Libertação Pelo Amor

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CAPÍTULO 28

O MARTÍRIO DO MEDO

A vida moderna, com todas as suas complexidades, pode também ser considerada como portadora do martírio do medo.

O ser humano, embora aquinhoado pelos valiosos contributos da Ciência e da Tecnologia, conquistando cada vez mais espaço e penetrando mais fundo no milagre das micropartículas, em vez de apresentar um coeficiente superior de harmonia e de felicidade, padece conjunturas impalpáveis no mundo íntimo, que se expressam ou se escamoteiam em formas de medo.

Vive-se, na Terra, a ditadura do medo.

Não somente das barbáries do terrorismo internacional, das guerras monstruosas, das epidemias destruidoras, dos desastres naturais ou de veículos motorizados, mas também, e principalmente, daquele que se deriva de inúmeros conflitos que não têm sido detectados nem resolvidos com segurança.

O medo, no entanto, é um fenômeno normal na vida, quando se está diante do desconhecido ou na expectativa de algum resultado, como fruto da insegurança emocional.

Porque não ama conforme deveria, o indivíduo opta pela fuga através do medo aos enfrentamentos que lhe podem oferecer equilíbrio e paz.

Aturdido por conflitos psicológicos, permite-se o medo como atitude preventiva a dissabores ou a incompreensões, aquartelando-se nas suas sombras, sem viver em plenitude, evitando as experiências que podem contribuir em favor da sua autorrealização.

Por consequência, foge de todos, mesmo quando loquaz e palrador, aparentemente extrovertido, embora sofrendo a constrição perturbadora da ausência de autoestima e de autovalorização.

O medo inibe as belas florações da amizade e dos ideais superiores da vida, que dão sentido e significado existencial ao ser.

Tem-se medo de amar, acreditando-se na possibilidade da traição ou do abandono, de interesses escusos ou de apenas necessidade de companhia, elegendo-se a solidão ou o acompanhamento de pessoas descartáveis, com as quais não se firmam laços de real afeição.

Em uma análise profunda, as raízes desse medo desprezível encontram-se na conceituação da morte como aniquilamento da vida ou nas conotações teológicas a respeito do sono que perdura até o momento do Juízo Final, quando haveria a seleção definitiva dos Espíritos...

Decorre disso o pavor da morte, que se amplia em outras formas de receio, dominando multidões atemorizadas e infelizes.

O amor, no entanto, é o grande antídoto ao medo.

Quando se aprende a amar, naturalmente desabrocha a confiança e a alegria da convivência faz-se natural, ampliando os sentimentos de lídima afeição, que esbatem as sombras das dúvidas, dos receios injustificados, dos medos que se tornam, muitas vezes, patológicos.

Elegendo-se o medo, a vida perde o sentido e o indivíduo emurchece pela falta de espontaneidade para viver e realizar-se.

Posterga, nesse caso, as realizações que podem ser-lhe enriquecedoras, sempre sob o estigma do medo do fracasso, como se toda atividade tivesse necessariamente que ser coroada de imediato êxito, nas suas primeiras tentativas de realização. O insucesso é a experiência que ensina como não mais se tentar o labor dentro do esquema que deu errado.

Atravessam-se, desse modo, os belos períodos da infância, da juventude e da idade adulta cultivando-se o medo absurdo, para darse conta de que se perderam os melhores períodos da vida, quando a velhice assoma e a oportunidade não tem mais retorno.

A eleição do amor expulsa dos espaços emocionais o martírio do medo.


* * *

Tem-se medo de perder o emprego, como se não houvesse outras experiências estimuladoras, novas possibilidades de recomeço e de realização.

Receia-se a perda de amigos e de afetos, atormentando-se em presídios emocionais absurdos, em realidade, negando-se a dar-se, a entregar-se confiante na resposta do próprio amor.

Se, por acaso, desaparecem pessoas do relacionamento, isto não pode constituir motivo de preocupação, desde que não se seja responsável, porquanto outras chegarão e preencherão as lacunas, porventura existentes.

Teme-se a instalação de doenças no organismo, olvidando-se que saúde é o estado natural da vida humana, e que esses acidentes de percurso, no corpo físico, são perfeitamente reparáveis. Mesmo quando se apresentam irreversíveis e fatais, pode-se viver plenamente cada momento, já que tudo na Terra é de duração efêmera.

O que importa não é o número de anos que se pode desfrutar no corpo, mas a qualidade das experiências e emoções que se vivem durante o período em que se está nele hospedado.

Detesta-se a morte pessoal e a dos seres queridos, como se a matéria não fosse corruptível e transitória.

Sob outro aspecto, a morte constitui uma verdadeira bênção, por facultar a libertação de um sofrimento macerador, por ampliar os horizontes da imortalidade, por proporcionar recordações inolvidáveis e pelo fato de ensejar futuros reencontros aureolados de paz e de perenidade.

Em face desse comportamento, tem-se medo da vida, de novos cometimentos, de realizações dantes não tentadas.

A imaginação atormentada é responsável por essa visão distorcida em torno da realidade, que deve ser irrigada de novas ideias e de esperanças estimuladoras.

O ser encontra-se no processo da evolução para ser feliz.

As heranças negativas que se expressam como medo — gravames da atual existência ou consciência de culpa de outras transatas devem ser enfrentadas com valor moral, alterando a estrutura da sua apresentação. Vencida uma etapa, logo outra se faz superada, ensejando a inefável alegria do avanço pelos rumos novos cheios de luz, que eram vistos como sombras apavorantes.

O medo está mais na mente do que na realidade. Quanto mais é cultivado, mais terrível afigura-se, ameaçando a delicada estrutura emocional do indivíduo, que passa a sofrer distúrbios de funcionamento.


* * *

Quando o medo assenhorear-se-te na mente e no sentimento, reflexiona que estás no mundo físico para triunfar, e somente conseguirás esse objetivo, se arrostares as consequências das lutas.

Aquele que teme os combates, já perdeu uma grande parcela de vitória na batalha que um dia será travada, por mais que se queira evitar.

Diante dos desafios que a vida te propõe e dos receios que te intimidam de dares o passo decisivo, ora e age, certo de que nunca estarás a sós na execução de qualquer programa de dignificação humana.

Por fim, se a situação apresentar-se perversa e sem saída libertadora, considera com alegria: qual o mal que te pode acontecer, se somente ele atingirá o corpo frágil, ensejando que o Espírito imortal avance totalmente livre na direção da Grande Luz?!

(...) E não temas nunca!




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