Constelação Familiar

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CAPÍTULO 17

RELACIONAMENTOS FAMILIARES

Sendo, fundamentalmente, o lar, a representação minúscula da sociedade, como célula inicial, é justo que seja construído de forma que se alongue com naturalidade pelo grupo social na direção de toda a humanidade.

Os hábitos aí adquiridos terão um caráter permanente, porquanto se fixarão no comportamento dos educandos, facultando comportamentos felizes ou conflituosos.

Certamente, em face dos diferentes tipos humanos que existem em toda parte, sempre haverá confrontos entre as diferentes pessoas, seja na intimidade doméstica ou fora dela. Nada obstante, a boa formação moral sobrepor-se-á em detrimento dos incidentes de menor importância.

Desse modo, a constelação familiar deve ser formada por sentimentos de afetividade sem pieguice e de disciplina sem rigidez.

Observar cada filho com cuidado, a fim de descobrir-lhe o nível espiritual em que se encontra, suas aspirações e possibilidades, é dever impostergável dos pais, que não pode ser transferido para funcionários remunerados. Outrossim, a convivência maternal, em frequente contato com os filhos desde o nascimento, irá contribuir para dar-lhes segurança emocional e sustentar-lhes a alegria de viver.

Constata-se com segurança, que na psicogênese de muitos transtornos depressivos na infância, destaca-se a ausência da mãe, isto é, do seu carinho, do seu contato físico, deixando a impressão de abandono, que se converte em amargura inconsciente na criança, que, desamparada, tomba em profunda melancolia. a retorno maternal, o apoio do regaço afetuoso produzem imediata alteração de conduta afetiva, favorecendo o infante com a recuperação da saúde, com a alegria de viver.

O lar não é somente o lugar dos deveres, mas também do prazer, da alegria de conviver e sentir a família, de experiênciar júbilos e programar festividades que possam auxiliar os bons relacionamentos sociais.

Por isso mesmo, é justo que possua um clima emocional agradável de equilíbrio, ao invés de ser o lugar. onde as queixas e as reclamações fazem-se normais, de tal maneira que o ambiente está sempre contaminado de mau humor e de pessimismo.

Mesmo havendo dificuldades e problemas, como é perfeitamente natural, esses devem ser examinados com naturalidade, sem os extremos da revolta ou os escamoteamentos para disfarçá-Ios, dando-se uma falsa ideia de que tudo está bem. Quando não ocorrem os hábitos de confiança e de lealdade na convivência doméstica, a família começa a desestruturar-se, avançando para o desmoronamento. É imprescindível, portanto, que antes de tal acontecimento todos os seus membros estejam informados das ocorrências que têm lugar no ninho familiar, de forma que os mesmos, em conjunto, contribuam, conforme possam, para solucionar as dificuldades e ampliar os bons resultados do trabalho desenvolvido.

As crianças, em razão da falta de experiência, não deverão participar dos debates mais graves da convivência familiar, o que não significa desconsideração por elas, mas cuidado normal, evitando-lhes apreensões injustificáveis antes de que disponham de condições adequadas para bem as entender.

A camaradagem, portanto, no lar, é essencial a uma convivência feliz.

Quando o lar é carente desses valores da alegria, do bem-estar, do respeito recíproco, busca-se fora, em ambientes pouco saudáveis, os estímulos necessários à própria existência. Não sabendo discernir ainda, os educandos permeiam-se das ocorrências e costumes locais, aprendendo a conviver com eles, adaptando-se e passando a preferi-los. O que não encontra em casa e vislumbra fora atrai-o, passando a constituir-lhe motivação e despertamento de interesse.

Incluem-se, nesse capítulo, as célebres proibições, quase todas irracionais.

Os adultos, impacientes e imaturos, optam por não explicar as razões por que determinados comportamentos são bons e outros são maus, estabelecendo regras de proibições que despertam a curiosidade e o desejo de conhecê-los a todos, por encerrar um conteúdo mágico e fascinante.

A orientação correta a respeito do comportamento e as explicações oportunas em torno dos prejuízos que advêm de alguns deles, eliminam do imaginário infantil aquela atração perturbadora sem traumas, auxiliando no entendimento dos valores que constituem o bem-estar, assim como daqueles que conduzem ao sofrimento, aos estados de ansiedade e de amargura.

O diálogo franco e aberto em torno de todas as questões é sempre o solucionador de enigmas e o amigo do bom entendimento entre as pessoas no lar, no trabalho, na rua, na sociedade...

Nem sempre, porém, tudo estará em clima róseo, por todo o tempo, porque os genitores, por mais abnegados que sejam, também padecem de conflitos, de incertezas, de contrariedades humanas, tendo aspirações e frustrações que não conseguiram superar.

Devem, então, entender os filhos, por sua vez, essa ocorrência, e procurar auxiliar os pais, nesses momentos de turbulência, demonstrando-lhes afeto e carinho, sentimentos de apoio e de gratidão, liberando-se, ao mesmo tempo, de quaisquer conflitos que possam surgir.

Esse intercâmbio saudável é proporcionador de segurança emocional aos diversos membros da família, porque, dessa maneira, sentem-se participantes de tudo quanto tem lugar no seio do clã, adquirindo importância e valor a sua contribuição, por menor que seja.

As experiências que se vão acumulando nos relacionamentos domésticos serão, mais tarde, automaticamente transferidas para a convivência fora do lar, quando as lutas são mais severas e a ausência de parâmetros da afetividade concorre para as definições em torno daqueles que devem ser eleitos como amigos, em relação aos demais que passarão a ser conhecidos apenas, credores de consideração, mas não de confiança ou de intimidade.

Nesse ambiente de entendimento familiar, todos auxiliam-se reciprocamente, nas atividades domésticas, nos trabalhos escolares, nas preocupações de sustentação econômica, evitando-se exageros de gastos e de consumismo, sempre perturbadores e responsáveis por situações aflitivas em relação ao futuro.

A consciência coletiva na família é o resultado da participação de todos os seus membros nas ocorrências diárias, facultando o trabalho geral e ordeiro de preservação do afeto e da manutenção do respeito.

Quando algum membro, porém, não consegue ajustar-se ao programa geral, o que sempre ocorre, ao invés de ser expulso do grupo, convém considerá-lo na condição de alguém necessitado de compreensão, ao invés de portador de impedimentos, evitando-se a antipatia ou a animosidade, sejam ocultas ou declaradas.

Sendo a família constituída por espíritos de diversas procedências, alguns dos quais cobradores de débitos anteriores, é compreensível que se manifestem com azedume, constante insatisfação, agressividade ou reagentes aos planos de entendimento coletivo. Será sempre este membro o criador de problemas, o reclamador, o calceta, o rebelde... Fragilizado espiritualmente, corre o perigo de tombar na fuga pelas drogas, pelo álcool, e, na sua insegurança, iniciar-se no furto, como recurso psicológico para chamar a atenção.

Torna-se, então, um verdadeiro desafio familiar, que deve ser levado em consideração, numa representação diminuta em relação ao que será encontrado multiplicadamente na sociedade fora do lar, que exigirá comportamento equilibrado e desafiador.

A família, portanto, é a célula primordial do grupamento social, o reduto onde se forjam os sentimentos e as qualificações para os relacionamentos humanos em toda parte.

Manter-se, desse modo, uma convivência agradável e louçã, é a regra de bem proceder no lar, para os enfrentamentos coletivos no futuro.




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