CAPÍTULO 4

Ponte Mediúnica

Mergulhado na matéria densa pelo impositivo da reencamação, que faculta ao Espírito o processo abençoado da evolução, graças às experiências de que se enriquece, este perde, normalmente, os contatos com a realidade donde veio, padecendo de compreensível esquecimento da vida espírita.

■ Os interesseá gravitam, então, em torno das necessidades imediatas do plano físico; os impositivos da "luta pela vida", quase sempre revertem a escala de valores, dando nascimento a lutas acerbas e extravagantes; dúvidas cruéis pairam nos painéis da mente, em relação à imortalidade da alma; inquietações e fobias surgem, avassaladoras, sombreando os dias da existência orgânica; dissabores e enfermidades, insucessos comerciais e dificuldades econômicas induzem à loucura e ao suicídio; empenhos por gozar a hora que passa dominam os cuidados do homem, que teme o aniquilamento da vida por falta de bases reais sobre as quais apóie as convicções da sobrevivência espiritual...

Liberando o ser de tais amarguradas situações, a Divindade concede a ponte da mediunidade, a fim de que se mantenha o intercâmbio lúcido entre os dois abismos da vida: o material e o espiritual.

Por ela retomam os Espíritos em triunfo sobre a morte, falando da vida em plenitude e apresentando o resultado das suas ações, enquanto estiveram na forma carnal.

A esperança, em razão disso, alenta o homem físico e orienta-o com segurança para o salutar aproveitamento das horas, granjeando recursos que se lhe constituirão bens inalienáveis para a felicidade.

Não existisse a mediunidade e inumeráveis problemas seriam insolucionáveis, permitindo que mais graves conjunturas conspirassem contra a criatura humana.

Sem ouvir-se, nem sentir-se a realidade espiritual de que os implementos mediúnicos se fazem instrumento, certamente grassariam mais terríveis dramas e tormentosas situações injustificáveis.


* * *

A mediunidade, colocada a serviço do bem com Jesus, enxuga as lágrimas da saudade, diminui as dores, equaciona enfermidades complexas, dirime dúvidas, sustenta a fé, conduzindo à caridade luminosa e libertadora.

Reveste as tuas faculdades mediúnicas com as vibrações superiores da prece, alicerçando-a na sadia moral e usando-a a serviço da edificação de quantos sofrem.

Exercita-a com disciplina e estuda-lhe a metodologia com as luzes da Doutrina Espírita, compreendendo que ela te é concedida, não por merecimento de tua parte, que o não possuis, senão por misericórdia de acréscimo do amor de Nosso Pai, a fim de que o homem não se esqueça de que sempre, na vida, edificante e enobrecido deve ser o seu comportamento, fora ou mergulhado na carne.


* * *

Toma como modelo Jesus, o Médium de Deus, que jamais se excusava, amando e servindo sempre, na condição de divina ponte entre o Criador e todos nós.


O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa. " (Comentário de Allan Kardec à resposta dos Espíritos, referente à questão n. 886 — L. E.) "A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados. " José, Espírito protetor. (Bordéus, 1863.) (Cap. X, Item 16 do E.)


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