Jesus e Vida

Versão para cópia
CAPÍTULO 27

Funções do sofrimento

Com propriedade afirmou Buda, numa das suas quatro nobres verdades, que tudo no mundo é sofrimento, em face da transitoriedade da organização material ante a incomparável imortalidade do espírito.

Para compreender-se o sofrimento e as funções que opera no ser, é necessário remontar-se-lhe às causas, conforme acentua o nobre codificador do Espiritismo, Allan Kardec, esclarecendo que, não sendo atuais, certamente são anteriores, apoiando-se na reencarnação.

É compreensível, portanto, sua informação, tendose em vista que o efeito procede sempre de uma causa; se esta não é próxima encontra-se remota, mas sempre existente.

Assim, o sofrimento deflui das atitudes praticadas pelo ser no seu processo de desenvolvimento ético-moral no rumo do infinito. Às ações infelizes, desorientadas ou malsucedidas, sucedem as consequências compatíveis com o grau de responsabilidade e de conhecimento espiritual do seu autor, sendo, portanto, simples ou graves, de modo que lhe enseje a indispensável reparação.

Existe, naturalmente, o sofrimento que decorre do desgaste da organização celular que, para viver, consome energia, no que resultam processos afligentes e dolorosos, tanto do ponto de vista físico, como emocional e mental.

A atitude, porém, de cada qual diante da ocorrência, é que responde pela ampliação do sofrimento ou a sua atenuação.

Conforme o estado interior e a visão em torno dos objetivos da vida que caracterizam o ser humano, o sofrimento apresenta-se com função específica e definidora.

No que se refere ao processo natural de consumpção pelas transformações moleculares que ocorrem, o espírito deve encarar a ocorrência com tranquilidade, sem maiores preocupações, por tratar-se de fenômeno biológico normal. No entanto, quando o mesmo apresenta-se caracterizado por processos degenerativos, por agressões violentas aos diferentes órgãos, infecções e processos tumorosos de natureza maligna, são consequências dos atentados impostos a si mesmo ou a outrem na atual ou em existências passadas, quando houve desrespeito pelo patrimônio concedido pela vida para o desenvolvimento espiritual.

Modelador do caráter e da personalidade sob imposição rigorosa das leis da vida, o sofrimento instalase como necessidade para o despertamento do espírito para a sua realidade, que não pode ficar detida na ilusão material, na intérmina busca do prazer e do gozo, sem responsabilidade nem compromisso elevado com a existência.

Ao invés de um castigo infligido pela Divindade, trata-se de um recurso terapêutico valioso de corrigenda dos hábitos doentios e recomposição dos sentimentos, tendo em vista a sublimação das tendências atávicas do pretérito e as atrações superiores em relação ao futuro.

Cada espírito escreve a trajetória que deverá percorrer mediante os pensamentos, as palavras e as ações que se permite durante cada experiência carnal. Transferindo de uma para outra as conquistas e os prejuízos, capacita-se para desenvolver o seu deus interno através dos esforços de auto-iluminação e de santificação.


* * *

Estranhamente, alguns discípulos do Evangelho restaurado pelo Espiritismo permanecem na teimosa postura de terem solucionados os seus problemas pelos Guias espirituais, para eles transferindo as cargas da leviandade e da invigilância que se permitem.

Insistem em acreditar-se frágeis para o sofrimento, teimando em não compreender a sua função libertadora e surpreendendo-se por experimentá-lo.

Quando são alcançados pelos seus benéficos recursos, reclamam e dizem-se frustrados, porque esperavam um regime especial que lhes fosse oferecido, como se a Divindade protegesse aqueles que creem no Seu amor em detrimento daqueloutros que, também Seus filhos, não se permitem a crença libertadora...

Interrogam por que razão as suas ambições não são atendidas, os seus sonhos injustificáveis não se realizam, as suas enfermidades prosseguem, os dissabores os alcançam, demonstrando total desconhecimento da doutrina das reencarnações e dos postulados que deveriam abraçar durante a filiação ao Espiritismo.

Recorrem aos médiuns como se esses possuíssem os elixires de longa vida e as soluções miraculosas para ser-lhes dispensados, enquanto que as demais pessoas devam carregar as suas cruzes, mesmo sem o apoio de uma fé religiosa racional e iluminativa.

Entregam-se ao pessimismo, invariavelmente, envolvendo-se em ondas contínuas de pensamentos tóxicos, depressivos e perturbadores, abrindo campos mentais para a instalação de parasitoses espirituais obsessivas, de que se queixarão mais tarde, como crianças desarvoradas...

Lamentam não encontrar o apoio fraternal, o que significa cireneus que lhes tomem os problemas e os conduzam, enquanto eles permaneçam nas atitudes infantis da preguiça e ignorância em torno dos processos de evolução da vida.

Uma das funções do sofrimento é demonstrar que todos são iguais, e, por isso mesmo, experimentam idênticos tipos de padecimentos, na pobreza ou no excesso, na penúria ou na abastança, na juventude ou na velhice, na infância ou na idade adulta, portadores de beleza ou feiura, famosos ou ignorados... Os que dispõem de recursos financeiros podem atenuar as dores através dos recursos médicos sofisticados, mas nem por isso deixam de experimentar as mesmas amarguras que sofrem aqueles que vivem nos barracos da miséria ou no abandono das ruas... A única diferença é externa, mas, interiormente, os processos redentores são iguais.

As pessoas mais poderosas do mundo, que se dizem responsáveis pelos destinos de multidões, de povos, que os levam à paz ou à guerra, não estão isentas do sofrimento que as constringe e submete ao seu impositivo, porque diante de Deus não há diferenças significativas, senão aquelas de natureza moral e espiritual, em verdadeiras hierarquias conquistadas anteriormente. Mas essa conquista, não se tenham dúvidas, ocorreu através da dor que as projetou aos patamares mais elevados em que transitam.

O conhecimento do Espiritismo e das suas propostas de amor faculta o equilíbrio necessário para os enfrentamentos da evolução, como se apresentem no transcurso da existência.

Oferecendo coragem e bom ânimo, demonstra que tudo obedece à planificação divina e que não cai uma folha da árvore que não seja pela vontade de Deus, conforme asseverou Jesus.

Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para lapidar as arestas morais, modificando a conduta para melhor e trabalhando os metais dos sentimentos para servir e conquistar o infinito das emoções, constitui o desafio que todos devem conquistar.


* * *

A fim de exemplificar que não existem exceções nas planificações divinas, Jesus, que não tinha quaisquer dívidas perante a Consciência Cósmica, veio amar e experimentar a ingratidão humana, submetendo-se ao holocausto com paciência, misericórdia e amor inexcedíveis.

A Sua é a lição de que se ao ramo verde foi feito aquilo, que não se fará ao ramo seco?

Enriquecendo-te de compreensão e de lógica em relação ao sofrimento, permite que ele te conduza pelo estreito caminho da renovação espiritual, submetendote aos seus impositivos de que resultarão a tua paz e a tua plenitude.

Joanna de Ângelis, que realiza uma experiência educativa e evangélica de altíssimo valor, tem sido colaboradora de Jesus nas suas diversas reencarnações: a última ocorrida em Salvador (1761-1822), como Sóror Joana Angélica de Jesus, tornando-se Mártir da Independência do Brasil. Na penúltima, vivida no México (1651-1695), como Sóror Juana 1nés de la Cruz, foi a maior poetisa da língua hispânica. Certamente, vivera na época de São Francisco (século XIII), conforme se apresentou a Divaldo Franco, em Assis. Também vivera no século I, como Joana de Cusa, piedosa mulher citada no Evangelho, que foi queimada viva ao lado do filho e de cristãos outros, no Coliseu de Roma.

Através da psicografia de Divaldo Franco, Joanna de Ângelis é autora de cinquenta e oito Obras que deram origem a outras seis adaptadas por diversos autores. Cinquenta e sete destas Obras foram traduzidas para dez idiomas e cinco transcritas em Braille. Além dessas Obras, já escreveu milhares de belíssimas mensagens.






FIM





Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 27.
Para visualizar o capítulo 27 completo, clique no botão abaixo:

Ver 27 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?