Dimensões da Verdade

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CAPÍTULO 59

HUMILDADE E JESUS

Vivendo o dia a dia dos homens, participando do álacre vai-e-vem, Jesus a todos envolvia em ondas de ternura.

Aclamado pela gratidão que explodia, espontânea, dos beneficiários de sua afabilidade e misericórdia, nunca se deixou arrastar pelo júbilo fácil, desaparecendo quase sempre do vozerio para buscar o silêncio e meditar.

Surrado pela desconsideração dos algozes improvisados pela turbamulta, não se permitiu assimilar o tóxico do desespero que se espalhava, contaminando a todos os partícipes do hediondo drama da Crucificação.

De coração acessível e espírito franco, todo o seu ministério foi um cântico de exaltação às coisas simples, conhecidas do povo e de respeito à humildade e ao amor.

Combativo por excelência, não se deixou amesquinhar nas querelas farisaicas, nem tomou o partido dos mandatários que esmagavam o povo.

O povo, a grande massa de sofredores - rebanho onde se guarda a dor e se refugia a aflição - foi o seu grande amor, a sua paixão...

O mesmo povo que, acicatado por famanazes indignos lhe ignoraria o sofrimento e o levaria à cruz, para quem Ele veio, descendo dos Remotos Cimos para amá-lo e sofrê-lo...

E esteve sempre no meio do povo, falando a linguagem do povo, vivendo a vida do povo.

Mestre, fez-se amigo de gárrulas criancinhas da aldeia, reexperimentando as alegrias infantis.

Guia, caminhou pelas ásperas estradas, discreto como um aroma de lavanda campesina, orientando sempre.

Senhor, cercou-se de famulentos portageiros e rudes cameleiros nos albergues de estrada, parecendo igual a eles.

Sábio, considerou as lições do verbalismo popular, e com essas imagens dos velhos refrãos teceu a grinalda imperecível do seu Apostolado doutrinário.

Excelente, não aceitou a nomeação de bom, louvando o Pai como digno, somente Ele, de tal qualificativo.

Sadio, sustentou enfermos e os curou, mitigou a sede de muitos e atendeu ao tormento da fome dos que O cercavam, repetidas vezes.

Trabalhador, metodizou as tarefas para não cansar aqueles que convidara para o exercício divino da fraternidade.

Nunca se exaltou, porém, entre os que O cercavam.

Perdia-se na multidão, embora o halo de transcendente beleza que O destacava...

... E nas breves horas reservadas ao repouso, após as fadigas, refugiava-se na noite para submeter-se ao Pai.


* * *

Jesus e humildade!

Nem rebelião nem engrandecimento.

Embora injusto o tributo, contribuiu para o seu pagamento — respeito à lei.

Inócuas as abluções como de valor espiritual, aceitou-as, a elas se referindo — lição do exemplo sem palavras.

Mas não se submeteu às mesquinhas exigências da fé religiosa nem da sociedade.

Invectivou com autoridade indiscutível contra a infame lapidação das pecadoras, surpreendidas na ilusão da carne, lecionando reparação do crime com o amor; investiu contra as aparências exteriores do jejum e da oração em altas vozes, reportando-se ao interior dos homens donde procedem, realmente, todas as ações; e ante o representante imperial que sugava a seiva de vida do povo, manteve dignidade e respeito, em momento grave, portando-se como Rei, que era, glorificando, porém, o Pai...


* * *

Não te esqueças d‘Ele.

Recorda-te sempre da humildade.

Evita, quanto possível, o destaque, o coroamento honroso, o aplauso vazio, a consideração transitória...

Nem entusiasmo excessivo no êxito, nem desencanto exagerado no insucesso.

Os que O vaiaram a caminho do Gólgota, homenagearam-no às vésperas.

Em triunfo ou queda aparentes, busca a Jesus e fala sem palavras ao seu coração de Condutor Vigilante.

Elegendo a humildade para seguir contigo não terás olhos para consagrações nem apedrejamentos, porquanto ela te falará somente do trabalho a fazer, do caminho a percorrer, das dificuldades a transpor, das lutas íntimas a vencer, ensinando-te a desculpar e amar sem cansaço, porque a humildade em teu espírito é sinal positivo da presença de Jesus contigo na via redentora.




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