Messe de Amor

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CAPÍTULO 4

DISCIPLINA

Em toda a Criação vibra a mensagem paternal da ordem divina.

A pequenina planta, alçando-se em busca da energia solar que a sustenta.

O astro-rei, girando submisso em torno de outro que lhe serve de berço.

O verme, rastejando na limitação dos recursos de que dispõe.

As águas domadas nas represas, produzindo força elétrica que movimenta o progresso.


* * *

Quando o desrespeito irrompe na máquina da ordem, campeia a tormenta e o desequilíbrio.

A ordem é irmã gêmea da disciplina que sustenta a produção e inspira o progresso.

Em ti mesmo, a reencarnação significa escola de iluminação, mas também cárcere disciplinar, em cuja oportunidade adquires recursos e valores que te propiciam liberdade e ascensão.

Teus ruídos incomodam os vizinhos, que te observam com desagrado.

Tuas irritações contaminam os amigos, que se encolerizam.

Tuas agressões à lei ferem a sociedade, que te cerceia a liberdade de ação.

Na mesma razão, tuas lutas enobrecedoras tornam-se conhecidas.

Os sorrisos sadios que distribuis, espalham contentamento.

As doações de amizade pura enriquecem os companheiros das lides.

Os celeiros da esperança, que abres aos transeuntes, fartam muitos corações.

No entanto, necessitas de disciplinar o receber, tanto quanto metodizar o dar.

Não receberás da Vida Fecunda concessões indébitas, em detrimento de outros espíritos.

Porque desejes mudar a rota solar para fruir maior dose de luz e calor, este não mudará o seu rumo para atender-te; segue a trilha gigante que o disciplina na órbita e o submete.

Educas o animal inferior para utilizá-lo nos serviços domésticos. No entanto o cão que defende um lar é o mesmo que ataca o invasor da propriedade. Disciplina do instinto.

A madeira que serve de leito é irmã da palmatória que pune.

Disciplina para o uso.

A água, que atende a sede, nasce na mesma fonte da que dá o veículo para o veneno. Disciplina na utilidade.

A mão que aplaude é a mesma que fere. Indisciplina de aplicação, porque o corpo é servo da vontade.

Considera, ainda, que o vaso útil para as necessidades domésticas nasceu do barro lodacento.

A forma que recebe a pasta alimentar é utensílio surgido da folha de flandre (3) humilde.

A luz elétrica, que clareia, surge na força ciclópica que estava a perder-se.


* * *

Para preencher a função a que se destina, cada coisa necessita da adaptação que a disciplina impõe.

Como disciplina, entende-se o conjunto de deveres nascidos na ordem imposta ou consentida.

Mesmo a Verdade, para chegar ao homem, é dosada em quotas que o vitalizam.

A luz solar, que distende a vida sobre a terra, é filtrada e medida para atender às necessidades previstas pelo Pai Celeste, sem causar danos.

A felicidade do homem decorre, pois, da disciplina que este se impõe.

Educação da vontade.

Correção dos atos.

Moderação da voz.

Domínio dos impulsos.

Ordem nas atividades e deveres, mantendo um alto padrão de respeito e moderação nas tarefas naturais.


Recorda, assim, a expressão do Mestre Jesus:

— "Eu não vim destruir a Lei, mas dar-lhe cumprimento. "


nota

(3) Nota digital: A folha de flandres ou simplesmente flandre é um material laminado estanhado composto por ferro e aço de baixo teor de carbono revestido com estanho. Geralmente é utilizado na fabricação de latas para acondicionamento de certos alimentos e de óleos, além de utensílios domésticos e industriais devido à sua alta resistência à corrosão, mas também tem aplicações para embalagens de tintas e outros produtos químicos.




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