O Despertar do Espírito

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CAPÍTULO 9

RELACIONAMENTOS HUMANOS

Tudo provém da Unidade e volve à Unidade.

O Universo é Uno na sua constituição, resultado do Psiquismo Divino, que a tudo envolve e dinamiza.

As construções mais complexas são resultado do relacionamento das partículas cujas moléculas se identificam na mesma vibração de força cósmica, sempre constituídas de microformas que se diluem na energia primitiva que constitui a Unidade básica.

Relacionam-se todos os minerais, cuja força de aglutinação de átomos resulta na variedade infinita de formas através das quais se apresentam, possuindo uma vibração ciclópica e especial.

De igual maneira, os vegetais se relacionam intensamente, intercambiando vibrações específicas e pólens que os fecundam e vitalizam, em cujo período desenvolvem espontânea sensibilidade que capta as energias fomentadoras da vida.

O mesmo fenômeno se dá com os animais, agora mais intensamente em razão dos instintos que os propelem aos impulsos vitais, sem os quais se extinguiriam, necessitando-se reciprocamente, e, ao mesmo tempo, preservando com os demais seres viventes o ecossistema.

O ser humano de forma alguma pode viver sem os relacionamentos que lhe constituem fatores básicos para o enfrentamento dos desafios e o desenvolvimento dos valores que lhe jazem interiormente de forma embrionária.

Quando alguém não mantém relacionamentos saudáveis, encontra-se em distúrbio de comportamento que pode ter características patológicas a caminho de agravamento.

Mesmo assim, salvadas as exceções naturais, existem processos inconscientes de identificação com outros do mesmo nível emocional, estruturando um tipo qualquer de relação, embora de natureza agressiva, cruel ou dependente.

Esse mecanismo é essencial para a preservação da saúde física, emocional e mental, em razão de estruturar o comportamento de maneira edificante, quando realizado em equilíbrio, ou facultar transtornos de vária ordem, se proveniente de reações geradas pela antipatia ou pela animosidade primitiva que ainda predomina como guia de conduta.

Quando se observa alguém ou alguma coisa, o processo é feito de reciprocidade, porquanto aquilo ou a quem se vê, por sua vez, observa também o observador.

Em tudo há uma resposta unitária de identificação, trabalhando em forma de relacionamentos energéticos, vibratórios.

Sem tal ocorrência, o sentido da vida humana desapareceria e a sobrevivência dos animais, plantas, assim como a permanência dos minerais resultaria na forma do denominado caos do princípio.

Esse relacionamento pode ser identificado também, nas faixas dos instintos e emoções mais nobres, como o élan vital para o processo de crescimento intelecto-moral a que tudo está destinado pela Causalidade Única.

Os relacionamentos de qualquer natureza oferecem campo para reflexão, quando na área da consciência, por propiciar parâmetros que facultam os comportamentos ideais, mediante análise de cada experiência e dos resultados que ensejam.

O ser humano necessita do calor afetivo de outrem, mediante cuja conquista amplia o seu campo de emotividade superior, desenvolvendo sentimentos que dormem e são aquecidos pelo relacionamento mútuo, que enseja amadurecimento e amor.

Concomitantemente, espraia-se esse desejo de manter contato com as expressões mais variadas da vida, nas quais haure alegria e renovação de objetivos, por ampliar a capacidade de amar e de experiênciar novas realizações.

O fluxo da vida humana se manifesta através dos relacionamentos das criaturas umas com as outras, contribuindo para uma melhor e mais eficiente convivência social.

Nas expressões mais primárias do comportamento, o instinto gregário aproxima os seres, a fim de os preservar mediante a união de energia que permutam, mesmo que sem se darem conta.

O desafio do relacionamento é um gigantesco convite ao amor, a fim de alcançar a plenitude existencial.

E impostergável proposta de desenvolvimento do Eu superior, no qual está a divina semente da Vida, aguardando os fatores propiciatórios para o seu desenvolvimento, atendendo à fatalidade a que está destinado.

Uma velha fábula conta que, numa já remota era glacial, os porcos-espinhos sentiram-se ameçados de destruição pelo frio que reinava em toda parte.

Por instinto, uniram-se e conseguiram sobreviver em razão do calor que irradiavam. Não obstante, pelo fato de estarem muito próximos, uns dos outros, passaram a ferir-se mutuamente, provocando reações inesperadas, quais o afastamento de alguns deles.

Como consequência da decisão, todos aqueles que se encontravam distantes passaram a morrer por falta de calor. Os sobreviventes, percebendo o que acontecia, reaproximaram-se, agora porém, conhecedores dos cuidados que deveriam manter, a fim de não se magoarem reciprocamente.

Graças a essa conclusão feliz, sobreviveram à terrível calamidade...

Trata-se de excelente lição para uma feliz convivência, um produtivo relacionamento, respeitando-se sempre os valores daquele a quem se busca, sua privacidade, seus sentimentos, suas conquistas e prejuízos, que fazem parte da sua realidade pessoal.


Relacionamentos familiares

A família é o laboratório de vivências das mais expressivas de que necessita o ser humano, no seu processo de evolução, porquanto, no mesmo clã, os indivíduos são conhecidos, não podendo disfarçar os valores que os tipificam.

Aceitos ou repudiados por motivos que procedem de existências pretéritas, o grupo familial faculta o romper dos laços do egoísmo, a fim de que a solidariedade e a lídima fraternidade se desenvolvam efusivamente.

No recesso da família renascem os sentimentos de afinidade ou de rechaço que os Espíritos preservam de outros relacionamentos felizes ou desventurados em reencarnações transatas, refluindo consciente ou inconscientemente como necessidade de liberação dos conflitos, quando forem dessa natureza, ou intensificação da afetividade, que predispõe às manifestações mais significativas do amor além da esfera doméstica.

O élan que se estabelece no lar tem valor decisivo, muitas vezes, na conduta do indivíduo, onde quer que se encontre, tornando-o inibido, introvertido ou jovial, agradável como efeito das ocorrências do ninho doméstico.

Os Espíritos antipáticos entre si, quando se reencontram na família, unidos pela consanguinidade, expressam essa aniO Despertar do Espirito mosidade de muitas formas, o que gera transtornos cuja gravidade tem a dimensão dos problemas vivenciados.

Por outro lado, quando existe compreensão e fraternidade, os relacionamentos se fazem saudáveis e enriquecedores, ampliando os horizontes do afeto, que se expandem em todas as direções, qual rio generoso que se espraia em campo aberto, irrigando o solo e dando vida mais abundante por onde passa.

O relacionamento no lar constitui preparação para as conquistas da solidariedade com todos os seres, não apenas os humanos, porquanto o desenvolvimento dos valores intelecto-moráis proporciona aspirações mais amplas que vão sendo conquistadas à medida que o individuo amplia a capacidade volitiva de amar.

Essa volição propele-o à compreensão das dificuldades que os relacionamentos às vezes enfrentam.

Somente há legítimo relacionamento, que poderá ser considerado saudável, quando as pessoas ou os seres que intercambiam as expressões de afetividade ou de interesse comum, mesmo que discordando de ideias e posturas tomadas, agem em clima de agradável compreensão, ensejando o crescimento interior.

Nos relacionamentos agressivos, que em muitas ocasiões surgem no instituto da família, os opostos encontram-se em conflito recíproco, e sentindo-se impossibilitados de amar, reagem, uns contra os outros, deixando transparecer a presença dos sentimentos magoados.

Quando morre a emoção do amor, dando lugar à indiferença, é que se faz muito difícil o relacionamento, porque desaparecem as manifestações da vida pulsante e rica de aspirações.

Mede-se o desenvolvimento e a maturidade psicológica de uma pessoa, quando o seu relacionamento no lar é positivo, mesmo que enfrentando clima de hostilidade ou de indiferença, que o prepara emocionalmente para outros cometimentos na convivência social.

No abismo dos conflitos que se apresentam em muitas personalidades enfermiças, o medo de amar, a desconfiança por saberem-se não amadas, o receio de terem identificadas as sua facetas tormentosas, criam impedimentos a uma boa relação no lar, pórtico de sombras que passa a ser para os futuros envolvimentos na sociedade.

A postura taciturna, constrangida, silenciosa, quase hostil, se revela um recurso psicológico de defesa do Ego, para continuar no comando das reações mórbidas que se negam à terapia da renovação interior.

E tudo quanto não se renova tende a desaparecer, a extinguir-se.

Representando a família a mais valiosa célula do organismo social, é nela que se encontram os Espíritos necessitados de entendimento, de intercâmbio de sentimentos e de experiências, de forma que o lar se faz sempre a escola na qual os hábitos irão definir todo o rumo existencial do ser humano.

O instinto gregário, que predomina no animal e se expande ao ser pensante, estimula o Ego ainda não doentio à preservação do clã, gerando apegos que constituem automático recurso de que se utiliza para a defesa dos seus...

Os interesses gravitam em torno do grupo doméstico, desenvolvendo a capacidade interior de zelo e proteção, que será ampliada mais tarde para todo o grupo social onde se movimenta, e, naturalmente, para a humanidade que lhe é a grande e legítima família.

Por serem profundos e inevitáveis os relacionamentos domésticos, positivos ou não, apressam o desenvolvimento da afetividade que prepondera, quando negativos, em forma reagente, porém viva, e quando saudáveis, em mecanismos de evolução que apressa a lídima fraternidade.

No geral, as pessoas temem os relacionamentos mais sérios, porque não desejam ser magoadas, acreditando que não lograrão a compreensão nem o apoio de que necessitam, preferindo uma atitude de distância, o que tampouco as impede de experimentar outro qualquer tipo de constrangimento.

Tal atitude, inegavelmente conflitiva, resulta em tormento para quem assim se comporta, porque se sente expulso do contexto, não obstante essa atitude seja de eleição própria.

Não há crescimento psicológico sem o enfrentamento de problemas, sem o atrito das emoções, particularmente na área da afetividade que é campo novo para o ser, quando treina mais fortes e valiosas expressões de amor.

Quando, porém, alguém não consegue evitar os constrangimentos domésticos, porque outrem - aquele a quem desejaria ser simpático - se recusa à mudança de atitude hostil, é possível tornar o problema um valioso recurso para a prática de tolerância, tentando compreender a sua dificuldade, desculpando-o pelo estágio primário em que ainda permanece, mas tratando de não se deter no aparente impedimento, e crescendo sem amarras emocionais com a retaguarda.

E verdade que não se pode impor o amor, no entanto, não menos verdade é que a pretexto de amar, ninguém se deve deixar permanecer estacionado no obstáculo que defronta.

À medida que se cresce, mais soma de recursos se acumula para distendê-los àqueles que se encontram em faixas menos evoluídas, auxiliando-os com lúcida afeição fraternal.

Quando não vicejam sentimentos felizes na família - que se apresenta dispersiva ou sempre mal disposta, egoísta ou agressiva -, a melhor terapia para um bom relacionamento é aquela que não envolve as emoções, evitando-se dilacerações sentimentais, porquanto os menos equipados de grandeza moral são insensíveis às palavras e aos gestos de ternura, caracterizando-se pela forma brutal de comportamento.

Assim, então, cabe, a quem deseja o amadurecimento, a permanência no cultivo de pensamentos salutares, estimando as boas leituras e evitando as expressões chulas, tão do agrado dos Espíritos mais primitivos, preservar-se do nivelamento pela vulgaridade e assim exigindo o crescimento emocional e moral de quem lhe comparte a convivência.

Os relacionamentos familiares são particulares testes para a fraternidade, desde que o campo é fértil para as discussões, as agressões, as discrepâncias, mas também para a compreensão, a ajuda recíproca, o interesse comum, mediante cujas ocorrências, dá-se naturalmente a integração do ser na convivência social.

Quando alguém experimenta conflito no lar e não consegue superá-lo, o mesmo seguirá por onde fôr, porquanto, sendo de natureza interior, necessita ser diluído antes que superado.

A fornalha mais preciosa para o amoldamento do caráter e da personalidade é o lar.

Quando esse falta, deixando o ser em formação em mãos estranhas ou ao abandono, o sofrimento marca-lhe o desenvolvimento psicológico, que passa a exigir terapia de amor muito bem direcionada, evitando-se os apelos de compaixão, de proteção injustificada, para se tornar natural, franco, encorajador, e que faculte a compreensão do educando sobre o fenômeno que lhe aconteceu, mas em realidade não lhe pode afetar a existência, desde que se trata de uma ocorrência proposta pelas Leis naturais da Vida.

O ser humano, em qualquer fase do seu desenvolvimento na Escola terrestre, é sempre aprendiz sensível a quem o amor oferece os mais poderosos recursos para a felicidade ou para a desdita, dependendo de como esse seja encaminhado.

O lar, desse modo, é oficina de crescimento moral e intelectual, mas sobretudo espiritual, que deve ser aprimorado sempre, abrindo espaço para tornar-se célula eficiente da soO Despertar do Espirito ciedade.


Relacionamentos com parceiros ou cônjuges

Os relacionamentos de qualquer natureza dependem sempre do nível de consciência daqueles que estão envolvidos.

Havendo maturidade psicológica e compreensão de respeito pelo outro, facilmente se aprofundam os sentimentos, mantendo-se admirável comunhão de interesses e afinidades, que mais se intensificam, à medida que as circunstâncias permitem o entrosamento da convivência.

Quando se trata de um relacionamento que envolve a comunhão sexual e os interesses se mesclam com os desejos de posse e de prazer hedonista, a convivência tende a desmistificar o encantamento inicial, dando lugar a futuros desinteresses, ressentimentos e, não raro, ódios e desejos de vingança, o que é sempre muito lamentável.

Sob o influxo da libido, a busca do relacionamento com parceiros, conjugais ou não, é normalmente feita sob paixão e irreflexão.

A conquista do outro se torna fator essencial para a harmonia momentânea do indivíduo.

Todos os sentimentos são acionados e a criatividade se desenvolve, de modo a propiciar apenas a meta anelada.

Conseguido o objetivo, diminui lentamente o prazer da convivência, que cede lugar ao tédio, à falta de diálogo, à morte da comunicação, intercâmbio esse que é fator essencial para um relacionamento agradável, mesmo quando não plenificador.

Centralizando os objetivos da existência no sexo, muitas pessoas acreditam que somente ao encontrarem alguém capaz de as completarem, é que terão conseguido o momento culminante da jornada humana.

Esquecem-se, no entanto que, passadas as novidades, tudo se transforma em rotina, especialmente quando os interesses egóicos recebem primazia e se fazem responsáveis pelas motivações do eventual encontro.

Porque são destituídos de maturidade e respeito humano profundo, essas relações são sempre efêmeras e deixam sinais de amargura, quando não se facultam terminar com rancores danosos para a emoção de algum dos envolvidos, ou não produzem maior dilaceração na alma de ambos.

Qualquer tipo de relacionamento deve ter como estimuladores a amizade, o desejo honesto de satisfações recíprocas, sem que haja predominância de uma vontade sobre a individualidade de outrem.

Pela necessidade de conviver, a amizade desempenha um papel fundamental em qualquer tipo de conduta, abrindo espaço para uma gentil identificação de propósitos e de permuta de valores, que constituem elementos de intercâmbio sempre feliz, facultando o crescimento dos interesses humanos e das realizações que proporcionam bem-estar.

Indubitavelmente, esse sentimento pode originar-se no inicial interesse da libido que desperta para a busca de outro ser, na necessidade de companheirismo, na ânsia normal de amar e de ser amado, no prazer do intercâmbio pela palavra, pelos ideais, pelas metas existenciais...

No entanto, a compreensão dos direitos do outro deve prevalecer como normativa de bom relacionamento, a fim de que não advenham as imposições infantis do egocentrismo, das chantagens emocionais, dos pieguismos desagradáveis.

Todo relacionamento deve enriquecer aqueles que se encontram envolvidos, porquanto produzem identificação de metas e meios para serem conseguidos.

E natural que o céu de qualquer relacionamento nem sempre seja tranquilo, particularmente quando são parceiros que comungam mais profundamente as expressões do amor, trabalhando em favor da família, mantendo a estrutura do lar, o equilíbrio dos filhos e de outros familiares.

Não obstante, as nuvens das incompreensões logo são aclaradas pelo sol da razão que chega através dos diálogos saudáveis, facultando o entendimento daquilo que permaneceu obscuro.

A fidelidade no relacionamento com parceiro conjugal ou não, quando há compromisso sexual, é preponderante, porque demonstra a autenticidade do sentimento que a ambos envolve.

Quando se apresentam falsas necessidades de novas experiências, defrontam-se transtornos emocionais, insegurança psicológica, debilidade de caráter ou futilidade ante a vida...

A promiscuidade de qualquer natureza é sempre síndrome de desequilíbrio emocional e de primarismo moral.

A vida é feita de conquistas, e a monogamia representa um momento culminante da evolução sócio-moral, quando os homens e mulheres compreenderam a necessidade do respeito mútuo, sem privilégios para um ou para outro sexo em predomínio aviltante sobre o parceiro.

O indivíduo, quando opta por um relacionamento com outrem, desejando maior intimidade - e a comunhão sexual representa o instante máximo de entendimento entre duas pessoas, sem o que as frustrações se fazem de imediato deve pautar a sua conduta em linhas de equilíbrio e dignidade, de modo a proporcionar àquele a quem busca a segurança psicológica para uma convivência confiante, relaxada, tranquila, sem o que sempre haverá desconfiança e ansiedade trabalhando perturbadoramente no convívio.

Faltando esses valores, que são imprescindíveis para que se estabeleçam e permaneçam os momentos de prazer e de paz, há somente predominância de paixões asselvajadas, no primarismo dos instintos de posse e de gozo, que produzem incêndios de sensações sem compensação emocional profunda e tranquilizante.

Mesmo quando os parceiros se comprazem e se sentem harmonizados, o medo de amar em profundidade manifestase de maneira falsa, disfarçado sob a justificação de que o matrimônio é escravidão, encarceramento, perda de liberdade...

O raciocínio infantil peca por falta de estrutura de lógica, porquanto, toda vez que se ama a outrem e se mantém um sentimento honesto, a liberdade, que antes era total, agora se expressa através da compreensão de que aquele que o acompanha faz parte do programa da sua existência, queira-o ou não, exceção feita, quando esse convívio é aventureiro, sem profundidade, destituído de moralidade e de saúde emocional.

Os indivíduos neuróticos, psicóticos, porque desconhecedores do Si profundo que são, transferem as suas inseguranças e desequilíbrios para quem lhes comparte a existência, não desejando vincular-se-lhe, o que lhes impõe responsabilidade, antes desejando dominar e ser livres quão irresponsáveis, transferindo as suas cargas de desajustes para os ombros de quem os ama ou por eles se interessa.

Essa conduta diz respeito também àqueles que acreditam que não merecem a felicidade, que se encontram no mundo para sofrer e que perderam o paraíso, atirados a este mundo de pesadelos e de amarguras...

Tal conduta masoquista e mórbida necessita de terapia conveniente e cuidadosa antes de ser encetada a busca de relacionamentos exitosos, porque qualquer tentativa nesse sentido já se assinala como fracassada, em razão da ausência de compreensão do direito que todos têm de ser felizes, mesmo na Terra, já que a felicidade total não sendo do mundo, conforme acentuou Jesus, tem as suas raízes nas experiências de evolução no mundo, que é a abençoada escola das almas.

As castrações psicológicas, heranças dos sentimentos de O Despertar do Espirito culpa e de pecado, que provêm do passado, têm perturbado mais a Humanidade do que as guerras cruéis, que têm por meta o extermínio de povos e de raças, porquanto, na raiz desses conflitos, aqueles que os desencadeiam são psicopatas, vitimados por insânia visível ou virulentamente mantida nos arcabouços do inconsciente que os comanda nas atitudes e decisões infelizes.

Todo fomentador de luta insana é desvairado em si mesmo, embora a máscara com que disfarça a hediondez, e não conseguindo fugir da culpa que o persegue, procura atirá-la naqueles a quem combate em mecanismo doentio de transferência.

A afetividade é passo avançado no processo dos relacionamentos, principalmente quando se trata daquele que mantém comunhão sexual.

Todo relacionamento conjugal ou compromisso emocional com parceiro afetivo é um investimento emocional, correndo o risco de não se coroar da satisfação que se espera auferir.

Isto porém ocorre em todos os fenômenos da vida humana e social.

Quando os resultados não são opimos, fica a valiosa lição da aprendizagem para futuros e melhores tentames de felicidade.

O risco em qualquer empreendimento sempre constitui um desafio para o crescimento interior, sem o qual nenhuma tentativa é realizada para o desenvolvimento intelecto-moral do ser.

Qualquer experiência encetada nunca está assinalada antecipadamente pela exatidão dos resultados positivos e exitosos.

Um relacionamento conjugai, mesmo sem o vínculo matrimonial, porém responsável, une duas pessoas em uma, sem retirar os valores individuais de cada qual.

A identificação faz-se lenta e seguramente à medida que se vão conhecendo os interesses e comportamentos que possuem, trabalhandose para a harmonização de conduta, mesmo quando não se apresentem equivalentes.

Manter-se a própria individualidade, sem ruptura da personalidade do outro, é atitude de segurança no convívio de duas pessoas que se amam.

Em um relacionamento feliz, a pessoa nunca se encontra autodefensiva, mas auto-receptiva, sabendo que todos os fenômenos daí decorrentes são aprendizagens para futuros comportamentos.

Tratando-se de duas pessoas que se aproximam, é totalmente improvável que sejam iguais, no sentido de serem destituídas de personalidade, e que tenham sua forma de ser e de encarar a vida, não sendo obrigadas a mudar de conduta, somente porque se vinculem a outrem.

Ocorre que a presença do amor faz que as diferenças de opinião e de comportamento diminuam as distâncias, preencham os abismos de separação, colocando pontes de afinidades e de interesses.

Desde que não haja a paixão de um impor a sua forma de pensar e de agir sobre o outro, nenhuma diferença constitui impedimento, quando são respeitados os direitos de continuar a viver conforme melhor aprouver, sem agredir a quem comparte a convivência.

Quando, porém, os indivíduos se escondem de si mesmos e buscam os relacionamentos com o pensamento de se manterem silenciosos e ocultos, sem que pensem em repartir os espaços interiores da afetividade plena, a dissolução do vínculo afetivo logo se faz, mesmo porque não chegou a ser realizado.

Assim, para que o relacionamento dessa natureza seja saudável, dependerá de ambas as partes, crescendo sempre na busca do melhor entendimento, mantendo suas próprias raízes, sem as alterar somente porque deseja agradar o outro, o que constitui uma ilusão, já que ninguém pode viver ao O Despertar do Espirito lado de outrem que somente quer ser agradado sem o interesse de brindar o equivalente ao que recebe.

A presença da super-mãe, protetora e vigilante está projetada na esposa ou na companheira, que nunca deve aceitar essa transferência da personalidade infantil e não desenvolvida do seu parceiro.

Num relacionamento feliz não há manipulação nem mistificação, mas autenticidade sem agressividade e verdade sem rudeza...

Avançando na direção da meta de repartir alegrias e compartir júbilos, os relacionamentos, conjugais ou não, serão sempre saudáveis.


Relacionamentos sociais

Todo aquele que adquire madureza emocional no grupo familial e no conjugal, está preparado para os relacionamentos em esfera mais ampla, no agitado mundo dos interesses sociais.

Os relacionamentos sociais são de vital importância para os seres humanos.

Quem não se relaciona no grupo social desintegra a personalidade e atormenta-se em sentido crescente.

O calor humano, no inter-relacionamento social, constitui fator básico para o crescimento psicológico, desenvolvendo a área da afetividade com toda a gama de sentimentos profundos que existem em germe no imo de cada ser.

O impositivo do instinto gregário responsável, de algum modo, pela sobrevivência das espécies animais, induzindo à convivência no grupo, desvela-se mais amplamente em emoções superiores que emulam à espiritualização, quando os sentimentos fraternais superam os níveis que agrilhoam o indivíduo aos automatismos primários.

O relacionamento social tem início quando o ser humano compreende a estrutura de tudo quanto o cerca e deixa-se envolver pelo ambiente em que vive, tornando-se parte ativa do mesmo.

Relaciona-se então com os minerais, desenvolve os sentimentos de respeito e de admiração pelos vegetais, amplia a capacidade de amparo aos animais, trabalhando pela preservação de todas as formas viventes e, por fim, irradia-se na direção das demais pessoas como membros reais da sua família, partes integrantes que são da sua vida.

Nos reinos inferiores, o relacionamento é vivido apenas por parte daquele que pensa e que sente racionalmente, porquanto neles, ainda não existindo uma consciência que possa responder pelos sentimentos que lhes são direcionados, a doação é unilateral, com uma consequência sutil para quem a proporciona - o prazer de estar vivo e partilhar de todas as formas da vida.

Nos vegetais e nos animais, no entanto, essa experiência já se faz em dupla via, porquanto existe sensibilidade e, nos últimos, a presença de uma percepção mais desenvolvida, que permite a captação e a retribuição de tudo quanto lhes é direcionado.

Entre os seres humanos é que surgem os grandes desafios psicológicos, aqueles que decorrem do nível de consciência individual, do seu desenvolvimento de sentimentos, do estágio de maturidade em que cada qual se encontra.

Por essa razão, é indispensável que sejam criadas emoções que facultem união, intercâmbio, a fim de serem atingidos os objetivos básicos da existência corporal, que são as expressões da lídima fraternidade.

Nessa busca saudável de comunhão com os semelhantes, a alegria se irradia em forma de otimismo e de esperança, que são fundamentais à existência equilibrada.

Todo ser humano é portador de força criadora que se desenvolve através do relacionamento com outro da mesma espécie.

Para o êxito do cometimento, torna-se fundamental o autodescobrimento, a fim de serem identificados o lado negativo que faz parte da personalidade, a face escura desse poder natural, evitando que predominem nas relações que sejam estabelecidas.

Enquanto forem ignorados esses ângulos ainda deficientes e perturbadores, os desentendimentos entre aqueles que se buscam, fazem-se predominantes ao invés das identificações que os devem unir, porque cada qual pretende impor-se sobre o outro, olvidando que nessa atividade de relacionamentos não há valor que se sobreponha ou que se submeta, mas que todos se encontram no mesmo patamar de interesse e de significação estabelecendo linhas de perfeito respeito recíproco.

O bom relacionamento é aquele que resulta do contato que inspira, que emula e que proporciona bem-estar, sem conteúdos temerosos ou repulsivos, geradores de ansiedade e de mal-estar.

Cada pessoa tem algo para oferecer ao grupo social no qual se movimenta, e esse contributo é importante para o conjunto, que o não pode prescindir.

Qualquer imposição que decorra do capricho egóico de algum dos membros, torna-se fator de impedimento para a saudável formação da sociedade.

É por isso que os dominadores, os poderosos, aqueles que se impõem, tornam-se sempre temidos, mas nunca amados.

As pessoas que normalmente os cercam e os homenageiam, com as raras exceções que se referem àqueles que se encontram no mesmo patamar de consciência e com eles se identificam, têm interesse pela posição efêmera de que desfrutam, pelas migalhas da projeção humana, porque são incapazes de se fazerem notados pelas conquistas éticas, culturais ou de qualquer outra natureza superior, rastejando no nível mais servil e aproveitando-se daquela situação infeliz.

Desse modo, o indivíduo que admite a própria fragilidade, a sua humanidade, e compreende a necessidade da presença de outrem para avançar, está preparado para a convivência social, para um relacionamento eficaz. Enquanto nele predominem a presunção e a exclusiva autossatisfação, defrontará muitas dificuldades para se harmonizar na sociedade, porque não pode vencer a ambição mórbida da autoprojeção.

Quando alguém se nega o esforço de adquirir a capacidade de autopenetração, para que sejam identificados os problemas internos, e se apresenta a necessidade da fuga do convívio com o grupo social para uma existência solitária, está delineando o seu comportamento neurótico, que o expulsa do organismo geral, a fim de que estertore na problemática dos tormentos que se impõem, e inconscientemente neles se compraz.

Torna-se de alto significado, para um exitoso relacionamento social, que o indivíduo tenha a coragem de considerar a própria crueldade, os sentimentos ambíguos, os receios interiores, as inseguranças e a agressividade pessoal em uma análise honesta das dificuldades que lhe são peculiares, buscando superá-las, a fim de que não haja transferência de responsabilidade para outrem, ou consciência de culpa quando qualquer insucesso se manifestar nos intercâmbios buscados.

Quando se é capaz de vencer as imperfeições, sem as direcionar para os outros, tem-se condição para convívios saudáveis, harmônicos, o que não impede a ocorrência de desajustes e incompreensões que podem ser discutidos e diluídos, tendo-se em mira o objetivo de construir uma boa sociedade.

Um relacionamento psicologicamente maduro é sempre sustentado pela lealdade da convivência, na qual os propósitos que vinculam os indivíduos entre si são discutidos com naturalidade e sentimento de aprendizagem de novos recursos para o bom desempenho social.

Sendo cada pessoa um elo da imensa corrente que deve reunir todos os homens e mulheres, o ajustamento emocional ao grupo é indispensável, contribuindo para o fortalecimento da estrutura comportamental de todos.

A vida é uma mensagem de harmonia e de prazer, que emula à conquista de novos patamares de felicidade.

Sem esses instrumentos de estimulação, os transtornos emocionais se instalam e o sentido de júbilo cede lugar à depressão e à infelicidade, que passam a constituir o cotidiano daquele que derrapa nas sombras dos desajustes emocionais.

Quando ocorrerem desencontros nos relacionamentos sociais, ninguém se deve permitir a veleidade de acusar o outro; antes manter-se consciente de que ambos se encontram com dificuldades para uma boa identificação de interesses.

Normalmente acionadas pelos apetites sexuais, muitas pessoas acreditam que, em qualquer relacionamento, a libido deve desempenhar papel de alta importância, determinando a profundidade e o tempo de manutenção da convivência, não se sentindo capazes de manter vinculações destituídas desse tipo de jogo de prazer.

Em tais casos, a insegurança e a imaturidade do indivíduo respondem pela forma de considerar o comportamento social, que deve ser colocado acima das sensações rápidas do desejo carnal.

Nessas buscas, em que se caracterizam os instintos primários, os resultados que se fruem são sempre fugidios e fastidiosos, exigindo sempre variações novas que mais atormentam do que plenificam, por isso mesmo, insuficientes para contribuírem em favor da construção e preservação de um grupo social harmônico.

Mesmo quando o relacionamento tem por meta a satisfação sexual, se não existir maturidade psicológica nos parceiros, é óbvio que, passada a consumpção do ato, o tédio e o desinteresse dominem o indivíduo que nele não situa a conquista de objetivos mais profundos.

A criatura humana é muito mais do que os impulsos instintivos dos desejos servis.

Espírito imortal que é, encontrase programada para a superação das experiências primárias vivenciadas, rumando na direção dos sentimentos sublimes que lhe são a herança divina dormindo nos refolhos do ser.

A sociedade equilibrada deve funcionar como uma orquestra afinada executando especial obra sinfônica, na qual predomina a harmonia dos movimentos e das notas musicais sob a regência feliz do ideal que proporciona alegria e paz.

Para que isso seja logrado, o amor desempenha um papel especial: o de conseguir superar as dificuldades naturais da fase inicial de identificação, quando todos ainda não se conhecem e mantêm o compreensível receio de suscetibilização de um em relação ao outro, ou de não poderem corresponder ao que de cada qual é esperado.

O amor, em qualquer situação, produz enzimas psíquicas que contribuem eficientemente em favor do metabolismo social, produzindo o quimismo necessário à renovação de todas as suas células e do organismo total como efeito inevitável.




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