Libertação Pelo Amor

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CAPÍTULO 6

PERMANECE EM PAZ

O afã a que se entregam as criaturas pela posse desenfreada, acreditando que somente valem os recursos que podem ser convertidos em moedas e destaques na sociedade, responde pela insatisfação e pela inconsequência com que se comportam.

Quando as suas necessidades não se fazem preenchidas conforme esperavam, brindando-lhes remunerações que aumentam o orgulho e a soberba, assim lhes facultando desfrutar o triunfo terreno, frustramse, deprimem-se ou rebelam-se, abandonando as crenças religiosas a que dizem pertencer.

Tornando-se amargas e indiferentes ao próprio como ao destino alheio, não acreditam nos tesouros íntimos da paz nem da autorrealização, porque somente consideram as coisas que abarrotam os espaços, criam ambições, despertam inveja, produzem lutas encarniçadas.

Infelizmente, essa é cultura vigente, que tem início na educação mal orientada, quando os pais imaturos discutem diante dos filhos o significado das riquezas monetárias, nem sempre acumuladas com o apoio da consciência saudável.

Destacam o poder do ouro e das moedas fiduciárias, em razão das facilidades que proporcionam na conquista das posições relevantes na sociedade, bem como dos prazeres que facultam, sem demonstrarem a responsabilidade de que se fazem acompanhar, quando mal aplicadas ou irresponsavelmente adquiridas.

Demonstram que o luxo e a ostentação prevalecem no mundo como seguranças de êxito que nem sempre corresponde à verdade.

Ademais, consideram como triunfo somente esse poder que resulta da propaganda feita pela mídia, como essencial à existência humana.

Olvidam-se dos valores morais e dos compromissos espirituais, que são a essência da jornada evolutiva, trabalhando as mentes infantis para a valorização de objetos e coisas que, embora sejam úteis, não significam o fundamental como apregoam.

Os educandos passam a identificar a qualidade e o requinte dos recursos dos outros, considerando sua carência como miséria e despertando os sentimentos infelizes da inveja, do ressentimento e da ambição pelo que lhes faltam. E, na impossibilidade momentânea de os possuírem, armam-se de violência para tomá-los à força ou mediante a bajulação, disputando suas migalhas nos banquetes das fantasias a que se entregam.

A pobreza, a dificuldade, a carência constituem bênção que equipam os seres com outros tesouros valiosos que conduzem por todo o sempre, sem qualquer carga de aflição.

Em realidade, o perigo dos bens não está neles, mas nas pessoas que os disputam e conduzem. Despreparadas para a abundância, derrapam na sovinice ou na extravagância, raramente os aplicando com a correção que se lhes torna necessária.

Assim, não lamentes o que te falta, antes agradece a Deus o que possuis, com maior propriedade a identificação dos íntimos recursos que te tornam realmente feliz.

Não sobrecarregado de coisas, avanças com passo firme em direção da Vida Abundante de onde vieste e para onde retornarás, terminada a tarefa que vieste desenvolver. Estás no mundo para aprender, crescer e desenvolver o teu Deus interno e não para acumulares tesouros que ficarão depois que passares pelas paisagens terrestres.


* * *

Quando Ciro, o Grande, rei dos persas, enviou os seus soldados para que invadissem a Jônia, particularmente a cidade de Priene, a população desesperada, sabendo do saque de que seria vítima, começou a fugir carregando os tesouros que lhe dificultavam a evasão.

As pessoas desesperadas, agredindo-se, umas às outras, tentavam salvar joias e vasos preciosos, urnas e conjuntos de alto preço, tudo aquilo que lhes representava fortuna, obrigando-se a abandoná-los, a pouco e pouco, para salvaguardar a própria vida.

Na confusão que tomou conta da cidade, Bias, que foi considerado posteriormente um dos sete sábios da Grécia, mantinha-se em grande serenidade.

Interrogado pelos concidadãos a respeito da tranquilidade que demonstrava, esclareceu que todos os seus bens estavam com ele e sempre se encontrariam onde ele se apresentasse. Esses valiosos tesouros não o abandonavam, nem ele os deixava no esquecimento ou que alguém os tomasse.

Ante a resposta inesperada, os interrogantes voltaram à carga, procurando saber quais eram, afinal, aqueles recursos que o tornavam rico e seguiam com ele.

Sem qualquer jactância, o sábio esclareceu que eram as conquistas morais da paciência, da sabedoria, da resignação, do amor, do perdão, da bondade, de que ele armazenara na mente e no sentimento, ao longo dos anos de experiências humanas.

Realmente, são tesouros inapreciáveis, porque as ambições egoístas escravizam as criaturas nas coisas palpáveis, e a ignorância do significado da existência carnal ainda não pôde entender a impermanência da roupagem física e a permanência do Espírito nela mergulhado.

Jesus propôs com sabedoria incomum: "Acumulai tesouros nos Céus, onde os ladrões não roubam, as traças não roem, a ferrugem não consome. " Aqueles que vivem para amontoar tudo quanto denominam tesouros desfrutam-nos temporariamente, mas não se podem evadir do plano físico sem os deixar pelo caminho, porque o seu peso faz o corpo dobrar-se, deixando-os cair.

As cabeças idosas dos reis raramente suportam o peso das coroas de ouro e pedras preciosas, usando leves tiaras que os exornam e ficam na sepultura, ou antes.

Em qualquer situação da tua existência, permanece em paz.

Nunca te faltará o necessário nem o essencial à tarefa que vieste realizar, porque o Divino Provedor sempre dispensa os recursos próprios para o ministério que reserva para cada um dos Seus pupilos.

Se, ademais, souberes agradecer e alegrar-te com o que tens, sem pena pelo que parece faltar, mais valioso se te apresentará o que possuis, ensejando-te servir mais e melhor.


* * *

O conhecimento do Evangelho de Jesus e sua aplicação no teu dia a dia conceder-te-ão tesouros incomparáveis de paz e de júbilo, como nada mais pode facultar-te.

Aprimora-te, portanto, cada vez mais, lutando para possuir o que consideres justo e necessário enquanto na roupagem carnal, mas preocupado, sobretudo, com os bens inestimáveis do coração e da mente, de forma que, a qualquer momento, quando chamado de retorno ao mundo espiritual, possas abandonar tudo sem saudades, sem mágoas nem inquietações.




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