.

A tecnologia desalmada, a sociologia escrava dos interesses de grupos e de governos insensíveis, criaram os gigantes que agora se voltam contra as mesmas.

Havendo O Despertar do Espirito eliminado o sagrado mediante a zombaria, o desrespeito pelas heranças culturais e antropológicas da crença na imortalidade da alma e em Deus, desestruturaram o ser humano e nada lhe ofereceram como substituto, deixando-o órfão de valores idênticos, portanto, sem rumo.

Essa violência contra o passado desarticulou as esperanças do futuro.

As raízes psicológicas do ser humano não podem ser extirpadas sem danos graves para a sua formação ética, porquanto tal ocorrência lhe estrangula os sentimentos de amor, de humanidade e de respeito à vida.

A violência é doença da alma, que a sociedade permitiu se contaminasse.

Uma revisão dos conteúdos sociais e éticos, o reconhecimento da necessidade terapêutica do indivíduo, buscando Deus e a religião sem dogmas nem castrações, abrirlhe-ão espaço emocional para a paz, a compreensão, a nãoviolência, o amor.

Oxalá vicejem nas mentes os sentimentos de responsabilidade pelo próximo, de solidariedade pelo vizinho, de respeito pelo cidadão, de construtor do futuro, e a violência cederá lugar à mansuetude, à pacificação.


Alcoolismo e Toxicomania

A vida é uma dádiva de alegria, que deve ser recebida com entusiasmo e auto-realização.

Esplende em toda parte e se expande no ser humano, expressando-se como conquista da beleza, da saúde e da paz.

O organismo humano constituído harmonicamente está preparado para a auto-recuperação, o refazimento, quando os tecidos se gastam ou sofrem agressões, obedecendo a automatismos bem delineados pela própria estrutura biológica.

No entanto, o ser psicológico não se refaz automaticamente, recuperando-se de uma depressão, de uma síndrome de pânico, de um transtorno neurótico simples ou psicótico profundo, o que requer terapeuta especializado.

Em razão disso, o equilíbrio psicológico do indivíduo é de vital importância, face aos procedimentos que dele se derivam para a saúde orgânica e emocional, nos inúmeros quão constantes processos de ocorrência frequente.

Nas injunções perturbadoras que se iniciam na infância, sob a dolorosa crueldade de uma genitora insensível ou perversa, de um pai negligente ou impiedoso, nas condutas sociais viciosas proliferam os fatores de desestruturação da personalidade, empurrando suas vítimas para a dipsomania, para a toxicomania, para a dependência química.

A hereditariedade exerce um papel de destaque, por oferecer condicionamentos que se fixam nas células do futuro paciente, tornando-o um enfermo, que exige cuidados terapêuticos bem orientados.

Por outro lado, as patologias obsessivas, resultantes de processos reencarnacionistas sob injunções morais de alta gravidade contribuem para que se manifestem desde cedo as tendências viciosas, nessa área turbulenta do comportamento psicossocial do ser humano.

Tal ocorrência, a da obsessão, é fruto de reencarnações compulsórias, as quais os infelicitadores se recusaram a aceitar como recurso de recuperação moral; produziram-lhes no íntimo revolta contra as Leis de Deus, que não puderam ludibriar ou infringir impunemente.

A revolta natural, dessa conduta decorrente, e os mecanismos de recuperação psíquica, abrem campo menO Despertar do Espirito tal para a indução perniciosa, facultando a sintonia espiritual e a busca insensata da absorção de drogas geradoras de dependencia.

A falta de ideal, de objetivo existencial, de fatores que proporcionem a auto-realização, de conduta religiosa otimista, de solidariedade fraternal, de afetividade equilibrada, constituem armadilhas que precipitam os incautos nos fossos terríveis da loucura, do suicídio, do homicídio...

A própria busca dos alcoólicos, assim como dos tóxicos, decorre de uma necessidade inconsciente de autodestruição, fugindo pelos corredores estreitos do prazer alucinado até à consumpção, por não dispor de espaço emocional para a alegria ampla, nem as experiências gratificantes do prazer natural.

E uma chaga social e moral das mais graves o alcoolismo, porque muito bem aceito nos conglomerados humanos, por significar nos grupos economicamente elevados um status correspondente ao poder, à gloria, à fama, ao destaque...

e nos guetos representar um mecanismo de fuga da realidade; de igual forma é a asfixia na ilusão.

Paradoxalmente, a sociedade receita a ingestão de bebidas alcoólicas nas suas reuniões e festas como sendo a melhor forma de expressar o júbilo, porque, na maioria das vezes, aqueles que acorrem a esses encontros festivos estão fugindo da solidão, dos conflitos pessoais e familiares, do estresse do trabalho, das injunções do superego castrador e exigente, afogando as ansiedades e os medos nos delírios do falso prazer.

Bebe-se socialmente, em grupos elevados ou de baixo contexto econômico; gera-se dependência, sem reconhecer-se a gravidade do fenômeno até o momento quando o indivíduo se torna alcoólico e o retorno é quase impossível.

Da mesma forma, o uso de drogas estimulantes umas e alucinatórias outras, que geram estados alterados de consciência, têm os seus estímulos nos grupos de desajustados que se reúnem por afinidades de propósitos e de comportamentos, permitindo-se as fugas espetaculares da realidade que temem e tentam anular, para as viagens ligeiras e traiçoeiras da volúpia dos prazeres falsos e de consequências imprevisíveis...

O rico, utiliza-se do whisky, da cocaína, do tabaco de Havana, enquanto o pobre usa a aguardente, o crack, o tabaco de segunda ou nenhuma categoria, buscando idêntico resultado, que é o abandono de si mesmo nos resvaladouros da loucura.

O primeiro, começa de forma elegante, enquanto o segundo se entrega sem qualquer escrúpulo nem estética, confundindo-se ambos no mesmo charco da promiscuidade e da insensatez.

Nos delírios que o álcool e a droga proporcionam, a insegurança do paciente faz-se substituída pelo destemor e valentia, que são resultados da irresponsabilidade, produzindo sensação de vitória sobre os limites soterrados no inconsciente pelos fatores dissolventes da personalidade.

O amor, porém, é sempre o grande auxiliar que a família deve proporcionar aos dependentes de um como do outro vício devastador, a fim de restituir-lhes a autoconfiança, a disposição para submeterem-se à terapia conveniente, ao entendimento dos objetivos da existência, que deixaram de ter qualquer valor para suas existências fanadas.

Por outro lado, as Organizações não governamentais especializadas na ajuda aos viciados dispõem de um valioso arsenal de auxílios, que colocam à disposição dos interessados, como resultado da experiência com inúmeros pacientes, ao tempo em que podem equipara família de recursos psicológicos e fraternais, para contribuírem em favor dos resultados salutares que todos anelam.

Pode-se considerar, na atualidade, que se tratam de dois terríveis flagelos destruidores, que descarregam suas adagas sobre a sociedade, conspirando contra o equilíbrio e a harmonia do cidadão como indivíduo e da humanidade como um todo.

As estatísticas apresentam dados alarmantes, que não tão levados em consideração por muitas comunidades nem pelos governos de muitos povos, cujos líderes são exemplos infelizes do consumo do álcool e das drogas, particularmente, também, em determinados redutos artísticos, nos quais a ausência de confiança nos próprios valores induz suas vítimas em potencial a recorrerem a esses expedientes perturbadores, que lhes concedem efêmera duração nas carreiras que abraçam.

A arte, a filosofia, o trabalho, não têm qualquer compromisso com alcoólicos e drogas aditivas, que somente lhes perturbam a execução, o desempenho das atividades.

Não poucas vezes, são tomados como exemplos credores de consideração, aqueles que se apresentaram como gênios e que, simultaneamente, foram vítimas de solidão, depressão, transtorno esquizofrênico, alcoolismo, tóxicos, olvidando-se, quantos assim pensam que, sem esses distúrbios nas suas vidas, além de serem mais duradouras e prolíferas, eles já eram dotados da superior expressão da genialidade.

A pressa para fruir o prazer além dos limites, ou para ganhar dinheiro enquanto está no topo, exaure o ser humano, e este, para continuar na disputa em favor de mais aquisição, despreza o refazimento de que necessita, das horas de lazer e de reconforto moral, pensando em amealhar e gozar além do necessário, por saber transitória a sua posição de destaque e de predomínio, não vivendo realmente feliz, embora se encontre no máximo das realizações.

Simultaneamente é devorado pelo medo de perder a posição, face à disputa feroz com outros que se lhe acercam ambiciosos e desesperados para usurpar-lhe o lugar, para o que se permitem quaisquer recursos, desde que encontrem glorificação e fortuna, a fim de enlouquecerem de narcisismo e de angústia posterior...

Esse fenômeno é decorrência da instabilidade emocional e da volúpia de atingir o cume, e ali ficar indefinidamente, sem compreender que a lei do progresso dá continuidade ao seu curso sem parar.

Outros valores surgem e se tornam necessários, porquanto a harmonia da beleza é uma decorrência das cambiantes e aparentes diferenças que surgem no conjunto universal.

Cada criatura desenvolve um mister, e deve viver intensamente o seu ciclo, sem atar-se-lhe, de forma que, ultrapassado o período, não fiquem sequelas de amargura ou de saudade desnecessárias, considerando que contribuiu com o melhor das possibilidades de que dispunha, havendo tornado a vida mais completa e digna.

Quando isso não sucede, o êxito se transforma em amargo licor de apaixonada fixação para não ceder lugar aos que vêm depois, tombando no ridículo, nas fugas insensatas pelos alcoólicos e tóxicos diversos, assim permitindo, sem o desejar, que a glória seja substituída pela decadência humilhante.

A arte de envelhecer, de ceder passo, de amparar as gerações novas, é valiosa conquista da maturidade psicológica e da saúde mental, que caracterizam aqueles que se fazem amar e permanecem na memória de todos após o seu momento.

É uma conquista da sabedoria poder-se distinguir o O Despertar do Espirito momento quando se deve ceder o trono, sem perder a compostura, de forma que fiquem as lições valiosas das realizações, continuando-se em paz interior e alegria por constatar que a obra realizada não se acabará quando cessar o período daquele que a executou.

Narra-se de um excelente cantor de Ópera, que foi convidado pelo seu maestro a aposentar-se.

Ante a inusitada proposta, ele reagiu, interrogando: - Que dirão os meus admiradores?


Muito sensatamente, respondeu-lhe o outro: - Melhor será que eles interroguem, lamentosamente: mas já?

... a que desdenhem: que pena, mas ainda nãoll A terapia para essas dependências deve ser iniciada sem qualquer relutância quanto antes e com seriedade, porquanto a intoxicação orgânica que produzem, com certa facilidade traz de volta o usuário ao seu hábito doentio.

O ideal será o esforço saudável para evitar-se a contaminação perigosa, que se inicia, ingenuamente, como experiência descomprometida, às vezes, na infância como na juventude sem discernimento, podendo surgir em qualquer momento de depressão, ou de necessidade de autoafirmação, ou de evasão da responsabilidade ante desafios ou emergências emocionais.

A profilaxia é mais segura que o tratamento, face à ausência de quaisquer danos cerebrais, nervosos, dos aparelhos respiratório e digestivo...

Sejam pois, quais forem que se apresentem os convites para embalos e experiências alcoólicas, a fim de que sejam conquistados olvidos a questões desagradáveis ou realizações fantasiosas, o enfrentá-los é a mais correta atitude psicológica e social, ética e humana que cabe ao indivíduo eleger.

Sexolatria Freud, com muito acerto, descobriu na libido a resposta para inúmeros transtornos psicológicos e físicos, psiquiátricos e comportamentais que afligem o ser humano.

Baseando-se nas heranças antropológicas, o insigne mestre vienense estabeleceu os paradigmas da psicanálise, fundamentados nos mecanismos do sexo e toda a sua gama de conflitos não exteriorizados.

Examinando a sociedade como vítima da castração religiosa ancestral, decorrente das inibições, frustrações e perturbações dos seus líderes, que através de mecanismos proibitivos para o intercâmbio sexual, condenavam-no como instrumento de sordidez, abominação e pecado, teve a coragem intelectual e científica de levantar a bandeira da libertação, demonstrando que o gravame se encontra mais na mente do indivíduo do que no ato propriamente dito.


Referindo-se à intolerância judaica, a respeito da higiene pelo lavar das mãos e do rosto antes da refeição, que era tida como regra fundamental de comportamento, assim tornando imunda a ação que não se submetia a tal usança, o Apóstolo dos gentios, exclamou com veemência: -

Eu sei e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. (Romanos 14:14).

Por extensão, pode-se afirmar que o comportamento imundo não é o do sexo propriamente dito, porém de quem o vive, conforme o seu estágio de evolução e dos seus sentimentos.

Posteriormente, a questão do sexo se tornou uma verdadeira ditadura da libido, merecendo de alguns discípulos do nobre psiquiatra-psicanalista, reações especiais quais O Despertar do Espirito ocorreu com Karl Gustav Jung, Alfred Adler, Erich Fromm e outros, que ampliaram o conceito, apresentando novas excelentes vertentes da proposta inicial.

Outros mais, no entanto, continuaram com a mesma conduta do Pai da Psicanálise, tornando-se-lhe, culturalmente filhos e netos de eleição.

São os casos dos eminentes Wilhelm Reich e seu discípulo Alexander Lowen, que deram prosseguimento ao profundo estudo da libido, criando, o primeiro, a terapia bioenergética, enquanto o segundo ampliou a técnica dos exercícios para a libertação dos conflitos e dos problemas orgânicos, derivados das perturbações sexuais.

Certamente, uma vida saudável é aquela na qual todas as funções orgânicas funcionam normalmente, como decorrência do equilíbrio psicológico, que faculta alegria de viver e realização plena.

O indivíduo é a medida das suas realizações interiores e de toda a herança que carrega no seu inconsciente, o que equivale dizer, que é o resultado inevitável da sua lonja jornada evolutiva, na qual, passo a passo, se liberta do instinto, mediante o uso correto da razão, desta passando para a intuição.

O homo sapiens alcançou o homo tecnológicus e este ascende para o homo noeticus, quando então, haverá predomínio da vida parapsíquica, conduzindo-o a estados especiais de comportamento.

A contribuição de Freud para a libertação da criatura humana, arrancando-a da hipocrisia vitoriana e clerical anteriores, dando-lhe dignidade, é de valor inestimável.

No entanto, o ser humano não é somente um animal sexual, mas um Espírito imortal em trânsito por diversas faixas do processo antropológico na busca da sua integração no pensamento cósmico.

O predomínio, por enquanto, da sua natureza animal por cima da natureza espiritual, é transitório, decorrente da larga jornada que se iniciou como psiquismo embrionário, atingindo o patamar de Espírito inteligente no rumo da angelitude.

Departamento de alta magnitude do corpo físico, o aparelho genésico, em razão da elevada finalidade a que se destina - a de reprodução - está fortemente vinculado aos mecanismos da mente e da emoção, sobretudo, dos comportamentos transatos, que geram as consequências inevitáveis do bem ou mal funcionamento dos seus mecanismos, ora na busca do prazer, vezes outras para a perpetuação da espécie, noutros momentos para a completude hormonal, e, por fim, para a realização total.

Emparedado em preconceitos doentios, vitimado por castrações de mães impiedosas ou superprotetoras e de pais violentos, de famílias arbitrárias, de meios sociais mórbidos, a criança não se desenvolve com o necessário equilíbrio emocional, escondendo a própria realidade em atitudes incompatíveis com a saúde mental e emocional, tombando posteriormente em situações vexatórias, inibitórias, aberrantes ou tormentosas.

Face à inibição de que é vítima, o indivíduo passa a ignorar o próprio corpo, quando não ocorre detestá-lo em consequência da incompreensão dos seus mecanismos, vivendo emparedado em cela estreita e afugente, que termina por gerar grandes confusões no comportamento psicológico e na saúde física.

Somatizando os conflitos não digeridos, elabora enfermidades de grave curso, que não encontram solução, exceto quando são realizadas as terapias convenientes, orientadas para o rumo dos fatores responsáveis pelos transtornos.

O conhecimento do próprio corpo, sua identificação com as funções de que se constitui, o uso equilibrado das suas possibilidades, contribuem para uma existência harmônica, ampliando o quadro da auto-realização e do bemestar, que são metas próximas para todos os seres humanos mergulhados na indumentária carnal.

A existência terrestre não tem a finalidade punitiva que se acentuou por muitos séculos, em condutas perversas e infamantes por parte da Divindade, que mais se apresentava como algoz impenitente, comprazendo-se na desdita das suas criaturas, que almejando pela felicidade das mesmas.

O que tem faltado é a conveniente orientação educacional para a vida sexual, assim como o equilíbrio por parte dos religiosos e educadores, líderes de massas e agentes multiplicadores sociais, que sempre refletem as próprias dificuldades de relacionamento e vivência sexual, abrindo espaços para que múltiplas correntes de condutas, não poucas vezes exóticas, assumam cidadania, mais perturbando os indivíduos em geral, e particularmente as gerações novas, porque desequipadas de esclarecimento.

Arrebentadas as amarras da proibição, o ser humano vem tombando na permissividade, como efeito da demorada castração a que foi submetido anteriormente.

Pareceria que a denominada liberação sexual contribuiria para que as criaturas se realizassem mais e se encontrassem mais equilibradas emocionalmente, o que não vem ocorrendo.

Da mesma forma que o impedimento não produziu pessoas saudáveis, a libertinagem em voga não tem conseguido harmonizá-las, favorecendo, pelo contrário, mais devastadoras condutas e vivências em clãs, grupos isolados, bem como na sociedade como um todo, que se encontra desorientada.

O sexo, convenha-se considerar por definitivo, existe em função da vida e não esta em dependência exclusiva dele.

O ser humano, dessa forma, necessita do sexo, mas não deve viver em sua dependência exclusiva.

Outras finalidades existenciais servem-lhe de objetivo, impulsionando-o a uma vida feliz e plena, através dos ideais e metas que cada qual se impõe, tornando a função sexual complementar, não indispensável.

A questão, portanto, não está em atitude de abstinência física, quanto se pensou durante muitos séculos, nem no abuso das atividades da pélvis, através dos movimentos libertadores, como sugerem alguns bioenergeticistas.

Porém, em um saudável direcionamento das funções com finalidade salutar.

Os dias hodiernos, em que o sexo se transforma em motivo essencial da existência humana, têm produzido mais angustiados e insatisfeitos do que se poderia imaginar, dando margem ao surgimento de ansiosos e frustrados que, considerando a existência como meio para alcançar orgasmos continuados, conduzem ao uso de bebidas alcoólicas, de drogas aditivas e outras estimulantes e responsáveis pela capacidade da função, que deverá sempre ser espontânea e criativa através do amor.

Constitui o amor o mais maravilhoso élan para a vida sexual, ao invés do barateamento da função, que se vem tornando tormentosa idolatria.

Há uma tendência psicológica no ser humano para, quando sai da escravidão e não sabe usar a liberdade, cair na libertinagem dos costumes, na qual se torna mais servo do que senhor, mais limitado do que independente, mais infeliz do que antes.

É compreensível que se aspire e se viva em liberdade, pois a vida e o amor são dádivas de libertação, jamais de coerção e de sofrimento.

O mal uso dessa liberdade é que responde pelas consequências lamentáveis da desarmonia, porque atenta contra os limites que são impostos, como recurso de equilíbrio para a própria existência.

E fácil observar-se nos animais da escala evolutiva quando se buscam, que estimulados pelas necessidades procriativas, exercem o sexo sem tormento, sem culpa, que tão sempre resultados da emoção humana desequilibrada.

A vida em liberdade é aquela que, quando a desfrutamos, faculta os mesmos direitos aos outros seres; que não afronta as leis naturais; que se compraz na realização integral.

Face, portanto, a quaisquer conflitos que se apresentem no comportamento psicológico do indivíduo, a eleição de prioridades para uma existência digna contribui positivamente para a liberdade e a felicidade pessoal.




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Romanos 14:14

Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus que nenhuma coisa é de si mesmo imunda a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda.

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