Jesus e Vida

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CAPÍTULO 5

Silêncio

Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.

Não há respeito pelo silêncio.

Abarulheira aturde a criatura humana, cuja constituição física e emocional apresenta limites para a zoada, em face dos decibéis suportáveis.

Como consequência, as pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júbilo, nas comunicações fraternais.

Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.

As pessoas engalfinham-se em competir na emissão do volume de voz, tornando as conversações desagradáveis e agressivas.

Quando se fala em tonalidade normal, já não se ouve, em face do hábito enfermiço do vozerio.

Esteja-se no lar, no restaurante, na oficina de trabalho, no clube, em qualquer lugar público, e torna-se quase impossível uma conversação agradável e produtiva.

As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas, sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus autores, numa tormentosa conspiração para o desaparecimento do sentido de equilíbrio da vida humana.

Os diálogos mais parecem discussões calorosas em que se debate com ardor, em competição injustificável e tormentosa, do que propriamente uma conversa prazerosa.

A arte da conversação cede lugar aos temas vazios de significado e de edificação, permanecendo adstrita a vulgaridades e queixas com que mais se entorpecem ou se irritam os indivíduos.

O alto volume dos ruídos externos retira o sentido do prazer de ouvir-se, em decorrência da agressão ao aparelho auditivo.

Cada qual, por isso mesmo, impõe o volume da sua voz, dos ruídos do lar, das comunicações e divertimentos através dos rádios e das televisões.

Tem-se a impressão de que se perdeu o direito de experiênciar o silêncio ou, pelo menos, de escutar-se em níveis suportáveis e agradáveis, mediante os quais as ondas sonoras produzam empatia e bem-estar.

O desrespeito grassa por todo lado, em razão da falta de educação generalizada. Os pais, indiferentes ao programa de dignificação dos filhos, deixam-nos praticamente aos próprios cuidados, ou concedem-lhes o excesso de liberdade em detrimento daquela que pertence aos outros. Tornam os filhos ruidosos, voluntariosos, desobedientes, agressivos, quando contrariados ou não. Desaparece a disciplina que deve existir em toda parte, favorecendo o bom entendimento entre todos.

As vozes são estridentes e os atos, rebeldes, desrespeitosos às demais pessoas, tornando-se provocantes.

Há um predomínio de violência em tudo, nos sentimentos, nas conversações, nas atividades do dia a dia.

A animosidade gratuita paira no ar, revelando a insensatez social e o desequilíbrio individual.

O egoísmo, com todos os famanazes que lhe constituem o séquito, impõe-se, retirando os direitos que pertencem às demais pessoas.

Há demasiado ruído no mundo, atormentando as criaturas.


* * *

Reserva-te o prazer do silêncio, diariamente, por alguns momentos.

O silêncio interior conceder-te-á harmonia, ensejando-te reflexões saudáveis e renovadoras. Mediante o seu contributo, disporás de um arsenal precioso de conceitos para apresentares, quando conversando, mantendo elevado o nível das propostas verbais, porque possuis discernimento e conseguiste armazenar ideias valiosas.

Abordando temas edificantes, gerarás hábitos de equilíbrio e de bem-estar, que te propiciarão paz interior e convivência agradável com os outros, agindo com sabedoria e não te permitindo engalfinhar nos debates da frivolidade, das reclamações e da revolta muito do agrado dos insensatos, daqueles que não pensam e somente falam sem dizer nada educativo.

A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana. Sendo o único animal que consegue articular palavras, modulando o som e produzindo harmonia, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso e de cujo uso dará contas à Consciência Cósmica que lhe concedeu o admirável tesouro.

Por falta de silêncio interior, escasseia o externo, produzindo consequências danosas.

Mediante a disciplina consegue-se reverter a situação vigente, não se permitindo cair na competição verbal.

Essa disciplina estende-se ao comportamento que deve apresentar-se produtivo, ensejando convivência equilibrada em que o respeito à conduta do outro façase primacial.

Nem impor-se aos demais, tampouco permitir-se conduzir pelos outros, somente porque se vivem momentos de desajustes.

Assim procedendo, os hábitos saudáveis ocuparão todos os espaços existenciais, propondo meios de construir-se uma sociedade equilibrada.

Mediante a disciplina adquire-se consciência da vida, amadurecimento psicológico, compreensão dos valores que devem ser adquiridos a benefício de si mesmo, resultando em bem-estar do próximo.

Certamente que não se torna necessário abandonar o mundo, a fim de refugiar-se numa caverna, no deserto ou no alto de um penhasco, para fazer silêncio interior. Basta que sejam cultivadas ideias propiciadoras de alegria e de renovação íntima.

Aquele que adquire o hábito de pensar bem, nunca experimenta solidão, estando acompanhado pelos pensamentos que lhe preenchem os espaços mentais e, por efeito, os físicos, irradiando satisfação pessoal e agradecimento à vida pelas suas inigualáveis concessões.

Retira-te, portanto, para as paisagens ricas de vibração do teu mundo interior e observa-lhes os conteúdos de beleza, de paz, de bênçãos.

Nesses momentos, poucos que sejam, mas constantes, aprenderás a descobrir as páginas ocultas de que se constitui a vida, que irás desdobrando-as, uma a uma, de forma que te felicitarás com a beleza nelas guardada.


* * *

Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões, viveu cercado sempre pelas massas, sofreu-as, compadeceu-se delas, mas não se deixou aturdir pela sua insânia e necessidades.

Logo depois de as atender, recolhia-se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-se mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão, a fim de que o cansaço que surge na balbúrdia não Lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.

Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações dignificantes em qualquer área do comportamento humano em que te encontres.

Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a serenidade na multidão desarvorada e falante.

Hoje como ontem Quando Jesus veio ter conosco, na Terra, o mundo encontrava-se conturbado e as criaturas haviam perdido o rumo.

A dor fizera presença constante nos corações, enquanto a esperança batera em retirada.

A guerra hospedara-se em muitas nações que se en- I redevoravam em espetáculo dantesco, surpreendente.

Os sentimentos de amor e de compaixão haviam desaparecido das paisagens humanas e somente o egoísmo, a indiferença e a crueldade eram vivenciados em campeonatos sórdidos pela busca de supremacia.

A arrogância dos fracos que se apresentavam como li irles competia com a crueldade que praticavam, a fim de inspirarem medo em vez de respeito ou consideração.

()s valores legítimos da ética e da moral haviam cedido lugar aos enganosos galardões do poder e do querer.

A sociedade estorcegava em convulsões afligentes e o povo, mais especialmente, pagava um insuportável I ributo pela audácia de existir e respirar.

O proletariado, os camponeses, os sem trabalho nem lar eram considerados como escória, submetidos a condições abjetas e a grande maioria chafurdava em índices abaixo da miséria econômica...

Não havia lugar para a piedade nem para a misericórdia.

Ele veio e rompeu a sombra dominante, oferecendo luz e calor a todos os infelizes que faziam parte dos esquecidos e detestados.

Estabeleceu códigos de dignidade e enfrentou a petulância e o poder mentiroso dos fátuos e enganados, demonstrando-lhes a fragilidade ante a doença, a velhice e a morte, quando não vitimados pela própria insensatez.

Ergueu a Sua voz e exaltou os dons imperecíveis da vida centrados no amor e na compaixão, na misericórdia e na caridade.

Ninguém jamais se atrevera antes a enfrentar a corrupção e o crime com a autoridade com que Ele o fazia.

A Sua voz ressoava profunda nos lugares onde era enunciada, mas penetrava com vigor incomum nas consciências, arrancando-as do letargo a que se haviam entregado espontaneamente.

Os Seus feitos confirmavam a Sua autoridade que procedia de Deus, em cujo nome viera modificar as paisagens humanas.

Ninguém que tivesse a audácia de enfrentá-10 com êxito. Mesmo os permanentes inimigos da humanidade de todos os tempos, quando O tentavam, buscando envolvê-10 nas suas tricas miseráveis, jamais O conseguiram vencer ou atemorizar. A Sua energia não tinha limites, fazendo-se acompanhar de infinita compreensão por todos aqueles que se houveram transformado em abutres famintos, alimentando-se nos despojos dos seus próprios irmãos...

Revolucionou as ideias e estabeleceu novos paradigmas para a felicidade, demonstrando que o verdadeiro triunfador não é aquele que se destaca sobre os cadáveres das vítimas, porém aquele que se vence a si mesmo, superando as paixões hediondas que o escravizam ao eito da inferioridade...

Sinalizou o caminho com pegadas luminosas, a fim de que nunca mais houvesse escuridão e desconhecimento da estrada a seguir...


* * *

Embora desejasse a libertação das consciências e a pulcritude dos sentimentos, quase todos que O buscavam, em face das limitações que os caracterizavam, disputavam a recuperação dos tecidos orgânicos enfermos, dos distúrbios da emoção em desalinho, das distonias mentais, como também dos interesses mesquinhos, que faziam parte do seu dia a dia tumultuado, das questiúnculas que lhes cabia resolver, mas preferiam transferir para Ele.

Nunca se fez juiz de contendas ridículas, nem se permitiu envolver com as torpes discussões da frivolidade, dos ódios que incendiavam os sentimentos.

Enfrentou o sarcasmo e a agressividade com altivez, não os valorizando, fiel ao compromisso que firmara com o Pai, amando e servindo.

Por tudo isso e muito mais, ultrapassou os limites do tempo e do espaço geográfico em que viveu, tornando-se invencível, enquanto legou o tesouro da imortalidade em direção ao futuro e ao dever perante o presente.

Por uns amado, ficou detestado por todos que O não puderam submeter aos seus caprichos.

Morreu vilmente assassinado, mas voltou em madrugada de eterna claridade, a fim de que nunca mais houvesse dúvidas a Seu respeito, prometendo a todos receber além da cortina densa do corpo...


* * *

Hoje ainda é assim como fora ontem.

A geografia política do planeta encontra-se fragmentada em conflitos, terrorismos, guerras insensatas e misérias em abundância.

Chegou o Espiritismo, revivendo-0 e direcionando-se às massas, sob críticas ácidas da falsa cultura e a perseguição do fanatismo de todo porte, rompendo as teias fortes da ignorância a respeito da sobrevivência do espírito e acenando com a felicidade que se busca nos descaminhos do prazer, quando, em realidade, se encontra nos refolhos da alma aureolada pelas virtudes convencionais.

Repete os códigos soberanos das leis que Ele viveu, quais o amor, a compaixão, a caridade, o perdão, ensejando mudanças profundas no comportamento.

Demonstra a sabedoria divina em todas as ocorrências humanas, mesmo naquelas que são denominadas como infortúnios e desgraças, através de uma filosofia existencial ímpar, com possibilidades de impulsionar ao avanço todos aqueles que se encontram cansados e aflitos, mas os ouvidos desatentos e os interesses subalternos dos seus simpatizantes não conseguem captar as lições incomparáveis.

Pelo contrário, disputam os lugares de honra e os aplausos festivos nos encontros espirituais, que deveriam revestir-se de simplicidade e de introspecção.

As diretrizes iluminativas são confundidas com fórmulas mágicas para solucionar os problemas existenciais que dizem respeito ao processo evolutivo.

O aturdimento, ante os efeitos das ações infelizes anteriormente praticadas, bloqueia o discernimento, impedindo a clara compreensão dos objetivos essenciais da caminhada orgânica.

Desejam, em perturbação, ocorrências milagrosas para que se modifiquem as dificuldades em que se encontram, embora permitindo-se continuar nos mesmos disparates e incongruências de conduta moral.

Apresentam-se como credores especiais de benefícios que esperam em caráter de exceção, sem qualquer esforço.

São enfermos espirituais mais graves do que se pode imaginar, portanto, dignos de mais compaixão e mais compreensão.

Ainda não encontraram Jesus, nem O sentiram, estando em acercamento demorado que, sem dúvida, culminará em formosa entrega a Ele, o Senhor de nossas vidas.

Tem, portanto, muita paciência com os enfermos da alma, por serem mais difíceis de amados, entregando-os Àquele que veio para que todos tivessem vida, porém, em abundância.




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