Constelação Familiar

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CAPÍTULO 16

A RELACIONAMENTOS SOCIAIS

Vivendo-se em sociedade, os relacionamentos entre as pessoas, em especial, e genericamente entre as famílias, constitui um desafio necessário à construção da harmonia do conjunto.

Quando apenas uma nota se encontra desafinada em um instrumento musical, o todo sinfônico padece as consequências perturbadoras da ocorrência.

Da mesma forma, quando alguém se desestrutura emocionalmente, ocorrem efeitos no grupo familiar, que, por sua vez, influenciam a sociedade como um todo.

As experiências de relacionamentos entre famílias são necessárias, devendo, porém, revestir-se de significados existenciais elevados. Não apenas de encontros formais ou reservados contatos, mas de convivência fraternal, sem aprofundamento nas intimidades pessoais, mas também sem distância, de forma que, num momento de necessidade, não haja constrangimento em solicitar-se apoio e ajuda.

O significado representa o ideal geral de entendimento, de ideais que devem sempre mover os indivíduos no rumo da felicidade.

Não é, pois, destituído de legitimidade, quando se assegura que a felicidade deflui de três fatores essenciais: o prazer, o engajamento e o significado.

Quando falta um desses elementos, os outros constituem razão de júbilo transitório e de incompletude para a felicidade.

O prazer é de fácil entendimento e todos o experimentam em uma ou outra situação, quando algo lhes é agradável, faz-lhes bem, contribui para a sua alegria.

Por sua vez, o engajamento refere-se ao entusiasmo com que se adere a uma atividade, na qual se encontram a satisfação íntima e o bem-estar, contribuindo para mais amplo sentido existencial.

O significado, por sua vez, representa o valor que se atribui à própria existência, o objetivo dignificante atribuído às realizações, equivalendo a todo e qualquer trabalho que promova outrem, que o ajuda na solução dos desafios e na conquista de patamares mais elevados na vida.

O significado encontra-se, não raro, em comportamentos religiosos, mas não somente neles, que facultam ao indivíduo a visão espiritualista, a convicção em torno da sobrevivência do espírito à morte física, a ação da benevolência, da compaixão, da caridade...

A convivência entre famílias poderá abranger os três elementos, dos quais se retira a satisfação de uma vizinhança gentil e responsável, que sabe respeitar os problemas, uns dos outros, estando em vigília, porém, para socorrer-se mutuamente, sempre que se faça necessário.

De bom alvitre que, ao instalar-se uma família nova no bairro, no condomínio ou no edifício residencial, onde já se vive, que se crie o hábito saudável de uma visita fraterna, antecipadamente anunciada, a fim de apresentar-se, travando-se um conhecimento gentil que pode ser útil em momentos emergenciais, que todos, vez que outra, experimentam.

Não será necessário ou se faz indispensável a preocupação com presentes, com festas de acolhimento, ou que dê ensejo a confidências dispensáveis, mas que signifique tratar-se de um grupo que se deve conhecer e sustentar-se, facilitando a comunicação e o entendimento humano, em forma social.

Nesse sentido, as crianças e os jovens, caso os haja, terão melhores condições para relacionar-se, para a convivência amiga e a troca de experiências e auxílios na área estudantil.

Nas circunstâncias atuais, vive-se, em um edifício, sem qualquer contato com o seu vizinho, desconhecendo-o e, por consequência, tendo-o como um risco em estado potencial, evitando-se qualquer comunicação, temendo-se problemas e consequências indesejáveis.

Certamente, há famílias como indivíduos que têm muita dificuldade de identificar-se com outros, por deficiência educacional, o que lhes permite intimidades perniciosas, convivências agitadas, interesses subalternos... Mas não são todos, porquanto, de outra forma, encontram-se pessoas e grupos familiares sadios moral e espiritualmente, que sabem respeitar as conveniências dos outros, mantendo-se amigáveis, mas discretamente distantes dos distúrbios de uma convivência perturbadora.

A vida em sociedade é necessária para o desenvolvimento ético e moral dos indivíduos responsáveis pelo grupo familiar, ensaiando passos para ampliar os relacionamentos com outros segmentos humanos.

Não poucas vezes, as pessoas encontram-se em clubes ou bares, em festas ensurdecedoras em que se refugiam para esconder-se do tédio ou driblar as frustrações emocionais e afetivas, procurando estímulos fortes em alcoólicos, em experiências sexuais ligeiras, sem sentido, despertando da ilusão com mais inquietude e solidão.

Somente através de uma convivência positiva, que resulte agradável, é que se podem formar relacionamentos saudáveis, que resultam em harmonia no grupo, em interesse sincero em favor do bemestar de todos.

O isolamento a que se entregam os indivíduos contemporâneos, especialmente nestes dias de comunicação virtual, trabalha em favor de conflitos mais graves do que aqueles que já se lhes instalaram, empurrando-os para distanciamentos físicos cada vez maiores, em que perdem a sensibilidade da convivência, o calor da amizade, e os anseios que os movem são sempre pertinentes aos interesses financeiros, aos gozos sexuais, quando não, às perversões que grassam avassaladoras.

Quando esse isolamento não decorre da fuga para a convivência virtual, os conflitos existentes nessa pessoa afastam-na do meio social, da intimidade na família, procurando justificações para entregar-se ao sofrimento, quando não tombando em depressão.

Os relacionamentos, portanto, devem iniciar-se no próprio meio familiar, no interesse pelo que ocorre em relação ao grupo sanguíneo, no qual se renasceu, participando das atividades domésticas e das preocupações, procurando solucionar os problemas e as dificuldades, enfim, movimentando-se de maneira edificante na constelação do lar.

Mais facilmente se torna partir do simples para o complexo, da família para o vizinho, do grupo de interesses comuns para as aspirações da sociedade, oferecendo-se de maneira ativa para tornar melhores os dias da existência, em relação à própria como às que se referem às demais pessoas.

Nunca houve tanta necessidade de relacionamentos otimistas e fraternais entre as famílias terrestres como na atualidade.

Em face dos distúrbios que vigem em toda parte, impõe-se socialmente o objetivo de relações saudáveis, de forma que sejam modificados os fatores de risco entre os indivíduos, revivendo os interesses benéficos, ao invés da indiferença que se observa em todo lugar.

O que ocorre com o próximo, com o vizinho, é anúncio do que irá acontecer mais tarde com aquele que fica insensível à sua aflição, que evita ajudar para não se comprometer, tornando-se antissocial, antifraterno, egoísta...

A vida é resultado do amor, e este trabalha em favor da solidariedade com todas as formas existentes: minerais, vegetais e animais.

Através, portanto, dos relacionamentos familiares, que facultam solidariedade e compreensão, instala-se o Reino de Deus nos corações, proporcionando real motivo para uma família ditosa, uma existência individual e grupal feliz.




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