Jesus e Vida

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CAPÍTULO 25

Heroísmo verdadeiro

A precipitação contemporânea em eleger líderes que devam ser devorados pela mídia insaciável, tem criado mitos atormentados que são alçados à fama por um dia, atordoando as mentes juvenis que se fascinam com as suas alegadas conquistas, equivocadamente taxadas de heroísmo.

São personagens inquietas, na sua grande maioria, que tudo fazem na busca ilusória da glória dos holofotes, permitindo-se abusos de toda a natureza, mediante os quais tornam-se conhecidas pela audácia e pelo despudor com que enfrentam as situações embaraçosas, programadas para testar-lhes as frágeis resistências morais.

Uns permitem-se a entrega aos despautérios que são estabelecidos pelos programadores televisivos, que já não chocam a opinião pública acostumada por força da repetição dessas arbitrariedades...

Outros deixam-se arrastar aos exibicionismos ridículos e atentatórios ao pudor, formando grupos de insanos que se embriagam nos tóxicos de que se utilizam, perdendo o senso de equilíbrio, desde que apresentem corpos esculpidos a bisturi ou a musculação exagerada, despertando sensações vulgares, que vilipendiam a dignidade humana.

Diversos alcançam o estrelado pelo exotismo da conduta caricata e agressiva, tornando-se modelos de extravagância, que desvelam patologias de comportamento lamentáveis, mais necessitados de tratamentos cuidadosos do que de projeção modeladora de personalidades.

Desportistas e artistas excessivamente remunerados, que são contratados para desincumbir-se do mister a que se entregam, nas suas respectivas especialidades, são alçados ao panteão dos deuses na condição de heróis que comovem as multidões fascinadas ou atiram os seus fanáticos em batalhas inglórias de perversidade e violência.

Quanto mais alguns descem a escala dos valores morais, mais se lhes exaltam o heroísmo da permissividade e da ausência de compostura, elevando-os à condição de guias das novas gerações...

As aberrações tornam-se naturais e o excesso das drogas como do sexo expõem-lhes as chagas pustulentas dos sofrimentos que necessitam de orientação e terapia emocional.

Há uma confusão muito grande entre os valores éticos que alçam os indivíduos aos patamares da grandeza moral e aqueles que degradam, que vendem sensações soezes, como se a existência humana devesse estar sempre num circo, dando prosseguimento indefinido ao burlesco, ao cínico, ao despudor...

Pior ainda, é a consideração que se dispensa a esses sofridos atores de tais espetáculos de ironia e de insensatez.

De igual maneira, como eram exibidas deformidades que, no passado, constituíam raridade, atraindo a curiosidade e o escárnio das massas que os contemplavam com insânia, agora se apresentam as doenças morais como atração para os mesmos inquietos compradores de insanidade, que projetam os seus conflitos nessas vítimas da ilusão humana.


* * *

O heroísmo não se expressa através da vilania, da deformidade, do grotesco, mas sim, em decorrência da coragem e da envergadura que caracterizam os espíritos fortes, humanos e dignificadores da sociedade.

Quando alguém se despe dos atavios mentirosos da ilusão, trabalhando os metais dos sentimentos que se diluem sob as altas temperaturas do amor e da abnegação, objetivando o próprio como o progresso moral e intelectual das demais criaturas, pode ser, realmente, considerado herói.

Todo e qualquer investimento aplicado na transformação dos recursos espirituais para melhor e do esforço contínuo em favor da promoção da sociedade, constitui ato de heroísmo.

Não apenas aqueles que tornam os seus realizadores conhecidos e comentados pelo grupo social, mas especialmehte quando passam ignorados, constituindo admirável empreendimento interior em benefício da harmonia.

Mães e pais abnegados que renunciam às comodidades e aos prazeres, dedicando-se à educação e ao desenvolvimento moral dos filhos, chegando mesmo ao sacrifício com que se empenham para torná-los felizes, transformam-se em heróis da vida que ninguém conhece, mas, graças a esse esforço a humanidade progride e se ilumina.

Filhos gentis que se desincumbem dos deveres de amor em relação aos genitores idosos e enfermos, transformando-se em sustentáculo de segurança, quando fragilizados e sem esperança, fazem-se heróis anônimos, construtores do mundo melhor a que aspiram.

Irmãos devotados que avançam, estimulando e conduzindo os outros que se encontram na retaguarda, ensejando-lhes o desenvolvimento que se negam, sem que isso lhes constitua qualquer sacrifício, são heróis silenciosos da lídima fraternidade.

Os laboratórios de pesquisas e os hospitais, os educandários e os lares de socorro à aflição albergam heróis incontáveis que o mundo não conhece, porque não dispõem de tempo para as escaramuças competitivas da alucinação egoísta nem das paixões asselvajadas de efeitos lamentáveis.

O mundo é rico de heróis verdadeiros, que não se interessam em demonstrar a grandeza de que se revestem, abandonando o conforto das cidades e os prazeres dos grupos familiares, para trabalhar em favor das comunidades aflitas, correndo riscos de contaminação e agressividade, demonstrando o heroísmo de que são forjados, sem nenhum interesse de receber retribuição.

Jovens médicos e enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, educadores e religiosos que se entregam ao exercício do amor dignificante, constroem a nova humanidade que se interessa pelo bem comum, sem o qual a existência terrena lhes perderia o significado psicológico e humano.

Ao lado desses legítimos heróis, milhões de seres anônimos servem e passam ignorados, expressando a conquista da consciência em nível elevado em busca do estágio cósmico, sem mesmo dar-se conta...

O humanitarismo encontra-se ínsito no ser que alcança o discernimento moral, sentindo-se no dever de alargá-lo à volta dos passos, de modo que todos se possam beneficiar das conquistas já logradas pela ciência e pela tecnologia.


* * *

O verdadeiro heroísmo constitui-se do esforço que nobilita, retirando o ser humano da comodidade e do egoísmo, alçando-o aos elevados patamares da vitória sobre si mesmo e do bem geral.

Esse esforço de superar as más inclinações, trabalhando-as e corrigindo-as, canalizando as forças morais para a conquista da paz e da alegria de viver, torna-se uma luta sem quartel, que somente coroa aqueles que logram o heroísmo de nunca desistir dessa monumental empresa de iluminação.

Enquanto a insensatez campeia indignificando pessoas ansiosas e aturdidas, o Evangelho de Jesus tem conseguido criar heróis sem nomes e identificados, qual ocorreu com a atormentada cortesã de Magdala, que se transformou em exemplo de nobreza e abnegação, ou o aturdido Saulo que se converteu no apóstolo Paulo...

Busca, desse modo, o heroísmo do silêncio e do enriquecimento interior, trabalhando em favor de ti mesmo e do teu próximo, não te permitindo a inversão de valores que ora caracteriza grande área da cultura vulgar da Terra.




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