Iluminação Interior

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CAPÍTULO 14

Vidas frágeis

O indivíduo fátuo e orgulhoso que exterioriza poder, fazendo-se temerário, quase detestável, é uma vida frágil, coberta de disfarces para ocultar os tormentos íntimos que o afligem e desconsertam.

A pessoa prepotente que passa em triunfo, no carro da ilusão, invejada e antipatizada pelos seus corifeus, é uma vida frágil que teme o confronto com a própria consciência. 0 déspota que tripudia sobre as massas, cercado de sicários às suas ordens, que ceifam existências consideradas perturbadoras com frieza incomum, é uma vida frágil incapaz de enfrentar os conflitos e aflições, que procura esconder sob a máscara da perversidade.

O histrião que diverte os outros, achincalhando tudo e todos, como se estivesse acima da lei e da verdade, e uma vida frágil que não suporta a auto convivência nem se permite uma auto análise, amedrontado em si Mesmo.

O triunfador que sobe ao pódio sorrindo e parece um argonauta recém-descido do Olimpo, é uma vida frágil que a insegurança interna consome lentamente, em face da competição de outros que lhe sorriem e de sejam derrubá-lo.

A pessoa bela e exaltada pelos seus dotes físicos, é uma vida frágil que o tempo irá vergastar, impondo-se desde hoje como ameaça tormentosa, gerando fantasmas que a afligem.

O indivíduo que te parece feliz, sem problemas nem preocupações financeiras ou afetivas, sociais ou políticas, apenas parece, sendo uma vida frágil que sofre solidão interior, não obstante cercado pela bajulação de outros e recebendo os aplausos da mentira dos seus admiradores de ocasião.

O exibicionista que provoca sentimentos contraditórios nos outros, graças às façanhas que apregoa e à situação extravagante que desfruta, é uma vida frágil que se oculta na pompa e na insensatez, por incapacidade de viver com real alegria.

Quase todos eles, os ditos venturosos do mundo, não passam de vidas frágeis que temem a dor, a provação e os testemunhos, vivendo anestesiados pelos vapores da vacuidade.

Ainda não foram testados, não experimentaram revezes., não conheceram os acicates da realidade evolutiva e estão equivocados.

Evitam pensar, temendo o encontro com a verdade e receando as notícias da imortalidade, porque estão despreparados para essa realidade.

Também amam, a seu modo, e não são correspondidos.

Choram ocultamente e não permitem ser consolados, porque se sentiriam humilhados.

Experimentam medos e angústias como qualquer outra pessoa, embriagando-se no prazer com que procuram esquecer a própria fragilidade.

Gostariam de ser autênticos, simples e afetuosos, porque se sentem emocionalmente frágeis, não tendo coragem de firmar-se na paz interior e no comportamento tranquilo.

Vivem, uns entediados, outros irritados, mais outros revoltados, sem interesse real pela existência, que levam maneira conveniente.

Possuem muitas quinquilharias, mas não são eles mesmos.

Habituaram-se à indumentária que vestem e, por isso mesmo, não suportam o contato com a vida real.

Não os invejes, pois que os não conheces!

A piedade é um impositivo especial para ser esculpido na conduta humana, a fim de propiciar compreensão em torno dos fenômenos existenciais, complexos e perturbadores.

Diante, portanto, dessas vidas frágeis, apieda-te da ilusão em que jornadeiam, buscando, porém, em tua convicção espiritual robustecer-te, para bem enfrentares desafios e provocações da estrada iluminativa.

A Terra é uma escola de bênçãos, onde a dor ensina desenvolvimento espiritual e proporciona ascensão no rumo da plenitude.

Ninguém existe, que passe pela experiência física sem a contribuição dos sofrimentos lapidadores das arestas morais.

Todos que transitam no mundo carregam feridas desconhecidas, algumas cicatrizadas, outras não, ensejando retificações e proporcionando corrigendas em relação aos atos equivocados.

As vidas fortes são aquelas que se inspiram no Amor e fruem o néctar da bondade que sabem esparzir.

Muitas vezes, sob chuvas de ácido e de fel, jornadeiam irradiando sol de alegria e favorecendo com sementeira de bondade, de forma que aqueles que venham depois encontrem o caminho preparado e reverdecido pela esperança.

Para esse fortalecimento se torna indispensável a conquista das paisagens internas, através do conhecimento espiritual e a prática das lições do Evangelho de Jesus.

O mundo da forma é também o do engano, da exteriorização, nunca o da realidade.

Por isso mesmo, muitos indivíduos, que são considerados fortes, tombam em plena batalha, quando sacudidos pelos fenômenos evolutivos que trazem a marca do sofrimento e da aflição. Não estão preparados para a viagem solitária e noturna, desde que se acostumaram aos fogos de artifício dos enganos.

Defrontados pelos convites à paciência, à compaixão, à misericórdia, descobrem-se desestruturados e fogem de maneira infeliz para lugar nenhum...

Acostumaram-se a mascarar-se e a iludir-se, não possuindo autoconfiança moral, desde que tudo quanto conseguiram foi a peso de ouro e de bajulação, de trocas perniciosas...

Eu serei aquele que estarei.

Merecem, todavia, a melhor ternura e o melhor entendimento, de modo que lhes sejam facultados i oportunidade de crescer e o serviço libertador.

Recorda-te, entretanto, de Jesus que, aparentemente fraco ante as injunções da perversidade dos Seus dias, muito semelhantes a estes, entregou-se à crucificação, farte e perene, demonstrando a todos a grandeza da Sua resistência, graças ao amor de que possuidor.

Assim, não temas nunca, essas vidas frágeis, disfarçadas como poderosas.




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