Dimensões da Verdade

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CAPÍTULO 40

DELINQUENTES

Não os abomines. Delinquiram por invigilância ou insânia.

Resvalaram e se demoram no profundo fosso de inomináveis sofrimentos.

Encarcerados, muitos deles dariam metade da existência, se pudessem, para recomeçar tudo.

Rebolcando-se na lama, diversos sorvem até às últimas gotas, as lágrimas de fogo que juntaram na taça do remorso.

São pobres homens e mulheres sofredoras, nossos irmãos da experiência evolutiva, que jornadeiam em noite de ansiedade intérmina, que não alcança a madrugada do repouso.

Deixaram-se enlear pela serpente das dissipações e se fizeram escravos de tiranos destruidores.

Abraçaram o jogo, a sensualidade, os estupefacientes, a criminalidade, alguns pela ignorância resultante do abandono social a que foram relegados desde o berço, outros para fugirem de si mesmos, mais outros arrastados por forças ultrizes, e lá ficaram nos dédalos da loucura, alheados, insensíveis, mas não todos...

Muitas mulheres que antes abjuraram a maternidade carpem em angústia solitária o incomparável desespero do arrependimento.

Tudo dariam, se algo tivessem, para reter, nos braços da juventude que fugiu o filho que supunham não desejar...

Inumeráveis áulicos da abjeta animalidade, que chafurdam no desgaste exaustivo, deixam-se consumir, devorados pelo tardio despertamento, buscando esquecer...

Incontáveis réprobos dominados pelas drogas entorpecentes prosseguem cadaverizados sob vágados decorrentes do medo o da vergonha de se examinarem a si mesmos...

Criminosos, vítimas do momento insano, converteram o cérebro em lúgubre presídio, e se demoram no cárcere do impo e da alma, recordando e sofrendo sem paz nem esperança.


Viciados de toda natureza, que começaram a carreira abominável desde o seio materno, viram muitos outros possívelmente menos comprometidos com o ontem ou possuidores

«de têmpera moral mais resistente, lutando nos braços da disciplina até conseguirem equilíbrio, enquanto êles descambavam...

Delinquentes, certamente, todos nós o somos...

Delinquente — que, ou pessoa que delinquiu. "Delinquir — cometer delitos".

Diante da mulher surpreendida em adultério, o Mestre somente pensou em ajudar, considerando que o delinquente conduz o fardo pesado do crime a torturar-lhe a consciência hoje ou mais tarde.

Em face das misérias de que eles se fizeram fâmulos, analisa a tua posição ante a vida.

Não reclames a sorte.

Examina os teus débitos em começo e para nos compromissos negativos.

A escada que conduz à queda moral não tem último degrau; sempre leva para mais baixo.

A ligação com a irresponsabilidade ou a ambição não se rompe facilmente.

O primeiro engano, quando não corrigido, é convite a outro engano.

O sabor do ludibrio ao próximo é ópio mentiroso.

O delito em planeamento mental é crime em corporificação.

Submete-te aos fatores cármicos do teu renascimento e rejubila-te com eles.

Velha fábula narra, sem necessidade de comentários, a história da rã que desejava possuir o volume de um corpo bovino, e se arrebentou tentando.

Ausculta o pensamento divino perpassando em tudo e compreenderás a necessidade de ser feliz com o que tens, como estás, considerando os que delinquiram; e ama-os, visitando-os no cárcere, no leito dos sofrimentos reparadores, nas celas corretivas do remorso, aonde possas ir...


* * *

Servindo os humildes e sofredores da Terra, o Mestre sempre foi benigno e piedoso com os delinquentes, por compreender-lhe a desdita, mesmo quando aparentavam felicidade. E o seu ministério de amor se fez marcante nos anos juvenis ao debater com os doutores da Lei, em Jerusalém; foi encerrado numa cruz de punição à delinquência, entre dois salteadores que se haviam deixado arrastar pela rapina. Á hora da morte, no entanto, sua figura excelsa e pura entre, entre eles honrava-os, como se assim desejasse dizer-nos, sem enunciados verbais, sobre a necessidade de usarmos nossa piedade em redação àqueles que, imprudentes ou enlouquecidos, deliram com os crimes do presente, amando-os assim mesmo sem qualquer indagação ou acrimônia.




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