Momentos de Iluminação
Versão para cópiaANTE A INSATISFAÇÃO
A insatisfação prepondera no organismo social da Terra, fazendo vítimas que se estiolam em processo de decomposição interior.
As pessoas que sofrem dificuldade econômica rebelam-se ou se entregam à prostração do desinteresse, em lamentável estado de agonia lenta.
As outras, que buscam segurança e dispõem de haveres, projeção e poder na comunidade, experimentam carência afetiva, entregando-se, não raro, a excessos que terminam por entediar, conduzindo-as aos mais sórdidos abusos do desrespeito por si mesmas e pelos outros, exaurindo-se nos alcoólicos, na usança do sexo alucinado, nos tóxicos. O suicídio, direto ou não, é o próximo passo na correria desenfreada.
A insatisfação resulta do desconhecimento das finalidades reais da existência terrestre.
A teimosa negação do homem integral - Espírito, perispírito e matéria — a favor da forma física em que se apresenta é a grande responsável pelo desenfreio que se observa em toda parte.
Como efeito imediato, a insatisfação arquiteta gozos sempre novos, fugas da realidade, cada vez mais espetaculares, não impedindo, entretanto, que as suas vítimas se reencontrem mais cansadas, mais inquietas, menos saciadas.
A atual liberação dos instintos e dos conflitos, como terapêutica de autoafirmação do homem, mais o torna ansioso quão mais insatisfeito.
O processo de amadurecimento psicológico portador de serenidade para o indivíduo, no entanto, é diferente dos cômodos métodos de aparente solução imediata.
Primeiro, é necessário disciplinar a vontade, após descobrir que se encontra em um estádio 2 da vida, a caminho de nova etapa a conquistar.
Logo depois, buscar as motivações próprias para a luta que deve travar no seu mundo íntimo, a fim de encontrar-se, equipando-se de equilíbrio, de discernimento para os confrontos inevitáveis do futuro.
Não ter pressa na colheita de resultados, mas evitar o postergamento das ações.
Uma vida plena é rica de criatividade, de experiências, de informações e de belezas.
Em todas as situações, afirmar-se como aprendiz, valorizar o ensejo e adquirir o controle sobre elas.
Nunca desistir do programa iluminativo.
Observa as pessoas a tua volta: os saciados, os insatisfeitos, os felizes, os atormentados. Não se detêm em uma análise que lhes resulte benéfica. Transferem-se de uma para outra situação, automaticamente, apressadas, sem que digiram as experiências vivenciadas ou programem as porvindouras.
Não amadurecem os sentimentos, porquanto as sensações e as emoções perturbadoras têm predomínio em suas vidas.
Algumas são invejadas, porque prepotentes ou famosas; no entanto, vivem insatisfeitas com a situação que desfrutam, distantes da realização interior.
Várias afirmam que acreditam na imortalidade da alma. Todavia, a sua não é uma crença consciente, trabalhada pela razão, vivida. E uma chama bruxuleante, que não emite quase claridade, nem aquece os sentimentos, a caminho da extinção sob os ventos contínuos do inconformismo.
Se a dor tenta convidá-las à reflexão, ao aprofundamento da crença, reagem, sentindo-se defraudadas por Deus e pela vida, que parecem não as poupar do sofrimento, como se fossem especiais, credoras de todas as alegrias sem esforço.
Não as lamentes, não as imites.
Elas aprenderão com o tempo, este mestre invencível, silencioso e eficaz, que a tudo e a todos transforma.
A insatisfação de Anás e de Caifás gerou neles a inveja e o ódio contra Jesus.
A insatisfação de Judas fê-lo vender o Amigo.
A insatisfação de Pilatos, entediado, manteve-o indiferente, lavando as mãos quanto ao destino do Justo.
A insatisfação de Pedro tornou-o pusilânime e negador. Porém, despertando do letargo, reassumiu a consciência do amor e do dever, entregando-se-Lhe em regime de totalidade até a morte.
Lembra-te deles e não te permitas a insatisfação, seja qual for o motivo com que ela te busque o apoio.
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