Jesus e Vida

Versão para cópia
CAPÍTULO 11

As dissensões

As dissensões originadas no personalismo e no orgulho humano, tornaram-se parte integrante da convivência entre as criaturas, transformando-se em grave tormento nos grupamentos sociais.

Querelas inúteis, por questões de pequena monta, se transformam facilmente em vulcões de intolerância, que irrompem voluptuosos gerando desastres emocionais e conflitos perturbadores.

Pressões psicológicas decorrentes de incompreensões culminam em discussões de demorado curso, produzindo animosidades que separam as pessoas, que se deveriam melhor entender.

Informações maldosas, elaboradas por mentes aturdidas e enfermiças, convertem-se em calúnias viperinas, como labaredas que incendeiam a honra das suas vítimas.

Insinuações perversas, passadas de uma para outra pessoa, culminam em odiosas guerrilhas domésticas e sociais na convivência do dia a dia.

0 despeito e a inveja dão-se as mãos na faina de ferir aqueles que se encontram em situação de destaque, trabalhando comentários insidiosos para derrubá-los e comprazendo-se em proporcionar sofrimentos.

Atitudes solertes de uns em relação aos outros produzem atritos de alta gravidade nos relacionamentos que degeneram.

A insegurança emocional de alguns e o complexo de superioridade de outros repontam nas amizades que se fazem, atritando os indivíduos que se não desejam submeter aos impositivos alheios, fornecendo lenha para a fogueira dos ódios que se apresentam e tomam corpo.

Sentimentos sórdidos, maldisfarçados, explodem durante os diálogos, em face da incompreensão do sentido das palavras, derrapando em semeadura de inimizades ferozes.

Caprichos do ego doentio desejam albergue nas amizades em formação, e porque não são aceitos de imediato, transformam-se em armas virulentas de difamação.

Arrazoados sem nexo e excesso de palavras contra ausentes aturdem aqueles que os ouvem, imprevidentes, dando lugar a ciúmes e animosidades em crescentes ondas de revolta.

Comentários descabidos em pessoas aparentemente honradas levantam suspeitas ferinas e abrem espaços para inquietações entre outras, que se deixam afligir, incapazes de elaborar programas de esclarecimentos ou mesmo de criarem oportunidade de elucidar as acusações injustas.

A intolerância grassa desordenadamente, e cada indivíduo sempre supõe-se vítima, na convivência com os outros, mantendo a incapacidade real ou aparente para trabalhar os problemas internos e as dificuldades de bem entender a necessidade de viver com equilíbrio. Parecem preferir as situações litigiosas, os relacionamentos conflitivos, os tormentos a que se vinculam.

Quanto menos se fazem esforços para a superação das tendências inferiores, das paixões dissolventes, dos melindres, mais difíceis se tornam os dias existenciais, variando de um para outro problema, sempre gerado pela insatisfação pessoal e pela aceitação do estado íntimo em que se permanece.

As dissensões são epidêmicas na atualidade, invadindo a privacidade das afeições, rompendo os laços de confiança nos mais variados segmentos da sociedade que lhe sofre os efeitos prejudiciais.


* * *

É natural que haja discordância de opinião, sem que isso produza desavença, inimizade.

Dissentir é um direito que todos têm quando lhes são apresentadas ideias e opiniões, quando se convive e se relaciona com outrem, mantendo-se, porém, a integridade pessoal, o ponto de vista, a coragem de pensar de maneira diferente, o que não significa divergir com ira, abrindo abismos e distâncias em relação àqueles que se permitem o direito de expressar o que pensam e agir conforme lhes apraz.

O orgulho desmedido, porém, é o tecelão das discórdias, que não permite a outrem o direito de ser diferente, de manter-se com independência, de igualmente viver conforme os padrões que lhe parecem corretos.

Na raiz, porém, desse comportamento doentio, encontra-se o espírito rebelde, imaturo e teimoso, que se obstina em manter-se no estágio em que deambula, seja por preguiça mental, seja pela presunção de nunca estar equivocado, o que lhe demonstra a inferioridade em que ainda estagia.

Acreditando ser a vida física a única, aferra-se a conceitos infantis, que lhe parecem portadores de força e de grandeza, detendo-se nas experiências primárias do aparente poder, sem a coragem de reconhecer a ignorância em que opera, trabalhando pela aquisição do conhecimento libertador.

As dissensões, em decorrência desse fenômeno individual, tomam lugar entre pessoas que, aparentemente, são lúcidas, maduras psicologicamente, mas que não abdicam da presunção, preferindo romper com os amigos a compreendê-los e dar-lhes oportunidade de melhores esclarecimentos.

Na seara de Jesus, desde os primórdios, as dissensões apresentaram-se perversas, dividindo grupamentos, separando companheiros que pareciam amar-se, criando situações complicadas que se transformaram em instituições litigiosas entre si.

Muitos adeptos deixaram-se inflamar por Jesus e, na equivocada maneira de pensar, atribuíram-se a missão de O defender, de preservar os Seus ensinamentos, partindo para a dissensão, quando poderiam optar pela conversação, pelo diálogo eficiente e esclarecedor.

Continuam os dissidentes na fé cristã, dividindo cada vez mais o rebanho, criando novas seitas e assumindo posturas missionárias, na ilusória postura salvacionista em relação aos outros, esquecidos da própria transformação moral para melhor, auto-iluminando-se.

Se, entre aqueles que dizem amar a Deus, que têm como meta o amor ao próximo como a si mesmos, que alardeiam as excelências da fraternidade, da compaixão e têm, na caridade, o objetivo maior, a dissensão semeia os ódios, que esperar-se dos que ignoram ou se distanciam das lições incomparáveis do amor, senão a rebeldia, a agressividade, o despautério?!

É urgente a necessidade de uma releitura da postura emocional em relação à convivência com os outros, de uma análise cuidadosa em torno do comportamento gentil e tolerante em relação àqueles que divergem, não se deixando ferir ou ser empurrado para a separação sistemática.


* * *

Quando a consciência humana despertar para a realidade da reencarnação, dos seus objetivos saudáveis e intransferíveis, esforçar-se-á para vivenciá-la de maneira compatível com os seus conteúdos filosóficos e ético-morais.

Centenas de milhões de homens e mulheres, na Terra, vinculados a diferentes religiões e filosofias já acreditam na reencarnação, nada obstante, conduzemse de maneira equivocada, desrespeitando os seus princípios e olvidando-se, na prática, dos conteúdos libertadores que apresentam na teoria.

A oportunidade de aprendizagem na Terra, através da organização fisiológica, educativa e rica de lições iluminativas, é bênção de relevante importância, que não pode ser desconsiderada.

Discordar fraternalmente, portanto, é direito de todos, dissensão, porém, disso decorrente, expressa inferioridade moral que deve ser corrigida.




Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 11.
Para visualizar o capítulo 11 completo, clique no botão abaixo:

Ver 11 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?