Messe de Amor
Versão para cópiaHERÓIS
Passam ignorados, no trabalho anônimo do dia a dia, construindo a felicidade em torno dos próprios movimentos.
Mães humildes que se desdobram nos labores domésticos, desenvolvendo atividades múltiplas para enriquecerem de saber e dignidade os rebentos que buscam a escola e a oficina de trabalho...
Corações que alongam as mãos em concha da caridade, em serviço de socorro e carinho aos semelhantes...
Trabalhadores anônimos que se afadigam nas lutas diárias para que o escasso pão não falte à mesa humilde...
Garis apagados, que a enfermidade vence, lutando pela preservação do honrado tugúrio onde realizam o culto sublime da família.
Vivazes mocinhas que colorem a face, ao impacto do pudor ferido, nos modestos trabalhos para que não mingue e desapareça o parco recurso com que atendem à mãe enferma, em enxerga humílima...
Jovens estudantes do currículo noturno que se esforçam após as tarefas pesadas, para se enriquecerem de luz a fim de avançarem na vida...
... Estão em todos os lugares, confundidos, porém ignorando o próprio valor.
Sobre as suas renúncias silenciosas o Cristo está estabelecendo novas bases de esperança, que darão início aos nobres santuários da felicidade real.
Há, igualmente, outros heróis!
Aclamados pelo mundo recebem o respeito das multidões, assinalando com sua passagem as épocas em que viveram.
Alguns mergulharam nos gabinetes de pesquisa e tudo aplicaram para salvar a Humanidade com a contribuição das lutas santificantes em que se empenharam, infatigáveis.
Silenciosos outros, nas salas hospitalares, distenderam mãos habilidosas para conquistarem vidas que a morte buscava, em intervenções cirúrgicas de alto valor.
Encanecidos, outros mais, sobre livros, abrem janelas para que a luz do entendimento penetre nas almas, educando, guiando, salvando...
Engenheiros e sacerdotes, advogados e cientistas, estadistas e legisladores, renovadores da face da Terra e mantenedores da paz social, realizando uma nova sociedade.
Há ainda os heróis que voltaram dos campos de batalha, marcados por estilhaços de obuses (9) e granadas, feridos ou inquietados, após as lutas de. horror em que buscaram preservar a dignidade e a paz dos que ficaram no lar, na família...
Todos, porém, necessitando de paz, de amor, de entendimento...
Homens e mulheres que as circunstâncias ergueram, uns ao pedestal da fama, outros ao poste do sacrifício, colaboradores todos da obra do Nosso Pai do Céu entre as criaturas da Terra.
Quando os conheças, ora e respeita-os; quando os encontres, pensa no exemplo deles e considera-os; quando saibas os seus nomes, ama-os embora à distância, ajudando-os com o teu carinho.
Também eles amam, sorriem, choram e sofrem...
Alguns — almas de escol enjauladas na carne — abrem clareiras para o pensamento e os homens; outros — espíritos resolutos e endividados em resgates imperiosos —, distendem as lições superiores do exemplo e do dever, mas todos obreiros da Vida Maior para que a linguagem do bem não desapareça sem eco entre as aflições da Terra.
E, se possível, não os perturbes, ajudando-os a concluírem as tarefas em que se empenham pela própria felicidade, no culto do dever.
Mme. Curie, depois de celebrizada, viu-se constrangida a usar de energia, expulsando do lar os importunos e os admiradores, para poder continuar a estudar e a trabalhar o rádium, em cujo limiar chegara a Física com o seu esforço e em cuja luta sucumbiu, por ele vencida, para salvar a vida de milhões.
Ajuda-os também.
Nota
(9) Nota digital: Obus 1- Projétil de forma cilindro-ogival, lançado por uma boca de peça de artilharia; bomba; granada; morteiro. 2 - Pequena peça de artilharia semelhante a um morteiro, com a qual se atiravam granadas, bombas, metralha e fogos de artifício.
Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 40.
Para visualizar o capítulo 40 completo, clique no botão abaixo:
Ver 40 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?