CAPÍTULO 41

PROFILAXIA MENTAL

Cultivas hábitos de higiene, objetivando preservar a saúde do corpo e obediente às conquistas éticas em tomo do asseio. Não te descures, do mesmo modo, da tarefa de promover hábitos mentais que te propiciem harmonia emocional e equilíbrio psíquico.

Recorres à farmacopeia diante das indisposições orgânicas e dos distúrbios psíquicos. Não adies, igualmente, a busca da terapêutica evangélica a fim de promoveres a saúde espiritual.

Buscas a cirurgia para extirpar órgãos e membros irrecuperáveis ou a fim de propiciar transplantes de peças que favoreçam a continuação da vida fisiológica.

Não receies, da mesma forma, amputar do organismo moral os apêndices enfermos, que se te fixam em decorrência do passado ou de que facultaste contaminar os departamentos da alma na condição de viroses psíquicas por meio das ações deletérias...

Usas analgésicos e calmantes para diminuir ou vencer as dores. Não descuides da oração em forma de terapia enobrecedora capaz de minimizar angústias e reorganizar programas para o bem.

Propicias-te exercícios com função terapêutica, testes e ginásticas para a preservação das formas físicas e para a aquisição da longevidade orgânica. Não te recuses, também, o exercício da caridade como ginástica eficaz para a manutenção do patrimônio espiritual que te cabe preservar na marcha redentora em que te engajas.


* * *

O corpo, esse patrimônio divino, colocado pelo Senhor à disposição do Espírito para que adquira experiências, na vivência terrena, merece respeito, carinho e disciplina. Todavia, a alma encarnada requer especiais cuidados que não podem nem devem ser postergados.

A habitação doméstica se estrutura sobre alicerces que penetram no solo, complementada de adornos e utilidades com que a vida se torna agradável, digna de ser vivida. No entanto, não dispensa depósitos de lixo nem esgotos preciosos, indispensáveis à saúde no lar...

Justo que, diante da necessária profilaxia mental, se atirem aos esgotos domésticos e aos recipientes de lixo as ocorrências venenosas, miasmáticas, que fazem parte do cotidiano...

Assuntos maledicentes, censuras contumazes, notícias excitantes, temas vulgares, pensamentos deprimentes dever fazer parte do lixo que se arroja fora, em benefício do equil brio espiritual.


Assuntos perturbadores que ontem inquietavam, conv< sas vis que empolgavam, temas angustiantes que faziam brar, cometimentos inditosos que estimulavam devem m

< cer imediato reproche e abandono, a fim de que se não fu nos paineis mentais, construindo ideoplastias infelizes, levam à rebeldia, à loucura, ao suicídio...

Ideal que evites todas essas questões letais de apar fascinante, por um momento, todavia, profundamentecitadoras em qualquer circunstância, logo depois.

Preserva o corpo e mantém a alma em regime de paz.

A diretriz evangélica é sempre profilática.

Se já escorregaste no erro, no equívoco, no compromisso negativo, é tempo de recuperares a saúde da mente, portanto, da alma.

Se ainda não te encontras contaminado, poupa-te, recordando a recomendação do Mestre que, identificando as humanas fragilidades, receitou a súplica, na oração dominical, livra-nos do mal, porque é muito mais fácil ser feliz antes, do que após o contágio com o instante e a ocorrência prejudiciais.

SÊ ALGUÉM. FAZE 0 MESMO Quando estavas a ponto de desequilibrar-te, alguém, um amigo devotado, ofertou-te os elementos para a harmonia.

Quando te encontravas em plena rampa da loucura, alguém, um familiar gentil, constituiu-te apoio e segurança para a recuperação.

Quando sofrias a incompreensão de muitos, alguém, um estranho bondoso, fez-se-te instrumento de confiança, oferecendo-te fraternidade.

Quando, desanimado, padecias a injunção constritora do autocídio, alguém, um desconhecido afável, acenou-te oportunidade nova.

Quando tudo parecia conspirar contra os teus planos de progresso, alguém, um colega fiel, por quem tinhas apreço, tomou-se o fator da tua ascensão.

Quando a enfermidade te deperecia as forças e a solidão assenhoreava-se dos teus dias, alguém, um silencioso amor, surgiu e restabeleceu as tuas energias, repletando de sol a tua noite íntima e de companhia a tua vida.


* * *

Há sempre alguém lidando, esperando, cooperando em favor de todos nós.

Desconhecido ou amigo, afeto ou familiar, transeunte ou companheiro, esse alguém é o símile do Samaritano bondoso e nobre, a que se refere a parábola evangélica.

Diligente, atento e amigo, ele chega e age, oferecendo recursos e doando-se com inusitada dedicação, a fim de reerguer o abatido e socorrer o tombado na via evolutiva.

Todas as criaturas já o defrontaram e dele receberam ajuda.

Ele chega, ampara, ama e vai-se adiante.

Não reclama, não faz um rol dos próprios atos bons.

Segue-lhe o exemplo.


* * *

Não digas que da vida recebeste somente o fruto amargo da desilusão, ou encontraste apenas a ajuda negativa do desespero.

Não relaciones os males, os acidentes defrontados.

É certo que há almas em desequilíbrio, produzindo desaires. São a minoria ágil, movimentada.

Não tomes os maus exemplos para teus exemplos. Nem te fixes neles.


* * *

Indagado pelo farisaismo doentio, que tentava surpreendê-lO em equívoco, Jesus respondeu com ternura e energia ao astucioso inquiridor, que fingia desconhecer quem era o seu próximo: — Sê como aquele que usou de misericórdia para com o infeliz. "Vai, tu, e faze o mesmo. " Faze, também tu, o mesmo, sendo o alguém para quem esteja em rude prova na rota por onde segues.




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