Messe de Amor

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CAPÍTULO 8

QUEIXAS

Espanca a nuvem da queixa com os instrumentos de segurança plena, e apaga a fogueira da impulsividade que te impele aos atos impensados, afastando-te dos deveres para com a vida.

A queixa pode ser comparada a um ácido perigoso que sempre produz dano.

Na reclamação surge a maledicência que encoraja a calúnia, fomentando o desrespeito.

Todos guardamos compromissos com o passado, que ressurgem no presente como espinheiros da aflição, retificando erros, corrigindo distonias, reforçando a segurança.

Em razão disso, toda dificuldade pode ser considerada como favor da Lei Divina, concedendo ensejo à simplificação e ao reajuste da alma.

Aquilo que se nos afigura provação indébita, é somente resgate indispensável.

O obstáculo que nos cerceia o avanço, impedindo-nos o êxito na Terra, embora passageiro, pode ser aceito como dádiva da vida ou favor celeste.

Não vitalizes, desse modo, os próprios problemas com a dilatação da queixa.

Enquanto reclamamos, espalhando o nosso amargor, difundimos o lado negativo da oportunidade de reparação, ofertando desânimo e tristeza.

Cada alma reclama um coração que saiba escutar, e amigos que se disponham a ouvir, num testemunho de solidariedade.

No entanto, enquanto a queixa, em forma de revolta íntima, flui pelos nossos lábios, desperdiçamos o favor da hora, gastando indebitamente o tempo precioso de realizar e produzir em favor de nós mesmos.

O queixoso aclimata-se à lamentação e emaranha-se nos cordéis da teia em que se prende.

Guarda sempre o azedume.

Carrega noite no espírito.

Enquanto se detém no vão escuro do amor-próprio ferido, a pérola dos minutos muda de lugar, deixando-o de mãos vazias.

Reclamar pode ser traduzido na linguagem do dever como rebeldia, e a queixa pode ser interpretada como insubordinação.

Não vale muito fugir ao ressarcimento na dor, complicando o problema, que retornará como fornalha de fogo e aflição para a devida solução. A tarefa não executada volverá, hoje ou amanhã, para o necessário refazimento.

Ultrajado e preso entre zombarias e bofetões, o Senhor desceu do Monte das Oliveiras, cercado por sequazes do poder temporal, que ostentavam varapaus e archotes, para o supremo escárnio, sendo recolhido ao presídio, em absoluto silêncio, no qual buscava comungar com o Pai, haurindo, na Fonte Divina, a força para a vitória final.

Envolve nos tecidos do silêncio as tuas amarguras como Ele mesmo o fez.

Guarda n’alma o compromisso com o sofrimento, serenamente, de espírito robusto e coração confiante, arrimado à tolerância.

A fonte gentil vence a lama do fundo, para atender ao sedento que lhe roga linfa cristalina.

Vence as dificuldades onde quer que as encontres, e atravessa o sítio lodacento em que te demoras.

Não apresentes queixas à cordialidade dos amigos que te buscam.

Não te animarias a oferecer àqueles, a quem amas, borralho e cinza nos vasos da afeição, nem vinagre ou fel na taça da amizade.

A queixa cria pessimismo e estimula a ociosidade.

Ajusta o espírito à disciplina que corrige, para que a espontaneidade enfloresça os teus atos.

Honra os teus amigos com a esperança mediante um sorriso confiante.

Estende a palavra afável a quem te cerca de afeição, porquanto, embora esse coração amigo te pareça um bom ouvinte, abastecido de força e coragem, é, possívelmente, alguém lutando consigo mesmo, à cata de quem lhe oferte o lenitivo que parece possuir, para a dor do coração que se encontra em chaga aberta.




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