Constelação Familiar

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CAPÍTULO 12

EDUCAÇÃO PARA A AMIZADE

A amizade é um sentimento de elevação que deve viger na conduta dos seres humanos, preparandoos para os grande voos do amor. Pode-se mesmo asseverar que a amizade é uma conquista relevante, uma vitória em relação ao egoísmo e aos seus corifeus, em razão de vincular uma a outra pessoa e ambas ao grupo social no qual se encontram.

Sem amizade, a existência humana perece, e, na constelação familiar, quando não existe, abre expressiva lacuna entre os seus membros.

É um sentimento de afeição que se desenvolve com desinteresse de receber qualquer tipo de gratificação, ensejando relacionamentos edificantes e fraternais.

O amigo é um tesouro que se encontra ao alcance, sempre disposto a contribuir em benefício do outro.

A amizade não deve ter por meta alcançar benefícios, nem expressar manifestação de servilismo ou permuta de gentilezas.

É como o Sol que ilumina tudo, alcançando a delicada pétala da flor e a superfície pútrida do pântano com a mesma generosidade.

Constitui um treinamento para as vinculações mais profundas, quando o amor faculta a intimidade que se desdobra na constituição da prole.

Na família, é indispensável para que reine a harmonia. Os vínculos biológicos facultam melhor desenvolvimento da amizade, em razão da convivência e dos interesses superiores em favor do grupo.

Ampliando-se, alcança outros indivíduos e permite-lhes a ocorrência de pensamentos iguais, que se comunicam naturalmente, favorecendo com alegrias aqueles que conseguem preservar o excelente sentimento.

É um combustível que sustenta a luz da evolução, aquecendo o coração e fortalecendo as emoções.

As pessoas que se sentem incapazes de manter relacionamentos fraternos onde predomina a amizade, encontram-se em estágio egoístico, de que necessitam libertar-se, treinando a gentileza no trato, abandonando a postura de fiscal do seu próximo e manipulador em relação a todos quantos se lhes acercam.

Muitas vezes, quando o amor da sensualidade irrompe no indivíduo, fascinado pelo transitório prazer, a busca ardente é de fácil consumpção, porque falta o alimento poderoso da amizade que mantém e preserva quaisquer tipos de relacionamentos.

Essas paixões perturbadoras são resultado da solidão, do vazio existencial, que devem ser cuidados preventivamente no ninho doméstico, mediante o despertar da amizade sem jaça. Plantando-se, no solo infantil, as sementes da tolerância e do bom entendimento, elas fixam-se no cerne da memória afetiva e prolongam-se por toda a existência, multiplicando-se em frutos sazonados, que ressurgirão em futuras experiências reencarnacionistas felizes...

Algumas vezes, naqueles que têm bem desenvolvido o vínculo da amizade, ei-las já fixadas no íntimo, como efeito de condutas vivenciadas anteriormente.

Quando se experiência a amizade na família, com muita facilidade ela se expande em relação a outras pessoas fora do círculo biológico, favorecendo o enriquecimento da existência, estimulando ao trabalho em benefício de todos.

Afirmava Aristóteles que um amigo é uma única alma habitando dois corpos.

Nos dias atuais, a amizade diminui em razão da suspeita que se avoluma em torno dos relacionamentos, que se apresentam, quase sempre objetivando lucros imediatos, projeção da personalidade, interesses escusos...

A violência, que irrompe em toda parte, empurra as criaturas para a solidão das suas fortalezas residenciais, trancadas, guardadas por sentinelas, equipadas por câmaras de televisão, por sistemas de alarme...

Nos encontros sociais, nos clubes e nos salões de festas, onde parecem viver a fraternidade, esses indivíduos mais se exibem e analisam os outros do que confraternizam, respirando emocionalmente a atmosfera da aparência e da suspeita, sem que seja permitido o surgimento da confiança recíproca, e quando, às vezes, inicia-se esse fenômeno, o hábito mental de considerar a vida sob o aspecto servil, inspira condutas injustificáveis e perturbadoras.

Nos estágios infanto-juvenis, no entanto, é mais espontânea a amizade, porque a malícia e os hábitos doentios ainda não se lhes instalaram, permitindo a natural convivência e o sincero relacionamento.

Entretanto, sendo preservado o sentimento no período adulto, multiplicam-se as emoções de bem-estar, de harmonia e de autoconfiança, logrando expressivos benefícios para o grupo social em que se movimentam.

A amizade expressa-se de maneira muito variada.

Nas uniões conjugais, quando esmaecem os interesses da libido sexual, estua esse sentimento nobre, apresentando e mantendo beleza na existência.

Exemplifiquemos: um esposo de idade está no médico fazendo exames, quando olha aflitivamente para o relógio e solicita ao esculápio terminar as análises. Indagado pela razão da pressa, ei-lo esclarecendo que, em todas as quintas-feiras, naquele horário, visita a esposa que se encontra num lar de anciãos. Ela era portadora do mal de Alzheimer, desde há cinco anos, e havia perdido completamente a lucidez. Ele buscava estar ao seu lado, conversava, lia para que ela ouvisse, narrava os acontecimentos da semana...

O médico, surpreso, interrompeu-o, informando que, desde que ela não mais possuía o uso da razão, não saberia se ele a visitava ou não, portanto, não havia necessidade da pressa.

. Sorridente e jovial, o esposo redarguiu: - Bem, ela não sabe se eu fui visitá-la ou não, mas eu sei...

A amizade é responsável, é consciente, é gentil. Não importa muito como o outro a recebe, mas é essencial, conforme se expresse. Ideal, sem dúvida, quando é recíproca, nada obstante ser muito nobre quando surge em quem quer que seja e da maneira como se apresente...

Não pode ser fingida, não tem caráter de valorização, nem pretende conquistar, a fim de jactar-se.

O verdadeiro amigo é somente o amigo, sem retórica nem poesia, sem adereços ou exterioridades.

Para que permaneça forte, a amizade necessita de ser sustentada pela bondade, esse nobre sentimento de compreensão das deficiências alheias e de ternura pelo seu próximo.

Aqueles que evitam ou que não têm amigos, podem considerar que preferem não ser amigos, mantendo-se em estados mórbidos de conduta que levam à depressão e ao pessimismo.

No lar, especialmente, a amizade é fator primordial para a união entre os diversos membros, propiciando confiança e estabilidade geral.

Destituídos de sentimentos superiores, os animais demonstram amizade e confiança naqueles que cuidam deles e os preservam, tornando-se excepcionais amigos que se sacrificam, quando necessário, por instinto, numa quase inteligência embrionária, para salvarem os seus protetores.

Evoluindo do reino animal ao humano, a amizade é o primeiro patamar para ser construído o sublime sentimento do amor.




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