Libertação Pelo Amor

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CAPÍTULO 7

PODER TERRENO

Nenhum poder na Terra pode ser equiparado àquele que tem sido amealhado pela Igreja de Roma, em nome de Jesus e dos Seus apóstolos.

A partir de Constantino, o Conquistador, e, mais tarde, graças a outros imperadores, impôs-se contra o paganismo, herdando-lhe os tesouros materiais e convertendo-os em objetos especiais para novo culto de adoração a Deus.

Seus templos faustosos e seus museus monumentais acumularam, através da História, um patrimônio que se transformou no maior acervo de beleza, de arte, de grandeza e de glória que se conhece no planeta terrestre.

Espalhados por quase todo o mundo, reúne a mais completa coleção de expressões artísticas de toda parte, em face das edificações obedecerem às manifestações do sentimento e do desenvolvimento ético-moral de cada povo e lugar.

A sua biblioteca extraordinária, no Vaticano, contém incomparável número de exemplares únicos de obras da cultura dos tempos, manuscritos e livros com iluminuras que não têm preços.

Pergaminhos, tijolos, pedras, peles de animais, papiros e tabuinhas guardando preciosas informações do passado, constituem uma fonte de riqueza especial, que fascina os colecionadores e os estudiosos.

Objetos preciosos de todos os tipos, esculpidos em jade e ébano, madrepérola e cristais, marfim e metais diferentes, estátuas dos diversos períodos da civilização abarrotam a Santa Sé e as igrejas do mundo, exaltando a glória da cultura e do encantamento.

Loggias ou galerias formosas, afrescos únicos, pinturas incomparáveis, tapeçarias preciosas, ornamentos em ouro, prata, porcelana, construções colossais, nas quais o gênio artístico materializou os seus sonhos, são parte dos incalculáveis bens que lhe sustentam os investimentos nas bolsas de valores das grandes cidades.

Seus depósitos bancários e suas negociações competem com as demais empresas do mercado, amealhando sempre mais com sofreguidão, contratando executivos hábeis para que possam gerir todos esses recursos que surpreendem pela grandiosidade e pelo fausto.

A pompa das suas solenidades, que arrebatam os sentimentos e deslumbram os olhos, rivaliza com a coroação dos reis, e seus cultos de grandiosa exaltação superam todas as cerimônias do antigo paganismo.

A opulência e a majestade excessivas esmagam o observador menos atento, exaltando o luxo e o orgulho que a mantiveram no poder, graças, também, à astúcia dos seus administradores e aos ardis políticos da sua governança durante a Idade Média, adaptando-se com sabedoria às novas regras dos tempos hodiernos.

A sua força, nos mais diversos campos da comunidade humana, ainda constitui um poder que enfrenta as situações mais embaraçosas na sociedade terrena, quase sempre lhe concedendo o triunfo.

Se não mais ameaça a estabilidade pessoal do indivíduo mediante condenações e anátemas perversos, assim mesmo consegue gerar situações difíceis para aqueles que lhe caem em desgraça ou não mais lhe são aceitos.

(...) Tudo isso, em nome d’Aquele que não tinha uma pedra para reclinar a cabeça, embora as aves dos céus tivessem seus ninhos e os animais seus covis, como Ele próprio dissera...


* * *

A árvore que o Pai não plantou será arrancada, advertiu também Jesus.

Mediante a força demolidora e inexorável do progresso, as construções realizadas sobre a areia movediça das ambições humanas ruem de um para outro momento, como ocorre durante os terremotos, as erupções vulcânicas, os tornados e tempestades violentas, ou lentamente são vencidas pelos camartelos das nobres conquistas.

A alucinação pelo poder que tomou conta de alguns cristãos de épocas já recuadas, e que foi seguida por outros tantos apaixonados pelo relevo social, que fugiam do mundo para melhor dominá-lo, ergueu o império materialista em substituição daquele que ruía e governara o mundo conhecido, representado na decadente Roma.

Exorbitando os direitos que a si mesmos se atribuíam, substituíram a manjedoura modesta e a cruz grotesca, nas quais Ele nascera e morrera, pelo bezerro de ouro que os antigos hebreus fundiram para adorá-lO em festa de paixões desenfreadas, no curto período em que Moisés os deixara durante a estada no Monte Sinai...

Tresvariando através dos séculos, em delírios contínuos, atribuíram-se os exclusivos representantes de Deus no mundo e impuseram sujeição a todos quantos passaram a temê-los.

Através de manobras hábeis e de conciliábulos hediondos, desencadearam guerras de destruição para submeter povos e raças que se recusavam a reconhecê-los na loucura que se permitiram, ateando labaredas devoradoras que ceifaram vidas incontáveis.

Simultaneamente, erguendo a cruz, conquistaram povos e nações que passaram a explorar, aumentando o poder e gerando o absolutismo do seu Chefe, que se tornou credor das honrarias destinadas aos reis e governantes da Terra angustiada.

Tudo isso sob o disfarce de servidão a Jesus, cuja coroa foi feita de espinhos e o ridículo manto vermelho que lhe atiraram sobre os ombros feridos, ironizando-O como rei de nada, ao tempo em que ostentava a cana imunda em forma de cetro, para completar-Lhe o conjunto humilhante...

Jamais Ele houvera solicitado qualquer homenagem ou destaque, sempre preferindo os pobres e os sofredores, que recebia sem cerimonial ou agenda adrede estabelecida.

Seu poder sempre foi moral e a Sua era a elevação espiritual de ser perfeito, por Deus criado para servir de Modelo e Guia da Humanidade.

Submetia, sim, os corações à Sua incomparável ternura e as vidas à Sua inconfundível mansidão.

Impunha Sua autoridade de Mestre e Senhor aos Espíritos perversos e insensatos que se compraziam na prática do mal, exorbitando dos recursos de que dispunham na condição de desencarnados.

Nunca menosprezou a quem quer que fosse, mesmo que se Lhe apresentasse como Seu declarado inimigo ou severo perseguidor.

Sempre possuía uma palavra justa e oportuna para qualquer situação.

Inclusive, as forças da Natureza submeteram-se à Sua vontade, quando fez aquietar-se o vento e acalmar-se o mar.

Ninguém que se equipare a Jesus!

Somente Ele é o Senhor que nos merece devotamento e entrega, em nome de Deus.

Os que se dizem Seus sucessores, não possuem recursos para renovar almas, silenciar paixões, aquietar tormentos, afastar obsessores, sarar enfermidades.

Possuem, é verdade, muito poder terreno e força nenhuma para representá-lO, não obstante desejem consegui-lo.


* * *

Se te encontras sob as tenazes das provas e dos sofrimentos porque O amas, não te aflijas. Antes te regozija, porque o sinal de que estás com Ele é a cruz que te pesa sobre os ombros e o amor que te assinala a existência, quando te dispões a perdoar e a amar mesmo àqueles que te exprobram e malsinam.

Tudo no mundo é transitório, temporal, e, portanto, efêmero.

Tem paciência e confia no amanhã com Ele, avançando na Sua direção, embora te encontres sem a sustentação dos poderosos do mundo, também teus irmãos carentes e infelizes, apesar de não o demonstrarem.




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