Constelação Familiar

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CAPÍTULO 5

OS IRMÃOS ENTRE SI

A bênção do renascimento na constelação familiar constitui providencial oportunidade de crescimento espiritual e conquista de valores ético-morais excelentes.

Procedentes, quase sempre, de experiências diversificadas, os espíritos que se agrupam através dos vínculos biológicos sob o mesmo teto, fruem da concessão de amor valiosa para ajustamentos indispensáveis ao equilíbrio que lhes falta, por desastres comportamentais que se permitiram em existências transatas.

Quando um família reúne filhos que se entendem e se amam, consegue desfrutar de incomparável misericórdia celeste, a fim de trabalharem em favor de uma sociedade harmônica.

Identificados por ideais superiores em que laboraram anteriormente, voltam a experiênciar a união fraternal no mesmo clã, de forma que a jornada se faça coroar de realizações superiores.

Entretanto, as reencarnações difíceis no mesmo grupo consanguíneo constituem ocasião incomum que favorecem o aprimoramento espiritual, na oficina doméstica onde se caldeiam as imperfeições e se lapidam as anfractuosidades morais dos seus membros.

Na infância, já se podem notar as afinidades existentes entre os irmãos, através da afeição vigente ou das animosidades que se expressam por meio de birras e agressões contínuas, dos epítetos deprimentes com que se ofendem e das atitudes de implicância que demonstram sem motivos justificáveis.

É natural que, à medida que se vão estruturando e avançando os processos biológicos, as agressões podem significar necessidade de chamar a atenção, manifestação de ciúme por insegurança emocional, reações psicológicas de conflitos em surgimento... São, porém, passageiros esses comportamentos, quando não se fincam em raízes de ódios anteriores, gerando dificuldades nos futuros relacionamentos...

As atitudes inamistosas contínuas denunciam sentimentos infelizes que não foram superados e ressurgem do inconsciente, em revides pelos acontecimentos inditosos do passado.

A vigilância dos pais, especialmente, nesse período, torna-se indispensável, a fim de trabalhar em favor da harmonia e da compreensão entre todos.

Narra-se, que a eminente educadora italiana Maria Montessori, quando consultada sobre a época em que se deveria começar a educação dos filhos, teria asseverado que vinte anos antes, isto é, quando os futuros pais deveriam começar a preparar-se, a trabalhar-se emocionalmente para saberem como orientálos.

Realmente, a tarefa educativa exige cuidados especiais e constância, não se restringindo a atitudes momentâneas, emocionais, a chantagens e dubiedades de métodos.

Ela tem as suas bases repousadas no amor e no carinho, na ordem e no respeito que devem viger entre educadores e educandos, de forma que se estabeleçam os vínculos de confiança e de afeição para o êxito do cometimento.

Assim, cabe aos pais, na saudável convivência com os filhos, observar-lhes as imperfeições morais e a agressividade especialmente entre eles, corrigindo-lhes tais manifestações, dialogando com paciência e ternura, sem cedência na decisão ou aquiescência ao comportamento negativo.

Não poucas vezes, a irritação e o cansaço recorrem às corrigendas igualmente perversas, através de castigos físicos, punitivos ou disciplinas morais humilhantes, que redundam em recrudescimento da animosidade entre os irmãos, por não saberem interpretar a atitude injusta, transferindo culpas e responsabilidades de uns para os outros.

O amor, revestido de bondade sem conivência, culmina por suavizar os resquícios do ódio, ensejando concessão da amizade que se inicia, propiciadora de entendimento e de tolerância.

O exemplo de união e de respeito entre os genitores igualmente se transforma em equilíbrio e base de segurança para os filhos, aqueles que se apresentam como irmãos em experiência evolutiva...

Esses irmãos, portanto, são aprendizes da vida, formando o pequeno grupo social, pródromo da sociedade ampliada na qual serão convidados a viver no futuro que os aguarda.

Compreende-se que haja diferença de opinião e de expressão, de interesses e de conduta entre os irmãos, o que não deve proporcionar as constantes brigas e desentendimentos que vigem, invariavelmente, nas famílias que se desestruturam.

Por uma razão de afinidade defluente do amor em outras existências, pode repontar a tentação da preferência afetiva por um filho que é gentil e bondoso, companheiro e amigo, do que por outro, que é arredio, ríspido e grosseiro... No entanto, cabe aos pais o discernimento e a sensatez de não piorar o tormento e inquietação, nesse, que é emocionalmente desajustado e enfermo, demonstrando preferência pelo outro, o que gera ressentimentos profundos e ódios incandescentes.

No episódio bíblico e mitológico da aversão de, Caim por Abel, que terminou por cometer o fratricídio, teria sido a preferência de Deus, que aceitava os sacrifícios do segundo em detrimento do outro, irascível e desprezado...

A lição merece reflexão profunda, havendo-se tornado um arquétipo apelando para a vigilância dos pais em relação aos filhos.

Por sua vez, os irmãos devem aproveitar a oportunidade salutar para a convivência edificante, ajudando-se reciprocamente e convivendo com sentimento de fraternidade e de respeito, embora com dificuldade em amar-se nessa fase inicial, o que se pode compreender...

Da mesma maneira, aquele que nasce primeiro e vai adquirindo experiências vividas pelos processos naturais, está convidado a proteger os irmãos mais novos, mais dependentes, oferecendo-lhes carinho e assistência.

Aos pais sempre está confiada a tarefa de estimulá-lo nessa conduta, pedindo-lhe ajuda sempre que possível e valorizando-a, por mínima que seja, de modo que ele aprenda solidariedade e compaixão, sentimentos nobres de dever para com o próximo mais próximo...

No lar, desse modo, encontram-se os recursos preciosos da educação para a formação equilibrada do caráter e da personalidade que se prolongará por toda a jornada terrestre.

Os pais são doadores genéticos da forma, de algumas características anatômicas e fisiológicas, nunca dos valores morais. Mesmo assim, é o espírito que imprime nas delicadas estruturas dos genes as próprias necessidades, assinalando o futuro organismo de maneira a atender a programática elaborada em favor do próprio progresso.

Observando-se dois gêmeos univitelinos, com idêntica aparência física, os valores morais e comportamentais, salvadas raras exceções, são muito diferentes, como também se tem constatado em xifópagos interdependentes que, às vezes, se odeiam.

Quando os irmãos dão-se conta do impositivo da união e conseguem superar as dificuldades emocionais que existem no seu relacionamento, encontram-se mais bem equipados para o enfrentamento dos desafios existenciais.

Amadurecidos na convivência, estabelecem metas interiores de compreensão dos deveres, superando as antipatias e adaptando-se à estrutura social onde são convidados a viver.

Esse processo de crescimento emocional muito depende da educação familiar, dos exemplos no lar, dos relacionamentos sociais, que servem de modelo a serem imitados.

Iniciando no lar o entendimento entre os irmãos biológicos, a sociedade exulta, porque é a grande família na qual a fraternidade terá que se instalar a benefício de todos os seus membros.

À educação moral, pois, compete a grande obra de trabalhar os irmãos desajustados ou mesmo afins, preparando-os para o ministério ditoso em favor da humanidade dignificada e justa do porvir.

Irmãos biológicos, desse modo, são campo experimental para a modelagem da sociedade harmônica, iniciada no ninho doméstico, na constelação familiar e culminando nos relacionamentos gerais.




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