Após a Tempestade
Versão para cópiaAS GUERRAS
Dentre todas as calamidades que periodicamente assolam a Humanidade, a guerra é a mais hedionda pelas altas cargas de barbárie que revela. Remanescente do primarismo do homem na luta pela sobrevivência, impõe-se o instinto que busca segurança submetendo os mais fracos, exaurindo-lhes os recursos, enquanto se locupleta sobre os despojos que aniquila.
Estimulado pela ganância da propriedade, arbitrariamente, o homem crê-se com permissão de vencer o próximo dando expansão à agressividade, quando se deveria impor a disciplina da superação dos males que nele mesmo residem, vitória que se torna imperiosa, para atribuir-se os requisitos de homemintegral.
Confiando mais no seu "direito da força" do que no valor moral de que se deve investir, quando alcança conquistas técnicas logo lhe acorrem a aplicação da capacidade para desencadear conflitos externos, exteriorização natural dos múltiplos conflitos que lhe espocam nas torpes paisagens interiores.
A agressividade individual, adicionada entre os membros que constituem o grupo e reunida pela adesão dos grupos que formam as nações, o impositivo da suserania para repletar os celeiros de alimentos, faz a transferência do instinto de caça individual para a guerra da dominação selvagem, sob a constrição dos arquétipos de que não se deseja libertar.
No afã de combater os outros povos, os grupos humanos conseguem apressar o progresso, realizando conquistas surpreendentes, de que se utilizarão com proficiência nos futuros dias da paz.
Por enquanto, o amor não conseguiu emular os grandes grupamentos, encorajando-os à recíproca fraternidade, o que facultaria a solariedade, mediante cuja contribuição os muitos males que desarvoram os Estados seriamdebelados.
Como as leis da evolução e do progresso são imbatíveis, Deus se utiliza do estágio guerreiro em que o homem se demora, a fim de encorajar-lhe os esforços, que, não obstante programados para a destruição, logo cessa a sanha guerreira se convertem emabençoadas contribuições ao desenvolvimento das comunidades e o ajudam a redimir-se dos desvarios anteriores. Secado o rio de fogo das paixões dos partidos dominadores, que sempre cedemlugar a outros, numa sucessão que deveria merecer acurados estudos e meditações por parte dos guerreiros e triunfadores transitórios, nascemos movimentos pró paz, de auxílios recíprocos, de beneficência, de comércio, de intercâmbio cultural, de superior inspiração, desarmando as intenções vingadoras e selvagens dos que se comprazem em cultivar esperanças de desforços.
Simultaneamente, ensejamcordialidade entre os indivíduos e profícuos resultados que congregamnum grande grupo de ajuda mútua os diversos países.
A guerra, conforme demonstra a História, não tem ensinado as lições que seriam de esperar-se, exceto a demonstração imediata da transitoriedade dos triunfos e das desgraças terrenos...
Desde todos os tempos, civilizações se têm erguido sobre os escombros das que sucumbiramao guante das suas impetuosidades... Os vencidos de ontem rebelam-se e se erguem logo surge o ensejo, expulsando o espoliador sanguinário, não raro cometendo os mais hediondos revides, que no agressor condenava, nos quais se revelam as paixões subalternas que sufocavam Os modernos conceitos materialistas de que os seres vivos não têm destinação, inclusive o homem, resultando de uma combinação casual de "ácidos nucléicos e proteínas", muito hão estimulado os desajustes da emotividade, gerando as precipitações sanguinárias e os estratagemas destrutivos de alto porte, jamais previstos, parecendo ameaçar a própria vida de extinção, na marcha em que se desdobram os acontecimentos trágicos...
A guerra, não obstante açodar os mais vis sentimentos de selvageria nos grandes grupos, inspira ao sacrifício da vida os que amam, proporcionando a manifestação nobilitante dos heróis da renúncia e da abnegação, que mergulham nos laboratórios de pesquisas e experiências a fim de encontrarem soluções para os problemas afligentes, produzindo revoluções novas na tecnologia emtempo recorde, considerando o estímulo para apressar o fim das animosidades e socorrer as vítimas inermes colhidas no fragor das batalhas ferozes...
O homem é um animal religioso por constituição e destinação espiritual. O sentimento de Deus é-lhe inato, apesar da sua recusa consciente, da sua renitente fuga das realidades do espírito para a anestesia da ilusão corporal, constituindo-lhe a guerra a forma infeliz de liberação dos traumas e medos a que se entrega e o apavoram...
Com Jesus aprendemos que o amor substituirá, um dia, a agressividade humana, resolvendo todas as questões que possamconstituir pontos de divergência entre as criaturas e motivações para as guerras.
Parlamentários honestos, emnome de governos honrados, dirimirão incompreensões, e, ao invés das hostilidades e ódios que atravessam gerações, a compreensão do mais forte perdoará a impetuosidade do mais fraco, o poderio do grande repartirá recursos com o pequeno, unindo-se todos os povos a combater as calamidades sísmicas, a tomar providências contra as adversidades advindas de eventos de outra ordem, providenciando o saneamento das regiões insalubres, o reverdecer dos desertos, o sistemático combate às enfermidades, à fome, aos problemas econômicos...
Embora necessário como aguilhão do homem, o mal é herança que um dia desaparecerá da Terra sob a inspiração e superior comando do bem.
Nessa ocasião, a Humanidade, da guerra somente conhecerá os informes dos museus, os documentários, que farão as gerações futuras lamentar os métodos da áspera escalada por onde transitaram seus pés nestes dias, fixando os estímulos para mais avançar, envergonhadas deste hoje que lhes será o passado truanesco...
Nesses dias porvindouros terão, também, batido em retirada as calamidades morais — que são as basilares —, porquanto, de procedência da alma infeliz, atrasada, dão origem a todas as outras misérias, as que teimam no mundo em duelo incessante...
No amor e no conhecimento das "leis de causa e efeito", haurirá o homem do porvir desde hoje a força moral e espiritual para a sua elevação, e, consequentemente, para a instalação do primado da paz, que se alongará pelos tempos sem fim.
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