Libertação Pelo Amor

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CAPÍTULO 1

A HORA DO TESTEMUNHO

Sentias que a adaga da provação iluminativa tombaria sobre ti, ceifando-te alegrias e expectativas de paz que acalentavas com ternura e ansiedade.

No íntimo sabias que a dor te alcançaria as províncias da alma, levando-te a sofrimentos inenarráveis.

Percebias o acumular de nuvens borrascosas nos céus das tuas esperanças.

Caminhavas com passo firme, no entanto, experimentavas o solo, muitas vezes cediço, por onde avançavas.

Cantavas a melodia da vida aos ouvidos do coração, e, não poucas vezes, a ressonância da perversidade de alguns desvairados chegava à concha dos teus sentimentos, anunciando-te horas patéticas.

Prosseguias com entusiasmo, apesar de observares a pertinácia de inimigos gratuitos telementalizados pelas forças do mal que ainda campeiam no mundo.

Desesperadas em face da tua persistência no bem, teriam que te silenciar a voz, apunhalar-te o sentimento, desmoralizar-te, para que, dessa forma, a tua mensagem não passasse de ilusão ou mentira, jamais chegando às aflições que deveriam ser diminuídas.

Arquitetaram o plano desesperado, no qual te crucificariam no madeiro da própria abnegação, tornando-te execrado.

Quando a traição alcançou a face zombeteira do mundo, os teus inimigos exultaram e passaram a comemorar o êxito do seu empreendimento perverso.

Agora aguardam pelos resultados odientos da sua trama, apoiados por alguns que não sintonizam contigo por diversos motivos e que te veem como competidor das suas ambições.

Não te descoroçoes no embate grandioso do amor e da verdade de que te fazes herdeiro do Crucificado sem culpa.

Se a Ele, a quem amas e buscas seguir, retalharam a alma, amarguraram as horas, prenderam a um madeiro de infâmia, que não te farão esses mesmos instrumentos da loucura que avassala a Terra?!

Não te é surpresa o convite ao testemunho.

Na tua condição de seguidor do Incompreendido dos milênios, experimentar o azedume e a crueldade com que O feriram deve constituir-te uma honra, que te assinalarão as horas do futuro com as condecorações em forma de cicatrizes impressas nos tecidos delicados da alma.

É compreensível que sofras, mas também dispões do lenitivo do conhecimento para não te deixares sucumbir, amargurar, ou guardar qualquer ressentimento.

Os teus perseguidores constituem-te benfeitores da jornada.

Já que não conseguiste atraí-los para o teu círculo de amizade, ama-os a distância e dá-lhes o direito de não gostar de ti.

Quem ama Jesus está dignificado pela Sua presença. E, por enquanto, o Seu sinal naquele que O serve é o testemunho de fidelidade e de companheirismo.


* * *

Não foi um estranho ao Mestre, aquele que O traiu, vendendo-O miseravelmente aos Seus inimigos.

Não foi um desconhecido que O negou três vezes consecutivas.

Não foram corações distantes que O abandonaram.

Todos eles conviviam com a Sua presença, participavam do banquete do Seu amor, ouviam a sinfonia da Sua voz, sonhavam em conquistar o Reino dos Céus com Ele. No entanto, eram criaturas frágeis como tu e os teus inimigos, que abriram campo para a insinuação da ignomínia, para a ação de extermínio do amor. Não dispunham de reservas morais para as refregas que deveriam enfrentar, e, no primeiro embate, tombaram inermes nas armadilhas da loucura.

Assim, considera aqueles que agora te ultrajam e não os temas, nem os lamentes, nem te ressintas em relação às atitudes que tomaram.

Tu conheces o Mestre e eles talvez ainda não tenham travado um relacionamento mais profundo com Ele, apenas se utilizando do Seu nome para projetar a própria imagem atormentada.

Tu elegeste a incomum possibilidade de permanecer com Ele, enquanto os teus opositores, sentindo-se impossibilitados de fazer o mesmo, hostilizam-te, esmiúçam tua existência, azucrinam-te as horas, gargalham...

Encontram-se a soldo da alucinação a que se entregam de bom grado, e ainda não se deram conta do que estão fazendo.

A sua glória é semelhante à névoa que o sol da verdade dissipará. É idêntica à vitória de Pirro, insignificante.

Assim, prossegue cantando o Evangelho, e não te faltarão almas para ouvir a tua melodia.

Vive Jesus no Seu calvário, e atrairás muitos que anelam por exemplos de fé e de coragem, de forma que se renovem e se entusiasmem para prosseguir na luta.

No fragor da batalha, agradece a Deus a dádiva sublime de poderes demonstrar que o teu é o amor de fidelidade ao ideal que abraças e ao qual entregaste a existência.

Em realidade, este é um testemunho suave e transitório, porquanto as alegrias que decorrem do ato de servi-lO ultrapassam as demonstrações de acrimônia e de antipatia que te ofertam os infelizes sorridentes com as tuas dores...

Ninguém transita no mundo sem a bênção da reparação. Hoje é o teu dia de soerguimento moral, de conserto espiritual.

Posteriormente será a vez de outros, aos quais poderás distender mãos amigas, a fim de os ajudar.

Feliz é todo aquele que resgata, que ascende com os pés feridos e o coração abrasado de amor, ganhando os rumos da Imortalidade.

Aproveita-te dos momentos de solidão e de prece para reabastecerte de paz, enriquecer-te de compaixão, alcançares níveis de consciência mais elevados.

(...) E quanto mais vigorosos sejam os impositivos de escárnio e de desprezo a que sejas submetido, mais te alegres com a ocorrência.

A vitória somente é verdadeira quando a batalha está encerrada.

Sem crucificação, não ocorrerá ressurreição.

Sem sacrifício, não há verdadeira glória de servir.

Exulta, portanto, na desincumbência dos teus deveres de espalhar luz por onde passes e irás diluindo as trevas que outros deixaram pelos caminhos.

A tua é a tarefa de semear astros luminíferos. Realiza-a, desse modo, sem descanso nem enfado.

Um dia, que não está longe, quando arrebatado pela desencarnação, percorrerás os rios invisíveis do Infinito e verás a Via Láctea iridescente que deixaste na retaguarda.


* * *

Os grandes mártires ensinaram-nos o caminho a seguir.

Abraçando os seus ideais de engrandecimento humano e espiritual da Terra, nunca se detiveram a receber louvaminhas ou glórias ilusórias. Trabalhavam para o futuro e sabiam que, no seu tempo, não haveria lugar para eles. Insistiram e perseveraram, tornando o mundo melhor para aqueles que vieram depois.

Sem a ambição de seres alguém que ilumina a Humanidade, alegra-te pela oportunidade de oferecer a tua quota de amor, preparando o futuro daqueles que virão logo mais, no qual, certamente, estarás também ao lado desses, que hoje te exigem o testemunho e te crucificam...




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