Libertação Pelo Amor

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CAPÍTULO 27

ACEITAÇÃO

O ser humano, em face do instinto de conservação da vida que nele predomina, precata-se contra tudo quanto se lhe apresente em forma de ameaça ao bem-estar, à estabilidade de qualquer natureza, à própria existência.

Por consequência, acomoda-se nas sensações do prazer e da sensualidade, lutando tenazmente para preservá-las, mesmo quando é convidado às emoções superiores.

Diante das ocorrências imprevistas ou daquelas que resultam dos fenômenos existenciais, inevitáveis em todos os processos de desenvolvimento, reluta em aceitá-las.

Normalmente se aturde, passando às reações da ira e da raiva, quando defrontado por problemas, acreditando-se injustiçado, desse modo mais complicando a própria situação.

A rebeldia faz-se-lhe, às vezes, tão grave, que opta por condutas desesperadas, para evitar a aflição, resvalando em transtornos que se somam ao desconforto já existente, gerando situações muito mais difíceis de suportadas.

Noutras circunstâncias, adota a suprema revolta e interrompe o curso da existência física através do lamentável suicídio, muito mais complicando a vida que deveria poupar.

A existência carnal é uma experiência de breve duração entre o nascimento e a morte.

A vida, no entanto, não se restringe a esse fenômeno orgânico, sendo portadora de conteúdo eterno.

São, portanto, valiosas todas as experiências conseguidas durante a trajetória física, que se transformam em lições de sabedoria para tornar mais fácil a ascensão do Espírito.

Tudo quanto constitui desar, infortúnio ou ação afligente, não apenas se reveste de fundamentos morais necessários, que exigem regularização de gravames, como também representa métodos eficazes de educação para serem ultrapassados os limites em que se encontra o ser.

Ao mesmo tempo, considerando-se que fazem parte da escola terrestre, a todos sucede em escala variada, conforme o estágio espiritual de cada um, sendo incontáveis a sua ocorrência e o seu procedimento.

Aliás, o sofrimento é sucesso presente em todas as formas vivas, facultando auferir-se mais ampla sensibilidade e mais elevado nível de consciência.

Quem não experimenta o camartelo da aflição, desconhece a maneira mais segura de ascensão.

Nas fases primárias da evolução, a dor apresenta-se como desgaste da forma, no processo vegetal e animal, nos quais o princípio espiritual desdobra os valores que lhe dormem em latência, adquirindo complexidade.

No ser humano, graças à razão, à percepção emocional, apresenta as sensações físicas e morais, que são consideradas como dor e sofrimento.

A aceitação consciente e tácita desses acontecimentos é a atitude mais correta que deve ser tomada, de modo a modificar o comportamento, ajudando o ser no seu crescimento espiritual.


* * *

Enfermidades dilaceradoras e degenerativas constituem o fadário afligente para o ser humano.

Todas as criaturas experimentam-nas, tendo-se em vista a organização celular na qual deambulam.

São resultados do uso incorreto do organismo durante o curso existencial ou em existência transata. Ao mesmo tempo constituem recurso terapêutico valioso para o Espírito devedor.

Não são poucos aqueles que se rebelam diante de tais acontecimentos, como se fossem os únicos visitados pela desorganização dos tecidos físicos.

Todos os seres humanos estão sujeitos às mesmas contingências, não havendo qualquer exceção nas Divinas Leis.

O corpo, não obstante possuidor de resistência para enfrentar circunstâncias agressivas e desfavoráveis, desafios vigorosos, é, ao mesmo tempo, frágil e susceptível de sofrer distúrbios microbianos assim como desajustes emocionais que o vencem.

A mente, no entanto, que o deve comandar, possui os recursos que o preservam, que o recuperam, que o mantêm, quando bem direcionada, especialmente em relação a essas finalidades.

Acidentes lamentáveis e trágicos, desastres financeiros e afetivos tormentosos, que são comuns, surpreendem aqueles que os experimentam, transtornando-os profundamente.

São tão naturais que não deveriam causar espanto nem desesperação, dependendo, naturalmente, da visão que se tem do mundo, observando que aquilo que acontece com outrem, em momento oportuno poderá também suceder com o observador.

A rebeldia, diante desses tormentos, somente piora o estado interior e desequilibra as reservas de forças que deveriam ser canalizadas para a sua superação.

A aceitação desses fatos angustiantes, sem dúvida, mas normais, constitui o melhor recurso para atenuá-los e para torná-los melhor administrados pela consciência.

A aceitação do trágico, do desagradável, não equivale a uma forma de indiferença diante da sua ocorrência. Antes, porém, trata-se de uma postura dinâmica e renovadora, consciente e vigorosa, que permite manter o carro existencial no trilho do dever, seguindo na direção da meta a conquistar.

Se alguém se debate na enfermidade, aceitá-la é cuidar-se, atendendo à programação estabelecida pelo médico, lutar para diminuir-lhe os danos e até mesmo superá-la.

Em vez de reagir-se através da mágoa, aceitar o fato e cuidar de ultrapassá-lo é o único saudável comportamento a adotar-se.

O mesmo deve ser adotado em outras e quaisquer contingências danosas, alterando-lhes as estruturas mediante a certeza da finalidade da vida e o dever de prosseguir até o fim, desfrutando de cada momento o que de melhor seja conseguido.

Não temer o infortúnio nem o insucesso, que são fatalidades evolutivas durante a existência, constitui terapia valiosa, estejam ou não instalados os processos depuradores.

Aceitação da vida e dos seus métodos é o procedimento mais viável e produtivo que o homem e a mulher inteligentes devem permitir-se.


* * *

Mais rebeldia, no entanto, são a atitude e a postura humana diante do fenômeno biológico da morte.

Embora todos saibam que morrer é inevitável, temem pensar no seu acontecimento e evitam considerar que, à medida que passa o tempo, mais próxima está a hora em que o fenômeno biológico ocorrerá.

Não apenas assim sucede em relação àquele que irá morrer, como também com os familiares e afetos, que se desnorteiam, caindo em desolação ou sendo empurrados para situações de agressividade alucinada.

A aceitação decorre de uma análise tranquila do que sucede, acalmando-se e deixando-se conduzir por Deus, que a tudo governa com inefável amor.




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