Constelação Familiar

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CAPÍTULO 9

OS VIZINHOS

Hodiernamente, em face dos conflitos existenciais e das dificuldades de relacionamento, a vizinhança apresenta-se, normalmente, como uma incógnita que deve ser levada em conta.

Por um lado, a falta de respeito que vige entre algumas criaturas, que não sabem manter os relacionamentos sem ultrapassar os limites do equilíbrio, gerando situações embaraçosas. De outra maneira, os conflitos humanos que impõem condutas de distanciamento, evitando a fraternidade que sustenta os sentimentos e dá-lhes vigor. Por fim, as comunicações virtuais que isolam nos lares as pessoas, afastando-as da convivência salutar, como medida de precaução contra problemas, que, no entanto, são gerados através da INTERNET, mediante vinculações perigosas que têm gerado graves desastres emocionais em muitos dos seus aficionados.

À medida que se multiplicam as residências em apartamentos de edifícios de grande porte, menos se conhecem aqueles que as habitam, raramente comunicando-se, mesmo quando casualmente se encontram nos espaços coletivos, nos ascensores, nos parques, nos salões reservados para celebrações festivas...

O individualismo toma conta da sociedade e a família experimenta hipertrofia afetiva, fechando-se cada vez mais, a prejuízo da educação dos filhos e da convivência agradável entre os seus membros.

Iniludivelmente, em face do instinto gregário, a convivência com o próximo é uma necessidade de alta significação, por facultar o desenvolvimento da sensibilidade afetiva que trabalha em favor dos sentimentos elevados do ser humano.

A vida social é de valor inestimável, por propiciar o entendimento fraterno, o trabalho coletivo em favor da solução dos problemas-desafios que a todos atingem, abrindo portas a um intercâmbio de auxílio recíproco nas horas de maior necessidade, que sempre convidam à reflexão e ao trabalho de superação.

No que diz respeito à educação infantil, a convivência vicinal é muito importante, desde que, guardadas as proporções, trabalha em favor do crescimento social das crianças e jovens, que formam grupos afins e ajudam-se uns aos outros, na aprendizagem, nas recreações, nas atividades que lhes são pertinentes.

O que constitui verdadeiro desafio é o discernimento lúcido para que não haja envolvimento emocional profundo entre as pessoas, gerador de conflitos prejudiciais à boa vizinhança.

Partindo da família, o bom relacionamento entre vizinhos abre perspectivas mais amplas a benefício de melhor entendimento entre os grupos sociais, políticos, religiosos, artísticos, desportistas, e, por fim, entre as nações...

Toda experiência inicial, quando se transforma em aprendizagem, amplia o seu círculo e a sua capacidade que podem ser aplicados no coletivo, trabalhando em favor da harmonia que se faz necessária na sociedade como um todo.

O vizinho, na condição do próximo menos distante, é oportunidade de convivência edificante através da cordialidade, da urbanidade, do respeito entre amigos.

Em relação à criança, essa comunicação irá prepará-la para ampliar as relações com os colegas de classe, aprendendo solidariedade e desenvolvimento de valores ético morais.

A criança que não se relaciona bem no lar, muitas vezes, no vizinho encontra motivações para uma convivência saudável, que influenciará para melhor o comportamento na própria família.

Estimulá-la buscar a companhia dos amiguinhos, a divertir-se com eles e com os mesmos estudar, resolvendo os deveres escolares, é de relevante significado para a sua construção social.

Experiênciando, desde cedo, o labor em grupo, as preocupações com os demais da mesma faixa etária, as programações festivas e comemorativas de aniversário e outras, na adolescência e na idade adulta tornam-se-lhes mais fáceis os enfrentamentos e competições que a existência propõe diariamente.

Desenvolvendo a capacidade de entender e valorizar a cada um, o princípio de compreensão e de amizade predomina em todos, ao invés da postura demasiadamente cautelosa, suspeita, geradora de ressentimentos a que muitos se entregam, conspirando contra os programas de edificação humana.

É natural que devem ser estabelecidos critérios pelos pais, sempre vigilantes, em relação aos seus e aos filhos dos vizinhos, de forma a orientar com segurança as brincadeiras e as responsabilidades dos educandos que, inexperientes, podem deixar-se dominar pelos impulsos primários tornando-se agressivos, desrespeitosos ou retraídos por timidez, evitando-se os problemas normais da convivência. Sem esses critérios resultariam situações perturbadoras.

Quando as criaturas compreenderem que se interdependem espiritualmente, fazendo parte da grande família universal, a tolerância e a compreensão dominarão os seus atos, facultando melhor entrosamento entre os diferentes sentimentos e comportamentos existentes.

O vizinho, em razão da sua proximidade física, proporciona ensejo de amizade, de trabalho comunitário a benefício de todos, de exercício de bondade, intercambiando conhecimentos sempre úteis.

Como cada indivíduo é portador de faculdades específicas, de condutas próprias e de emoções muito pessoais, a permuta de estima com a vizinhança ajuda a estabelecer um clima de respeito e de compreensão dos valores de cada qual a benefício de todos.

Visto como amigo, o vizinho lentamente inclui-se como membro fraternal que merece consideração e interesse, favorecendo com oportunidades de valiosa aprendizagem cultural, recreativa e inspiradora do bem servir.

Em razão do desenvolvimento natural, e graças às células-espelho no cérebro, a criança imita sempre os atos dos adultos, no lar, na rua, na escola.

Se os pais mantêm convivência agradável com outras pessoas, evitando comentários desairosos a respeito de outrem, censuras e reproches descabidos, os filhos imitam-nos, aprendendo que a amizade não lhes concede a permissão para intrometer-se nos problemas particulares de ninguém, preservando-se também de ocorrências do mesmo tipo.

Essa experiência, a de ser mantido o relacionamento vicinal pelos adultos e estimulá-lo entre as crianças, significa uma valiosa conquista ética do grupo humano, marchando no rumo de uma sociedade mais harmônica, porque mais compreensiva dos deveres em relação de uns para com os outros.

A educação, em si mesma, e particularmente a infantil é um trabalho de todo dia, de toda hora, e não apenas de momentos emocionais, carregados de afeto exagerado ou de agitação e desequilíbrio.

Muitas vezes, a criança que deseja maior lilberdade, e não a tem em razão de os pais manterem a disciplina educional, refere-se que os genitores dos seus colegas são menos exigentes, mais liberais e deixam-nos fazer o que lhes apraz.

Esse argumento pode e deve ser contestado bondosamente com segurança, elucidando que o amor vigia, o amor cuida, o amor acompanha. Quando alguns pais liberam os filhos antes que tenham maturidade, não é por amor, mas para se verem livres de preocupações, para libertar-se da insistência deles, em uma quase indiferença pelo seu futuro, ou por saturação da convivência com os mesmos.

Desse modo, a conversação, o diálogo contínuo, os esclarecimentos em vez das ordens e das imposições, constituem motivos seguros para o bom entendimento no lar, a boa formação do caráter e, ao mesmo tempo, como estímulo para uma convivência digna e produtiva com os vizinhos.




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