Rumos Libertadores

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CAPÍTULO 23

IMPULSOS E VONTADE

Estudo: Cap. IX — Item 10.

O homem é o que programa e acalenta mentalmente.

Das inexauríveis fontes do pensamento que filtra as aspirações do espírito encarnado, transformando-as em ideias, promanam as sombras e as luzes que promovem a angústia e a dor a que todos se entregam.

A cada um compete o indeclinável dever de renovar para melhor a própria vida, envidando esforços exaustivos na consecução do empreendimento em prol da felicidade.

Nesse sentido, porém, é ingente examinar o que constitui ou não felicidade, quais as suas metas, suas concessões e desaires...

O homem que vem, com o auxílio da tecnologia, modificando a face do planeta que lhe é berço e em que habita, não tem sabido valorizar os mesmos recursos em favor das profundas transformações das paisagens íntimas, que se encontram sombreadas de angústias, quando não assoladas pela desesperação.

Isto, por conceituar a felicidade como sendo o prazer dos sentidos, que usufrui não raro até à exaustão através do abuso em que se demora, no desgoverno das sensações.


Os que voam em busca das emoções superiores cons

* tituem exceção à generalidade e passam quase sempre na comunidade como sendo personalidades estranhas, singulares ou visionárias...

Acoimado pela desordenada sofreguidão do utilitarismo, embriaga-se desde cedo nos vapores entorpecentes dos gozos físicos, e, não obstante os apelos para a beleza, o crescimento vertical, detém-se, enlouquecido, na horizontal do imediatismo.

Pergunta-se porque o avanço moral não corresponde ao crescimento intelecto-tecnológico e inquire-se qual a razão dos numerosos desequilíbrios que imperam na atualidade.

As causas matrizes se encontram no espírito ainda vinculado às expressões grotescas das formas primárias, pelas quais vem transitando na larga romagem para a luz.

Incontável número de seres procede das regiões dolorosas e purgativas do planeta, que experimenta mudança de psicosfera, dentro da programática evolutiva a que estão sujeitos homens e mundos, experimentando a assepsia dos núcleos inditosos que agasalhavam as hordas de bárbaros do passado, temporariamente ali retidos a fim de que não obstaculizassem o desenvolvimento do lar...

Recebendo a ensancha liberativa, apresentam-se ao crescimento espiritual, trazendo insculpidas nos recessos do psiquismo as condições que os tipificam, apesar da aparência harmoniosa e da estética decorrente das leis genéticas. Sôfregos e inquietos, anseiam por repetir as comunidades chãs, entre as necessidades primárias de que se desobrigam por instinto, utilizando as aquisições da cultura científica e filosófica tão somente para a autossatisfação.

Como é mais fácil a conquista tecnicista, que não impõe os supremos sacrifícios da renúncia e do incessante burilamento, realizam no campo externo o que lhes imporia inauditos esforços no reduto interior...

São horas, porém, de transição esperada.

Embora o ensurdecer estonteante da voragem que os combure nas manifestações meramente sensoriais, os que assim vivem, caem, por exaustão, em melancolia, frustrados e insaciáveis, dando início às experiências elevadas sob o acoimar dos sofrimentos que irrompem graves, de longo porte.

Raramente, porém, o empreendimento novo da fé e dos valores morais logra êxito num tentame ou se consubstancia numa única etapa reencarnatória. Quando lucila a necessidade de fundo espiritual, transcendente, gastas já se encontram as forças, desorganizados os controles dos sentidos, antes rebeldes, viciados os centros de comando da vontade, dificultando, por ausência de disciplina, a consecução dos dispositivos superiores. Os lampejos das necessidades positivas se fixam, gerando matrizes no psicossoma que assinalará as futuras reencarnações com disposições novas, em tentativas que os induzirão ao avanço.


* * *

Ninguém que esteja fadado à dor.

Sofrimento é opção de quem se rebela contra o dever, preferindo estagiar nos patamares sombrios da ascensão.

Um pouco de reflexão basta para que se percebam as altas finalidades da vida, a manifestar-se em tudo.

As leis do equilíbrio universal, as disposições do progresso irrecusável, o finalismo impelente para a perfeição constituem motivações, apelos veementes que ninguém pode ignorar.

A razão ínsita no homem, atributo que foi conquistado no suceder dos milênios multifários, deve ser aplicada na conquista dos valores eternos, antes que malbaratada nos torpes anelos da acomodação, parasitismo que expressa atrofia da própria capacidade de crescer.

A interação da vida, que se alonga sem mecanismos de parada, dentro e fora da organização somática, conduz irrefragavelmente, hoje ou depois, ao colimar das metas superiores a que todos nos destinamos.

Cultivar as aspirações superiores e anelá-las com veemência, libertando-se dos condicionamentos transatos e do atavismo dos instintos primeiros com largas experiências pela trilha da razão, é dever imediato a benefício da felicidade.

Refrear impulsos grotescos, bloquear tendências tormentosas e sandices mediante os exercícios das disciplinas morais relevantes, constitui metodologia para aplicação imediata de resultado salutar.

Asseverava Jo, com atualidade contundente, conforme se lê no capítulo 22 e versículo 28: "Determinando tu algum negócio, ser-te-á firme e a luz brilhará em teu caminho".

O que o homem anelar, a penates logrará, porquanto o que se inicia nas telas do pensamento, exterioriza-se pelas engrenagens da vontade, consubstanciando-se através da ação.

Quando o homem comanda os impulsos dando direção correta às aspirações, a vida lhe responde em poemas de paz e êxito às tentativas de crescimento.




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