CAPÍTULO 26

Calvário de Bênçãos

Fenômeno perfeitamente natural em todo empreendimento superior, é a presença periódica da dificuldade, gerando insegurança e temor nos lidadores de fé menos robusta.

É compreensível que tais ocorrências procedam da própria ação que desenvolve o campo de realizações, exigindo maior soma de devotamento geral quanto de esforço no trabalho.

Observa-se, porém, em inúmeros grupos de atividade cristã, que a presença do problema, ao invés de unir os obreiros em tomo da obra, propiciando-lhes mais expressiva soma de dedicação e fidelidade ao ideal abraçado, separa-os, divide-os, numa reação oposta ao que deveria suceder.

Quando vicejam os chamados aos testemunhos, as defecções se fazem mais numerosas, chegando, às vezes, à debandada quase geral; alarga-se a área da maledicência insana, auxiliando a irrupção de bolsões onde medram a falsidade e a hipocrisia; desvelam-se os inimigos do bem que, embora agasalhados sob a árvore da beneficência, por orgulho ou presunção, desejam vê-la talada; comenta-se, com irreverência, a dominação do campo de edificação por parte das Entidades perversas; reunem-se os temerosos, que se dispõem a abandonar o serviço, para apresentar justificativas, transferindo para os outros, já sobrecarregados de aflição, as responsabilidades da sua instabilidade emocional...


Obra do bem sem a presença dos constantes problemas que. à alçam aq progresso, é sinal de perigo e de mundanálidade, porquanto, ainda hoje, na Terra, não há lugar para a perfeita compreensão entre as criaturas, nem harmônica realização nas linhas de um mesmo objetivo. "

Cada qual observa um poliedro com a capacidade óptica de que dispõe e nem sempre abrangendo-o de um só golpe.

A verdadeira união dos membros em qualquer empresa constitui desafio importante.

Nem mesmo no colégio apostólico, onde se reuniam os elegidos pelo Senhor, se pôde lograr tal êxito.


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Não atribuas os sofrimentos morais no teu trabalho, nem as fugas espetaculares ao dever, à simples ingerência dos Espíritos perseguidores, senão à fraqueza moral de cada um, embora a influência negativa daqueles que, nos fracos, encontram a sintonia para a sua ação mefítica.

Não consideres sob abandono divino o teu labor, se visitado por sofrimentos e sob os camartelos da luta áspera, em considerando que o próprio Jesus não esteve indene à ação difícil, apesar de, em constante e plena sintonia com o Pai.

A árvore batida pela tempestade enrija as fibras, da mesma forma que o cristão experimentado na dor, mais sábio e forte se toma.


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Quando crucificado, Jesus parecia, mesmo aos olhos dos Seus discípulos, o supremo fracassado e vencido... Quase todos eles se entregaram ao desânimo e aos comentários amargos, à decepção e à revolta, rememorando os fatos recentes com olvido de todos os extraordinários acontecimentos que anteciparam a tarde do Calvário...


Saudosa e confiante, todavia, a convertida de Magdala foi ao sepulcro e o encontrou vazio, conseguindo, logo após, dialogar com Ele redivivo e tomando-se a mensageira da notícia consoladora
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Bendize a luta e a dificuldade no teu ministério, aprendendo sublimação

^o silêncio e no trabalho perseverante.

Não lamentes os que param, os-que se mudam, os que te não compreendem.

Cumpre com o teu dever em reta consciência e sê aquele que não deserta, que não lastima, que não queixa nunca, ciente que após o teu calvário íntimo, a ressurreição gloriosa é a etapa feliz imediata que esplenderá em bênçãos de libertação.


Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? "Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão. " (L. E.) (Cap. XVI, Item 13 do E.) "... 0 merecimento de cada um está na proporção do sacrifício que se impõe a si mesmo. " Fénelon. (Argel, 1860.)


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