Diretrizes Para o Êxito

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CAPÍTULO 35

ANTE JULGAMENTOS

O problema do julgamento correto e justo consiste, essencialmente, na ausência de dados e recursos que propiciem o conhecimento da ocorrência conforme sucedeu.

Em decorrência disso, cada pessoa analisa um fato conforme sua óptica, sua emoção, seus próprios conflitos.

É comum narrar-se um acontecimento de maneira muito diferente da real, sempre por meio do estado interior com que se haja observado.

Não poucas vezes, duas testemunhas que afirmam haver acompanhado algo, apresentam versões bem diferentes, sem que estejam mentindo propositadamente.

O estado de ânimo diante do fato, invariavelmente gera reações diversificadas naquele que o observa, levando-o a conclusões incorretas.

Nos julgamentos promovidos por autoridades legais, os jurados se atêm a habilidade dos advogados, sejam os de acusação ou de defesa, oferecendo ao juiz a conclusão a que chegaram, nem sempre a mais feliz ou legítima.

O magistrado, em consequência, aplicará a pena de acordo com o resultado que lhe seja apresentado por aqueles membros do júri.

Da mesma maneira, nos julgamentos pessoais em relação a atitudes e condutas de outrem, a precipitação e os sentimentos são convocados a traduzir o acontecido, mais de acordo com o estado íntimo daqueles que se permitem fazê-los do que propriamente com o sucedido.

Diante de alguma ocorrência desagradável o pessimista projeta o seu estado de ânimo e assegura a gravidade do acontecimento, quando, invariavelmente, não tem mais grave significado.

O otimista, porém, convencido de que tudo sucede sempre para o bem, vê de maneira positiva o fato e lhe confere maior importância do que realmente possui.

Uns indivíduos agravam-no mediante comentários maledicentes, autojustificações, tendências masoquistas, ampliando-lhe a rede perturbadora, enquanto outros silenciam e aguardam o tempo, deixando que o futuro elucide o que o momento não pode esclarecer.

Quando algo de desagradável sucede, presenciado por indivíduos neuróticos, a sua irritação arquiteta imagens negativas e a mente em desalinho precipita-se em conclusões que não correspondem a realidade.

Se o acontecimento atinge alguém a quem se ama, é comum assumir-se uma postura de defesa, mesmo desconhecendo os detalhes de que o fato se constitui.

Em se tratando de pessoa não estimada, a posição é muito diferente, aumentando-o e complicandoo mediante acréscimos propostos pela ira e pela inconsciente necessidade de desforço.

Os fatos, em realidade, não se consumam conforme se dão, na opinião das pessoas, mas conforme elas preferem que tenham ocorrido.

É necessário, pois, muito cuidado, quando se é convidado íntima ou exteriormente a externar qualquer tipo de julgamento.

Certamente, uma atitude passiva, indiferente, não é a correta, como se nada houvesse acontecido.

Faz-se indispensável que se proceda a uma análise sem emoção, como se apenas estivesse contemplando algo sem precipitar opinião.

Convidado Jesus a opinar na partilha de bens, que lhe foi proposta por um homem na multidão, redarguiu: Quem me constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?, conforme anotou Lucas, no capítulo 12 do seu Evangelho, versículos 12:13.

A questão da herança de bens materiais é sempre muito complicada, por envolver paixões, interesses subalternos, lutas intestinas.

Não era essa a tarefa sublime do Mestre.

Ele viera para espargir a luz do conhecimento, facultando o discernimento e a capacidade para compreender-se os objetivos essenciais da existência, em vez de propiciar divisionismos e querelas entre pessoas descomprometidas com a Verdade.

Noutra ocasião, identificando as imperfeições que se encontram no ser humano, asseverou com propriedade: Não julgueis, e não sereis julgados, não condeneis, e não sereis condenados, perdoai, e sereis perdoados. (Lucas 6:37).

Essa questão reveste-se de alta magnitude, tendo-se em vista que, em face da incapacidade pessoal de proceder-se a um julgamento correto, com a severidade com que se defina culpa e se exija punição contra outrem, quem assim proceda experimentará mais tarde, graças a consciência desperta, o padecimento que infligiu indevidamente.

Em qualquer situação, portanto, torna-se imprescindível a conduta do perdão.

É óbvio que o crime não pode ficar impune, nem o erro passar como se nada houvesse sucedido.

No entanto, essa tarefa compete àqueles que são responsáveis pela manutenção da ordem e do bem-estar da sociedade.

Mesmo esses, que são investidos de autoridade para os julgamentos legais, nunca devem olvidar que o seu é um compromisso com a verdade e a justiça, não se permitindo corromper pelos interesses imediatistas, nos jogos políticos, financeiros, sexuais e tantos outros que infelicitam o Espírito, comprometendo-o gravemente.

Portadores de conhecimento das leis que regem o destino dos povos, cabe-lhes a devida aplicação do corretivo, identificando, naqueles que derrapam no crime e na perversidade, a presença de enfermidades de vária ordem, bem como da ignorância que provém do primarismo em que transitam.

Em decorrência, a sua justiça não pode ser maior ou igual a dos fariseus, que se aferravam a Lei de Talião, impondo-a com crueldade, ao tempo em que procuravam isentar-se de qualquer responsabilidade, colocando-se acima dela.

Essa justiça arbitrária, que libera o rico e poderoso, punindo o fraco e excluído, é perversidade e aplicação indébita dos códigos legais.

O ser humano encontra-se na Terra em processo de lapidação das imperfeições mediante erros e acertos, aprendendo e reaprendendo comportamentos dignos perante a própria e a Consciência Cósmica.

Quando delínque, (ou seja, comete um delito ou falta), ou de alguma forma compromete-se negativamente, nele próprio insculpe o impositivo da reparação, que lhe chega em ocasião própria mediante as soberanas Leis da Vida.

Nada obstante, a sociedade tem o dever de reeducar o infrator, criando condições próprias para a sua reabilitação, a fim de que retorne ao convívio da família e do grupo com novas possibilidades de crescimento moral.

Por hábito insano, julga-se com muita facilidade, sempre de maneira negativa e cruel.

Desculpa, tu, porém, quando defrontado por acusações ou suspeitas, por perseguições ou infâmias.

Tem em mente que somente te acontece aquilo que irá contribuir para o teu progresso espiritual, se souberes utilizar-te com sabedoria da ocorrência negativa, sem piorar a situação daquele que a desencadeia.

És o que realmente vives no mundo interior e na comunidade em que te movimentas.

Assim, não te preocupes com os julgamentos insanos dos companheiros de jornada, que facilmente projetam noutrem os conflitos que lhes são habituais, comprazendo-se em julgar, em condenar e afligir, mesmo que sem conhecimento das causas.

Jesus foi julgado, condenado e crucificado.

Nada obstante, não tinha qualquer culpa.

Toma-o como modelo e segue adiante em paz.




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Lucas 6:37

Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.

lc 6:37
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Lucas 12:13

E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.

lc 12:13
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Lucas 12:12

Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar.

lc 12:12
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Lucas 12:14

Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?

lc 12:14
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Oséias 12:13

Mas o Senhor por meio dum profeta fez subir a Israel do Egito, e por um profeta foi ele guardado.

os 12:13
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