Vidas Vazias

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CAPÍTULO 6

CONVIVÊNCIA

O Evangelho de Jesus é o mais completo tratado para realizar a formação do caráter social do ser humano.

Aconvivência social constitui na Terra um desafio dos mais significativos, em razão da sua complexidade.

Cada criatura humana é um universo de experiências especiais, em face do seu estágio evolutivo e das possibilidades de crescimento que se lhe tornam possíveis. Em consequência, não existe uma forma de comportamento genérico, que facilite um intercâmbio equilibrado e saudável.

Pelo fato de viver as emoções que lhe são compatíveis, aquilo que propicia júbilo a alguns a outros se apresenta como provocação ou demérito.

Indispensável a compreensão natural de que o interesse de conviver é destituído de qualquer sentimento que transpire abuso ou exploração.

Atraídos ou recusados uns pelos outros, os indivíduos tornam-se simpáticos ou não pelas ondas vibratórias que os atraem ou os repelem, favorecendo a aproximação ou o afastamento responsável pelas reações afetivas desse comportamento decorrentes.

Não poucas vezes, a identificação de ideais e de sentimentos aproximam umas pessoas das outras, o que produz afeições significativas, que penetram nos escaninhos do ser, que pode perceber as dificuldades e problemas de que se revestem.

Por aguardar-se benefícios imediatos das relações, a afetividade inicial esfria, por uma espécie de decepção ao constatar-se a diferença entre o que se pensava e a realidade.

Cada ser humano é uma faixa de emoções e raciocínios diferentes, razão pela qual se produzem os choques afetuosos, por pensar-se que o tratamento feliz é aquele que se aplica, sem dar-se conta dos conflitos e sofrimentos que os tipificam.

O ego sempre dispõe de uma face, enquanto o Self tem outra identidade, quase sempre oculta. Portanto, o que agrada ao exterior nem sempre corresponde aos anseios do íntimo.

Não havendo um real sentimento de afeto, desfazem-se as amizades, e é muito comum surgirem ou apresentarem-se a animosidade, a desconfiança, as reações nefastas.

Todos os seres humanos necessitam de amparo e afeição. Ninguém existe completo, autossuficiente.

A tolerância, então, faz-se indispensável para a compreensão e a bondade, a fim de diminuir o choque de desidentidade, e auxilia com os recursos da lealdade mediante os impulsos de ascensão e de caridade.

Invariavelmente, porém, exige-se conduta irrepreensível daqueles que se fazem amigos, sem que, por sua vez, tenham-na ilibada.

Acredita-se melhor, que amigo e censura não se relacionam bem, sendo indispensável um comportamento equilibrado.

Na família inicia-se a aprendizagem dos relacionamentos que produzem convivência saudável, mediante o espírito de fraternidade real que deve viger entre os seus membros.

Mediante as diversas fases do desenvolvimento orgânico e emocional, adquirem-se hábitos mentais de cooperação como de reproche, que trabalham para as condutas posteriores no meio social.

A educação formal se encarrega da cultura e do entendimento com largueza para a socialização e convívio compensador.


* * *

O Evangelho de Jesus é o mais completo tratado para realizar a formação do caráter social do ser humano.

Todo ele trabalhado no esforço individual para a iluminação interior, proporciona-lhe os instrumentos hábeis para o crescimento intelecto-moral necessários à evolução.

Suas máximas, constituídas de diretrizes edificantes, em trecho algum propõem recusa de amor e de bondade em todas as circunstâncias.

As Suas parábolas, nascidas no cotidiano de todos, são histórias vivas e estuantes que ensinam e propiciam os tesouros da generosidade e da contribuição de exemplos ímpares em favor da harmonia e do crescimento moral.

São preciosas as conquistas proporcionadas pela Ciência e tecnologia, mas sem a vivência do amor fraterno o vazio existencial assinala a existência e leva-a à solidão, à soberba de considerar-se melhor, mais astuto, quando não mais lúcido, capaz de tudo fazer e imitar.

Considerando-se as conquistas intelectuais da tua marcha, não abandones ou desconsideres as excelentes lições da Boa-nova, que permanecem insuperáveis em confronto com as escolas filosóficas que parecem apaziguar o ser, mas que o anestesiam nos sentimentos e dão brilho exterior sem conteúdo de harmonia.

Conviver é uma ciência e arte do comportamento que se aprende a todo momento.

O tratamento que é dirigido a uma pessoa nem sempre funciona com êxito quando aplicado a outra.

A melhor maneira de identificar o que apraz a cada indivíduo é respeitar-lhe a individualidade, tornando-se agradável no conviver, de forma que o relacionamento seja edificante e frutífero.

Todos desejam melhorar-se e tornar-se especiais, o que é compreensível, por necessidade gregária.

Os melhores amigos são aqueles que ajudam a evoluir, que contribuem para a reforma íntima e, em consequência, para a iluminação espiritual.

Temas vulgares, conversações de censuras ou maledicências, assuntos que revelam orgulho e preconceito são prejudiciais sob todos os aspectos considerados, deixando patente que, de igual maneira, será também crucificado na crítica pertinaz quando se encontre afastado por qualquer razão.

A convivência feliz é um alimento para a alma, que se nutre de alegria e experimenta o calor do próximo, mesmo quando em dificuldade.


* * *

Jesus, em todos os tempos, desde quando esteve na Terra, modulou a canção do amor universal e tocou profundamente os Seus discípulos sinceros, as suas vidas, fazendo-as felizes.

Não te alijes das incomparáveis formulações do Evangelho e busca participar do banquete fecundo da convivência, em trabalho de renovação das paisagens humanas da atualidade com o pensamento fixado nos gloriosos dias do amanhã que te esperam.

SELF: O ego é o centro da consciência, o Si ou Self é o centro da totalidade. Self, ou Eu superior, ou Si, equivale dizer a parte divina do ser.

NEFASTO: Que pode trazer dano, prejuízo; desfavorável, nocivo, prejudicial.

ILIBADO: Não tocado; sem mancha; puro.

PERTINAZ: Que tem muita tenacidade; persistente, pervicaz.

ALIJAR: Lançar fora; livrar(-se).




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