Atitudes Renovadas

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CAPÍTULO 16

PROBLEMAS INTERNOS

A imprevidência e o desconhecimento em torno dos fenômenos mediúnicos e suas ocorrências atribuem a perturbações de Espíritos desatinados tudo quanto sucede aos indivíduos no seu trânsito existencial.

Inegavelmente, o intercâmbio entre as duas esferas da vida, nas quais se movimentam encarnados e desencarnados, é muito grande, em amplas proporções, sendo insistente e contínuo. No entanto, as manifestações negativas e perturbadoras que afligem grande número de pessoas não são necessariamente portadoras de caráter obsessivo, embora possam vincular-se posteriormente ao quadro inquietante já existente.

Durante o processo de desenvolvimento intelecto-moral a que todos se encontram submetidos, as experiências armazenadas propõem novos acontecimentos de acordo com a qualidade das ações anteriormente vivenciadas.

As condutas extravagantes, doentias, assinaladas pela insensatez, estabelecem vínculos com aqueles que foram convivas ou vítimas, quando se instalaram os sentimentos de baixo teor moral.

Não havendo a morte interrompido o ciclo de crescimento, aqueles que permaneceram no além-túmulo, encharcados pelo ressentimento, pelo ódio, pelo desejo de desforço, sendo atraídos aos comparsas infiéis que os infelicitaram, graças à lei de afinidades vibratórias existentes neles, descarregam a sua hostilidade em contínuo processo de vingança, quando, então, surgem os primeiros sintomas de obsessão.


Convém, porém, recordar-se que tal sucede somente porque, existindo devedor moral apresenta-se o cobrador sandeu

, que não confia na Divina Justiça e pretende desforrar-se em quem o afligiu.

O ódio é doença da alma que combure também aquele que o preserva, constituindo-se uma chama devoradora que se faz sustentada pelo combustível do ressentimento e da crueldade.

Filho dileto do materialismo, responde por inúmeros desaires que atrasam o progresso do ser humano individualmente, assim como da sociedade em conjunto.

Somente quando as dúlcidas vibrações do amor penetram o Espírito é que surgem as bênçãos da saúde e da paz em plenitude.

Enquanto não viger no cerne do ser a dádiva sublime do sentimento afetivo, haverá tormento e trânsito por impérvios lugares da emoção em desconserto.

Assim considerando, merece que se tenha em mente que muitos conflitos interiores que nascem na culpa, na insatisfação, nos comportamentos alienantes, transformam-se em verdadeiros algozes do indivíduo durante a sua existência.

Excessos prejudiciais projetam cansaço e mal-estar posterior.

Abusos de qualquer ordem refletem-se como revés e inconformismo.

Tais fenômenos, portanto, são decorrência dos comportamentos doentios a que se entregam os indivíduos que se movimentam no sentido contrário à correnteza moral da existência.

É necessário que cada qual desperte para os seus próprios valores, procurando trabalhar as imperfeições e desenvolver os recursos preciosos que lhe jazem adormecidos.

Aqueles que se acostumaram às queixas e reclamações sem o esforço para entender o que em realidade ocorre à sua volta, estão sempre com antolhos que lhes impedem a visão ampla a respeito dos fenômenos existenciais.

Basta-lhes acomodar-se à insatisfação e disparar contínuos dardos de descontentamento contra tudo e contra todos.

Movimentam-se continuamente de uma situação deplorável na direção de outra, sem uma real modificação de conduta. E natural que se encontrem amargurados e agressivos. Ninguém, porém, irá resolver-lhes os problemas. A eles cabe disciplinar-se, autopenetrar-se, entender os objetivos existenciais e avançar no rumo certo.


* * *

Anteriormente, quando as pessoas se encontravam aturdidas e avassaladas por perturbações espirituais, vinculadas às tradições religiosas do passado, demonstravam dificuldade em aceitar o comércio mental e moral com os desencarnados, particularmente os infelizes e perseguidores.

A medida que as luzes do Espiritismo projetaram o conhecimento em torno da realidade da vida após o túmulo, aumentando o número de adeptos em suas fileiras, a aceitação desse fenômeno tornou-se mais natural e mais clara.

Nada obstante, percebe-se que a maioria saltou da primeira postura para a segunda, sem a necessidade da saudável reflexão, passando a atribuir todas e quaisquer ocorrências menos felizes à interferência dos Espíritos maus, como se os reencarnados fossem marionetes nas mãos odientas dos perseguidores.

É claro que as obsessões desempenham papel muito grave no conjunto social destes dias, em face das vinculações pessoais entre os indivíduos e os desencarnados em desequilíbrio. Mas a ocorrência é resultado da lei de justiça, facultando aos adversários o campo próprio para o refazimento das afeições destroçadas, sendo propelidos pelos sofrimento.

Essa magna questão poderá ser resolvida mediante as ações meritórias daqueles que se encontram comprometidos com a verdade, não lhes sendo necessário o camartelo da aflição.

Entretanto, em face da sua rebeldia, a vida lhes impõe o processo depurativo pela dor, evitando o prolongamento da situação lamentável.

A crença de que são sempre vítimas espirituais, e tudo quanto lhes sucede de desagradável tem origem nas perseguições dos adversários, oculta uma forma de astúcia, tornando a doença, o desar, os infortúnios provocados pelos desencarnados, desde que se logre afastá-los, desapareceriam esses fenômenos infaustos... Nesse comportamento estaria disfarçada a habilidade em transferir para os Espíritos atrasados a responsabilidade das ocorrências nefastas das suas existências, em vez de assumirem a responsabilidade pelos sucessos prejudiciais que lhes acontecem...

Cada qual, porém, terá que libertar-se do emaranhado em que se envolveu a esforço pessoal, naturalmente com a ajuda do seu próximo, o que é compreensível, porém, mediante grande empenho de si mesmo.

Grande número de Espíritos reencarnados experimenta as consequências do estágio moral em que se encontra, como é evidente, em cujo grupo há predomínio do egoísmo, dos interesses mesquinhos com ausência dos sentimentos relevantes, dos esforços pelo crescimento espiritual, que os faculta a vivência dos problemas conflitivos.

A intemperança, a rebeldia sistemática, o atraso emocional, a culpa não assimilada, o egotismo transformam-se durante o trânsito carnal em desafios a cada indivíduo, impondo-lhe as situações doentias que tipificam essa fase da evolução.

E indispensável romper-se as amarras com a acomodação nessa conduta e iniciar-se nos princípios da elevação moral, experiênciando a coragem do autoenfrentamento, da identificação das suas expressões grosseiras, substituindo-as por aquelas de natureza espiritual, esforçando-se cada um por superar as dificuldades, porque o processo da evolução não ocorre por meio de artifícios mágicos.


* * *

Os problemas internos apresentam-se hoje ou mais tarde no mundo exterior, em razão da necessidade de serem eliminados.

Jesus referiu-se que em as nascentes do coração brotam as boas como as más ocorrências, referindo-se ao ser interno que se é, em vez da argamassa celular em que se movimenta.

Não postergues, pois, a oportunidade de autoconhecer-te, autodefinir-te para as realizações da harmonia pessoal, para a superação dos infortúnios e a conquista do bem-estar.

Tudo isso depende exclusivamente de ti...




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