Libertação Pelo Amor

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CAPÍTULO 26

EXERCÍCIO DA COMPAIXÃO

Muitos males seriam evitados no cosmo individual e na família social, caso a compaixão fosse atitude prioritária nos relacionamentos humanos.

O predomínio do egoísmo e do orgulho na conduta humana induz a pessoa à soberba, fazendo que se considere irretocável, colocada acima do bem e do mal...

A si própria reservando-se direitos especiais, acredita-se credora de todo o respeito que lhe devem outorgar as demais criaturas, embora se permita a licença de agir de maneira especial, equivocada.

Em decorrência, mantém-se inabordável, considerando que a sua invulnerabilidade credencia-a a um status superior.

Quando surpreendida pelas ocorrências comuns nos relacionamentos humanos ou sentindo-se agredida por incompreensão de qualquer espécie, escuda-se no rancor e introjeta a mágoa.

Não lhe ocorre a possibilidade de oferecer compaixão ao agressor, acreditando-se injustiçada, passando a cultivar sentimentos inamistosos que transforma em dardos mentais venenosos, os quais dispara contra o opositor.

À medida que se sucedem os tempos, fixada na presunção, acumula o morbo do ressentimento que contamina todos quantos se lhe acercam, quando não consegue expeli-lo contra aquele a quem considera seu inimigo.

Lamentavelmente, envenena-se ao longo dos dias, perturbando as organizações emocional e física.

Nesse ínterim, manifestam-se distúrbios de vária procedência, sejam aqueles de somatização ou os de agressão aos órgãos emocionais que lhes sofrem as altas cargas vibratórias de natureza tóxica.

Graças aos clichês mentais que são elaborados, abre campo mental a conexões espirituais de baixo nível moral, produzindo os graves fenômenos de obsessão de breve ou de demorado curso.

Ninguém, na Terra, que não necessite de receber compaixão, e, por consequência, de perdoar.

Somente quando se frui o prazer da liberação do ressentimento mediante o conceder da compaixão e do perdão, é que se pode credenciar a recebê-los.

A compaixão é terapia valiosa com caráter preventivo a muitos males, tanto quanto curadora em relação aos distúrbios perniciosos já instalados.

À medida que o ser humano eleva-se moralmente, abandona o primarismo da vingança para adotar o comportamento afável da compaixão.

Na razão direta em que a concede, mais feliz se sente, porque frui a alegria da consciência de paz.

Enquanto mantém uma atitude reacionária contra aquele que agride e ofende, o seu estado interior se deteriora em razão das emoções desordenadas que o assaltam, em razão de optar pelo revide.

A compaixão sempre é melhor para aquele que a oferece.


* * *

A árvore açoitada pela tempestade que a vergasta, despedaçando-a com crueldade, compadece-se da sua violência, reverdecendo-se e explodindo em flores.

Os metais que experimentam a fornalha compadecem-se do calor que os derreteu, tornando-se utilidades e adornos preciosos.

A terra magoada pelo inverno rigoroso compadece-se da friagem terrível que lhe roubou a vegetação, vestindo-se novamente de vida e de cores.

A pedra despedaçada por explosivos e instrumentos que a ferem compadece-se da agressão, tornando-se segurança na construção e em arte deslumbrante nas mãos do esteta.

O barro cozido no forno ardente compadece-se da temperatura asfixiante, tornando-se utilidade de grande valor.

Tudo são lições de compaixão, conclamando à renovação.

Morre uma expressão de vida ou modifica-se uma forma, a fim de dar lugar a novas modalidades na ininterrupta sucessão do processo transformador.

O fluxo da vida é incessante, enriquecedor.

A água que passa carregada pelo rio, por sob uma ponte, pode retornar ao mesmo lugar, no entanto, em circunstância e tempo muito diferentes.

Assim também os fenômenos que ocorrem entre as criaturas.

Em face da sua diversidade, cada qual vê o mundo conforme as lentes do seu amadurecimento psicológico, da sua lucidez de consciência, do seu estágio moral.

Não se pode esperar, portanto, igualdade de conceituação e de conduta, salvadas as exceções naqueles que vivem níveis mais elevados de sentimentos espirituais.

Nada obstante, muitos indivíduos que se sentem magoados com as ocorrências que fazem parte do seu desenvolvimento intelecto-moral, esforçam-se para preservar as lembranças do mal que lhes acontece, cultivando as paixões inferiores.

Sentem dificuldade de compadecer-se, de perdoar, porque não se interessam por fazê-lo, nem se esforçam por ofertá-los.

Nesse estágio primário, comprazem-se quando odeiam, quando se sentem motivados para a vingança, quando alguém os alcança com incompreensão, porque passam a dispor de material favorável ao desforço que esperam conseguir, comprazendo-se em tormentos contínuos.

A compaixão é apanágio da evolução, que todos devem vivenciar a qualquer custo.

Quanto mais é postergada, tanto mais difícil torna-se de ser praticada.

Indispensável, portanto, cultivá-la no pensamento, não valorizando nenhum tipo de mal, não passando recibo à vingança, não aceitando ofensa, lutando por manter-se em um nível melhor do que aquele em que se encontra o outro, o infeliz que persegue e malsina.

Considerando-se que as demais criaturas encontram-se em processo de desenvolvimento, ainda assinaladas pelas heranças do primitivismo, qual ocorre com quase todas, torna-se fácil concederlhes o direito de equivocar-se, de agir conforme os seus padrões morais, não revidando mal por mal.

Quando alguém preenche os vazios existenciais com as mágoas, perde o contato com a beleza, a realidade e o amor.

A amargura se lhe aloja no sentimento e o pessimismo comandalhe as aspirações.

A liberdade interior é alcançada mediante a ruptura dos elos do ódio e do ressentimento através da compaixão.

Quem se utiliza da compaixão rompe o vínculo com aquele que se lhe fez algoz. Enquanto vige o sentimento negativo, permanece, infelizmente, a ligação nefasta.


* * *

Compadece-te, portanto, sem qualquer restrição. Feliz e saudável é sempre aquele que avança em paz, sem amarras perigosas com a retaguarda.

A saúde integral resulta de inúmeros fatores, entre os quais a dádiva da compaixão.

Disputa a honra de ser aquele que concede a paz, distendendo a mão de benevolência em solidariedade fraternal ao agressor.

Paradigma do Ser ideal, na cruz de ignomínia, Jesus compadeceu-se dos Seus algozes e intercedeu a Deus por eles, suplicando que fossem perdoados, porque eles não sabiam o que estavam fazendo.

Todo aquele que se compraz na prática do mal, certamente não sabe o que está fazendo. Se for contra ti a quem ele atire a sua maldade, compadece-te, mantendo-te saudável e em paz.




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