Vidas Vazias

Versão para cópia
CAPÍTULO 18

SEMPRE É NATAL

Nenhum vulto histórico destacou-se no cenário da humanidade conforme a criança da gruta de Belém, que se transformaria no Ser mais extraordinário de todos os tempos.

Repentinamente houve mudança brusca nas paisagens morais da Terra.

No Império Romano, que sempre estivera em guerra, no momento em que Otaviano, do Segundo Triunvirato, dominava a sós praticamente o mundo conhecido, instaurou-se um período de relativa paz.

As legiões cuidavam agora das terras conquistadas e, na gloriosa capital, a filosofia e a arte convidavam à reflexão e à beleza.

Uma psicosfera de quase harmonia estendia-se no mundo exaurido, e as nações dominadas submetiam-se aos imperativos dos conquistadores.

Reencarnaram-se então Espíritos nobres ao invés daqueles belicosos, que fomentavam guerras e desaires em toda parte.

Mesmo as nações vencidas pareciam respirar alguma alegria e mantinham esperança de futuro melhor.

O imperador demonstrava interesse em atender ao povo sempre necessitado de ajuda. Havia compreendido que a melhor maneira de governar uma nação é aquela que impõe a ordem e a moralidade em toda parte.

Não há muito ele havia vencido Antônio, também triúnviro, que retornara ao Egito, onde se suicidara, sucedido por Cleópatra, que o acompanhara no gesto ignóbil.

Diminuíam as dores coletivas que dizimavam os bárbaros, e uma era especial generalizava-se no mundo.

O poder da força permanecia perverso, mas as musas cantavam hinos de louvor à paz e se fruía esperanças e benesses.

Realmente era estranhável que, numa época de intolerância e de prepotência em que eram esmagados os fracos ante a impiedade dos poderosos, se experimentasse um período de solidariedade e de progresso social como aquele.

Uma primavera espiritual se havia fixado nas paisagens de Roma e, como consequência, ocorria maior desenvolvimento do progresso das artes, do comércio e das múltiplas atividades humanas.

Tinha-se, então, a sensação de que algo extraordinário, não habitual, estava acontecendo, e todo o império respirava relativa paz.

De fato, naquele período especial, nasceu Jesus com o objetivo de trazer a fraternidade ao planeta ensanguentado e sofredor.

Nenhum vulto histórico destacou-se no cenário da Humanidade conforme a criança da gruta de Belém, que se transformaria no mais extraordinário de todos os tempos.

Tudo era inesperado então. Mesmo o Seu nascimento, que passou quase despercebido no cenário político e sociológico da época, exatamente como os profetas do passado haviam assinalado, somente se fez conhecido muito mais tarde.

Ele não veio para conquistas mundanas e transitórias, nem para o destaque rápido na história dos povos...

O Seu ministério era especial como dantes jamais alguém conseguira expor e vivenciá-lo.

Por essas e outras razões, o Natal de Jesus assinala uma era nova para a Humanidade, em razão de sua singularidade e dos objetivos especiais para os quais Ele tomara as vestes humanas.


* * *

Antes, os carros das guerras destruidoras erguiam dominadores ao apogeu e às vitórias, e logo após eram vencidos por outros combatentes não menos violentos e perversos.

As edificações grandiosas de cada povo, que deslumbravam o mundo de então, após momentos de brilho, eram transformadas em escombros por outros conquistadores terríveis, que a tudo reduziam em cinza e desolação.

A sucessão de glórias terrestres e misérias seguia nas páginas da História, comemorando as ilusões e tramas dos destinos implacáveis.

É certo que, depois d’Ele, ainda continuaram as máquinas de destruição e de loucura semeando a morte e a devastação.

Apesar disso, Ele veio edificar o monumento da paz nos corações e alterar para sempre os conceitos sobre a vida e a morte de tal maneira que ficou insuperável o Seu ministério.

Foi o primeiro comandante dos exércitos do amor, que se espalharam por toda a Terra, semeando esperança e alegria, mesmo ante as terríveis sombras de ódio e malhas da crueldade.

Demonstrou que o amor é a força mais poderosa do Universo, porque, sendo manifestação do Pai, é a alma da vida e a vida do ser.

Conseguiu alentar os desesperançosos e concedeu-lhes a honra do júbilo pelos sofrimentos experimentados.

Apresentou a única ética responsável pela felicidade e viveu-a em todos os momentos da Sua existência entre nós.

Nada apresentou de especial, que se não pudesse realizar, valorizando as coisas simples e desconsideradas como de importância especial na construção da ventura.

Cantou os mais belos hinos de exaltação à humildade e ao trabalho como nunca ninguém tivera coragem de o fazer.

Renunciou a qualquer tipo de pompa e de exaltação ao ego, a fim de demonstrar que o ser humano é filho de Deus, a caminho da iluminação interior que o plenifica para sempre.

Exaltou a ternura e, na incomparável canção das Bem-aventuranças, ofereceu o mais expressivo legado de beleza e vida que se conhece.

Dividiu o tempo em antes e depois d’Ele, imortalizando-se na autodoação, quando se permitiu imolar em duas traves grosseiras, que se transformaram em asas de luz para a ascensão ao Infinito.

Ninguém jamais semelhante a Jesus!


* * *

É por essas razões que o Natal é o momento em que se tece a túnica nupcial da Humanidade para a grandiosa união com Ele.

Utiliza-te das vibrações da Natal para refazeres os caminhos por onde tens jornadeado, modificar o comportamento para melhor ao embalo da Sua voz cariciosa e experimentar a inefável alegria do bem no próprio coração.

O Natal é a representação do grande momento em que a Humanidade recebeu no seu seio Aquele que é vida, luz do mundo e excelente Filho de Deus, vinculando todos os seres humanos, animais e vegetais na condição de irmãos sob a fatalidade do Bem.

TRIUNVIRATO: Governo de três pessoas ou triúnviros.

BELICOSO: Que tem inclinação para a guerra, para o combate; que faz guerra por vocação.

VULTO: Personagem, figura importante.

JÚBILO: Alegria extrema, grande contentamento; jubilação, regozijo.

BEM-AVENTURANÇA: Cada uma das sentenças de Jesus, num total de oito, no Sermão da Montanha, e que começam pela palavra bem-aventurado, conforme os Evangelhos de São Mateus (Mt 5:3-12) e São Lucas (Lc 6:20-26), e suas respectivas recompensas.




Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 18.
Para visualizar o capítulo 18 completo, clique no botão abaixo:

Ver 18 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?