Rumos Libertadores

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CAPÍTULO 59

REMEMORANDO OS MORTOS

Estudo: Cap. XXVIII — Item 62.

A medida que o tempo faz diminuir a dor brutal dos primeiros momentos, a saudade sorrateira se aninha na alma, procurando minar as resistências físicas e psíquicas, abrindo os abismos do desconforto no coração... 0 ser querido torna-se evocado a cada instante. Seus hábitos e realizações mecanicamente são recordados, e a ausência física se converte em brasa a queimar os sentimentos daqueles que antes lhe compartiam a convivência...

Sem dúvida, essa angustiante sensação de aniquilamento é mais perturbadora, mais afiigente em decorrência do longo curso que percorre.


* * *

Não te deixes vencer pela torpe visita da nostalgia que assoma, inspirando a revolta íntima ou motivando o desalento pernicioso.

A morte não representa a estação final da vida, o ato derradeiro do existir. 0 silêncio que defrontas em relação aos mortos é pobreza das tuas faculdades.

Sem que o percebas, agitam-se, movimentam-se, enfrentam a realidade, sofrem e amam os que perderam as roupagens físicas, no lugar em que despertam além da morte...

Alguns permanecem anestesiados pelas ilusões, outros se hebetam na inconsciência, incontáveis enlouquecem pelos fatores que desencadearam... Todos, porém, saudosos ou felizes, esperançosos ou tristes prosseguem em estância nova, pulsantes de vida.

Recebem os teus pensamentos, participam das tuas evocações.

Se não te respondem é porque isto não lhes é lícito. Leis soberanas coíbem as precipitações informativas a teu e a benefício deles próprios.

Não prosseguem isentos da legislação divina e por isso não se fazem dotados de sapiência imediata, detentores de poderes absolutos...

Não os aflijas com a tua rebeldia, nem os tenhas como destruídos.

Coopera com o seu restabelecimento, na convalescença que sucede à desencarnação.

Volverão oportunamente ao teu regaço, dialogarão, cercar-te-ão de ternura, inundarão a tua saudade com o júbilo dos reencontros felizes...


* * *

A semente morre para que a planta viva.

A lagarta sucumbe para que viva a borboleta.

O corpo tomba a fim de que o espírito se liberte e ascenda.

A morte orgânica é fenômeno natural, cujo ciclo se incorpora ao mecanismo da vida que se desdobra por etapas no corpo e fora dele.

Encara-a com moderação e confia na sobrevivência, após o estágio orgânico.

Teu desespero, tua alucinação embalde se expressarão, porquanto nada conseguirão como testemunho do teu amor, antes se tornarão meios de sofrimento para ti e os teus amores que retornaram.

Não agasalhes a ideia de ir-te ao encontro deles por agora. Seria loucura inútil.

Transfere desse grande amor uma parte para os que jazem ao teu lado, necessitando realizar o ciclo evolutivo e carecem de paz, amor e oportunidade em razão dos valores que atiraram fora...

Quanto produzires em favor do próximo em memória dos teus desencarnados, se transformará em bênçãos para eles.

Um dia, quando a treva cessar e uma clara madrugada inundar-te de indefinível luz, vê-los-ás à frente, braços distendidos como outros fizeram com eles, chamando-te com carinho para a vida verdadeira e prosseguirás ditoso, qual herói feliz após a batalha concluída.

Até esse momento não te desalentes nem te descoroçoes na prática do bem a benefício deles, os teus mortos que vivem, e de ti próprio que também viverás.




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