Iluminação Interior

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CAPÍTULO 12

Os ingratos

Uma das imperfeições do caráter humano que merece cuidados especiais e correção adequada é a ingratidão.

Aqueles que lhe padecem o jugo, devem ser tidos como Espíritos adormecidos no primarismo de que têm dificuldade para conseguir a indispensável libertação.

Sofrem-lhe o acicate e deixam-se conduzir perigosamente pelos tormentos da indiferença ao amor e ao reconhecimento, amolentando-se na falta de sentimentos dignificadores.

Os ingratos conduzem o coração enregelado pelo egoísmo e vivem asfixiados na soberba.

Ignoram as bênçãos da alegria de retribuir, que constitui excelente conquista do processo da evolução.

Incapazes, porém, de discernir com claridade mental as ocorrências a sua volta e a respeito de si mesmos, atribuem-se valores que não possuem, acreditando-se credores de merecimentos que hão existem.

São sagazes e ambiciosos, hábeis na arte de iludir e de conquistar, indiferentes na maneira de repartir.

Na sua vã cegueira, norteados pela presunção de que se sentem dominados, pensam que as demais pessoas têm o dever de servilos, mesmo quando reiteradamente ingratos.

Usam a máscara da simpatia durante a necessidade, e pós atendidos apresentam a carantonha da má vontade.

Orgulhosos, nunca pensam em retribuir de alguma forma, uma parcela sequer do muito que recebem, porque isso os humilharia, esquecendo-se de valorizar o esforço e a bondade de quem lhes distendeu a mão generosa e o sentimento solidário.

Transformam-se em parasitas sociais, sugando, as energias dos operosos no bem como daqueles que se devotam à prática da misericórdia e da compaixão.

Simultaneamente, são soberbos, pois que exigem sempre, jamais oferecendo qualquer contribuição retributiva.

Por mais que sejam beneficiados, logo se olvidam, até quando surge nova ocasião de necessitar de apoio, esperando prosseguir sob amparo e atendimento.

Não se cansam de explorar e estão quase sempre insatisfeitos.

Recebem mil vezes e, se por alguma circunstância, não podem ser atendidos na enésima vez, reagem, furibundos e insanos, como se houvessem sido gravemente prejudicados pelo seu próximo.

Ociosos, não se esforçam por mudar de situação através do trabalho, e mesmo quando o conseguem, não modificam a estrutura da personalidade mórbida.

Apesar, porém, da frieza moral, que é atributo da sua inferioridade, chega o dia em que a consciência neles desperta e a culpa se lhes instala, amargurando-os pela via solitária onde as Soberanas Leis os colocam para reabilitar-se.

Renascem, então, em condições subalternas, deplorando as necessidades ora reais, que os maceram, porque, no Estatuto Divino, a gratidão desempenha papel preponderante, em favor do equilíbrio geral.

Aqueles que praticam o bem, aguardando, por sua vez, qualquer forma de retribuição, não diferem muito dos ingratos, sendo, igualmente, Espíritos necessitados.

Incapazes de doar desinteressadamente, negociam sob o disfarce da solidariedade, sempre aguardando a recompensa, que deve ser qualitativamente mais significativa.

No seu íntimo permanece um certo narcisismo, no qual caracterizam-se como benfeitores, tornando-se recompensados na vaidade, pelo reconhecimento que recebem, pela admiração que despertam, através do afeto que cobram daquele que foi agraciado com o seu auxílio.

O Espírito lúcido e consciente do seu dever de humanidade, porém, nunca espera qualquer tipo de retribuição pelo que faz, porquanto experimenta inefável prazer em ajudar, cooperando em favor do progresso e da felicidade generalizada.

É semeador da esperança, e esparze, por isso mesmo, pelos caminhos percorridos, o sol da alegria e a semente da bondade, deixando sinais formosos que despertam a atenção dos que seguem na sua retaguarda.

Não se detém aguardando os resultados do que realiza, não se preocupando em contemplar a beleza da paisagem iridescente, florida e frutescente que deixou para trás.

Segue adiante sem compromisso perturbador com o caminho percorrido, agora iluminado e produtivo.

Tudo quanto faz, resulta da sua conquista de sabedoria, por compreender que a gleba sempre responde ao agricultor conforme foi cultivada.

Por isso, preocupa-se em arroteá-la com cuidado, libertando-a dos pedrouços e das ervas daninhas, colocando as sementes em covas bem feitas e cuidando das plântulas frágeis quando surgem...

Os resultados, que serão os melhores, deixa-os à vida.

Se, por acaso, recebe gratidão e amizade, multiplica, as possibilidades de servir, evitando tornar-se devedor, sempre seguindo com farta distribuição de amor, porque o seu é o compromisso de beneficiar.

Desse modo, nunca desanimes em razão das atitudes dos ingratos.

Não te permitas afligir, porque além de nada oferecerem, são artesãos da mentira, da acusação indébita e da censura perversa.

Aprende com eles em treinamento de paciência que te concederá excelentes resultados no combate à vaidade e à prepotência que vicejam ocultamente no teu mundo íntimo, mesmo que te não dês conta da sua presença morbífica.

Não te decepciones tampouco diante desses companheiros doentes da alma - os ingratos!

Nada esperando deles em forma de bondade, estarás em condições de entendê-los, seguindo além, otimista e generoso.

Os ingratos, antes de infelicitarem aos demais, são autoflageladores.

Servindo-os, resgatas enganos e ações nefastas de ontem. .

Todo o bem que se faz produz bem-estar naquele que o realiza.

Ademais, o preceito evangélico refere-se aos benefícios íntimos que afloram no ser após a travessia carnal, quando desperta na Pátria espiritual.

Vinculados os seres humanos uns aos outros pelo impositivo dos renascimentos, é natural que os prejudicados de ontem retornem para ser recompensados, enquanto os seus algozes estarão ao seu lado reabilitando-se.

Tem, porém, cuidado, para que não te faças ingrato nunca, seja qual for a justificativa que se te apresente.

Valoriza tudo quanto te seja oferecido e procura reconhecer que, talvez, não seja por mérito de tua parte, ias por bondade do teu generoso doador.

Retribui, então, tudo que recebas, com um sorriso ou uma palavra gentil, um gesto de ternura ou uma ação de equivalente significado.

Se não desejares parecer preocupado em retribuir a nada ficares a dever, faze a outrem conforme foi i em relação a ti.




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