Constelação Familiar

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CAPÍTULO 18

MEDIUNIDADE NA FAMÍLIA

No abençoado núcleo familiar, onde se encontram espíritos de diversos comportamentos trabalhando em favor da retificação dos erros do passado e seguro direcionamento moral para o futuro, é compreensível que surjam discretos ou agressivos fenômenos mediúnicos, causadores de distúrbios nos relacionamentos afetivos.

A mediunidade, na sua condição de faculdade do espírito, expressando-se através dos órgãos físicos, constitui um campo experimental de atividades transcendentes, ainda não compreendido quanto deveria.

Ignorando-se, quase que genericamente, o que é a mediunidade, são ainda poucas as pessoas que estão esclarecidas em torno desse formoso recurso de que a Divindade se utiliza para demonstrar a imortalidade da alma e favorecer o intercâmbio com os desencarnados.

Conduzindo alta carga de informações mágicas e destituídas de legitimidade, a faculdade mediúnica é sempre vista de maneira irregular, chegando, às vezes, à aceitação de conceitos absurdos.

Tenazmente perseguida durante a Idade Média e combatida nos séculos seguintes, somente com o advento do Espiritismo é que passou a receber consideração dos estudiosos sinceros e dignificação no seu exercício.

Nada obstante, prossegue sob informações perturbadoras, gozando de místicas injustificáveis e considerações oportunistas.

Sem conhecimento real da sua especificidade, pessoas precipitadas e imaginosas opinam e orientam de maneira equivocada, quando não se referem à necessidade de bloqueá-la e anulá-la nas suas mais variadas expressões.

Noutras circunstâncias, em face das superstições que grassam em torno dos fenômenos paranormais e mediúnicos, surgem fórmulas cabalísticas e práticas excêntricas, como capazes de contribuir em favor do seu desenvolvimento e compreensão.

Desse modo, a faculdade irrompe em qualquer período da existência humana, seja na infância, adolescência, maioridade, senectude, produzindo, quando ostensiva, ruídos e inquietações, necessitando de conveniente orientação, qual ocorre com as demais faculdades emocionais, mentais, aptidões artísticas e culturais...

Na infância, invariavelmente apresenta-se turbulenta, porque a criança, não sabendo discernir a realidade objetiva das ocorrências espirituais, confunde-se e gera situações embaraçosas na família, quase sempre acontecendo momentos desagradáveis e desestruturadores.

Cabe aos genitores não se deixar afligir, quando defrontados por ocorrências desse porte, procurando as soluções adequadas para o atendimento à criança, oferecendo-lhe segurança afetiva, dialogando com naturalidade, explicando que se trata de espíritos - seres que viveram na Terra e prosseguem sem o corpo físico - que necessitam de orientação, aqueles que se apresentam infelizes e perturbadores ou de respeito, aqueloutros que são bondosos e gentis.

Atender ao filhinho com naturalidade, sem a contribuição fantasiosa do sobrenatural, evitando paisagens aflitivas geradas pelo medo, por ameaças inquietadoras, dando um toque natural ao fenômeno, de maneira a ser bem aceito e compreendido, é o primeiro dever dos pais ante a presença da mediunidade na família.

A maneira mais segura para o atendimento correto, a seguir, será o auxílio de uma Sociedade Espírita, portadora de recursos orientadores, especialmente se a criança encontrar-se em idade própria para participar das atividades infanto-juvenis, nas quais encontrará encorajamento e apoio para a superação das aflições que, por acaso, existam.

Nunca permitir que a criança-médium participe de atividades mediúnicas, por mais se apresentem justificativas, considerando-se a impossibilidade de a mesma introjetar os ensinamentos espíritas específicos em relação à problemática, assim como à dificuldade de selecionar os conflitos que têm lugar durante o período de educação da faculdade.

Não há pressa para que seja feito o desenvolvimento mediúnico, porquanto este estende-se por toda a existência, sempre necessitando de reflexão, de estudo, de vivência.

A criança e o adolescente devem ser poupados das experiências mediúnicas organizadas em Instituições Espíritas, trabalhando-se-lhes os valores morais, edificando os sentimentos nobres e conduzindo-os pelos trilhos da alegria de viver como jovens equilibrados e saudáveis.

A mediunidade não é uma miséria psicológica ou um transtorno de conduta, conforme fizeram e ainda alguns especialistas fazem crer, que necessita de terapia psiquiátrica, a fim de anular-lhe as ocorrências.

Graças à orientação bondosa dos pais, à fraternidade vigente no lar, evitando-se criar maiores conflitos no jovem médium, consegue-se, com o apoio de todos tornar os fenômenos menos penosos.

Sem dúvida, nesse período da existência, as dívidas pretéritas ressumam vigorosas, e aqueles que ainda se sentem infelizes por haverem sido vítimas, acorrem pressurosos, na sua ignorância, em busca do desforço em relação ao inimigo ora reencarnado. Não vêem a criança, mas sim o algoz que os infelicitou, embora o novo corpo no qual se encontra, descarregando os seus sentimentos inferiores e perversos, em forma de vindita infeliz.

O antídoto ao ódio é sempre o amor revestido de compreensão do sofrimento do próximo, ao tempo em que busca diminuir-lhe as consequências danosas.

Todos reencarnam, na Terra, a fim de progredir, liberando-se dos compromissos negativos do pretérito e estabelecendo novos roteiros de equilíbrio e de felicidade, de forma que o sublime educandário em que se encontra, faculte-lhes a visão correta em torno da vida, abençoando-lhes a existência com as lições de justiça, equídeoss, amor e compaixão, educando-se sempre para o melhor desempenho das atividades que lhes dizem respeito.

A faculdade mediúnica, portanto, no período infantil, é portadora de um alto significado no processo do restabelecimento da paz de todos os infratores, que poderão, passado esse período, liberar-se dos fenômenos ostensivos, mantendo a percepção natural, sem transtornos nem aflições.

As experiências que ficam no inconsciente irão trabalhar-lhes a compreensão e a certeza da imortalidade da alma, melhor ensejando-lhes o crescimento íntimo em relação aos deveres para consigo mesmo, com o próximo e com Deus.

É expressivo o número de crianças-médiuns, pois que, a faculdade abençoada trabalha para a felicidade do espírito, assim como as demais de que se encontram possuídos.


Podem manifestar-se, porém, os fenômenos em duas ordens distintas: aqueles que são perturbadores

—mediunidade de prova - e aqueloutros naturais, que não geram desequilíbrios.


Quando não produzem distúrbios na conduta da criança, é que a sua natureza e a sua constituição se prestam a isso. O mesmo não acontece quando é provocada e sobreexcitada.

* Essas crianças têm visões, ouvem, produzem efeitos físicos e tudo isso lhes parece perfeitamente natural, não lhes causando qualquer problema, cabendo aos familiares adultos a compreensão do fenômeno e sua consequente orientação.

Nunca olvidar-se, portanto, diante de fenômenos mediúnicos no lar, especialmente na infância, que somente o conhecimento do Espiritismo pode oferecer roteiros de segurança e orientação para o bom desempenho da faculdade.

* o Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Capo 18 - Item 221 - 62a edição, FEB. Nota da autora espiritual.




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