Diretrizes Para o Êxito

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CAPÍTULO 4

NA CONTRA MÃO DA HISTÓRIA

O cristão-espírita sincero, perfeitamente entrosado nas lições do pensamento de Jesus, não deixa de ser alguém portador de conduta esdrúxula, tendo-se em vista os padrões vigentes na sociedade.

Predominando a ambição desmedida, o suborno e a astúcia, tendo destaque o campeonato da insensatez e o arbítrio da desonestidade, adquirindo cidadania o desleixo moral seguido da vulgaridade dos sentimentos e a vilania do sexo, ampliados pelo abuso das drogas químicas e da ostentação, sentem-se triunfadores aqueles que se destacam na comunidade, pouco lhes importando quais os recursos utilizados e o preço pago para alcançarem o pódio em que se demoram por pouco tempo.

A ética moral cediça abre espaços a acomodação da consciência aos ditames da perversidade e do crime, cuidando, cada um, de preservar a própria existência física, sem o Mínimo de respeito e de compaixão pelo seu próximo, que se aturde no vendaval do abandono ou vai consumido pela miséria social em que esbraveja.

O comportamento convencional estabeleceu que aos amigos, aos afetos se devem oferecer todos os bens, enquanto que aos inimigos, aos competidores, àqueles que se afastam do caminho, nada se lhes deve conceder, antes, pelo contrário, persegui-los e vencê-los de qualquer forma, se isso for possível.

Os relacionamentos sociais facultam que os poderosos reúnam-se em banquetes, a fim de discutirem a miséria dos oprimidos, estabelecendo excelentes programas de beneficência, que jamais cumprem, ao tempo em que consomem altas somas nessas reuniões, que poderiam ser encaminhadas para minorar a fome e as doenças que grassam avassaladoras em toda parte.

Os mimos e joias de alto preço são permutados entre aqueles que não os necessitam, em exibicionismo cruel, em face da carência de toda natureza que espia os afortunados de um dia, e transformariam a futilidade em subsistência física, a fim de não sucumbir diante do fausto inútil dos frívolos.

Aplausos pelos triunfos momentâneos chamam a atenção das multidões, que contemplam os vitoriosos com amarga ironia, considerando-se a distância que medeia entre esses e aquelas desnorteadas.

Promessas impossíveis de realizadas iludem os incautos, pela falácia de políticos desonestos e bem orientados, governantes defraudadores dos deveres assumidos e profissionais bem remunerados, mas não cumpridores dos deveres...

E enxameiam em toda parte os aproveitadores, os utilitaristas, os que abusam da existência física, inconscientes e inconsequentes.

O cristão-espírita, no entanto, caminha na contramão da história contemporânea.

Respeita a conduta de todos, bem como os seus compromissos, mesmo aqueles que se apresentam desestruturadores da sociedade.

No encanto, não covive com eles.

Na impossibilidade de impedi-los, vive conforme os padrões dos ensinamentos de Jesus e da consciência ilibada que haure nos fundamentos do Espiritismo, encarregado de atualizar a proposta do Mestre de Nazaré e demonstrar a excelência dos seus conteúdos, mesmo diante dos conflitos que esse procedimento desencadeia.

É severo para consigo mesmo e tolerante para com o seu próximo.

Amando os seus amigos, não detesta aqueles que se lhe transformaram em inimigos, por considerálos enfermos da alma, necessitados mais de compaixão e terapia do que de perseguição e aniquilamento, já que ninguém morre.

Age sempre guiado pelo sentimento do amor e do dever, jamais se desviando da conduta honesta para com a própria consciência e para com o grupo social no qual se movimenta.

Trabalha, mantendo os nobres objetivos de ser livre e viver com dignidade, promovendo o progresso, mediante, porém, os métodos nobres, ao invés do enriquecimento ilícito, que grassa dominador.

É fiel a verdade, mesmo que a preço elevado de incompreensão e sofrimento.

É gentil com os estranhos, simultaneamente é cordial com os familiares, que sempre envolve em sentimentos de elevação.

Não destaca uns amigos, que o brindam com quinquilharias em detrimento daqueles que lhe não podem oferecer gentilezas materiais.

Faz, sem prometer, evitando-se compromissos mentirosos que reconhece não poderá atender.

É sincero, sem rudeza, prestimoso sem bajulação, devotado sem interesse de recompensa.

Sabe sofrer com resignação e confiança em Deus, não se permitindo mecanismos de fugas pelo uso de entorpecentes e drogas outras que somente aumentam a carga de desequilíbrios para o futuro.

Não anatematiza o mal, antes busca evitá-lo, não blasfema contra as ocorrências infelizes, mas procura delas retirar o melhor proveito, não se envolve na sordidez em triunfo, perseverando nos bons costumes.

É espezinhado, às vezes, no entanto, não se preocupa em conquistar pessoas e perder a dignidade que o caracteriza.

É simples e desataviado, jovial e pacífico, discreto e honrado, quando o comum são os exageros e as complexidades na conduta, os semblantes carregados de ira e de cólera, ou vulgares, com a máscara da simpatia falsa, com os exibicionismos e a falta de escrúpulos.

Certamente chama a atenção, e esse comportamento pode parecer esdrúxulo ante os conceitos atormentados que comandam diversos segmentos sociais.

Essa viagem moral na contramão haure-a o cristão-espírita em Jesus, que jamais tergiversou entre o correto e o equivocado, o dever e o sociável, a dignidade e o crime, a responsabilidade e a truanice, a verdade de duração eterna e o conveniente do momento.

Nunca se escusando de ser coerente com a imortalidade, Jesus não desdenhou o poder temporal, nem a fortuna dos ricos de moedas, nem a dos que dispunham de situação social invejável.

Tratou-os com bonomia e honradez, porém, não os preferiu em detrimento dos injustiçados, dos esquecidos, dos proletários e miseráveis...

Pela Sua altivez foi traído, julgado quatro vezes por esbirros do poder temporal que O temiam, e após condenado a morte por um infame e covarde que também morreu, avançou na contramão dos medos humanos e da subserviência que predominavam no Seu tempo, permanecendo modelar até hoje, a fim de que, seguindo-Lhe os exemplos logremos também a nossa plenitude.




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